Folha de S.Paulo
BRASÍLIA - O espaço aéreo de Brasília é vulnerável ao ataque de terroristas, que podem usar um avião para destruir prédios públicos, diz um telegrama secreto da embaixada dos Estados Unidos no Brasil.
Datado de 28 de março de 2009, o despacho diplomático foi obtido pelo WikiLeaks. O então embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel, fazia comentários sobre a aplicação da Lei do Abate no Brasil.
Sobel relatava um episódio de 2009, quando um homem roubou um monomotor em Luziânia (GO), que caiu em um estacionamento de Goiânia.
O interesse dos norte-americanos é sobre como a Força Aérea Brasileira aplica a Lei do Abate. Para que um caça possa atirar para destruir um avião hostil é necessário passar por vários procedimentos --até uma ordem presidencial.
Tudo funcionou no caso do avião de Luziânia. Não houve disparos contra o pequeno avião, que foi acompanhado por dois caças da FAB.
Vulnerabilidade
O embaixador Sobel fez um comentário: "[O caso] Iluminou uma vulnerabilidade para ações com potencial terrorista, dado que a decisão [de atirar] não teria sido tomada a tempo de impedir o piloto se ele tivesse condições de jogar seu avião em um alvo, ou outro prédio, inclusive em Brasília".
O diplomata diz haver uma lacuna na regulamentação da Lei do Abate. A regra sobre ataque a aviões hostis se refere sobretudo a casos em que há suspeita de transporte de drogas ilícitas "na vasta região Norte do Brasil, e não a potenciais ataques a cidades".
Conclui que os brasileiros "devem buscar formas de acelerar o processo decisório durante um potencial ataque terrorista".
Fonte: Agora