Fernanda Chagas
As declarações da estudante de direito Mayara Petruso, que no último domingo (31) divulgou frases preconceituosas contra nordestinos pelo twitter, tem dado o que falar e pode gerar consequências maiores. Com repercussão em todo país o fato chamou atenção também das autoridades baianas que cobram punições mais severas, no sentido de abolir qualquer tipo de preconceito.
Ontem, por exemplo, a seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA) anunciou que deve entrar com uma representação contra a estudante, a exemplo do que fez a OAB de Pernambuco, que solicitou a instauração de uma ação penal para Mayara.
“Todos nós estamos indignados. As palavras da menina são preconceituosas e atingem todos os nordestinos. Ela foi bastante infeliz em suas declarações”, afirmou a assessoria de imprensa da OAB-BA. Apesar da repulsa pelas declarações da estudante, a decisão definitiva da seccional baiana só deve ser anunciada na próxima semana, já que o presidente da OAB-BA, Saul Quadros, está fora do país e retorna apenas no dia 10.
“Estamos estudando o caso. Há a possibilidade de ingressar com uma representação conjunta com a OAB-PE no Ministério Público Federal, em São Paulo. Também estamos aguardando uma posição da OAB nacional. Tudo será definido com a volta do presidente”.
Quem também desprezou os ataques gratuitos da estudante contra os nordestinos foi o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano. O petista, através de nota, condenou “o clima de intolerância insuflado por grupos radicais que usam questões étnicas para disseminar o ódio com objetivos claramente políticos”.
Caetano condena ato
Para o prefeito de Camaçari, tais procedimentos atentam contra os direitos humanos e “precisam ser combatidos firmemente pela sociedade brasileira, conhecida mundialmente pela diversidade”. Caetano lembrou as calúnias e difamações contra Dilma na campanha eleitoral e disse ser necessário uma resposta exemplar, imediata, para evitar que a onda de discriminação descambe para a violência. “Isso é puro nazifascismo”.
A polêmica teve início após o anúncio da vitória de Dilma Rousseff (PT). Revoltada com a expressiva margem de votação do Nordeste para a petista, a estudante postou no twitter: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado”, e “Afunda Brasil. Deem direito de voto pros nordestinos e afundem o país de quem trabalha pra sustentar os vagabundos que fazem filhos pra ganhar o bolsa 171”.
Mayara pode ser processada pelos crimes de racismo e incitação pública de ato delituoso, no caso, homicídio. A estudante pode pegar até cinco anos e seis meses de detenção, já que o crime de racismo, além de inafiançável, tem pena que varia entre dois e cinco anos de cadeia, enquanto que o de incitação pública a delito tem pena mínima de três e máxima de seis meses de prisão. (FC)
Fonte: Tribuna da Bahia