Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

segunda-feira, setembro 27, 2010

Insossos, amorfos e inodoros debates

Carlos Chagas

No passado foi sinal de prestígio para as redes de televisão promover debates entre os candidatos presidenciais. Positivamente, hoje não é mais. Pudessem ser realizadas e divulgadas pesquisas amplas, em todo o território nacional, a respeito dos índices de audiência desses debates, e os partidos se surpreenderiam pelo baixo nível de atenção do cidadão comum diante da repetição das mensagens de cada candidato. Verificariam o esgotamento do formato já ultrapassado de um perguntar para o outro, com tempo restrito para réplicas e tréplicas onde apenas chavões e pegadinhas vão ao ar.

A turma do faturamento das emissoras através da publicidade não anda nada satisfeita. Até os barões-proprietários começam a duvidar da eficácia de sua presença na portaria e nos corredores das emissoras, recebendo os participantes, como forma de mais tarde serem recebidos por um deles, o vencedor, quando chegar ao palácio do Planalto.

É preciso repensar essa monótona tentativa de angariar votos, por parte de uns, e de programar influência, pelos outros. Um único debate realizado em pool ainda passaria, pela curiosidade do eleitor. Cinco, seis e mais encontros dos mesmos, falando as mesmas coisas, só faz despertar sono no telespectador. Mais evidências do desinteresse popular tivemos ontem, no debate da Record, e teremos quinta-feira, na Globo, como aconteceu antes na Bandeirantes, na Rede-TV, na Rede Vida e outras. Bem agiu o SBT em não pleitear o seu debate, limitando-se a abrir espaço para entrevistas isoladas de cada candidato.

Repetir no futuro as mesmas insossas, amorfas e inodoras apresentações equivalerá a desestimular eleitores e candidatos.

SINCERIDADE FAZ MAL, DE MAIS OU DE MENOS

Ao disputar a presidência da República em 1960, o marechal Henrique Lott caracterizou-se pela sinceridade de suas mensagens e pronunciamentos. Não fazia concessões a temas e situações. Vinha defendendo a estatização completa do ensino primário e médio, com o fim das escolas privadas. Chegando em Santa Catarina, foi procurado ainda no aeroporto de Florianópolis por uma comissão do PSD, maior partido nacional, que o apoiava. Com muito jeito, Celso Ramos, cacique local, chamou-o de lado e apelou para que não abordasse o assunto, no comício daquela noite. Não pedia que mudasse de proposta, mas, simplesmente, que a omitisse, porque no estado o ensino privado ultrapassava 80% das escolas.

O marechal não disse nada, pareceu concordar. No palanque, depois de pronunciar-se sobre montes de projetos nacionalistas, preparava-se para encerrar sua fala e não havia tocado na questão do ensino. Todos pareciam satisfeitos quando, puxando Celso Ramos para o seu lado, disse ao microfone suas últimas palavras: “quero demonstrar como sou sincero. Meu amigo Celso pediu-me para silenciar quanto às escolas, mas não tenham dúvidas, se eleito, vou estatizar todas elas!” Perdeu de lavada a eleição em Santa Catarina.

Essa historinha se conta em função da teoria dos contrários. Um pouquinho de sinceridade faria bem aos atuais candidatos, mestres em omitir temas capazes de tirar-lhes votos. Dilma não fala no lucro dos bancos, Serra silencia diante das privatizações do governo Fernando Henrique, Marina evita abordar o asfaltamento da rodovia Manaus-PortoVelho e Plínio esquece de lembrar que o comunismo saiu pelo ralo…

Fonte: Tribuna da Imprensa

Em destaque

Saiba quem são os desembargadores alvos de operação da PF que investiga esquema de venda de decisões judiciais

  Saiba quem são os desembargadores alvos de operação da PF que investiga esquema de venda de decisões judiciais terça-feira, 26/11/2024 - 1...

Mais visitadas