Danielle Villela, do A Tarde On Line
Faltando apenas uma semana para as eleições, os candidatos Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) participaram neste domingo, 26, do penúltimo debate televisivo entre os presidenciáveis, promovido pela TV Record. Assim como nos demais encontros, a candidata petista deu ênfase às realizações do governo do presidente Lula, enquanto os adversários recorreram principalmente aos casos recentes de corrupção para criticá-la.
Já no primeiro bloco, composto por perguntas diretas entre os candidatos, Plínio de Arruda Sampaio questionou Dilma Rousseff sobre o escândalo envolvendo a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra. “A corrupção bateu na sala ao lado. Ou você é conivente ou você é incompetente”, acusou. A candidata petista respondeu defendendo o fortalecimento de instituições como a Polícia Federal e a investigação de todas as denúncias. "Ninguém está acima de qualquer suspeita. O importante é que não se deixe nada sem apurar", disse.
O candidato tucano também atacou a petista ao afirmar que as agências reguladores têm sofrido um processo de privatização e loteamento político. "O tempo de aprovação de um genérico triplicou da época em que estava no governo. É vender dificuldade para cobrar facilidade?". Dilma retrucou se dizendo a favor da "meritocracia e profissionalismo".
Ao responder uma pergunta formulada por Dilma Rousseff sobre geração de emprego, Marina Silva criticou os baixos índices de empregabilidade entre os jovens e os altos índices de emprego informal. "Em nome dos acertos, não podemos ser complacentes com os erros", alfinetou. A petista, por sua vez, deu destaque aos números relativos ao aumento da classe média, do salário mínimo e da conceção de crédito durante seus discursos.
Polêmica e aplausos - Mantendo o posicionamento irônico e polêmico dos demais debates, Plínio arrancou aplausos da plateia em diversos momentos. "Se os Estados Unidos e Israel têm bomba atomica, o Irã tem direito. Nós temos que parar com essa hipocrisia", provocou ao responder uma pergunta de Serra sobre a política externa do governo Lula. O candidato do PSOL classificou ainda como "megalomaníaco" e "ingênuo" o posicionamento de mediação do governo brasileiro em questões conflituosas, como no Haiti. O tucano aproveitou para censurar a relação de proximidade entre Brasil e Irã, considerado regime ditatorial.
Plínio também provocou Marina Silva, acusando-a de querer agradar a "gregos e troianos" e evitar posicionamentos sobre questões espinhosas como legalização de drogas, do aborto e do casamento homossexual. "Você está fazendo uma enorme demagogia aqui", pressionou. Na resposta, a candidata sustentou a realização de plebiscitos, alvo de críticas de Plínio e também arrancou aplausos da plateia. "Confio na democracia, confio na opinião publica para, a partir do debate, sem satanização, a gente encontrar uma solução", defendeu.
Segundo bloco - No segundo bloco do debate, três jornalistas da Record formularam perguntas sobre papel de Fernando Henrique Cardoso na campanha de José Serra, construção de moradias populares, mensalão do PT e do DEM-DF, capacidade administrativa, "tática do medo" na campanha, impactos ambientais de obras do Plano de Aceleração do Crescimento e cobertura das eleições pela imprensa.
Serra negou que esteja escondendo o ex-presidente FHC de sua propaganda eleitoral e acusou o atual governo de adotar uma postura de "ingratidão" em relação ao antecessor. O tucano também desmentiu que esteja adotando uma estratégia de alimentar o medo contra Dilma Rousseff ao comentar pergunta sobre depoimento gravado por Regina Duarte na campanha de 2002.
A petista, por sua vez, sustentou a capacidade de realização das metas do programa "Minha Casa, Minha Vida" e voltou a defender investigações das denúncias do caso do mensalão, da quebra do sigilo fiscal na Receita Federal e os escândalos na Casa Civil. Plínio rebateu, acusando-a de ser uma pessoa "fabricada pelo Lula". O candidato do PSOL ainda atacou Marina Silva, afirmando que a ex-ministra do Meio Ambiente não tem "coragem para enfrentar os interesses dos poderosos".
Depois de responder e comentar os questionametos dos jornalistas, os candidatos voltaram a realizar perguntas entre si, abordando temas como educação, analfabetismo, segurança e meio ambiente. Dilma Rousseff adotou um posicionamento mais enfático e, por duas vezes, atacou a adversária do Partido Verde (PV). "A gente não pode falar o que acha, a gente tem que falar o que vai fazer", alfinetou. A petista ainda retrucou questionamento sobre corrupção afirmando que Marina Silva também conviveu com indicação de cargos e venda de madeira ilegal quando estava à frente do Ministério do Meio Ambiente.
Plínio voltou a arrancar aplausos da plateia ao propôr salário mínimo de R$2 mil reais e questionar a política de valorização salarial e os programas sociais do governo Lula. "Numa concorrência da Petrobras, ele [Eike Batista] ganhou mais do que um ano do Bolsa Família", ironizou.
O debate durou cerca de duas horas, divididas em quatro blocos. Os quatro principais candidatos à Presidência da República voltam a se encontrar suas propostas na próxima quinta-feira, 30, em debate realizado pela Rede Globo.