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sexta-feira, janeiro 08, 2010

José Dirceu, filho de família udenista tradicional, não nega o fato, tinha 21 anos. Considera a Frente Ampla influente

Antonio Santos Aquino
“Não é polêmica, só informação. Na Universidade Mackenzie, aplaudiu o golpe de 64. Depois, como muitos outros, voltou-se contra os militares. Dirceu não nega, inclusive fala na influência do Movimento da Frente Ampla”.

Comentário de Helio Fernandes
Nenhuma polêmica, mesmo porque, Aquino, você tem tanta informação, que o importante é fazer você revelá-las para todos. Impressionantes as coisas que você vai mostrando, oportunidade para conhecê-las ou comentá-las.

O que você contou sobre Dirceu e outros jovens do Rio, de São Paulo e de vários estados, que pertenciam à UDN, altamente elucidativo. E que prova como a UDN foi estigmatizada, amaldiçoada e injustiçada. Mas foi a UDN que combateu duramente a ditadura do Estado Novo.

O “Manifesto dos Mineiros”, de 1943, de grande impacto e repercussão, foi todo preparado pela UDN. (Que ainda não existia, os partidos eram proibidos, se chamava Associação Democrática Nacional). E todos foram punidos pelo ditador. Os que ocupavam cargos públicos, demitidos.

E não foram salvos nem os que trabalhavam em empresas privadas e particulares. Um só exemplo: Magalhães Pinto era gerente do Banco da Lavoura, então o maior do Brasil. O ditador mandou que “fosse demitido”, os proprietários foram ao ditador, apelaram: “Presidente (assim mesmo), é nosso maior gerente”.

Vargas ficou irredutível, Magalhães, demitido. Com o irmão Waldomiro e amigos, fundou o Banco Nacional de Minas, que cresceu tanto que passou a se chamar apenas Banco Nacional. Magalhães LIQUIDOU o TRUST (como se chamava então) da Hanna de minérios, guerra que Artur Bernardes começou como governador também de Minas.

A censura à Imprensa foi derrubada em 1944/45 por causa de uma entrevista de José Américo, concedida a Carlos Lacerda e publicada pelo bravo Correio da manhã.

Ia sair no Diário Carioca, se soube logo, o ditador pressionou o jornal, que não teve condições de resistir. Paulo Bittencourt, do Correio da Manhã, se apresentou, publicou, correndo todos os riscos. Era o fim dessa ditadura, tão autoritária, arbitrária e atrabiliária quanto a outra de 1964/1985).

Só para mostrar importância e o prestígio da UDN. Derrubada a ditadura em 29 de outubro de 1945, eleição já marcada para 2 de dezembro, apenas 33 dias depois, o PSB, (Partido Socialista Brasileiro) não pôde se organizar como partido. O que fizeram?

Hermes Lima, João Mangabeira, Domingos Velasco e muitos outros, entraram na UDN, formaram o que se chamou de “Esquerda Democrática”, disputaram a eleição para deputado federal. Hermes Lima foi o mais votado de todos.

* * *

PS – Continue escrevendo e esclarecendo, Aquino. Dirceu estava e continua certíssimo a respeito da influência da Frente Ampla. Poderia ter acabado logo com a ditadura, ou reduzido sua permanência.

PS2 – Depois contarei essa luta, que começou na minha casa em 1965/66. (A mesma casa onde moro desde 1962, comprada de Horacinho de Carvalho e de Dona Lili de Carvalho, que passou a ser Marinho quando ficou viúva, continua viva e muito bonita). A partir da segunda reunião, mudou de local.

PS3 – Passamos então a nos reunir na casa que considero a mais bonita do Rio, a de Alberto Lee, no Cosme Velho. Tinha (e tem) estacionamento para 20 carros, um rio que atravessava a casa. Ele era muito amigo do Enio Silveira, (dono da Editora Civilização Brasileira) bravo lutador, que participou de todas as 9 reuniões. Até que foi lançado o Manifesto, que seria assinado por Carlos Lacerda, Jango e Juscelino. Fica para depois.

Helio Fernandes/Tribuna da Imprensa

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