Evandro matos
A briga pelas duas vagas ao Senado reservadas para a Bahia na próxima eleição tende a recrudescer entre os partidos da base governista, tal o grau de concorrência que tem se estabelecido entre eles. Com uma vaga já assegurada para o Conselheiro do Tribunal de Contas dos Municipios (TCM), Otto Alencar, que deverá se filiar ao PP em fevereiro, resta apenas mais uma para contemplar as pretensões do PT, PSB e PCdoB. Com a candidatura colocada há mais tempo, fruto de um acordo quando da disputa pela Prefeitura de Salvador, em 2008, a deputada federal Lídice da Mata (PSB) observa a distância a movimentação dos “aliados”. Dentro do partido, os socialistas nem admitem a deputada fora da chapa majoritária a ser encabeçada pelo governador Jaques Wagner (PT). A luta seria por uma das vagas ao Senado reservada para Lídice, mas uma composição colocando a deputada como vice não seria nada mal. Mas aí mexeria em mais pedras do tabuleiro, já que a vaga vem sendo pretendida também pelo PDT, que indicaria o nome do Presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo. Somente esta semana apareceram três nomes fortes para brigar pela outra vaga pretendida por Lídice. Além do secretário estadual de Planejamento, Walter Pinheiro, que voltou a sonhar com a possibilidade de ter o seu nome na disputa, apareceram também os nomes do ex-ministro Waldir Pires e do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima. Pinheiro e Waldir são do PT, de onde se cogita ainda os nomes do secretário Nelson Pellegrino e do deputado federal Zezeu Ribeiro. O ex-ministro e ex-governador Waldir Pires externou a sua vontade de disputar o Senado durante a caminhada do Bonfim, na semana passada, e voltou a se manifestar ontem durante uma entrevista na rádio Sociedade AM. Embora venha condicionando a sua entrada na disputa ao seu partido, Waldir não esconde o seu desejo. “Claro que eu aceitaria disputar. Nós temos que lutar sempre. Eu não vou brigar por isso, mas se o meu partido e o povo me convocarem, não vou fugir do meu dever”, disse. Em reunião de sua Comissão Política Estadual, no último fim de semana, o PCdoB reafirmou seu apoio à reeleição do governador Jaques Wagner, mas manifestou também o desejo de participar da chapa majoritária. Os comunistas sugeriram o nome de Haroldo Lima para o Senado, mas deixaram transparecer nas entrelinhas que aceitam a vice. “O partido está fundamentado na sua força política junto aos movimentos sociais e no crescimento registrado em toda a Bahia”, destacou o deputado federal Daniel Almeida, presidente estadual da legenda. Não se pode esquecer, ainda, o desejo de alguns governistas de verem o senador César Borges disputando a sua reeleição na chapa de Wagner, o que complicaria mais ainda a escolha dos nomes para disputar o Senado. Presidente estadual do PR, Borges não descarta, mas também não dá muitas pistas sobre qual vai ser a sua posição. Com tantas opções, a chapa do governador Jaques Wagner tende a ganhar uma coloração ideológica incerta. Com o nome de Otto Alencar já praticamente definido, e o namoro com César Borges ainda alimentado nos bastidores, a chapa daria uma guinada para a direita. Com dois nomes que sempre foram ligados ao carlismo, Otto e César poderiam somar, mas trariam sérios problemas de arrumação entre os antigos aliados. Há, contudo, quem questione a força de uma composição dessa ordem, arguindo que “uma coisa é César Borges junto ao seu eleitorado tradicional; outra seria ele disputando numa faixa formada por petistas, socialistas e comunistas”. Diante dessa realidade, fontes próximas ao governo duvidam que tal composição venha acontecer. Por isso, as opostas crescem em favor de um nome petista, despontando o secretário Walter Pinheiro como o grande favorito, embora o nome de Waldir não seja descartado. Diante desse quadro, crescem também as chances da deputada Lídice da Mata, que, não por outro motivo, faz bico para qualquer composição com o PR do senador César Borges, notadamente com ele na chapa. Para alguns observadores, esse seria o melhor cenário para a formação da chapa governista: com o nome de Otto, considerado de centro-direita, e o de Pinheiro, Waldir ou Lídice, como de centro-esquerda. Ao defender o nome do presidente da ANP, Haroldo Lima, na chapa de Wagner, o deputado Daniel Almeida argumenta justamente essa tese, de que é preciso haver a necessidade de equilíbrio entre as forças, “com a ocupação do espaço da esquerda e os setores de centro na composição da chapa majoritária”. Fonte: Correio da BahiaPerfil da chapa ainda é incerto