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terça-feira, janeiro 12, 2010

Brizola, 1961, 62, 63, 64, a glória de um lutador. Só saiu do Brasil para não ser assassinado na certa. Voltou, deveria ter sido presidente, positivo ou negativo. Pelo menos valeria a experiência no Poder, não só dele, mas também de Carlos Lacerda.

Domenico, Valdir, Aquino, Berto Fuchs, Áurea, Sérgio de Oliveira, Marcela Hércules, Milton Gonçalves, Abílio Roberto, Schossland, Nair Moreira participam dos depoimentos sobre a atuação de Brizola. Divergem apenas quanto ao ano.

Comentário de Helio Fernandes
Obrigado a todos , sem desmerecer ninguém, contrariando até a mim mesmo, (em parte) considero que Sérgio de Oliveira é que tem que ser seguido. Pois conforme depoimento dele, participou da “Liga da Legalidade”, em 1961.

Essa é a chave para entender Brizola. Ele lutou tanto e em tantas frentes, que os fatos e as datas apenas mudavam de nome. “Liga da Legalidade”, “nacionalismo”, (quando estatizou, as empresas de energia, na época trustes ), “Grupo dos 11”, a idéia de ser Ministro da Fazenda em 1963, luta contra o Parlamentarismo, tentativa de ser o sucessor de João Goulart. Repelido ou recusado, lançou o famoso slogan, “cunhado não é parente, Brizola para presidente”.

Só que em 1963 não dava tempo para mais nada. Nessa época Brizola já era deputado federal em Brasília, as coisas aconteciam no Rio, Brasília praticamente não existia, nós nem nos conhecíamos, por causa de sua atuação (importantíssima) estadual.

Se juntasse o que escrevi durante todo o ano de 63, estaria pronto e acabado um livro altamente elucidativo, esclarecedor e rigorosamente verdadeiro. Apenas reprodução de artigos, colunas, notas, a produção diária, sem alterar uma linha.

O episódio mais importante desse 1963: a minha prisão, INCOMUNICÁVEL, por ordem do Ministro da Guerra (ainda se chamava assim) Jair Dantas Ribeiro. Eu ia a Belo Horizonte fazer um programa de televisão, na Associada Itacolomi. Quase não ia, fora duas vezes, não falara, dessa vez me disseram: “Veio ordem do doutor Assis para você falar”, fui.

(Viajei com minha amiga Ester de Abreu, extraordinária cantora portuguesa que namorava um amigo repórter. Ela ia cantar, eu contar, só o primeiro fato aconteceu). Na Tribuna daquele dia, (24 de julho) um artigo meu publicando circular que o Ministro mandara a 12 generais, “só tenho confiança nesses”.

No envelope, bem grande, os carimbos, “SIGILOSO CONFIDENCIAL”. No documento, publicado na íntegra, acrescentei apenas: “Nenhum jornalista que se respeite pode deixar de revelar um documento com essas duas palavras”. Fui preso ao chegar em BH, levado para a ID-4. O Exército já dividido, oficiais me abraçavam, outros viravam a cara quando me viam. Nenhum problema, mas as coisas ficariam piores, gravíssimas. Para encurtar. Meus advogados entraram com Habeas Corpus, o presidente do Supremo, indomável e incorruptível (já houve isso) Ribeiro da Costa, oficiou ao “Ministro para saber qual era a autoridade coatora”, ou seja QUEM MANDARA ME PRENDER.

Bastava que o Ministro dissesse, “não sei de nada”, ou então, “o jornalista responde a IPM (Inquérito Policial Militar, geralmente presidido por coronel) e o Supremo não poderia julgar o Habeas Corpus. Só que arrogante, prepotente, onipotente, onisciente e onipresente, respondeu: “O jornalista está preso à minha ordem”. Aí a competência era do Supremo.

Pediram 15 anos de prisão para mim, fui enquadrado na Lei de Segurança, apesar de dizerem, “VIVEMOS EM PLENO REGIME DEMOCRÁTICO”. Como Brasília estava no início, foi um julgamento inacreditavelmente demorado.

O Procurador Geral da República, Candido de Oliveira Neto, fazia a acusação, Sobral Pinto a defesa, ficou 4 a 4. Queriam suspender a sessão, convocá-la para outro dia. Ribeiro da Costa não permitiu, disse apenas: “Estão presente 8 Ministros, pelo regimento, podemos decidir, vou desempatar”.

Explicação: podiam desempatar contra mim. Pela Constituição nem era inédito ou surpreendente. Votou a meu favor, fui absolvido por 5 a 4. Dias depois recebia carta admirável de Candido de Oliveira, “lamentando ter que funcionar num processo como aquele, era a minha obrigação”. Era mesmo.

* * *

PS – Brizola não percebeu, isolado e quase soterrado em Brasília: FOI LIQUIDADO NAQUELE 1963 e não em 1964. Na verdade só se salvaram OS QUE ADERIRAM OU COLABORARAM, como na França ocupada em abril de 1940.

PS2 – Se não saísse do Brasil, Brizola seria ASSASSINADO. Várias vezes senti que isso aconteceria comigo. E 1967, quando Castelo Branco morreu e escrevi sobre ele, o mesmo que escrevia quando ele era o mais poderoso DITADOR DE PLANTÃO, acreditava (me diziam, na cara) que isso aconteceria. E depois, cada vez que era levado para AQUELE TÚMULO QUE ERA O DOI-CODI.

PS3 – Se não acontecesse 1963/64, haveria importante sucessão em 1965, com vários candidatos fortes. Brizola, Lacerda, Juscelino (que lançou sua candidatura para 65, deixando o governo nem pensou em reeeleição). Jango tentando continuar, Magalhães com o sono da presidência, Doutor Ulisses e Tancredo, também disputando. Quer dizer, repetindo: 63/64 e todos os sonhos adiados ou perdidos.

Helio Fernandes/Tribuna da Imprensa

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