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sexta-feira, dezembro 11, 2009


Lula, dignidade, realidade, credibilidade, respeitabilidade, responsabilidade: “tem que passar para CRIME HEDIONDO atos de CORRUPÇÃO, e CORRUPTO, punido para valer”. Mas é isso mesmo que o presidente quer?

Lula tem um espantoso senso de oportunidade. E o que pode e não pode fazer ou dizer, sem que seja atingido como uma espécie de boomerang. Não livra adversários ou correligionários, conhece o limite de tudo, é assombrosamente perspicaz, que palavra, mas Lula merece. Diante de tanta esperteza, para que estudar? Chegou muito mais longe do que tantos, sem depender da Fundação Ford, ou perder dias e dias estudando, noites e noites se preparando, se ele já trazia tudo com ele mesmo?

Acreditava no destino, estão aí as 5 (cinco) eleições que disputou, perdendo três seguidas, qualquer um teria desistido. Mas ele sabia, pressentia, adivinhava, insistia, algum dia chegaria lá.

É o mesmo espírito que não o abandona na busca do sexto mandato, a vitória três vezes, empatando com a derrota que o atingiu também três vezes. E continua jogando, como se o auge da política fosse Las Vegas e o pano verde, e não Firenze e o Príncipe. É possível que não conheça os dois modelos, mas é um vitorioso.

Acontece que Lula se empolgou com o contraditório como se fosse um magistrado, mas o que pratica e exibe é apenas a contradição. Ou diz que “não sabia de nada”, como no seu próprio mensalão, ou exagera no mensalão dos outros. Pode até se julgar com a isenção de um magistrado, condenando o mensalão dos outros, não esquecendo o dele mesmo.

Mas não é nada disso, Lula joga com todas as diversidades ou desigualdades, confia na vantagem que as pesquisas lhe dão numa classe que não exige muitas explicações, se consome e se conforma com o bolsa-família.

Como acreditar que o presidente quer mesmo que a corrupção seja crime hediondo, se há uma semana, ele, publicamente, “condenava o Tribunal de Contas por julgar exageradamente”? Se o TCU não julgar, como mudar a corrupção de patamar?

Lula mandou para o Congresso, o primeiro projeto para condenar mais severamente a corrupção, seja a sua, (do PT), a dos correligionários (do PMDB) ou dos adversários (do DEM).

Lula tem certeza absoluta que os acusados por ele, não irão se tranformar em réus, num julgamento que depende deles mesmos. Alguns acreditam que está fazendo figuração para impressionar o Supremo, que decidirá o destino dos “40 do mensalão”. Ou seja, os que desesperadamente fazem pressão sobre ele. Dependem da última eleição de suas vidas, a de 2010.

Falam até que a glorificação de José Dirceu nas fotos e nos fatos da eleição dentro do PT, motivaram a exorbitância do presidente. Só não seria mesmo exorbitância, pois essa tentativa (?) de punir de verdade a corrupção e os corruptos, atingiria de forma fulminante, não apenas amigos e inimigos, mas principalmente as empreiteiras.

Estas financiam todas as campanhas, sem restrição ou sem favorecimento. Ontem mesmo, já no fim da tarde, Pedro Simon fez um “DISCURSO PELA ÉTICA”, (um dos poucos que pode fazer) e terminava citando um estudo da Fundação Getulio Vargas sobre o superfaturamento dessas empresas que fazem todas as obras, desde o município até à União.

E o senador do Rio Grande do Sul, terminava assombrado, desta forma: “A corrupção leva por ano do dinheiro público, 100 BILHÕES DO SUPERFATURAMENTO PARA A CORRUPÇÃO”. O presidente quer mesmo que esses CORRUPTOS sejam considerados CRIMINOSOS HEDIONDOS?

Parece mais uma jogada com múltiplas e, como se trata de dinheiro roubado, multiplicadas entradas e saídas. Entrou e saiu das meias e das cuecas do PT, para as meias e cuecas do DEM. Como não têm muitos Valérios ou Dudas com criatividades novas, até os personagens são os mesmos.

* * *

PS – Quando se trata do Lula versão 2009/2010, as interpretações são cada vez mais complicadas. E tumultuadas. E insensatas. E incompreensíveis. E turbulentas. E nada transparentes.

PS2- Transparência existe nestes dois personagens: Celso Mello e Josaphat Marinho. O primeiro citando o segundo: “O governo responsável, precisa cada vez mais da fiscalização do cidadão”.

Helio Fernandes/Tribuna da Imprensa

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