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segunda-feira, novembro 04, 2024

Desaceleração da China é inevitável e o Brasil precisa se situar melhor


China: o que problemas da segunda maior economia global significam para o  mundo - BBC News Brasil

Queda da população está enfraquecendo a economia da China

José Roberto Mendonça de Barros
Estadão

Retomo meu último artigo: a desaceleração da China é inevitável e terá grandes consequências na arena global e em nosso País. Vejam os leitores que há várias semanas o governo chinês vem soltando medidas para reativar os mercados, sem grande sucesso.

Outro indicador do ceticismo dos analistas, com o qual concordo e que reputo importante, é a fraqueza do mercado de petróleo. Mesmo com todo o pacote chinês, a cotação do Brent não descola dos US$ 70 por barril. A demanda por óleo vem sendo revisada para baixo e parece claro que, ante o mínimo sinal da possibilidade de um cessar-fogo no Oriente Médio, veremos os preços irem para a faixa dos US$ 65 – vale lembrar que a Arábia Saudita começará a bombar mais produto a partir de setembro. Não será a demanda chinesa que vai sustentar o mercado.

POPULAÇÃO – Mas, a meu ver, a acelerada queda da população e seu envelhecimento são o centro do problema. Os jovens não querem ou postergam os filhos porque têm idosos para sustentar e têm receio de não poder pagar os custos de uma boa educação, especialmente em um momento de alto desemprego dos recém-formados.

A projetada queda de 200 milhões de pessoas até 2054 é sem precedentes num país onde a renda per capita ainda é baixa. O temor de ficar velho antes de ficar rico parece ter fundamento.

Com isso, o consumo interno tende a crescer mais lentamente, ao contrário do que acontece em outros países da Ásia, até porque parte dos investimentos estrangeiros antes canalizados à China agora busca Índia e outros destinos na região.

BLOQUEIO DE COMERCIO – Ao mesmo tempo, a preocupação com segurança tem limitado a expansão de empresas inovadoras. As exportações também terão mais dificuldades de crescer porque, especialmente nos países ricos, uma ativa política de bloqueio de comércio está se desenvolvendo. Isso é particularmente visível no segmento de carros elétricos e de matérias-primas básicas.

Somando tudo, a economia chinesa irá desacelerar lentamente para a faixa de 4% ao ano. Por outro lado, a população americana seguirá crescendo: a ONU estima que, entre 2023 e 2050, passará de 343 milhões para 380 milhões de habitantes. O consumo e o PIB vêm se expandindo de forma robusta e o progresso técnico tem sido impressionante.

Apostar que a China será a ganhadora na arena global, sobrepujando um “império decadente”, parece um lance excessivamente ousado. Melhor faria o Brasil cultivar relações amistosas e construtivas com todos os líderes globais.


Lula e Jair Bolsonaro demonstram que foram feitos um para o outro

Publicado em 4 de novembro de 2024 por Tribuna da Internet

Debate na Globo: Lula e Bolsonaro não poderão tocar um no outro

Lula e Bolsonaro têm pavor de enfrentar Tarcísio em 2026

Mario Sabino
Metrópoles

Arthur Lira tirou o projeto de lei que anistia os implicados no 8 de janeiro da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que o votaria nesta semana, e criou uma Comissão Especial para discutir o troço. Com isso, adiou a votação sobre o assunto para as calendas de 2025 ou até o início de 2026. Jair Bolsonaro e PT apoiaram a decisão por motivos aparentemente opostos.

O pretexto de Lira é que o projeto de lei estava sendo usado irresponsavelmente como moeda de troca por apoios aos nomes que disputam a sua sucessão na presidência da Câmara. É uma verdade parcial. A verdade inteira é que o cenário político em data mais próxima à eleição presidencial determinará o caminho a ser seguido pelos deputados.

BOLSONARO NA LISTA – Jair Bolsonaro, que está para ser indiciado pela PF no inquérito que investiga a “tentativa de golpe”, acredita que haverá condição para o seu nome ser incluído entre os anistiados e limpar a sua ficha de uma vez. Com isso, ele se livrará da inelegibilidade e será candidato a presidente, em 2026.

 Ele se preocupa muito mais com si próprio do que com os presos do 8 de janeiro, apesar do apelo cínico ao coração de Lula..

O PT, por sua vez, trabalhará à luz do sol para que o sonho de Jair Bolsonaro não se concretize. Sob a lua, contudo, pode deixar o barco do ex-presidente correr, porque ele é o oponente ideal para concorrer com Lula, como este sexagenário aqui não se cansa de repetir, embora tomado por certa sonolência…

DISPUTA DE REJEIÇÃO – A campanha com Jair Bolsonaro se tornaria, assim, apenas um campeonato de rejeição, como ocorreu em 2022: quem tiver a mais baixa, será eleito.

Lula acha que será menos rejeitado pelo eleitorado do que Jair Bolsonaro, ao contrário do que ocorreria em relação a outro candidato da direita, como Tarcísio de Freitas ou Ronaldo Caiado.

Jair Bolsonaro pensa diferente, claro, mas na mesma linha de raciocínio. Aposta que a rejeição a Lula, depois de um terceiro mandato decepcionante, será maior do que a dele.

ÚLTIMA PALAVRA – Se o projeto de lei passar na Câmara, restará saber qual será a posição do STF, que irremediavelmente dará a última palavra, em julgamento ou não. Se os senhores ministros concluírem que Jair Bolsonaro elegível é bom para Lula, eles vão liberar o cavalo bolsonarista para a corrida.

Lula e Jair Bolsonaro são os candidatos perfeitos tanto para um quanto para outro, não para o Brasil. Para o país, o melhor seria Lula pendurar as chuteiras gastas e Jair Bolsonaro enfiar a sua viola desafinada no saco.

No mínimo, o nível das metáforas seria outro. Como sempre, porém, o Brasil não importa quase nada no jogo brasiliense.

“Atual presidente da OAB-BA usa o cargo para se promover em uma escala maior”, diz ex-ministra

 Foto: Mateus Pereira/Arquivo/GOVBA

A ex-ministra Eliana Calmon04 de novembro de 2024 | 11:24

“Atual presidente da OAB-BA usa o cargo para se promover em uma escala maior”, diz ex-ministra

bahia

Voltou a circular nas redes sociais, entre advogadas e advogados de todo o estado, uma entrevista com a ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon, realizada no início deste ano, criticando a atual presidente da OAB Bahia, Daniela Borges. Segundo a ex-ministra, Daniela quis utilizar-se do cargo de presidente da OAB-BA para se promover. Calmon disse também que os presidentes têm se beneficiado com o “palanque” que o cargo dá. “De uns anos para cá, o que é que aconteceu? A ordem foi invadida por presidentes que foram para o cargo para serem beneficiados com este palanque que o cargo dá e negociar dentro da instituição aquilo que pode ser negociado”, afirmou.

“A presidente seguiu este caminho que estão seguindo quase todos os presidentes. Ela não se tornou uma mulher grande, ela se amesquinhou na medida em que ela quis seguir o estouro da boiada, porque a OAB hoje tem um desprestígio no sentido de política séria, em razão dessa politização pessoal dos seus membros. É isso que aconteceu. Ela não fez nada demais se nós formos olhar o contexto atual da ordem dos advogados, mas ela deixou de ser uma política grande. Ela tentou usar o cargo para se promover em uma, vamos dizer assim, em uma escala maior”, concluiu Eliana Calmon.

No lançamento da chapa Muda OAB, a advogada familiarista Ana Patrícia, candidata à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil –Seção Bahia (OAB-BA) divulgou um documento assumindo o compromisso de se dedicar exclusivamente à advocacia baiana caso seja eleita no próximo dia 19 de novembro. “Tenho o firme propósito de fortalecer a independência da OAB, focando nas necessidades de advogadas e advogados e trazendo de volta a credibilidade da entidade perante todos os órgãos e sociedade civil”, prometeu a advogada, dizendo publicamente que não pretende se candidatar a nenhum cargo eletivo no Judiciário, como fez por três vezes consecutivas a atual presidente da OAB-BA, Daniela Borges, quando tentou ser ministra do TSE.

Segundo Ana Patrícia, “é preciso resgatar a dignidade das advogadas e advogados, tirando a classe da condição de miserabilidade, criando condições de trabalho justas, com apoio ao jovem em início de carreira, e oferecendo cursos e capacitação a preços acessíveis, de modo que possam proporcionar uma vida digna para suas famílias”.

PoliticaLivre

Não há salvação para o artigo 19 na revisão do Marco da Internet


Marco Civil da Internet e Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais: entenda  as leis que regulamentam o mundo digital - Blog do Escavador

Atual Marco Civil da Internet fatalmente será modificado

Gustavo Binenbojm
O Globo

O STF marcou para novembro o julgamento sobre a constitucionalidade do art. 19 do Marco Civil da Internet (MCI). Trata-se da norma que prevê que os provedores de serviços digitais, como o YouTube e o Facebook, só poderão ser responsabilizados pelas postagens feitas em suas redes quando e se vierem a receber uma decisão judicial que lhes imponha a remoção daquele conteúdo específico e, ainda assim, decidam não retirá-lo.

Antes disso, as plataformas estão livres para distribuir mensagens com crimes de ódio, terrorismo, racismo ou qualquer outro atentado à vida, à saúde ou às instituições democráticas, sem responder pelos danos resultantes dessas postagens, ainda que tenham tomado ciência prévia da natureza ilícita daqueles conteúdos.

IMUNIDADE – O art. 19 apresenta uma curiosa autojustificativa: a liberdade de expressão. Foi um argumento comum em alguns círculos, quando a internet ainda era idealizada como a nova Ágora: se as plataformas respondessem pelos danos que causam à sociedade, acabariam por adotar uma postura de indesejável censura privada, passando a derrubar qualquer conteúdo controvertido postado em suas redes.

Necessitariam por isso do privilégio da imunidade conferido pelo art. 19 para manter um espaço livre às diversas formas de expressão. Nenhuma pessoa minimamente informada acredita mais nisso.

As plataformas digitais se tornaram o escoadouro de terríveis características humanas: desinformam, disseminam ódio e promovem divisão social. É como se a lei tivesse permitido que, em ambientes específicos, diversas atividades ilícitas pudessem ser praticadas livremente e sem qualquer consequência legal.

EXCEÇÕES – Existem duas exceções a essa benesse: para a divulgação sem consentimento de cenas de nudez e pornografia ou de conteúdos protegidos pelo direito autoral (como filmes, músicas e espetáculos esportivos), a notificação da vítima gera a responsabilidade da plataforma.

Ciente da ilegalidade, ela pode tomar as providências para a retirada do conteúdo ou, caso entenda de modo diferente, arcar com os danos que causar. Não custa lembrar, a regra para todos os demais mortais é a de responsabilizarem-se pelas consequências de seus atos, independentemente de qualquer notificação.

A Constituição contém extensa lista de direitos individuais e coletivos e prevê a responsabilidade de reparação dos danos decorrentes da sua violação. Entre eles estão os direitos à honra e à privacidade, que a exceção da pornografia protege, e o direitos dos autores sobre suas obras.

SOMENTE DOIS – Mas o que justifica que apenas esses dois direitos recebam a proteção da lei, e não os demais? Por que uma vítima de racismo ou homofobia tem que recorrer ao Judiciário para que seja retirada de uma plataforma digital a mensagem em que é humilhada, ofendida ou discriminada, enquanto ao titular de direitos autorais basta notificar o provedor?

Existe na Constituição alguma previsão que justifique esse tratamento assimétrico dos direitos fundamentais?

Só quem sente na pele o horror de uma mensagem difamante ou preconceituosa sabe o quanto é inútil buscar proteção em um processo judicial, que levará meses, às vezes anos, para fazer cessar a ofensa postada.

INCITAÇÃO AO ÓDIO – Ainda piores são os casos de ofensa a direitos coletivos, como em discursos de incitação ao ódio e à violência contra minorias, o abuso de crianças e adolescentes, terrorismo, além de ações coordenadas de desinformação em campos sensíveis como saúde pública, eleições e funcionamento da democracia.

Em todos esses casos, a retirada dos conteúdos ofensivos depende de decisão judicial — e até que seja intimada da decisão, a plataforma digital, que dissemina e lucra com o conteúdo ilícito, não pode ser responsabilizada — ou seja, nada tem a temer.

As plataformas detêm a tecnologia e os meios para monitorar e retirar de circulação os conteúdos ilícitos postados em suas redes (a ausência de conteúdo pornográfico nas grandes plataformas é um exemplo cabal).

CONTROLE AMENO – O regime de notice and take down (sistema de aviso e retirada) permite que esse processo se dê de forma ainda mais confortável para as plataformas, uma vez que a responsabilidade só nasce a partir da notificação do conteúdo ilícito.

Não é razoável que elas pretendam continuar a se eximir de qualquer responsabilidade, enquanto lucram de forma astronômica com mensagens que ofendem pessoas indefesas e corroem o tecido social.

A isenção de responsabilidade prevista no art. 19 é inconstitucional. O STF acertará se resistir à tentação de criar soluções heterodoxas para o problema, como o acréscimo de algumas exceções ao malfadado dispositivo. A sua concepção está caduca e deve ruir, sendo substituída pela solução do notice and take down, já adotada para a divulgação de mensagens pornográficas, tal como previsto no art. 21 do Marco Civil da Internet.

EXEMPLO CONCRETO – Em episódio recente, o próprio STF teve dificuldades para fazer uma big tech cumprir simples ordens judiciais de bloqueio de contas. Não é difícil imaginar o que passa um cidadão comum que tem seu nome injustamente enxovalhado em uma rede social.

A União Europeia, por exemplo, adotou no Digital Services Act o modelo do notice and take down, para sinalizar o conteúdo ilícito e deflagrar a responsabilidade das plataformas. Não cabe ao Brasil inventar novamente a roda, mas seguir o bom exemplo que vem de democracias avançadas, adotando também como regra geral o sistema de notificação.

Para situações mais graves, das quais possam advir riscos sistêmicos para a sociedade (como terrorismo, ódio contra minorias e ataques ao regime democrático), o STF também deve levar em conta a experiência estrangeira, com destaque para o Online Safety Act, do Reino Unido, e reconhecer a existência de um dever de cuidado das plataformas, o que inclui obrigação de moderação e sua responsabilidade desde a circulação inicial do conteúdo, o que, afinal, é a regra para todos os veículos de comunicação.

Bom momento da economia dos Estados Unidos deve ajudar Kamala Harris

Publicado em 4 de novembro de 2024 por Tribuna da Internet


Entenda que a racialização é hoje um engano histórico, científico e cultural

Publicado em 4 de novembro de 2024 por Tribuna da Internet

Nota Oficial - Atentados xenofóbicos contra haitianos em São Paulo — Portal  da Câmara dos Deputados

Problema dos haitianos é que eles parecem ser negros demais 

Muniz Sodré
Folha

Paris, fins do século 19, num conto de Guy de Maupassant, um lixeiro de origem camponesa se apaixona pela servente africana de um bistrô. Propõe-lhe casamento, que depende de aprovação dos pais, por isso ambos viajam ao campo. A mãe do noivo fica encantada com a futura nora, bonita além de prendada nas artes domésticas. Para apresentá-la à aldeia, passeiam de mãos dadas. Mas os vizinhos se assustam, as janelas se fecham. A matriarca nega ao filho o consentimento.

Sempre apaixonado, ele se lamenta tempos depois, perguntando à mãe se o obstáculo tinha sido a cor da jovem. Responde a camponesa: “Não porque ela fosse negra, meu filho, mas era negra demais”

NEGROS DEMAIS – Esse insight agudo sobre a diferença etnocultural sobreveio semanas atrás quando, numa mesa-redonda, ouvimos de uma pesquisadora sobre imigração no Rio de Janeiro um relato inabitual.

Segundo ela, é impossível para haitianos encontrar postos de trabalho na zona sul da cidade, nem sequer como peões de obra, porque as senhoras de classe alta se assustam com a cútis negro-retinta dos imigrantes.

No conto de Maupassant, não estava em jogo o racismo stricto-sensu, pois a província ainda não conhecia africanos, era mais o medo primitivo à diferença. No caso dos haitianos, é também isso, acrescido de racismo pós-abolicionista.

SEM DIFERENÇAS – Essa questão pode ser cansativa, mas vale repisar sempre que algo aparece para mostrar que o identitarismo racial não toca o fundamento do racismo, que não precisa de raça para existir.

Relembrando que não há raças humanas, um site opinativo francês evocou há pouco o hematologista Jean Bernard, que enumerava três condições para uma diferença entre a raça A e a raça B:

(1) “as propriedades intrínsecas da raça A deveriam ser muito diferentes da raça B (2) a raça A e a raça B não poderiam se misturar (3) todos os membros de cada raça deveriam ter propriedades genéticas comuns, senão idênticas”. Nenhuma delas acontece na espécie humana, seja no plano biológico ou cultural.

O Visto

Têm carteira de trabalho, mas ninguém os contrata…

ENGANO HISTÓRICO – A racialização é de fato um engano histórico, científico e cultural. Encerrar alguém em identidades forjadas a partir de características fenotípicas, culturais e religiosas é um prolongamento do erro.

Mas a redefinição da esquerda pelo viés dito “identitário” (socio-corporal, na realidade) é um compromisso pragmático com a liberação de minorias das correntes em que foram aprisionadas por racismo e patriarcalismo.

Autoafirmação e autodeterminação são os valores progressistas em jogo. O jogador Vini Jr., atacado na Europa, neles se apoia em seu ativismo antirracista.

GARGALHADA – Vini Jr. é um negro que responde, trocando a tortura da gargalheira escravista pela gargalhada.

Mas essas pautas podem ter o mesmo efeito da jovem africana na aldeia. As janelas do “andar de cima” fecham-se ao que não é espelho. Hoje o racismo não mais tem a ver com identidade humana, como no período colonial, e sim com domínio social do ego moldado pelo corpo-imagem do mercado.

A “aldeia global” (metáfora de McLuhan) é tecno-narcisista, perpassada por um aturdimento inerente tanto à madame zona sul quanto ao pobre capturado por aberrações. Racismo é como uma pedra anticivilizatória que, lançada na água, reverbera. Suas raízes fizeram ecologia própria.


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