Publicado em 9 de maio de 2024 por Tribuna da Internet
Bruno Boghossian
Folha
Depois do furacão Katrina, pesquisadores mediram como os americanos distribuíam a culpa pela tragédia. O levantamento mostrou que o eleitor jogava mais responsabilidade em políticos do partido adversário, mas fazia acusações mais ponderadas quando tinha informações sobre o papel de cada autoridade.
A análise pode explicar como operam o partidarismo, a propaganda e a desinformação. Os cientistas políticos Neil Malhorta e Alexander Kuo apontaram que, nesses casos, o eleitor não faz uma avaliação totalmente objetiva, mas também não é uma vítima cega de suas paixões políticas.
RESPONSABILIZAÇÃO – A pesquisa mostrou que eleitores democratas tinham probabilidade 75% maior de culpar autoridades republicanas, como o presidente George W. Bush. Republicanos atribuíam responsabilidade a seus correligionários com frequência 48% menor.
Eleitores que consideravam o Katrina um evento “pessoalmente importante” eram menos contaminados por filiações partidárias. Aqueles que apontavam uma relevância pessoal menor na tragédia tinham mais chances de culpar seus adversários.
O ranking de culpados mudava quando o entrevistado recebia informação sobre o cargo de cada autoridade. Democratas batiam menos em Bush, e republicanos miravam com mais intensidade o diretor da agência de gerenciamento de emergências, Michael Brown (republicano).
DEBATE MANIPULADO – Os dados ilustram as atitudes da população em desastres, mas também são úteis para entender como o debate público pode ser manipulado para atingir objetivos políticos.
Distorções e desinformação, por exemplo, são armas ideais para esconder responsabilidades, ativar o partidarismo e confundir as atribuições de diferentes autoridades.
Por outro lado, quando a população tem informações corretas sobre a atuação de seus políticos, ela é capaz de fazer um julgamento um pouco mais equilibrado. O governador gaúcho, Eduardo Leite, disse que “não é hora de procurar culpados”. Tudo indica que o eleitor saberá fazer isso no tempo certo.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Criticar depois de acontecer é bem mais fácil… De toda forma, é triste ficar sabendo que a Lagoa dos Patos fica acima do nível do mar e só inundou Porto Alegre porque seu sistema de vazão para o oceano é mínimo e não dá conta. Sinceramente, ampliar o sistema de vazão é obra da maior simplicidade e de baixo custo. Mas quem se interessa? (C.N.)