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terça-feira, março 08, 2022

Últimas notícias: Ucrânia condena "táticas medievais"




É a primeira ameaça aberta do Kremlin sobre interrupção no fornecimento de gás. Corte ocorreria através do gasoduto Nord Stream 1, de extrema importância para Alemanha. Acompanhe as últimas notícias.

    Rússia apresenta exigências para pôr fim aos ataques na Ucrânia
    Negociações em Belarus terminam com pequeno avanço na questão dos corredores humanitários
    UE prevê receber até 5 milhões de refugiados ucranianos
    Moscou alerta contra entregas de armas do Ocidente para a Ucrânia
    UE aceita iniciar processo de adesão de Ucrânia, Moldávia e Geórgia
    ONU contabiliza 1,7 milhão de refugiados da Ucrânia
    Brasil fora da lista da Rússia de países considerados "hostis"
    Pelo menos 406 civis mortos na guerra na Ucrânia, afirma ONU
    Macron critica "hipocrisia" da Rússia sobre corredores humanitários
    Ucrânia rejeita proposta de corredores humanitários em direção à Rússia
    China pede negociações, mas exalta parceria com a Rússia
    Reino Unido considera liberar entrada de refugiados da Ucrânia
    Representantes da Ucrânia e da Rússia devem se encontrar para negociações
    Rússia anuncia cessar-fogo temporário para corredores humanitário
    Militares russos estão perto de invadir Kiev, diz Ucrânia
    Zelenski: sanções são insuficientes

As atualizações estão no horário de Brasília 

18:33 – Ucrânia apela em Haia contra "táticas medievais" russas

Em Haia, A Ucrânia apelou ao Tribunal Internacional de Justiça para que ordene o fim da invasão russa à Ucrânia, ao mesmo tempo em que acusou Moscou de cometer uma variedade de crimes durante a ofensiva em solo ucraniano. 

A equipe de juristas ucranianos afirmou que as tropas russas recorrem a "táticas que lembram os cercos das guerras medievais, incluindo o isolamento de cidades, o bloqueio de rotas de fuga e o bombardeio à população civil com armamentos pesados". 

A Rússia não enviou representantes à audiência. Nos últimos dias, diversos esforços para a evacuação de civis das zonas de conflito foram frustrados em várias cidades, em razão dos bombardeios russos.

A Ucrânia condenou a alegação russa de que a invasão ao país teria o propósito de "evitar e punir" um genocídio nas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk. Kiev condenou essa alegação como uma "mentira grotesca" e pediu proteção.

"As consequências são a agressão não provocada, cidades sitiadas, civis sob fogo, catástrofe humanitária e refugiados fugindo para salvar suas vidas", disseram os advogados ucranianos em Haia.

18:10 – Moscou ameaça cortar fornecimento de gás natural via Nord Stream 1

Pela primeira vez, a Rússia ameaçou abertamente interromper as entregas de gás natural para Europa através do gasoduto Nord Stream 1. Um "embargo ao transporte de gás através do gasoduto" seria justificado em vista das "alegações infundadas contra a Rússia sobre a crise energética na Europa e a proibição do Nord Stream 2", disse o vice-primeiro-ministro russo Alexander Novak.

Ele disse que a Rússia ainda não tomou a decisão de interromper o fornecimento, mas se vê pressionada a fazer isso, diante das acusações de políticos europeus.

O gasoduto Nord Stream 1 é uma importante vertente para o fornecimento de gás na Alemanha e em outros países da Europa. "A Europa consome atualmente 500 bilhões de metros cúbicos de gás por ano, 40% dos quais são garantidos pela Rússia", explicou Nowak.

Apenas pelo Nord Stream 1, passam anualmente cerca de 60 bilhões de metros cúbicos de gás.

No dia 22 de fevereiro, antes da invasão russa à Ucrânia, o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou que havia suspendido o processo de licenciamento do gasoduto Nord Stream 2 no Mar Báltico. Desta forma, o gasoduto, planejado para transportar gás russo para Europa contornando países como Polônia e Ucrânia e que já está pronto, não entrará em funcionamento por enquanto.

16:45 – Rússia apresenta exigências para pôr fim aos ataques na Ucrânia

O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse que a operação militar no país será interrompida "em um instante", caso o governo ucraniano aceite as exigências de Moscou. 

Entre estas, estão o reconhecimento da Península da Crimeia – anexada por Moscou em 2014 – como território russo; mudanças na Constituição ucraniana para assegurar a neutralidade do país, a admissão da soberania das autoproclamadas "repúblicas" separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste ucraniano, e o fim das ações militares por parte de Kiev.

Peskov disse que os ucranianos estão cientes dos termos e de que a chamada "operação militar especial" – a expressão utilizada por Moscou para evitar falar em invasão ou guerra à Ucrânia – poderá ser encerrada rapidamente. O governo ucraniano, por sua vez, já declarou essas exigências como inaceitáveis,

"Eles devem fazer emendas à sua Constituição que assegurem que a Ucrânia rejeitará qualquer tentativa de adesão a qualquer bloco", disse Peskov, em referência ao pedido de Kiev para que o país se torne membro da União Europeia.

"Kiev deve reconhecer a Crimeia como território russo e também Donetsk e Lugansk como estados independentes. Isso é tudo."

A descrição das exigências russas ocorreu enquanto delegações dos dois países se reuniam para mais uma rodada de negociações, que terminou sem grande avanços. (AFP)

16:40 – Alemanha, EUA, França e Reino Unido concordam em elevar ajuda à Ucrânia

Os líderes de Alemanha, Estados Unidos, França e Reino Unido concordaram nesta segunda-feira, em uma chamada por vídeo, em manter a pressão contra a Rússia por sua "invasão não provocada e injustificada da Ucrânia", disse a Casa Branca.

Segundo comunicado, o americano Joe Biden, o francês Emmanuel Macron, o alemão Olaf Scholz e o britânico Boris Johnson "ressaltaram seu compromisso de continuar a fornecer assistência de segurança, econômica e humanitária à Ucrânia".

Os países da Otan elevaram sua presença nos países bálticos desde que a Rússia invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro, e mais tropas e equipamentos estão a caminho, afirmaram fontes ouvidas por agências de notícias.

15:26 – Negociações em Belarus terminam com pequeno avanço na questão dos corredores humanitários

A terceira rodada de negociações entre russos e ucranianos terminou nesta segunda-feira com "alguns resultados positivos" na questão dos corredores humanitários, anunciou Mykhailo Podoliak, membro da delegação ucraniana.

"Alcançamos alguns resultados positivos no que diz respeito à logística dos corredores humanitários", disse Podoliak, assessor da presidência ucraniana, no Twitter.

Antes do início do encontro, que mais uma vez ocorreu em Belarus, perto da fronteira com a Polônia, o chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, disse que os negociadores discutiriam três blocos de questões: resolução da política interna, aspectos humanitários internacionais e resolução de questões militares. (Lusa)

15:07 – UE prevê receber até 5 milhões de refugiados ucranianos

Se a guerra na Ucrânia continuar, até 5 milhões de refugiados poderão fugir para a União Europeia, disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, nesta segunda-feira.

"Essa é uma estimativa razoável", afirmou Borrell. "Não vimos um movimento tão grande de refugiados desde o final da Segunda Guerra Mundial", completou.

A UE disponibilizará cerca de 100 milhões de euros em sua primeira resposta de emergência para ajudar os refugiados, informou Borrell.

A Ucrânia tem uma população de cerca de 41,5 milhões de pessoas. A ONU estima que mais de 1,7 milhão de pessoas já deixaram o país, a maioria seguindo para a Polônia. (DW)

14:35 – Levi's interrompe negócios na Rússia

A fabricante de jeans Levi's está encerrando temporariamente seus negócios na Rússia. O grupo de moda americano anunciou que as operações normais não seriam sustentáveis ​​dada a situação na região. 

Novos investimentos na Rússia também estão fora de questão por enquanto. Segundo a empresa, cerca de 4% das receitas da Levi's vieram da Europa Oriental em 2021, metade delas da Rússia.

14:30 – Mais de 900 localidades na Ucrânia estão sem luz, eletricidade e água

As forças russas já destruíram ou danificaram mais de 1.500 edifícios residenciais, mais de 200 escolas e 30 hospitais desde o começo da guerra na Ucrânia, informou a presidência ucraniana. Mais de 900 localidades no país ficaram sem água, eletricidade e aquecimento, de acordo com as autoridades ucranianas. (EFE)

14:23 – Homem é detido após chocar caminhão contra embaixada da Rússia em Dublin

A polícia irlandesa informou nesta segunda-feira que prendeu um homem que chocou um caminhão contra o portão de entrada da embaixada da Rússia em Dublin, local que se tornou foco de protestos contra a invasão na Ucrânia nos últimos dias.

Em comunicado, a polícia afirma que está investigando "um incidente" envolvendo um "delito contra a propriedade" que ocorreu por volta das 10h30 (horário de Brasília), no qual não foram relatados feridos.

Os oficiais prenderam um homem e "as investigações estão em andamento", diz a declaração.

Um vídeo divulgado pela emissora pública irlandesa RTE mostra um caminhão pertencente à empresa Desmond Wilsey, de abastecimento eclesiástico, se chocando contra o portão da missão diplomática russa, onde um pequeno grupo de manifestantes estava reunido.

O embaixador russo na Irlanda, Yury Filatov, já havia denunciado a natureza "muito agressiva" dos protestos no exterior da sua residência na capital.

"Neste momento, estamos lidando com uma situação extremamente tensa na embaixada. Os nossos funcionários recebem constantemente ameaças de morte nas suas casas privadas", lamentou o diplomata à imprensa. (EFE)

14:07 – Autoridades ucranianas dizem que pelo menos 13 civis morreram em ataque a padaria industrial

Os serviços de emergência da Ucrânia disseram ter resgatado os corpos de 13 civis após um ataque aéreo a uma padaria industrial na cidade ucraniana de Makariv, perto de Kiev. Cinco pessoas foram salvas.

Acredita-se que um total de 30 pessoas estivessem na fábrica no momento do ataque, indicando que mais pessoas podem estar presas sob os escombros. (DW)

13:40 – Alemanha diz que não vai sancionar importações de energia da Rússia

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, disse nesta segunda-feira que Berlim apoia medidas duras contra a Rússia, mas que manterá as entregas de energia isentas. O líder alemão disse que a energia russa é essencial para a vida cotidiana.

"O abastecimento da Europa com energia para aquecimento, mobilidade e para a indústria não pode, no momento, ser garantido de outra forma", disse Scholz em comunicado. O chanceler também afirmou que a Alemanha e a União Europeia estão buscando alternativas, mas o trabalho não pode ser feito da noite para o dia.

"Foi, portanto, uma decisão deliberada permitir a continuidade das atividades de negócios alemães com a Rússia relacionadas ao fornecimento de energia", disse ele.

A Rússia está enfrentando uma série de medidas punitivas por sua invasão à Ucrânia. No entanto, a ameaça de uma proibição de importação de petróleo e gás russo elevou os preços, com o petróleo Brent sendo negociado a 139 dólares, valor mais alto desde julho de 2008. Os preços do gás na Europa também atingiram 381 dólares por metro cúbico nesta segunda-feira. Antes da invasão, o preço estava abaixo de 80 dólares, 12 dias atrás.

12:00 – Moscou alerta contra entregas de armas do Ocidente para a Ucrânia

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia alertou novamente contra as entregas de armas do Ocidente à Ucrânia e as consequências disso para a Otan. 

A entrega de armas ou aviões e o envio de mercenários não melhoraria a situação humanitária na Ucrânia, disse a porta-voz do ministério, Maria Zakharova, segundo a agência estatal TASS. Pelo contrário, provocaria um "desenvolvimento catastrófico da situação não só na Ucrânia, mas também nos países da Otan", sublinhou. Zakharova alertou para um "colapso global" se armas ocidentais caíssem nas mãos de combatentes. (ots)

11:53 – UE aceita iniciar processo de possível adesão de Ucrânia, Moldávia e Geórgia ao bloco

Os países da União Europeia (UE) concordaram nesta segunda-feira em iniciar o processo para que Ucrânia, Moldávia e Geórgia possam se tornar membros do bloco no futuro. Os três países solicitaram adesão à UE na semana passada.

De acordo com a presidência rotativa do bloco, exercida pela França, os 27 estados-membros pediram à Comissão Europeia que dê o primeiro passo neste caminho, preparando o relatório necessário para que decidam se Ucrânia, Moldávia e Geórgia receberão o status de candidatos.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, assinou o pedido de adesão à UE na semana passada como parte da resposta à invasão que a Rússia lançou em 24 de fevereiro. Moldávia e Geórgia fizeram o mesmo em seguida.

O órgão executivo da UE vai preparar um relatório para avaliar se os três países atendem os critérios de adesão, incluindo o respeito aos valores fundamentais do bloco, se possuem instituições estáveis que garantam a democracia e uma economia de mercado.

Quando a Comissão concluir a avaliação - que é o primeiro passo em um processo que normalmente leva anos -, os países da UE terão que aprová-la por unanimidade, e só então poderão ser abertas as negociações de adesão.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse na semana passada que "ainda há um longo caminho a percorrer" para concluir com sucesso o processo de ampliação do bloco.

Atualmente, Turquia, Sérvia e Montenegro estão em negociações para aderir à UE, e Albânia e Macedônia do Norte obtiveram o status de país candidato. (EFE)

11:20 – Retomadas negociações entre Rússia e Ucrânia

De acordo com a agência de notícias Reuters, as delegações da Rússia e da Ucrânia retomaram nesta tarde as negociações em Belarus. 

É a terceira rodada de negociações desde a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro. Até agora, elas não foram bem sucedidas. (Reuters)

11:12 – ONU contabiliza 1,7 milhão de refugiados da Ucrânia

O número de refugiados da Ucrânia continua aumentando significativamente. De acordo com os números mais recentes divulgados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), 1,7 milhão de pessoas já deixaram o país desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro. Isso significa 200.000 pessoas a mais do que em relação ao domingo. (ots)

10:55 – Brasil fora da lista da Rússia de países considerados "hostis"

Todos os países da União Europeia, além de Estados Unidos, Japão e Canadá, entre outros, estão em uma lista de nações hostis elaborada pelo governo da Rússia, informou nesta segunda-feira a agência de notícias russa Interfax. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o Brasil não está na lista. O governo brasileiro vem pregando uma posição de neutralidade em relação ao conflito e, até agora, não emitiu nenhuma sanção contra Moscou. 

Segundo a Interfax, a lista recebeu aval do primeiro-ministro, Mikhail Mishustin, e faz parte do decreto do presidente Vladimir Putin emitido no último dia 5 e intitulado "Sobre o procedimento temporário para o cumprimento das obrigações para com certos credores estrangeiros".

De acordo com este documento, a lista inclui os 27 estados-membros da União Europeia, que adotaram fortes sanções contra a Rússia após o início da ofensiva militar na Ucrânia.

Além disso, Austrália, Albânia, Andorra, Reino Unido (incluindo a ilha de Jersey e outros territórios ultramarinos, como a ilha de Anguilla, as Ilhas Virgens Britânicas e Gibraltar), Islândia e Liechtenstein foram definidos como países hostis.

Também estão na lista Micronésia, Mônaco, Nova Zelândia, Noruega, Coreia do Sul, San Marino, Macedônia do Norte, Singapura, Taiwan, Montenegro, Suíça, Japão e a própria Ucrânia.

Entre outras medidas, as empresas russas poderão pagar dívidas em rublos aos países da lista. A moeda russa já desvalorizou 45% desde janeiro. (EFE, Lusa, ots)

10:35 – Pelo menos 406 civis mortos na guerra na Ucrânia, afirma ONU

Pelo menos 1.207 civis foram feridos ou mortos desde o início da invasão russa na Ucrânia, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. 

De acordo com os dados da ONU, 406 pessoas foram mortas, entre elas 27 crianças, e 801 ficaram feridas como resultado da violência, das quais 42 eram crianças.

Os dados referem-se ao período que vai do início da invasão russa, em 24 de fevereiro, até a meia-noite de 6 de março. A organização alerta, contudo, que o número real de civis mortos e feridos provavelmente é muito maior.

10:11 – Cidade perto de Kiev relata morte de prefeito por fogo russo

As autoridades da cidade de Hostomel, a cerca de 30 quilômetros de Kiev, disseram que forças russas mataram o prefeito, Yuri Illich Prylypko, enquanto distribuia comida aos necessitados. A infomação foi divulgada na página da prefeitura no Facebook.  

"Ninguém o obrigou a ficar sob as balas dos ocupantes", diz a postagem. "Ele morreu por seu povo, por Hostomel. Ele morreu herói". 

As autoridades locais disseram que, além de Prylypko, outras duas pessoas foram mortas a tiros. Não ficou claro quando o prefeito foi baleado. 

Hostomel abriga o estratégico aeroporto militar Antonov, local de batalhas violentas entre as forças ucranianas e russas nos primeiros dias da guerra. Lá, estava o Antonov-225 Mriya, maior avião de carga do mundo, de fabricação ucraniana, que foi queimado e completamente destruído em um ataque russo. (DW)

10:02 – Macron critica "hipocrisia" da Rússia sobre corredores humanitários

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que a proposta de Moscou de evacuar os ucranianos para cidades russas era "hipócrita".

"Tudo isso não é sério, é cinismo moral e político, que considero intolerável", disse Macron à rede de televisão LCI.

Moscou alegou que a proposta seguiu um "pedido pessoal" de Macron, o que o presidente francês nega. (DW)

09:36 – Cruz Vermelha teme onda de covid com a guerra

Um porta-voz da Cruz Vermelha afirmou nesta segunda-feira que especialistas temem que a guerra leve a um aumento nos casos de covid-19 na Ucrânia e em países vizinhos. No início da invasão, a Ucrânia se encontrava no meio de uma onda de infecções causada pela variante Omicron. Em fevereiro, 900 mil casos da doença foram registrados no país.

Países vizinhos da Ucrânia, como a Moldávia e Romênia, que são destinos de muitos refugiados, possuem baixas taxas de vacinação. (dpa)

09:18 – Encontro entre ministros do Exterior da Ucrânia e Rússia previsto para sexta-feira

A Turquia anunciou que intermediará na próxima sexta-feira um encontro entre os ministros do Exterior da Ucrânia, Dmitro Kuleba, e da Rússia, Sergei Lavrov. A reunião ocorrerá em Ancara e será a primeira negociação envolvendo o alto escalão de ambos os países desde o início da guerra.

Ancara mantém laços estreitos com Kiev e Moscou e vem tentando desempenhar um papel mais neutro no conflito, afastando-se de seus parceiros da Otan. (dw)

08:09 – Moradores de Irpin em fuga

Moradores de Irpin, nos arredores de Kiev, tiveram que fugir de suas casas em meio a um bombardeio russo neste domingo (06/03) apenas com a roupa do corpo e alguns itens que conseguiram carregar. Três civis teriam sido mortos nos ataques.

07:50 – Rússia estaria recrutando combatentes sírios para lutar na Ucrânia

A Rússia estaria recrutando sírios com experiência em combates urbanos para lutar na Ucrânia, segundo uma reportagem do jornal The Wall Street Journal.  Relatórios do governo americano indicam que Moscou, que opera dentro da Síria desde 2015, espera que os sírios possam ajudar a tomar Kiev.

"O número de combatentes recrutados é desconhecido, mas alguns deles já estão na Rússia e se preparam para entrar no conflito", segundo o jornal. Especialistas consultados pelo jornal, porém, não deram detalhes sobre o deslocamento dos combatentes sírios na Ucrânia.

A Rússia teria oferecido a voluntários sírios entre 200 a 300 dólares "para ir para a Ucrânia operar como guardas armados" durante seis meses. Além dos sírios, combatentes chechenos também foram convocados. (Lusa, ots)

07:00 – Zelenski defende boicote a petróleo russo

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, pediu à comunidade internacional que boicote o petróleo russo e outros produtos de exportação da Rússia. Ele solicitou ainda aviões militares para a Ucrânia.

"Se a invasão continuar e a Rússia não desistir de seus planos contra a Ucrânia, então, um novo pacote de sanções é necessário por causa da paz", disse Zelenski em vídeo. (Reuters)

06:30 – Ucrânia rejeita proposta de corredores humanitários em direção à Rússia

O governo da Ucrânia rejeitou a proposta russa para a abertura de corredores humanitários em direção à Rússia ou Belarus. No início desta segunda-feira, Moscou anunciou um cessar-fogo temporário para permitir a evacuação de civis nas cidades de Kiev, Kharkiv, Mariupol e Sumy.

Moscou, porém, estabeleceu que as rotas de evacuação seriam apenas em direção à Rússia e Belarus. Kiev chamou a proposta de "imoral".

Um porta-voz do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse que a proposta russa é "completamente imoral" e acusou Moscou de tentar "usar o sofrimento de civis" para criar imagens de televisão. "Eles são cidadãos ucranianos, têm o direito de ir para outras regiões na Ucrânia", acrescentou. O porta-voz afirmou ainda que a Rússia dificultou deliberadamente tentativas anteriores de evacuar cidades.

A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, chamou a proposta de Moscou para evacuar ucranianos de "ridícula" e "cínica".

Um porta-voz do Ministério da Defesa russo disse que seis corredores humanitários foram abertos: de Kiev para Gomel, no sudeste de Belarus; de Mariupol para Zaporíjia, no sudeste da Ucrânia; de Mariupol pra Rostob-on-Don, sul da Rússia; de Kharkiv para Belgorod, no sul da Rússia; de Sumy para Belgorod; e de Sumy para Poltava, no centro da Ucrânia. (Reuters)

05:40 – Polônia já recebeu mais de 1 milhão de refugiados

Autoridades polonesas afirmaram que mais de 1 milhão de refugiados ucranianos chegaram no país desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro. De acordo com a Polônia, houve um aumento no fluxo de migrantes na fronteira entre os dois países nos últimos dias. Somente na manhã desta segunda-feira, 42 mil ucranianos entraram na Polônia. (dw)

04:52 – China pede negociações, mas exalta parceria com a Rússia

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, pediu moderação e consequentes negociações em relação à guerra na Ucrânia.

"Questões complexas devem ser resolvidas com cabeça fria e de maneira racional", disse Wang Yi, durante entrevista coletiva de imprensa, em meio à reunião anual do Partido Comunista chinês, em Pequim.

Wang também defendeu ajuda humanitária aos civis. Ao mesmo tempo, destacou a "parceria estratégica" entre China e Rússia, criticou duramente os EUA, a expansão da Otan para o leste e enfatizou os interesses de segurança russos.

Até o momento, a China não condenou a invasão russa na Ucrânia. (dpa)

04:15 – Reino Unido considera liberar entrada de refugiados da Ucrânia

O ministro do Interior do Reino Unido, Priti Patel, afirmou que pretende criar um novo mecanismo para permitir a entrada de mais refugiados da guerra da Ucrânia, informou o jornal The Sun.

Mais de 1,5 milhões de pessoas já fugiram da guerra, na maior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

O Reino Unido já havia anunciado a concessão de vistos para quem tem familiares ou um responsável no país, mas o governo tem sido criticado pela oposição por não ser tão ativo na questão se comparado aos países da União Europeia.

"Estou elevando com urgência nossa resposta para a crescente crise humanitária", disse Patel ao The Sun, mencionando sua visita à fronteira polonesa na semana passada. "Estou pesquisando neste momento as opções legais para criar uma rota humanitária. Isso significa que qualquer pessoa sem vínculos com o Reino Unido que está fugindo do conflito na Ucrânia terá o direito de vir para esta nação."

A União Europeia já anunciou que concederá residência temporária aos refugiados da guerra da Ucrânia, que dará direito a trabalhar, receber benefícios sociais e moradia por até três anos. (Reuters)

03:15 – Representantes da Ucrânia e da Rússia devem se encontrar para negociações

Enviados dos governos da Ucrânia e da Rússia devem se encontrar nesta segunda-feira para uma terceira rodada de conversas desde o início da guerra. 

O local e o horário exato do encontro ainda não foram divulgados. As duas delegações já se reuniram duas vezes em Belarus, mas houve poucos avanços. 

Um dos acordos, de criar corredores humanitários para evacuar pessoas de cidades cercadas, fracassou em duas tentativas no final de semana. A Rússia disse que fará um cessar-fogo nesta segunda-feira para permitir a evacuação de civis de quatro cidades ucranianas.

03:00 – Rússia anuncia cessar-fogo temporário para corredores humanitários

O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas forças irão iniciar um cessar-fogo temporário às 10h de Moscou (4h de Brasília) para permitir a evacuação de civis.

Moscou disse que abrirá corredores humanitários nas cidades de Kiev, Kharkiv, Mariupol e Sumy. A iniciativa atende a um pedido do presidente francês, Emmanuel Macron, que conversou por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, no domingo, segundo o ministério.

Rotas de evacuação publicadas pela agência de notícias russa RIA Novosti, citando o Ministério da Defesa, indicavam que os civis poderiam deixar a Ucrânia em direção à Rússia ou para Belarus. Aqueles que quiserem sair de Kiev também poderiam ser transportados por avião até a Rússia, segundo o ministério.

A criação dos corredores humanitários para retirar moradores e permitir a entrada de medicamentos e comida em cidades cercadas havia sido combinada em uma reunião entre representantes ucranianos e russos na quinta-feira, em Belarus. O plano, porém, não funcionou no sábado e no domingo. Autoridades ucranianos afirmaram que os russos desrespeitaram o cessar-fogo temporário, enquanto o Kremlin culpou Kiev pelo fracasso da operação. (AP)

01:30 – Militares russos estão perto de tentar invadir Kiev, diz Ucrânia

As forças armadas da Ucrânia afirmaram em um comunicado nesta segunda-feira que os militares russos estavam se preparando para invadir Kiev.

Segundo o comunicado, os militares russos primeiro tentariam assumir total controle das cidades Irpin e Bucha, que ficam próximas de Kiev.

As forças do Kremlin estavam "tentando obter uma vantagem tática alcançando a periferia leste de Kiev, por meio dos distritos Brovarsky e Boryspil", segundo o o boletim ucraniano.

Vadym Denysenko, assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, afirmou que "uma grande quantidade de equipamentos militares e soldados russos estão concentrados na proximidade de Kiev", citado pelo jornal Ukrayinska Pravda.

"Avaliamos que a batalha por Kiev será uma batalha-chave que será lutada nos próximos dias", disse. (dpa)

22:30 – Zelenski: sanções são insuficientes

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou no domingo, em um discurso em vídeo, que as sanções atualmente impostas por diversos países à Rússia não são suficientes.

"A audácia do agressor é um claro sinal para o Ocidente que as sanções impostas contra a Rússia não são suficientes", afirmou.

A declaração foi feita depois de a Rússia ter anunciado que iria atacar um complexo militar e industrial da Ucrânia e pedir aos funcionários de indústrias militares que abandonassem seus postos de trabalho.

"Não ouço um único líder mundial reagir a isso", afirmou Zelenski. Ele também pediu que seja organizado um "tribunal" para julgar a Rússia pela suas ações. 

Deutsche Welle

A guerra é a origem de todas as coisas (II)




Prescindindo da democracia e do liberalismo, a Rússia foi-se afirmando como um projeto político iliberal nesta década liderada por Putin. Para ele, o mundo exige novos valores e novos ideais políticos. 

Por Patrícia Fernandes*

Um dos autores atuais que vale a pena conhecer é o filósofo inglês John Gray, que tem ocupado nos últimos anos um lugar de relevo como comentador político. Parte da sua relevância passa pela curiosidade de se ter movimentado de forma muito livre no espectro político-ideológico, passando da esquerda trabalhista para uma nova direita liberal no final da década de 70, até se tornar crítico do universalismo, racionalismo, progressismo e humanismo liberais, com uma especial reprovação do capitalismo global. Nos últimos vinte anos, os seus textos têm convocado o fracasso do liberalismo e a defesa de uma filosofia política pós-liberal.

Destacamos aqui o livro O liberalismo, na primeira parte do qual Gray se propõe fazer a história deste movimento filosófico, começando pelas suas possíveis origens e contributos iniciais. De facto, a palavra liberalismo surge nas línguas europeias apenas no século XIX, mas poderíamos encontrar algumas das suas raízes na Antiguidade, com os sofistas atenienses, e traçar um longo caminho até John Locke. A sua leitura revela-se fundamental para o esclarecimento de um aspeto que, na discussão pública atual, resulta em invariável confusão: o que queremos dizer quando falamos em liberalismo? E o que significa o qualificativo “liberal” em “democracia liberal”?

No domínio da filosofia e da teoria política, Liberalismo-com-letra-maiúscula (para se distinguir do liberalismo como ideologia política) remete para o paradigma filosófico que tem a sua origem no século XVII e que construiu o vocabulário político que usamos hoje para pensar o mundo. Nesse século, os ideais liberais afirmaram-se em Inglaterra contra o poder das monarquias absolutas e fizeram-no a partir da ideia de direitos individuais naturais (anteriores ao estado). Foi essa ferramenta filosófica que tornou possível assegurar a liberdade individual, na medida em que impunha a limitação do poder político. Liberalismo significava, então, limitação do poder político por forma a garantir liberdade individual.

Ao longo do século XVIII – o século das Luzes –, o Liberalismo filosófico amadureceu a partir desse individualismo, a que se foram juntando os conceitos de Igualdade (política e jurídica), Razão (libertada da influência da Igreja), Verdade (em resultado das conquistas científicas), Conhecimento (como fonte legítima do poder), Progresso (como promessa de futuro) e Universalismo (que resultaria de uma natureza humana comum).

Ao longo do século XIX, estas ideias permitiram a maturação de um regime político específico, que terá perfeita expansão no século XX: o regime de democracia liberal, que combina o elemento democrático (a vontade da maioria) com o elemento liberal (a garantia de direitos individuais). É este o quadro constitucional da maioria dos países europeus e corresponde a um conjunto de instituições políticas que garantem o respeito pelos direitos individuais, a separação de poderes, a mediação dos conflitos, a rotatividade do poder, a independência do poder judicial – e que está para lá da distinção entre esquerda e direita.

Isto significa que a democracia liberal deve ser entendida como o conjunto das regras do jogo político, sem se confundir com as estratégias concretas que o jogo permite. De acordo com esta imagem, alguns partidos podem respeitar as regras sem validar o jogo (pensemos no PCP), mas a maioria aceita a sua validade, apresentando depois jogadas específicas – que se podem traduzir em menor ou maior carga fiscal, maior ou menor intervenção estatal, etc.

Por oposição, quando falamos em democracias iliberais, queremos remeter para regimes que, obtendo apoio popular através de eleições mais ou menos livres, não respeitam ou ambicionam respeitar as tais regras institucionais que caracterizam os regimes liberais. Trata-se, geralmente, de um processo de erosão: regimes que eram democracias liberais vão-se transformando em democracias iliberais. No contexto da União Europeia, usa-se muitas vezes este epíteto para falar do regime húngaro de Viktor Orbán ou o regime polaco do Lei e Justiça. Mas devemos ser mais cuidadosos quando aplicamos o conceito à Rússia, que não é uma democracia, apesar de o atual regime reclamar legitimidade popular.

Prescindindo da democracia e do liberalismo, a Rússia foi-se afirmando como um projeto político iliberal durante a última década e sob a liderança de Vladimir Putin. Em entrevista ao Financial Times, em 2019, Putin fez o seu diagnóstico: “O ideal liberal tornou-se obsoleto. Entrou em conflito com os interesses da grande maioria da população.”

Mais do que fazer uma crítica teórica profunda ao liberalismo, Putin convoca aqui uma perspetiva pragmatista: se, em determinado momento histórico, os valores e ideais liberais permitiram avançar um projeto político bem-sucedido no mundo ocidental, eles foram perdendo a sua força e a sua eficácia. Para Putin, o mundo exige hoje novos valores e novos ideais políticos.

Em larga medida, Putin tem razão quando destaca que as ferramentas liberais se têm revelado ineficientes. Podemos usar como exemplo uma das principais marcas do liberalismo: a crença na autonomia humana que resulta da sua racionalidade. Em consequência, a democracia seria o melhor regime político porque respeita um ser humano que usa o conhecimento para formar uma razão esclarecida e tomar decisões informadas. É por esta razão que um dos pilares das sociedades democráticas é constituído pelos valores da liberdade de expressão e de imprensa. Mas este mito liberal não descreve corretamente a realidade. Hoje sabemos que há muitos fatores que interferem no nosso processo de decisão, não consistindo a razão no principal entre eles. A narrativa iliberal, recusando esta visão racionalista do homem e apelando a fatores emocionais, torna-se mais hábil a considerar estratégias políticas – sobretudo em sociedades digitais, como é revelado pelo escândalo Cambridge Analytica.

Se Putin não é um teórico, encontramos, contudo, um quadro filosófico consolidado que permite compreender a sua visão do mundo e que podemos reconhecer na criação do Clube de Izborsky, em 2012. A mais destacada referência desse grupo é Alexandr Dugin, embora o seu papel junto do Kremlin seja alvo de debate. Marlene Laruelle, no livro editado por Mark Sedgwick intitulado Key Thinkers of the Radical Right, diz-nos que, “[c]ontrariamente às alegações de muitos comentadores ocidentais, Dugin não é um membro dos círculos ideológicos internos do Kremlin. Ele é uma figura externa, que pode ser usada e rejeitada conforme é necessário, mas que se mantém mais fora do que dentro”.

Dugin, em entrevista, reclama a sua influência: “Putin chegou ao poder para um terceiro mandato e esse foi o momento da sua decisiva rutura com o liberalismo. Agora Putin aceitou o Eurasianismo e uma orientação para o Centro Radical, aproximando-se cada vez mais da Quarta Teoria Política. É isto que está a acontecer agora [2014].”

A Quarta Teoria Política a que Dugin se refere (apresentada em The Fourth Political Theory) distingue-se das três outras grandes teorias – liberalismo, marxismo e fascismo – e baseia-se nos valores do tradicionalismo, nacionalismo, conservadorismo e identidade, com forte inspiração na Nova Direita Francesa, de Alain de Benoist. Em particular, afirma-se em torno do conceito de Eurásia, civilização na qual a Rússia ocuparia o lugar central.

No início de 2020, Dugin afirmou que a pandemia poderia significar o colapso do paradigma liberal: “O que quer que tenha terminado com o combate ao coronavírus, é evidente que a globalização colapsou. Isto quase certamente poderá significar o fim do liberalismo e do seu domínio ideológico total.” E mesmo que seja difícil projetar a nova versão da ordem mundial, Putin quer ser o ator principal dessa mudança.

Como Jaime Nogueira Pinto tem afirmado, comparar Putin a Hitler é uma caricatura grotesca, se considerarmos o lado muito mais pragmático e realista de Putin face a Hitler. Mas o que não podemos recusar é que há um contexto teórico e ideológico que suporta a visão de Putin sobre a Rússia, o mundo e o paradigma liberal. E quem esteve atento a esse contexto, não considerará a situação atual absolutamente imprevisível ou inacreditável. Como mostra Laruelle, as ideias já estavam lá: “Inspirado por Jünger e Evola, [Dugin] cultiva o culto da guerra como a única ferramenta regeneradora para destruir o velho mundo e criar um novo. A sua visão apocalíptica tem sido particularmente apurada desde o início da crise ucraniana [2014], que ele vê como a guerra decisiva entre o Ocidente e a Rússia e a única forma de uma nova Rússia renascer das cinzas liberais.”

*Professora da Universidade da Beira Interior

Observador (PT)

Reafirmar a OTAN




A importância e a perenidade da razão que originou a criação da NATO deve ser reafirmada sem hesitação por todos os países membros. 

Por Vicente Ferreira da Silva 

Desde que foi constituída, a NATO já teve várias actualizações do seu conceito estratégico. É perfeitamente natural que assim aconteça porque é necessário adaptarmo-nos à mudança das circunstâncias, processo que raramente é linear e que requer períodos de ajustamento. A próxima evolução do conceito estratégico da Aliança Atlântica está previsto para a Cimeira de Madrid, em junho deste ano.

A NATO também se adaptou aos contextos e constrangimentos internos, resultantes de visões distintas quanto aos interesses nacionais, quer geopolíticos, quer geoestratégicos, e de questões de personalidade dos líderes dos diferentes países membros. E fê-lo com sucesso, lidando adequadamente com as tensões entre a relutância norte-americana na partilha de capacidade de decisão e a resistência europeia em assumir as suas responsabilidades financeiras.

Não obstante, é inquestionável que os Europeus dependem desde o fim da Segunda Guerra Mundial do guarda-chuva Norte-americano, o qual, entre outras coisas, possibilitou a reconstrução da Europa, uma maior unidade entre os países europeus, ilustrada pela União Europeia, com estatuto de potência económica mundial.

A mudança implementada por Barack Obama na política externa norte-americana com a Estratégia do Leste Asiático, apesar de se focalizar na economia e comércio, não deixou de ter influência ao nível militar através do “Pivot to Asia”, que, entre as suas seis linhas de acção incluía: o fortalecimento das alianças bilaterais de segurança; e o estabelecer duma presença militar de base ampla. Duas coisas são importantes recordar. Primeiro, as administrações de Bill Clinton e de George W. Bush já tinham tomado medidas militares para o Pacífico. Segundo, Obama foi eleito no ano da guerra entre a Rússia e a Geórgia (2008).

Quando François Duchêne fez uma análise prospectiva ao papel da Europa no mundo – Europe’s Role in World Peace(1972) – referiu que nos assuntos de guerra e paz, a Europa ocidental desempenharia um papel militar modesto, sendo que esse papel seria substancialmente menor se a zona de rivalidade se deslocasse para a Ásia.

De todas as medidas decididas pela Aliança Transatlântica, a que teve maiores consequências para a Europa foi “Pivot to Asia”. Ora, é perfeitamente compreensível que sejam feitas avaliações estratégicas sobre o Pacífico e a China (NATO2030). Todavia, a forma, o modo e a intensidade aplicadas nessas considerações devem ser objecto de ponderação porque os nossos adversários, nomeadamente russos, também fazem leituras sobre as nossas decisões.

Estamos a sentir os efeitos do “Pivot to Asia”. Embora os problemas já viessem de trás, isto foi o consumar do enfraquecimento do pilar europeu da NATO. Escrevi sobre isso em 2014 – NATO should set Limits on Russia’s Actions in the East (IPRIS Viewpoint 144) –, apelando a uma refocalização da NATO na Europa e no Atlântico.

A invasão russa à Ucrânia terá alguma relação com as leituras que os russos possam ter feito sobre o significado do “Pivot to Asia” e o conteúdo da NATO 2030? Fica a dúvida.

Uma coisa é certa. Longe vão os tempos do Conselho NATO-Rússia, um fórum de consulta, de consenso, de cooperação, de decisão e de acção conjunta para as questões de segurança no âmbito da região euro-atlântica. Durante vinte anos, a Aliança Transatlântica empenhou-se positivamente na construção de uma parceria com a Rússia. Infelizmente, o Kremlin optou por uma via de perturbação da estabilidade europeia e da ordem internacional. As acções russas na Abecásia e na Ossétia do Sul (2008), assim como na Crimeia (2014) e a presente ingerência na Ucrânia ilustram esta afirmação.

Com a invasão russa da Ucrânia, a realpolitik na Europa acabou de ganhar outra preponderância. Nada nos garante que Vladimir Putin fique por aqui. Como tal, a arquitectura da segurança europeia resultante do pós-Guerra Fria acabou. Uma mudança de paradigma parece-me inevitável.

Tenho a certeza de que o que estava inicialmente agendado para discussão na próxima Cimeira da NATO está ultrapassado. Espero que uma parte substancial dos pressupostos esteja a ser objecto de uma profunda revisão e actualização porque a Aliança Transatlântica continua a ser uma organização imprescindível para a segurança internacional.

Talvez tenha chegado a altura para reequacionar a importância, assim como a perenidade, da principal razão que originou a criação da NATO e de, sem qualquer hesitação, a reafirmar. Para tal, também é necessário que os Europeus revejam a sua posição sobre os assuntos de segurança e defesa, particularmente no que respeita ao reforço de verbas nos seus orçamentos e que, no âmbito da UE, uma das respostas claras à realpolitik de Putin seja, mesmo que a médio prazo, a criação de um exército europeu.

Ursula von der Leyen deve reafirmar inequivocamente a sólida união entre os Europeus na Cimeira da Aliança Transatlântica. Ao fazê-lo, reafirmará a própria NATO.

Observador (PT)

A poderosa arma econômica das sanções




O mundo nunca viu punições tão severas quanto as aplicadas pelo Ocidente contra a Rússia. 

“Tirem a ru$$ia do Swift”. “Rússia Fora do Swift”. Os cartazes ostentados em manifestações por toda a Europa no último fim de semana de fevereiro foram sinais dos tempos. No lugar das demandas francas do passado, como “Armem os trabalhadores sul-africanos” e, perenemente, “Acabem com a bomba”, muitas das mensagens tiveram como foco o acesso ao sistema de mensagens digitais usado pelas instituições financeiras para realizar pagamentos no exterior.

Medidas econômicas para extirpar a Rússia das entranhas financeiras do mundo são as ferramentas mais poderosas que o Ocidente, indisposto a afrontar no campo de batalha um adversário nuclear, ousou brandir em resposta à invasão à Ucrânia. Mas foram usadas com selvageria. Nenhuma grande economia no mundo moderno jamais foi atingida tão duramente com armas desse tipo.

O uso de sanções – que o historiador Nicholas Mulder qualifica como “uma das mais duradouras inovações do internacionalismo liberal” em seu novo livro sobre o tema, The Economic Weapon (A arma econômica) – explodiu nas décadas recentes.

Desde 2000, o número de indivíduos e entidades sob sanções dos Estados Unidos elevou-se em mais de dez vezes, para 10 mil. Cada vez mais governos com intenção de punir agressões militares ou abusos de direitos humanos, mas relutantes em abrir guerras, adotam essa tática.

Custos

Como em relação a outros tipos de armas, várias inovações foram desenvolvidas para mirá-las mais precisamente. Governos também já haviam acionado, em certas ocasiões, sanções destinadas a surtir efeitos arrasadores. E a decisão de agir dessa maneira mostrará tanto o que elas podem alcançar quanto, possivelmente, a magnitude de seus custos não pretendidos.

Apesar das sanções do Ocidente terem se iniciado algo tibiamente (a Itália insistiu numa exceção em relação a mercadorias luxuosas na União Europeia, para que os russos ricos não tivessem de abrir mão de seus artigos da Gucci), a opinião pública e a inspiradora resistência ucraniana rapidamente fizeram com que elas se intensificassem.

Após debater se deveriam ou não dificultar com dureza o processamento de pagamentos internacionais para os bancos russos, excluindo-os do Swift – alguns países europeus temiam que isso prejudicasse os seus próprios bancos –, os aliados ocidentais concordaram em mirar sete deles, apesar de terem evitado o Sberbank, o maior banco russo em quantidade de ativos, que desempenha um grande papel no processamento de pagamentos relativos a energia. Os EUA foram além, extirpando o Sberbank e o VTB, o segundo maior credor na Rússia, de seu sistema financeiro.

Reservas

As mais poderosas sanções financeiras, porém, não miraram os bancos comerciais da Rússia, mas seu Banco Central. Nos oito anos que se passaram desde que a anexação da Crimeia, a Rússia foi alvo de uma primeira onda de sanções. O regime de Putin constituiu reservas (que totalizam US$ 630 bilhões) e afastou sua composição do dólar, para ajudar a proteger sua economia em relação a mais punições. Mas as reservas se tornam irrelevantes, em qualquer moeda que sejam mantidas, se não podem ser usadas.

Os EUA, agindo com a Europa, proibiram uma série de entidades de realizar transações com o Banco Central russo, sob a pena de enormes multas. Isso prejudicará a capacidade da Rússia de defender sua moeda.

O Ocidente também congelou a maioria dos ativos do Banco Central russo no exterior. Isso surpreendeu profissionais da área financeira, incluindo em Moscou. De acordo com um executivo de um Banco Central europeu, a maneira que o Banco Central russo tem acumulado e distribuído reservas sugere que a entidade não acreditava que o Ocidente aplicasse medidas tão draconianas.

Horas após as sanções entrarem em vigor, o Banco Central russo elevou sua taxa básica de juro de 9,5% para 20%, numa tentativa de escorar o rublo. A instituição ordenou que empresas com lucros em moeda estrangeira convertessem a maioria de sua receita ao rublo – e disse para os bancos do país rejeitarem instruções de clientes estrangeiros para liquidar títulos russos. Putin proibiu, posteriormente, qualquer um de sacar mais do que US$ 10 mil em moeda estrangeira fora da Rússia.

Tecnologia

Essas barreiras financeiras vieram acompanhadas de sanções mais permanentes. Controles sobre exportações limitarão a variedade de componentes que a Rússia poderá comprar para seus setores militar e de alta tecnologia, negando ao país acesso a itens como maquinário de última geração e microchips. Esses controles não se aplicam apenas a mercadorias de fabricação americana, mas também a itens fabricados com tecnologia americana e enviados de terceiros países, como a China.

O presidente americano, Joe Biden, afirmou que esses controles poderiam aniquilar mais da metade das importações russas de artigos de alta tecnologia. Por agora, bens de consumo prezados pelos russos, como smartphones e eletrodomésticos, estão isentos dessas medidas, supostamente para permitir espaço a uma escalada. Mas a Apple não está mais vendendo iPhones, nem nenhum outro equipamento, na Rússia – foi uma das primeiras companhias, entre um crescente número de empresas ocidentais, a pular fora.

BP, Equinor e Shell, três gigantes petroleiras, anunciaram planos de desvincular-se de seus empreendimentos na Rússia. Os navios da Maersk não atracarão mais em portos russos. A Nike está acabando com suas vendas online por lá.

Rosneft

A mais significativa dessas movimentações foi da BP, que pretende desistir de uma participação de 20% na Rosneft, uma petroleira de propriedade de um aliado próximo de Putin. A Rússia respondeu a esses planos e aos de outras empresas buscando desinvestir tais estorvos, anunciando um banimento “temporário” sobre firmas estrangeiras que negociam ativos russos, para garantir que elas sejam guiadas pela economia, não por “pressão política”. Vender sua participação na Rosneft poderá fazer a BP desvalorizar em até US$ 25 bilhões.

Ninguém acredita que sanções, sozinhas, sejam capazes de forçar Putin a bater em retirada. Mas os governos que as impuseram esperam que a punição e o isolamento que infligem – e seus possíveis efeitos dissuasivos (nos outros, pelo menos) – as justifique.

Medir o sucesso de sanções é difícil, principalmente por causa da dificuldade em desassociar seus efeitos de outras forças econômicas e, ocasionalmente, militares, mas houve alguns sucessos evidentes.

Talvez a mais veloz, apesar de ter ocorrido já há um bom tempo, tenha sido a ameaça dos EUA de se desfazer de obrigações em libras e bloquear acesso britânico ao crédito do FMI durante a crise em Suez, em 1956: a invasão franco-inglesa ao Egito foi abandonada semanas depois.

Um sucesso mais recente foi a pressão sobre a Líbia, por parte dos EUA e seus aliados, entre a década de 90 e o início dos anos 2000. Uma mistura de sanções e estímulos econômicos persuadiu Muamar Kadafi a pôr fim ao seu programa de armas de destruição em massa e parar de financiar o terrorismo.

Os fracassos aparentes das sanções são profusos. Por vezes, isso ocorre em razão de as medidas serem fundamentalmente simbólicas ou enfraquecidas por grupos de interesses nos países que as impõem. Apesar do sentido das sanções ser explorar assimetrias, prejudicando muito mais o adversário do que a si mesmo, fardos sempre restarão para alguns.

Também há alguma perda para a economia como um todo. O custo para bancos e empresas fazerem valer sanções disparou ao longo das décadas passadas. As instituições financeiras gastaram, sozinhas, mais de US$ 50 bilhões em todo o mundo em 2020 monitorando clientes em relação a riscos de sanção, de acordo com a firma de dados LexisNexis.

Mas sanções severas também fracassaram. Apesar de fortes sanções terem trazido o Irã para a mesa de negociação, em 2015, as sanções de “pressão máxima” impostas posteriormente pelos EUA não removeram os mulás que controlam o país nem impediram sua influência na região.

Fracassos

Sanções lideradas pelos americanos contra a Venezuela (por anos) e contra Cuba (por décadas) fracassaram em mudar seus regimes e até mesmo a fazê-los mudar de rumo.

Um fator que enfraquece as sanções é a existência de brechas. Apesar das medidas de pressão máxima dos EUA, o Irã consegue exportar 1 milhão de barris de petróleo diariamente, enquanto atravessadores encontram maneiras de disfarçar a origem dos carregamentos.

E quanto mais poderosas são as sanções, maior o risco de dano colateral, particularmente quando os regimes que elas miram são indiferentes ao sofrimento dos cidadãos. Na verdade, aumentar o dano pode beneficiar, pelo menos em parte, os governos sancionados.

Na Venezuela, um significativo número de opositores do presidente Nicolás Maduro e seus capangas também se opõem às sanções americanas que objetivam removê-los. E o sofrimento indiscriminado pode erodir o apoio a sanções nos países que as impõem.

Sanções também podem jogar os países que miram nos braços uns dos outros. Rússia e China – que é alvo de sanções americanas em razão de seus abusos contra os uigures, assim como por espionagem industrial no setor de tecnologia – estão desfrutando de suas melhores relações em anos.

A Rússia foi, de longe, a maior beneficiária dos empréstimos e ajudas que a China concedeu no exterior entre 2000 e 2017, recebendo até US$ 151 bilhões, de acordo com o grupo de pesquisa AidData. A China poderia abastecer a Rússia de semicondutores e hardwares para redes de telecomunicação e centros de processamentos de dados, caso os fornecedores ocidentais se retirarem (apesar de a China ainda não ser capaz de produzir os chips mais avançados).=

Faca de dois gumes

Isso sublinha uma das maneiras por que sanções são facas de dois gumes: elas encorajam quem as teme a desenvolver infraestruturas financeiras e tecnológicas alternativas. Isso não é fácil fazer, conforme demonstram a contínua vulnerabilidade do Banco Central da Rússia e a fraqueza do setor de tecnologia do país.

A China pressiona forte nessa direção. Ao mesmo tempo que tenta melhorar sua fabricação de chips, o país está criando a própria versão do Swift, chamada Cips, que simplifica pagamentos em yuan no exterior, e desenvolve atualmente uma moeda digital.

Ver o Banco Central russo ser atingido tão duramente por sanções que ninguém esperava sem dúvida intensificará os esforços da China de estabelecer o yuan como moeda de reserva cambial. O país também buscará maneiras de proteger seus US$ 3,3 trilhões em reservas tentando movê-los para além do alcance financeiro dos EUA.

Trata-se de um longo caminho a seguir. Apesar do uso de yuan como moeda para pagamentos internacionais estar no maior nível de todos os tempos, a 3% do total, a moeda chinesa ainda empalidece ante o dólar, que é usado em 40% das transações globais.

Mesmo assim, possíveis movimentos rumo à independência em relação ao sistema dominado pelos americanos ainda representam um dilema para o Ocidente. Se brandir a arma econômica faz com que possíveis alvos acelerem medidas de autoproteção, o poder da arma enfraquecerá com o tempo. Não brandi-la, porém, seria o mesmo que não possuí-la.

Comedimento

Dito isso, o comedimento pode surtir um benefício sistêmico. O livro de Mulder argumenta que, quando o comércio global tende à estagnação, sanções agressivas são capazes de sérios danos. As medidas adotadas entre as primeiras duas guerras mundiais, argumenta ele, acabaram minando as já precárias fundações políticas do comércio global daquela era. O mesmo poderia voltar a ocorrer.

“À medida que a economia mundial cambaleia entre crises financeiras, nacionalismos e uma pandemia, sanções agravam tensões inerentes à globalização. O fato de sanções serem destinadas a promover estabilidade internacional, infelizmente, não justifica esse risco.”

Abrangência

A questão mais imediata afrontando os EUA e seus aliados é até onde avançar – e até quando. A União Europeia poderia ampliar seu banimento no Swift; todos os bancos com operação nos EUA ou na Europa, independentemente de onde seja sua sede, poderiam ser forçados a cessar suas transações com instituições financeiras russas. O Ocidente também poderia aumentar esforços para seguir rastros de dinheiro offshore ligado a Putin e seu círculo.

EUA, União Europeia e Reino Unido afirmaram, na semana passada, que formarão uma força-tarefa para melhorar a cooperação transatlântica na identificação e apreensão de ativos ligados ao Kremlin, apesar de esforços do tipo normalmente tardarem anos.

Petróleo

A maneira mais óbvia de infligir mais dano econômico seria mirar as exportações de petróleo e gás da Rússia, que são a maior fonte de divisas estrangeiras para o país. Mas a escala do custo que isso imporia à Europa torna tal medida uma verdadeira faca de dois gumes: se a Rússia calcular que o custo sobre a Europa será insuportável, ela mesma poderá suspender suas exportações.

E elevar os preços do petróleo num ano eleitoral, o que tais medidas fariam, seria um movimento corajoso por parte do governo Biden. O preço do barril do petróleo brent já saltou para US$ 115, 20% acima do valor negociado imediatamente antes da invasão.

Quando aplicadas com determinação, sanções são capazes de causar pesados custos econômicos a ambos os lados, além da privação infligida sobre os países-alvo. Mesmo assim, elas nem sempre funcionam. Talvez haja apenas um tipo de entidade que certamente se dá bem com elas de qualquer maneira.

O diretor da equipe especializada em sanções de uma grande firma de advocacia dos EUA afirma que seu escritório “ampliou a operação para 24 horas por dia, 7 dias por semana”, ao longo da semana passada, para dar conta de “analisar novas regulações, com frequência sem precedentes, e aconselhar empresas de cada setor imaginável”. Parece inteiramente possível que, conforme o mundo das sanções continuar sua evolução, advogados que trabalham duro conseguirão ainda mais dinheiro no futuro.

The Economist / O Estado de São Paulo

Bombardeios contra civis continuam no 11º dia da guerra




Militares russos mantêm ataques em diversas cidades, inclusive Kiev, e ucranianos resistem. Número de refugiados supera 1,5 milhão. Putin reafirma exigências e reprime protestos, com mais de 4 mil presos neste domingo.

O décimo primeiro dia da invasão russa em território ucraniano, neste domingo (06/03), foi marcado pelo prosseguimento de bombardeios pelas forças armadas russas contra cidades ucranianas, incluindo áreas residenciais e a população civil

Oleksiy Arestovic, assessor do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou à agência de notícias AP que houve intensificação dos ataques nas periferias de Kiev e nas cidades de Chernihiv, no norte do país, e Mykolaiv, no sul.

Kharkiv, no nordeste, a segunda maior cidade ucraniana, também foi novamente bombardeada. Os explosivos atingiram áreas residenciais e uma torre de televisão, segundo Arestovic. Não foi possível confirmar o relato de forma independente. 

De acordo com a agência de notícias Reuters, houve pesados ataques de artilharia em Irpin, a 20 quilômetros de Kiev, que atingiram civis. Homens, mulheres e crianças fugindo dos violentos combates na região tentaram se esconder, e imagens feitas pelo jornal The New York Times mostram o exato momento em que um grupo de pessoas em fuga é atingido por uma explosão. Uma mulher, seu filho adolescente, a filha criança e um amigo da família morreram.

Um relatório do serviço de inteligência do Reino Unido divulgado no domingo também relatou que os russos estavam atacando áreas residenciais, como uma possível reação à resistência dos ucranianos.

Segundo a inteligência britânica, bombardear áreas habitadas é uma tática que já havia sido utilizada pela Rússia na Tchetchênia em 1999 e na Síria em 2016: "A escala e a força da resistência ucraniana continua a surpreender a Rússia, (...) [que] respondeu atacando áreas habitadas em diversos locais, incluindo Kharkiv, Chernihiv e Mariupol." O relatório afirma que "a Rússia usou antes táticas similares na Tchetchênia em 1999 e na Síria em 2016, usando tanto ataques aéreos como por terra". 

Além de prédios residenciais, também foram atacados diversos hospitais e postos de saúde na Ucrânia desde o início da guerra, confirmou a Organização Mundial de Saúde. "Ataques contra estabelecimentos ou profissionais de saúde desrespeitam a neutralidade médica e são violações ao direito internacional humanitário", afirmou o diretor da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

'Polônia é o país que mais recebeu refugiados da Ucrânia'

O prosseguimento dos ataques serve de estímulo para o aumento do número de refugiados da Ucrânia, que neste domingo superou os 1,5 milhão desde o início da guerra, segundo a Organização das Nações Unidas. Apenas a Polônia já recebeu mais de um milhão de refugiados, segundo a guarda fronteiriça do país. Muitos, porém, seguem viagem para outros países da União Europeia.

Evacuação fracassa pela segunda vez

O plano de estabelecer um corredor humanitário para evacuar cerca de 200 mil pessoas da cidade de Mariupol, no sul do país, que está cercada por militares da Rússia, falhou pelo segundo dia seguido.

A criação dos corredores humanitários para retirar moradores e permitir a entrada de medicamentos e comida em cidades cercadas havia sido combinada em uma reunião entre representantes ucranianos e russos na quinta-feira, em Belarus. Mariupol está sem energia elétrica, mantimentos, água e gás, em uma situação humanitária definida como "catastrófica" pela organização Médicos Sem Fronteiras.

A prefeitura de Mariupol chegou a informar que ônibus tinham deixado Zaporíjia rumo à cidade para buscar os civis que quisessem sair no domingo, e que a tentativa de evacuação se realizaria entre 12h e 18h (07h a 13h em Brasília). Mas novamente ataques das forças russas teriam interrompido os planos de evacuação. 

"A segunda tentativa de um corredor humanitário para civis em Mariupol terminou novamente com bombardeios pelos russos", afirmou o assessor do Ministério do Interior do país, Anton Gershchenko. Já o presidente russo, Vladimir Putin, culpou Kiev pelo fracasso da operação humanitária.

Uma nova rodada de conversas entre representantes dos dois países deve ocorrer na segunda-feira.

Zelenski pede mais apoio

Zelenski, afirmou no domingo, em um discurso em vídeo, que as sanções atualmente impostas por diversos países à Rússia não são suficientes. "A audácia do agressor é um claro sinal para o Ocidente que as sanções impostas contra a Rússia não são suficientes", afirmou. "Não ouço um único líder mundial reagir a isso."

A declaração foi feita depois de a Rússia ter anunciado que iria atacar um complexo militar e industrial da Ucrânia e pedir aos funcionários de indústrias militares que abandonassem seus postos de trabalho.

Mais cedo, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, confirmou que os Estados Unidos estão negociando com a Polônia o possível envio de caças para a Ucrânia. 

A proposta em discussão seria a Polônia enviar para os ucranianos alguns de seus caças russos MiG29 e Su-25, para os quais os pilotos da aeronáutica da Ucrânia já têm treinamento. Em troca, os EUA enviariam aos poloneses jatos americanos F-16. "Não posso me reportar a um cronograma, mas estamos examinando a questão muito, muito ativamente", afirmou Blinken.

Putin mantém exigências

A depender das sinalizações enviadas por Putin, a possibilidade de um cessar-fogo ainda está distante. Em conversa telefônica neste domingo com o presidente da França, Emmanuel Macron, o russo disse não ter intenção de renunciar a nenhum dos quatro objetivos que estabeleceu para o que denomina como "operação militar especial".

As quatro reivindicações russas são a "desnazificação" da Ucrânia, a desmilitarização do país vizinho, a renúncia de entrada na Otan e de manter um Exército e o reconhecimento da independência da Crimeia e da região do Donbas.

Outro líder que conversou por telefone com Putin neste domingo foi o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Ele pediu um "cessar-fogo imediato" na Ucrânia e se ofereceu para buscar soluções para o conflito. "Vamos abrir o caminho para a paz juntos", afirmou o mandatário turco. Putin teria dito a Erdogan que está disposto a dialogar, com a condição de que a Ucrânia aceite as demandas russas.

Rússia prende mais de 4 mil manifestantes

O governo russo continua a reprimir fortemente os protestos de cidadãos contra a guerra na Ucrânia. Neste domingo, foram detidas pelo menos 4.640 pessoas em 65 cidades da Rússia, segundo dados do projeto de mídia russo OVD-Info, que monitora detenções em protestos oposicionistas. Desde o início da guerra, foram mais de 13 mil detenções em passeatas consideradas ilegais pelo governo.

Vídeos postados em redes sociais por opositores do regime do Kremlin e blogueiros mostram milhares de ativistas entoando "Não à guerra!" e "Tenham vergonha!". Vê-se também a polícia de Ecaterimburgo, no distrito dos Urais, espancando um manifestante caído no chão. Um mural protagonizado pelo presidente russo, Vladimir Putin, foi pichado.

"Os parafusos estão sendo apertados até o fim; essencialmente estamos testemunhando censura militar", afirmou a porta-voz da OVD-Info, Maria Kuznetsovam. "Estamos vendo protestos bastante grandes hoje, mesmo em cidades siberianas onde só raramente há tais números de detenções", completou.

Na quarta-feira, o crítico do Kremlin, Alexei Navalny, que está preso, conclamou seus compatriotas a se manifestarem diariamente contra a guerra de agressão, sem medo de encarceramento, frisando que a Rússia não podia ser uma "nação de covardes assustados" e tachando Putin de "czar insano". Na sexta-feira, o chefe do Kremlin assinou uma lei prevendo penas de prisão de até 15 anos para quem publique "notícias falsas" sobre as forças armadas russas.

Mais empresas decidem sair da Rússia

Outras companhias anunciaram neste domingo que irão desativar suas operações na Rússia, juntando-se a uma vasta lista de empresas que fizeram o mesmo nos últimos dias, como Apple, Microsoft, Visa e Mastercard.

A Netflix afirmou que irá suspender todas as suas operações no país. A empresa lançou o serviço local em russo há pouco mais de um ano e tem mais de um milhão de assinantes na Rússia, assim como quatro projetos originais em língua russa em preparação.

A operadora de cartões American Express também suspendeu suas operações na Rússia e em Belarus. "Os cartões American Express emitidos globalmente não funcionarão mais em comércios ou caixas eletrônicos na Rússia. Além disso, cartões emitidos localmente na Rússia por bancos russos não funcionarão mais fora do país", disse a empresa em comunicado.

Duas grandes empresas de auditoria e consultoria, a KPMG e a PricewaterhouseCoopers, também anunciaram que iriam encerrar suas operações na Rússia. A KPMG também afirmou que fará o mesmo com Belarus. A empresa tem 4,5 mil empregados nos dois países e disse que que o fechamento das duas sucursais será "incrivelmente difícil". 

A PricewaterhouseCoopers tem 3,7 mil empregados na Rússia e estava trabalhando para uma "transição organizada" para encerrar sua operação no país. As duas empresas pertencem às chamadas Big Four, as quatro maiores companhias de auditoria do mundo. 

Deutsche Welle

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