Publicado em 23 de fevereiro de 2025 por Tribuna da Internet

Nísia resistiu ao Centrão, mas foi derrubada pelo PT
Josias de Souza
do UOL
O Ministério da Saúde cheira mal. Não é cheiro de queimado. Dessa vez, o odor é de sangue. Lula decidiu testar com Nísia Trindade uma modalidade nova de suplício ministerial. Em vez de fritar, o presidente submete a ministra a um processo de esquartejamento. Hoje, o Planalto confirmou a substituição dela pelo ministro Alexandre Padilha.
Nísia foi escalada como contraponto técnico ao negacionismo que arruinou a Saúde sob Bolsonaro. O PT cortou-lhe um braço ao aparelhar parte de sua equipe. Teve que desperdiçar nacos do seu tempo desviando o pescoço da foice do centrão. Nada a ver com saúde pública, mas com o tamanho do cofre do ministério.
POUCO A POUCO – Durante dois anos, críticas que encontraram amparo no Planalto arrancaram lascas da reputação de Nísia. Envolveram a epidemia de dengue, a gestão dos hospitais federais do Rio, a assistência médica aos yanomami, o desperdício de vacinas…
Mais recentemente, Lula passou a cobrar pressa na implementação do programa Mais Acesso a Especialistas.
Nesta semana, com os parafusos da poltrona já bem frouxos, Nísia soube pelo noticiário que seria substituída pelo petista Alexandre Padilha, coordenador político do Planalto. Contactou o colega para perscrutar sobre o rumo da reforma ministerial. Permaneceu no escuro.
TODO-PODEROSO – Na véspera, Lula dissera o seguinte: Convidei quem eu queria, eu tiro quem eu quiser, na hora que eu quiser.” Tudo bem. Mas não precisa esquartejar a ministra. Ao convidá-la, Lula repassou suas orientações.
Se o desempenho de Nísia é insatisfatório, já deveria ter enviado a exoneração ao Diário Oficial.
Se é compelida a fazer algo fora do combinado, a ministra é quem precisa agir, chamando o caminhão de mudança.