Com líderes desse nível, o país jamais poderia avançar
Mario Sabino Metrópoles
A minha geração, que entrou na idade adulta entre o final da ditadura militar e a redemocratização, falhou miseravelmente com o Brasil. Todas as esperanças que tínhamos naquela passagem que parecia apontar para um horizonte radioso se revelaram ilusões perdidas ou simples cinismo. Não conseguimos criar um sistema político que selecionasse os melhores.
Como já disse, ele atrai os piores em tudo. Da esquerda à direita, tem-se apenas personagens que vão do desonesto ao bizarro, as raríssimas exceções confirmando a regra.
ELITE VULGAR -O patrimonialismo continua a ser a nossa realidade devastadora, e as ideologias, tanto as já mortas que nos assombram, como as vivas que aqui chegam por ondas tropicais, são apenas simulacros.
A elite econômica é voraz, impiedosa, vulgar e de uma ignorância para a qual o adjetivo abissal não dá conta nem sequer aproximada. O seu exibicionismo jeca é a aspiração de quem está na base da pirâmide social, o que perpetua a falta de gosto, de compostura, de vergonha.
As nossas escolas são um desastre, celeiros de analfabetos funcionais que garantem a replicação de estatísticas desastrosas em todos os critérios de desenvolvimento.
O CRIME REINA – Temos as cidades mais precárias do mundo que se pretende civilizado, e somos um país com metade da população sem banheiro. Sem banheiro! Não conseguimos dar destino certo a excrementos que são, assim, muito mais do que a melhor metáfora para o estado geral da nação.
A criminalidade grassa, somos uma sociedade cordial na aparência e feroz na essência. A nossa grande multinacional é a do crime, que agora se infiltra na política, onde os piores em tudo lhe criam o ambiente propício para prosperar.
Os honestos são inculpados, os culpados são inocentados, o cala-boca reviveu, a violência e a desfaçatez do arbítrio são chocantes.
TUDO ERRADO – A autocensura se espalhou nas redações jornalísticas, nos escritórios, nas repartições — e a Constituição é letra morta a ser reinterpretada ao sabor de interesses e conveniências pessoais.
Os avanços obtidos nos últimos quarenta anos, bem menores do que os de outros países que estavam no mesmo patamar, não foram por causa de, mas apesar de.
A minha geração falhou miseravelmente, lavando as mãos, reproduzindo e amplificando tudo o que já havia de errado e grotesco no Brasil. Que havia, que há e que haverá por tempo incalculável. Sei que estou dando vazão a muitas vozes.
O texto aponta uma profunda insatisfação com a trajetória política e social do Brasil nas últimas décadas, caracterizando a transição democrática como uma oportunidade perdida e a geração que vivenciou esse período como responsável por falhas significativas no avanço do país. A crítica é direcionada à incapacidade de construir um sistema político eficaz, à prevalência de patrimonialismo, à elite econômica corrupta e à crise generalizada na educação e segurança pública.
No caso de Jeremoabo, o mesmo tipo de crítica pode ser aplicado, embora em uma escala menor. O município, como muitos outros no Brasil, sofre com a falta de desenvolvimento, corrupção local e ineficiência administrativa. A frase sugere que a situação atual é preocupante e que a escolha de líderes futuros pode agravar ainda mais o problema.
Se considerarmos a análise do texto, podemos deduzir que Jeremoabo, como parte do Brasil, está inserido em um contexto maior de falhas estruturais e sistêmicas que o texto critica. As deficiências apontadas – como a falta de um sistema político que selecione os melhores, a presença de elites corruptas e a crise nas instituições – têm reflexos em cidades e municípios menores, onde as consequências dessas falhas se manifestam de maneira direta no cotidiano da população.
Portanto, a preocupação expressa na frase sobre a possibilidade de a situação em Jeremoabo piorar, dependendo de quem for eleito, reflete uma realidade mais ampla descrita no texto. As questões estruturais e os problemas sistêmicos que afetam o país como um todo também impactam diretamente os municípios e regiões mais locais. A eleição de líderes que não estejam comprometidos com verdadeiras reformas e melhorias pode perpetuar ou até agravar essas dificuldades, tornando essencial a escolha de representantes comprometidos com a mudança e o desenvolvimento genuíno.
