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quarta-feira, janeiro 22, 2020

A voz de comando do general Heleno contrasta com o silêncio de Carlos Bolsonaro…


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Augusto Heleno está em alta e Carlos Bolsonaro entrou em baixa
Carlos Newton 
Entre os fatos positivos mais importantes neste início de ano, sobre o governo Bolsonaro,  destaca-se a manifestação do general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que detonou da Secretaria Nacional de Cultura o presidente Roberto Alvim, que demonstrou ser admirador do nazismo, conforme está em moda, nesta fase de ressuscitação da extrema-direita mundial. A voz de comando do chefe militar mostra que não serão permitidos novos desvios de conduta dos “alunos” de Olavo de Carvalho, digamos assim.
Outro fato importantíssimo foi a notícia de que o presidente ficou 45 dias sem falar com o filho Zero Dois, Carlos Bolsonaro, justamente o que era mais chegado a ele e operava em seu nome nas redes sociais. Os dois fatos – a queda de Alvim e o gelo de Carluxo – estão interligados e se misturam para evidenciar que o guru virginiano não manda mais no governo.
NOVOS TEMPOS – Os admiradores mais fanáticos de Bolsonaro podem comemorar esses dois fatos, mas isso não muda muita coisa. Embora haja uma insistência de se prever que a economia vai deslanchar este ano, porque haverá PIB de 2,5%, queda contínua no desemprego e tudo o mais, com as trombetas anunciando os novos tempos, esse delírio não tem o menor fundamento na realidade.
Muito pelo contrário, as previsões para 2020 são sinistras, porque não existe expectativa de volta dos investidores estrangeiros, cuja debandada bateu recorde em 2019, mesmo com o Risco País ficando abaixo de 100 pontos, na medição do Credit Default Swap (CDS) para contratos de cinco anos, que é uma boa avaliação.
Os novos dados do Banco Central mostram que as saídas líquidas de dólares do Brasil somaram US$ 44,8 bilhões no acumulado até o dia 30 de dezembro. Uma notícia péssima, porque esse indicador é um dos piores recordes negativos da equipe econômica, pois o total representa quase o triplo do maior déficit do fluxo cambial até hoje registrado pelo Banco Central, que foi de US$ 16,2 bilhões, em 1999.
FIM DO RENTISMO – Não adianta argumentar que isso é normal e que em dezembro sempre há remessa de lucros das multinacionais para suas sedes no exterior. O fato concreto é que o capital estrangeiro vinha para o Brasil atrás do lucro do “rentismo” dos títulos públicos. Quando a taxa básica (Selic) foi caindo para menos de 10%, a farra do boi acabou. Agora, com juros de 4,5% ao ano, os investidores procuraram outras plagas.
O superministro Paulo Guedes prometeu zerar o déficit primário no primeiro ano, mas não conseguiu e já avisou que isso só ocorrerá depois de 2022, quando nem se sabe se Bolsonaro será reeleito. E como a contenção do déficit primário é a única maneira de equilibrar a dívida pública, os investidores estrangeiros já fugiram do país, sem dar a menor importância a essa alta da Bolsa de Valores, que eles consideram um fenômeno artificial e perigoso.
Há outros relevantes  índices negativos. Após três meses seguidos de alta, a produção industrial brasileira caiu 1,2% em novembro, na comparação com outubro, diz o IBGE. Foi o maior recuo mensal desde março (-1,4%) e o pior novembro desde 2015, quando a indústria caiu 1,9%.  Como é um mês tradicional de produção alta, devido ao Natal, a situação está mesmo complicada.
PAÍS AGRÍCOLA – Em compensação, a produção rural bateu novo recorde – é um atrás do outro – e vai carregando o país nas costas, para confirmar a previsão de Alberto Torres, um dos grandes intelectuais brasileiros, que há um século defendia a tese de que o agronegócio seria o grande motor da economia brasileira, como realmente está acontecendo.
A equipe econômica vem cantando de galo, mas os números não confirmam nem indicam nenhum grande êxito econômico, em meio a uma derrota acachapante – a derrocada da Previdência Social, que simplesmente parou de funcionar, deixando 1,5 milhão de brasileiros na fila, entregues ao desespero, conforme as televisões vêm mostrando diariamente. Enquanto isso, nos States e em Davos, o saltitante Guedes tira uma onda de gênio das finanças, esquecido de que o Ministério Público continua à espera dele, para prestar aquele depoimento sobre aplicações fajutas em fundos de pensão.
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P.S. – É inacreditável que, em três meses, o INSS não tenha despachado um só pedido de aposentadoria.  E a verdadeira dimensão do resultado dessa irresponsabilidade da equipe econômica somente se verá no final de 2020, quando o INSS terá de pagar os benefícios atrasados a esses 1,5 milhão de brasileiros. A conta será muito alta e vai afetar tremendamente as finanças públicas. Mas quem se interessa?  (C.N.)

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