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segunda-feira, setembro 23, 2019

Às vésperas da Assembleia Geral da ONU, Bachelet dispara contra Bolsonaro e diz que “sente pena do Brasil”


Declaração é resposta a ataque de Bolsonaro contra Alberto Bachelet
Deu no O Globo
A alta comissária dos Direitos Humanos da ONU e ex-presidente chilena, Michelle Bachelet, afirmou que sente “pena pelo Brasil” ao recordar a defesa que o presidente Jair Bolsonaro fez recentemente da ditadura de Augusto Pinochet no Chile, na qual justificou a morte do pai da socialista pelo regime militar.
A declaração faz parte de uma longa entrevista concedida à rede de televisão pública chilena TVN, cujo conteúdo foi divulgado parcialmente neste domingo, dia 22, pelo jornal La Tercera. É a primeira vez que Bachelet comenta o caso.
AMAZÔNIA – No início do mês, com o Brasil no centro do debate internacional por conta dos incêndios na Amazônia, Bachelet manifestou preocupações com a alta da violência policial nos estados do Rio e de São Paulo, com “uma redução do espaço cívico e democrático” nos últimos meses e com os ataques a comunidades indígenas no Brasil.
Bolsonaro respondeu que Bachelet estava “seguindo a linha” do presidente francês, Emmanuel Macron, que criticara a resposta do governo às queimadas, ao se “intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira” e fez elogios à ditadura de Pinochet (1973-1990).
PENA DO BRASIL – “Se há uma pessoa que diz que em seu país nunca houve ditadura, que não houve tortura, que a morte de meu pai por tortura permitiu que (o Chile) não fosse outra Cuba, a verdade é que me dá pena pelo Brasil”, disse Bachelet.
Na ocasião, o presidente Jair Bolsonar afirmara que “[Bachelet] diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época”, escreveu.  
TORTURA – Alberto Bachelet Martínez era um oficial legalista que se opôs ao golpe de 1973 que derrubou o presidente socialista Salvador Allende e  foi preso e torturado pela ditadura do general Augusto Pinochet  (1973-1990). Ele morreu de infarto na Prisão Pública de Santiago, aos 50 anos, em 1974. Em 2014, dois ex-militares foram condenados pela tortura e morte dele. Procurada pelo GLOBO por meio de sua assessoria, Bachelet disse na época que não iria comentar os ataques de Bolsonaro.
Bachelet explicou que apenas respondeu a uma pergunta feita sobre o Brasil, com os dados que tinha, “que é o número de pessoas mortas e a dificuldade da sociedade civil de continuar fazendo o que estava fazendo antes”. Na entrevista que foi ao ar na noite deste domingo, ela também afirmou que a “redução do espaço democrático não acontece apenas no Brasil”, e disse considerar que, na área de direitos humanos, “não existe nenhum país perfeito”.
ACUSAÇÕES DA OAS – Em outros temas, a ex-presidente voltou a se defender de novas informações da imprensa que vinculam sua campanha para conquistar o segundo mandato à frente do Chile em 2014 a contribuições da empreiteira brasileira OAS. “Minha verdade é a mesma de sempre. Eu não tenho, nunca tive vínculos com OAS nem com qualquer outra empresa”, disse Bachelet, que considerou “estranho” o retorno do tema à imprensa.
O nome de Bachelet apareceu em proposta de delação feita pelo empresário Léo Pinheiro , ex-presidente da OAS, revelada na última semana pela Folha de São Paulo e pelo Intercept. Segundo o empresário, cerca de  R$ 400 mil foram repassados à campanha dela à Presidência, em 2013, por sugestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva .
Na época, a OAS queria permanecer em um consórcio responsável pela construção de uma ponte e, segundo Pinheiro, a eleição de Bachelet garantiria que ela continuaria na obra. A empresa chegou a ser investigada, em 2017, acusada de fazer doações ilegais para as campanhas da ex-presidente e do candidato derrotado naquela eleição, Marco Enríquez-Ominami .
MANIFESTAÇÃO OFICIAL – Por enquanto, o procurador-geral do Chile, Jorge Abbot, não prevê ações ligadas ao caso, preferindo aguardar uma manifestação oficial das autoridades brasileiras. Mas adiantou que “ninguém está acima da lei”.
Ao falar sobre seu papel na crise da Venezuela, a comissária respondeu que muitos, de modo equivocado, a observam como a ” Virgem Maria “, aquela que pode solucionar o problema. “Sou alta comissária e quero manter minha relação com o Estado venezuelano para seguir trabalhando e para ajudá-los a resolver a situação crítica dos direitos humanos”, disse.
No começo do mês, ela divulgou um novo relatório sobre a situação na Venezuela , denunciando atos de repressão estatal e prisões arbitrárias de adversários políticos, além de execuções extrajudiciais. No texto, afirma que milhões de venezuelanos correm risco por conta das recorrentes violações dos direitos humanos no país. Em resposta, o governo disse que ela ” cometeu excessos ” contra o país.
COBRANÇAS – Bachelet afirmou que as pessoas por vezes cobram medidas que vão além de sua alçada, lembrando que não é a responsável por lidar com problemas humanitários, mas sim com situações relacionadas aos direitos humanos. Para ela, ela poderia ser mais útil, do ponto de vista político, se estivesse atuando como ex-presidente.   “No dia em que deixar esse cargo poderemos conversar de outra maneira”, afirmou.
Para ela, é necessário manter um grau de diálogo com o governo venezuelano para ajudar as pessoas que seguem no país e que “não estão passando bem”. A chilena ainda ressalta a posição da ONU, que considera ” Juan Guaidó presidente da Assembleia e Nicolás Maduro o  presidente eleito”.
O líder opositor se autoproclamou presidente interino da Venezuela e assim foi reconhecido por 50 países, incluindo o Brasil. Na mesma entrevista, Bachelet, que governou seu país entre 2006-2010 e 2014-2018, garantiu que não voltará a ser candidata à Presidência do Chile.

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