Folha de S.Paulo
A diplomacia dos EUA afirmou em telegrama confidencial de 2005 que Dilma Rousseff, então recém-nomeada para a Casa Civil, "organizou três assaltos a bancos" e "planejou o legendário assalto popularmente conhecido como 'roubo ao cofre do Adhemar' " na ditadura. O telegrama foi obtido pela ONG WikiLeaks. Não menção à fonte da informação sobre a atuação atribuída à presidente eleita.
Dilma nega ter participado de ações armadas quando militou nos anos 60.
O processo sobre ela na Justiça Militar descreve de forma diferente sua atuação: "Chefiou greves, assessorou assaltos a bancos". Não é acusada de "organizar" ou "planejar" assaltos. Ela foi condenada por subversão. O embaixador dos EUA em Brasília, Thomas Shannon, disse: "O governo dos EUA não tem informação que confirme essas alegações. Ao contrário, nós temos uma longa e positiva relação com a presidente eleita".
Esse telegrama, redigido em 2005 pelo então embaixador americano no Brasil, John Danilovich, havia sido obtido em 2008 pelo jornal "Valor Econômico". Na época, não era certa a candidatura de Dilma.
Nos papéis que vazaram agora, há especulações sobre a personalidade da petista, as chances de ser eleita e sua saúde. No caso das ações armadas, há coincidência entre o que está no telegrama dos EUA e um trecho do livro "Mulheres que Foram à Luta Armada", do jornalista Luiz Maklouf Carvalho (1998). Não há até hoje, porém, evidências concretas sobre a participação de Dilma em ações armadas.
Em 2009, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, elogiou os relatos: "Gostei muito dos telegramas da embaixada que contêm perfis alentados sobre os candidatos a presidente em 2010 e sobre suas estratégias". E faz recomendações para futuros despachos: "Damos especial valor a informações sobre como são os estilos de operação desses líderes, seus comportamentos, motivações, pontos fortes e fracos, relacionamento com seus superiores, sensibilidades, visões de mundo, hobbies e proficiência em línguas estrangeiras."
Fonte: Agora