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sexta-feira, novembro 19, 2010

Não é segredo que a transição presidencial é uma guerra. Sempre. Agora, contaminada pela presença de Temer, vice-presidente, presidente do PMDB, presidente da Câmara, quer ser ministro, principalmente da Defesa. E inacreditavelmente pensa (?) no próprio nome para 2014.

Helio Fernandes

Nem é preciso repetir tudo o que disse antes da eleição, depois da eleição, agora na transição. Ninguém coloca problemas, necessidades do país, exigências da coletividade. O cidadão-contribuinte-eleitor vai se decepcionando, se frustrando, horrorizado com o que vê, quando os pró-homens do PMDB tiram as máscaras.

Se materializam então os lobistas sedentos por posições, todos eles sem votos, sem prestígio, sem caráter ou escrúpulos. E o que se pode esperar de um PMDB “liderado” por esse incrível Temer, ajudado pelo lobista chefe, Eduardo Cunha, e o refratário Henrique Eduardo Alves? Que teve que fazer acordo com a ex-mulher para que ela retirasse (ou silenciasse) sobre as acusações que ganharam Primeiras páginas há anos.

Assim que Dona Dilma foi eleita, antecipei aqui mesmo: “O PT está preparado para ter com ela, a participação que não teve com ele”. E usei três palavras que vou lembrar agora: “O PT não quer de jeito algum, continuar DESPREZADO, ABANDONADO, ESQUECIDO”. O “blocão” do PMDB é a represália antecipada, seus líderes sabem que o que for acrescentado na cota do PT, será retirado deles.

Depois, com exclusividade, revelei: “Na ida e na volta para o G-20, 24 horas de viagem duas vezes, Lula e Dilma conversarão sobre decisões e nãos apenas de Ministros”. (Tratarão da compra dos caças franceses e do preenchimento da vaga do Supremo).

Dona Dilma pediu justamente para deixar as duas coisas para ela, Lula não respondeu, chegou, começou logo a cuidar disso, também justamente (ele ainda será presidente por mais 38 dias).

Agora vejam: tudo é intimidação, pressão, reivindicação, tentativa de “governar sem ter disputado a presidência. Primeiro, vendo o volume das pretensões do PT, Temer (sempre ele, sempre ele) fez a proposta indecente: “Deixemos tudo como estava no governo Lula, cada um terá o que já tinha”.

Além da total falta de escrúpulos e de caráter, a visível provocação. Como o PMDB tinha muito e o PT não tinha nada, (principalmente no segundo mandato), repetindo a formação do governo Lula, que maravilha para o PMDB. Mas um desastre para Dona Dilma.

O PT estava em silêncio, mas não desinteressado de cargos e posições, bem ao contrário. O PMDB (a cúpula), sabendo e conhecendo o que o PT desejava, tratou de liquidá-lo antes mesmo de entrarem na luta. E como em matéria de falta de constrangimento, o PMDB é invencível, trataram de cumprir a estratégia usada nas guerras e no futebol: “A melhor defesa é o ataque”.

Só que foram ofensivos demais, juntaram os ministérios pretendidos, os cargos mais importantes, mesmo sem a denominação de Ministro, e ainda a presidência da Câmara e do Senado. Era muita exigência, audácia, provocação, deviam ter percebido que o PT não aceitaria. Não aceitou e reagiu duramente, mesmo sendo apenas nos bastidores.

(Só que em política e em conta-corrente, não existe sigilo ou assunto fechado. Se não existia no tempo do jornal do “dia seguinte”, o que esperar de silêncio com as tecnologias que se tornam públicas na hora?)

Como Dona Dilma reservou para ela mesma, o domínio da área econômica, (e Lula concordou e prestigiou no G-20), Mantega foi o primeiro ministro anunciado, e mais importante, confirmado. Mudança completa. Em 2003, no início do governo Lula, não havia lugar para Mantega. Então, no fim, foi jogado no Planejamento, considerado sem importância. Promovido sucessivamente para o BNDES e para a Fazenda, agora é o primeiro.

O PMDB soube do fato (que nem era segredo, Dona Dilma disse publicamente, “a área econômica será toda preenchida por gente indicada por mim”, o PMDB se assustou. Vigiando 24 anos por dia o PT, perdão, José Dirceu, o PMDB descobriu o fato que provocou a formação do “blocão”. O PT, que aparentemente tem presidente, faria ofensiva para conquistar ministérios que são tidos como do PMDB, mas na verdade têm titulares com remotas ligações com a cúpula do partido considerado o maior do país.

São eles: Saúde, Defesa, Comunicações, Cidades. E querem, com toda a condição de reivindicação irrevogável, a Petrobras e o futuro possível PRÉ-SAL. Para a cúpula do PT, isso é apenas o início e não o futuro.

Durantes os próximos 37 dias, o assunto mais importante a ser discutido será, sem dúvida, a formação do ministério de Dona Dilma. Pelo menos, o primeiro. Como lembrou Pedro do Coutto, Vargas eleito pela primeira vez presidente em 1950, teve tal dificuldade, que tomou posse em 1951, com o que ele mesmo chamou de “Ministério da Experiência”.

***

PS – Michel Temer, além de todas as ocupações e cargos que exerce, encontrou tempo para ser ventríloquo (que ele chama de porta-voz) de Dona Dilma.

PS2 – E nessa condição avisou a todo o país: “O ministério só será anunciado no dia 15 de dezembro”. Quer dizer, seriam apenas 15 dias antes da posse.

PS3 – Talvez por causa disso, e para desanuviar o ambiente e desmentir o lobista seu “companheiro”, Dilma confirmou Mantega.

PS4 – Irei contando o que apurar nessa luta pelo domínio do governo. Sem esquecer os desacertos, (com pretensas amabilidades) entre Dilma e Lula.

PS5 – Mesmo porque, é impossível saber o que acontecerá. Lula já passou recibo no futuro: vai morar em São Paulo, capital, e não em São Bernardo. Mais claro, impossível, pelo menos no momento.

Fonte: Tribuna da Imprensa

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