Biaggio Talento, da Agência TARDE
SALVADOR - Incomodado com a dimensão da guinada conservadora da campanha presidencial, o movimento homossexual divulgou carta aberta nesta sexta, 15, através da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT, que congrega 237 organizações da sociedade civil de todo o País, exortando os candidatos José Serra (PSDB) Com isso, pede que seja retomado "o debate de propostas para políticas de governo e de Estado, que possam contribuir para o avanço da nação brasileira, incluindo a segurança pública, a Fonte: A Tarde
e Dilma Rousseff a não macularem "suas biografias e trajetórias" e não negarem seus passados "de luta contra o obscurantismo".
A ABGLT se mostra preocupada com o aumento da temperatura dos debates sobre a discriminalização do aborto e do casamento gay e se dirige às duas candidaturas pedindo respeito "à democracia, respeito à cidadania de todos e de todas, respeito à diversidade sexual, respeito à pluralidade cultural e religiosa", defendendo que o segmento religioso, avesso ao
debate sobre o aborto e sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo, não pode "impor suas ideias baseadas numa única visão de mundo", mesmo porque o Brasil é um "Estado laico".
educação, a saúde, a cultura, o emprego, a distribuição de renda, a economia, o acesso a políticas públicas para todos e todas".
A carta lembra as contribuições de Serra e Dilma em relação aos direitos humanos. Sobre o tucano assinala que "como ministro da saúde, implantou uma política progressista de combate à epidemia do HIV/Aids e normatizou o aborto legal no SUS". Diz que durante da gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso foi elaborado "os Programas Nacionais de Direitos Humanos I e II, que já contemplavam questões dos direitos humanos das pessoas LGBT. Como prefeito e governador, Serra criou "as Coordenadorias da Diversidade Sexual, esteve na Parada LGBT de São Paulo e apoiou diversas iniciativas em favor da população LGBT".
Dilma é elogiada por ter ajudado a "coordenar o governo que mais fez pela população LGBT, que criou o programa Brasil sem Homofobia, e o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, com diversas ações". A petista "assinou, junto com o presidente Lula, o decreto de Convocação da I Conferência LGBT do mundo". Lembra ainda que Dilma "já disse, inúmeras vezes, que o aborto é uma questão de saúde pública e não uma questão de polícia".
A critica mais contundente se refere ao suposto "preconceito, o machismo e a homofobia" que estariam sendo estimulados "por discursos de alguns grupos fundamentalistas e ganhem espaço privilegiado em plena campanha presidencial". Os homossexuais se dizem " perplexos, à instrumentalização de sentimentos religiosos e concepções moralistas na disputa eleitoral".