Não se evita a guerra preparando a guerra. Não se obtém a paz senão aparelhando a paz.
As leis são um freio para os crimes públicos, a religião para os crimes secretos.
As leis que não protegem nossos adversários não podem proteger-nos.
Uma raça, cujo espírito não defende o seu solo e o seu idioma, entrega a alma ao estrangeiro, antes de ser por ele absorvida.
A escravidão do negro é a mutilação da liberdade do branco.
O pão é o ventre, o centro da vida orgânica. O ideal é o espírito, órgão de vida eterna.
A inteireza do espírito começa por se caracterizar no escrúpulo da linguagem.
O escritor curto em idéias e fatos será, naturalmente, um autor de idéias curtas, assim como de um sujeito de escasso miolo na cachola, de uma cabeça de coco velado, não se poderá esperar senão breves análises e chochas tolices.
A justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta.
Não há nada mais relevante para a vida social que a formação do sentimento da justiça.
A justiça pode irritar-se porque é precária. A verdade não se impacienta, porque é eterna.
A imprensa é a vista da nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que ameaça.
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos homens, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.
Não é possível estar dentro da civilização e fora da arte.
O governo da demagogia não passa disso: o governo do medo.
- De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.
- Se os fracos não tem a força das armas, que se armem com a força do seu direito, com a afirmação do seu direito, entregando-se por ele a todos os sacrifícios necessários para que o mundo não lhes desconheça o carácter de entidades dignas de existência na comunhão internacional.
- A existência do elemento servil é a maior das abominações.
- Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado !
- Toda a capacidade dos nossos estadistas se esvai na intriga, na astúcia, na cabala, na vingança, na inveja, na condescendência com o abuso, na salvação das aparências, no desleixo do futuro.
- Na paz ou na guerra, portanto, nada coloca o exército acima da nação, nada lhe confere o privilégio de governar.
- A espada não é a ordem, mas a opressão; não é a tranqüilidade, mas o terror, não é a disciplina, mas a anarquia, não é a moralidade, mas a corrupção, não é a economia mas a bancarrota.
- Outrora se amilhavam asnos, porcos e galinhas. Hoje em dia há galinheiros, pocilgas e estrebarias oficiais, onde se amilham escritores.
- O ensino, como a justiça, como a administração, prospera e vive muito mais realmente da verdade e moralidade, com que se pratica, do que das grandes inovações e belas reformas que se lhe consagrem.
A acusação é apenas um infortúnio enquanto não verificada pela prova.
O direito não se impõe somente com a peso dos exércitos. Também se impõe, e melhor, com a pressão dos povos.
Mostrou-lhes a experiência e inutilidade das mesquinhas divisões, pelas quais se travam tamanhas batalhas.
O gênio do poder não se sacia senão com a absorção da consciência dos que servem.
A política não é o jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, a que entre nós se deu a alcunha de politicagem.
Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado.
A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade... Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real.
A justiça atrasada não é justiça; é injustiça qualificada.
ACUSAÇÃO —“A acusação é apenas um infortúnio, enquanto não verificada pela prova. Daí esse prolóquio sublime, com que a magistratura orna os seus brasões, desde que a justiça criminal deixou de ser a arte de perder inocentes:Res sacra reus. O acusado é uma entidade sagrada” (Obras Completas, vol. XIX, t. III, p. 113).
DEFESA
—“A defesa não quer o panegírico da culpa, ou do culpado. Sua função consiste em ser, ao lado do acusado, inocente ou culpado, a voz dos seus direitos legais”(Obras Completas, vol.
XXXVIII, t. II, p. 10).
ELOGIO HISTÓRICO
—“Caso, postos de parte os descontos humanos, houvessem de condensar numa síntese o meu curriculum vitae, e do meu naufrágio salvassem alguns restos, tudo se teria, talvez, resumido com dizer: Estremeceu a pátria, viveu no trabalho, e não perdeu o ideal” (Discurso no Colégio Anchieta, 1981, p. 8).
ERRO
—“Uma verdade há, que me não assusta, porque é universal e de universal consenso: não há escritor sem erros” (Réplica, nº 10).
— “A toga do magistrado não se deslustra, retratando-se dos seus despachos e sentenças, antes se relustra, desdizendo-se do sentenciado ou resolvido, quando se lhes antolha claro o engano, em que laborava, ou a injustiça que cometeu” (Obras Completas, vol. XLV, t. IV, p. 205).
—“Melhor será que a sentença não erre. Mas, se cair em erro, o pior é que se não corrija” (Oração aos Moços, 1a. ed. p. 46).
HONRA
—“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça,de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”(Obras Completas, vol. XLI, t. III, p. 86).
JUSTIÇA —“Não há sentimento mais confrangente que o da privação da justiça”(Obras Completas, vol. XL, t. VI, p. 202).
— “Se alguma coisa divina existe entre os homens é a justiça”(Obras Completas, vol. XXV, t. IV, p. 329).
—“Justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta” (Oração aos Moços, 1a. ed., p. 42).
PÁTRIA, FAMÍLIA
—“A pátria é a família amplificada. E a família, divinamente constituída, tem por elementos orgânicos a honra, a disciplina, a fidelidade, a benquerença, o sacrifício” (Discurso no Colégio Anchieta, 1981, p. 9).
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIApresunção — “O crime é a presunção juris et de jure, a contra a qual não se tolera defesa, nas sociedades oprimidas e acovardadas. Nas sociedades regidas segundo a lei a presunção universal é, ao revés, a de inocência”(Obras Completas, vol. XXIV, t. III, p. 87).
—“Não perder de vista a presunção de inocência, comum a todos os réus, enquanto não liquidada a prova e reconhecido o delito” (Rui, Oração aos Moços, 1a. ed., p. 42).
— “Enquanto a acusação não prova, presume- se a inocência do acusado. Sobre isto não há contestação em escola alguma” (Obras Completas, vol. XXVIII, t. I, p. 197).
VERDADE—“O maior, o mais inviolável dos deveres do homem público é o dever da verdade” (A Imprensa e o Dever da Verdade, 1920, p. 53).
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No culto dos grandes homens não pode entrar a adulação.
A eleição indireta tem por base o pressuposto de que o povo é incapaz de escolher acertadamente os deputados.
Só o bem neste mundo é durável, e o bem, politicamente, é todo justiça e liberdade, formas soberanas da autoridade e do direito, da inteligência e do progresso.
É preciso ser forte e conseqüente no bem, para não o ver degenerar em males inesperados.
Quanto maior o bem , maior o mal que da sua inversão procede.
Sem o senso moral, a audácia é a alavanca das grandes aventuras.
Não há outro meio de atalhar o arbítrio, senão dar contornos definidos e inequívocos à condição que o limita.
A acusação é sempre um infortúnio enquanto não verificada pela prova.
A mesma natureza humana, propensa sempre a cativar os subservientes, nos ensina a defender-nos contra os ambiciosos.
Os que ousam ser leais à sua fé, são cobertos até de ridículo.
Embora acabe eu, a minha fé não acabará; porque é a fé na verdade, que se livra acima dos interesses caducos, a fé invencível.
Nenhum povo que se governe, toleraria a substituição da soberania nacional pela soberania da espada.
O exército não é um órgão da soberania, nem um poder. É o grande instrumento da lei e do governo na defesa nacional.
A soberania da força não pode ter limites senão na força.
Um povo cuja fé se petrificou, é um povo cuja liberdade se perdeu.
O espírito da fidelidade e da honra vela constantemente, como a estrela da manhã da tarde, sobre essas regiões onde a força e o desinteresse, o patriotismo e a bravura, a tradição e a confiança assentaram o seu reservatório sagrado.
Na paz ou na guerra, portanto, nada coloca o exército acima da nação, nada lhe confere o privilégio de governar.
Toda a capacidade dos nossos estadistas se esvai na intriga, na astúcia, na cabala, na vingança, na inveja, na condescendência com o abuso, na salvação das aparências, no desleixo do futuro.
A existência do elemento servil é a maior das abominações.
Em cada processo, com o escritor, comparece a juízo a própria liberdade.
O homem, reconciliando-se com a fé, que se lhe esmorecia, sente-se ajoelhado ao céu no fundo misterioso de si mesmo.
A esperança é o mais tenaz dos sentimentos humanos: o náufrago, o condenado, o moribundo aferram-se-lhe convulsivamente aos últimos rebentos ressequidos. Obs.: A Ditadura de 1893.
Eu não troco a justiça pela soberba. Eu não deixo o direito pela força. Eu não esqueço a fraternidade pela tolerância. Eu não substituo a fé pela supertição, a realidade pelo ídolo.
Dilatai a fraternidade cristã, e chegareis das afeições individuais às solidariedades coletivas, da família à nação, da nação à humanidade.
Medo, venalidade, paixão partidária, respeito pessoal, subserviência, espírito conservador, interpretação restritiva, razão de estado, interesse supremo, como quer te chames, prevaricação judiciária, não escaparás ao ferrete de Pilatos! O bom ladrão salvou-se. Mas não há salvação para o juiz covarde.
A miopia intelectual é a mais constante geradora do egoísmo.
A força não constrói, não une, não pacifica. Os grandes exércitos e os armamentos são o infortúnio e o desassossego dos países militarizados.
· O delírio dos erros incuráveis acerba-se com os embaraços opostos pela razão. Rui Barbosa
Não há nada mais relevante para a vida social que a formação do sentimento da justiça.
Muito há que alguém disse: 'O sábio sabe que não sabe'.
A pátria é a família amplificada.
Se eu a coloco (a Bíblia) abaixo de todos os livros, ela é a que mantêm todos eles, se eu a coloco no meio dos outros livros, ela é a coração desses livros, e se eu a coloco em cima dos outros livros, ela é a cabeça e autoridade de todos os livros em minha biblioteca.
Rui Barbosa