Diante do rumo que a campanha presidencial tem tomado no segundo turno, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, entidade que congrega 237 organizações da sociedade civil em todos Estados do Brasil, divulgou nesta sexta-feira (15) uma carta aberta aos candidatos.
No texto a instituição destaca que nos últimos dias tem assistido perplexos à instrumentalização de sentimentos religiosos e concepções moralistas na disputa eleitoral e se dirigiu a ambas as candidaturas para pedir respeito à democracia, à cidadania de todos e de todas, à diversidade sexual, à pluralidade cultural e religiosa.
“Não é aceitável que o preconceito, o machismo e a homofobia sejam estimulados por discursos de alguns grupos fundamentalistas e ganhem espaço privilegiado em plena campanha presidencial”, diz um trecho do documento.
A instituição destaca que causa extrema preocupação constatar a tentativa de utilização da fé de milhões de brasileiros e brasileiras para influir no resultado das eleições presidenciais. Ainda segundo ABGLT, nos últimos dias, ficou clara a inescrupulosa disposição de determinados grupos conservadores da sociedade a disseminar o ódio na política em nome de supostos valores religiosos.
“Não podemos aceitar esta tentativa de utilização do medo como orientador de nossos processos políticos. Não podemos aceitar que nosso processo eleitoral seja confundido com uma escolha de posicionamentos religiosos de candidatos e eleitores. Não podemos aceitar que estimulem o ódio entre nosso povo”, ressalta.
A instituição diz ainda que o movimento LGBT e o movimento de mulheres defendem é apenas e tão somente o respeito à democracia, aos direitos civis, à autonomia individual. “Queremos ter o direito à igualdade proclamada pela Constituição Federal, queremos ter nossos direitos civis, queremos o reconhecimento dos nossos direitos humanos. Nossa pauta passa, portanto, entre outras questões, pelo imediato reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo e pela criminalização da discriminação e da violência homofóbica”, pontua.
A entidade solicita que os candidatos voltem a conduzir o debate para o campo das ideias e do confronto programático, sem ataques pessoais, sem alimentar intrigas e boatos e que eles não maculem suas biografias e trajetórias e não neguem seu passado de luta contra o obscurantismo.
A ABGLT finaliza o documento ressaltando que acredita na democracia e num país onde caibam todos seus 190 milhões de habitantes e não apenas a parcela que quer impor suas ideias baseadas numa única visão de mundo. “Vivemos num país da diversidade e da pluralidade”, conclui.
Fonte: Tribuna da Bahia