Fernanda Chagas
Em cerimônia bastante concorrida, o governador Jaques Wagner (PT), sob aplausos, reabriu ontem os trabalhos da Assembleia Legislativa da Bahia. Wagner iniciou seu discurso chamando a atenção pela era de respeito e maturidade, a qual, segundo ele, a Casa vive hoje. Na ocasião, comemorou o equilíbrio das finanças do Estado, a geração recorde de empregos e o “Carnaval da Paz”, em que os índices de ocorrências, segundo o gestor, foram menores do que no ano anterior. O governador provou mais uma vez a relação harmoniosa que nutre com o prefeito João Henrique, mesmo diante das divergências entre os seus partidos, e prometeu apoio a quem se referiu como “querido prefeito”, para “fazer a folia momesca de 2011 ainda melhor. Wagner, que é candidato declarado à reeleição, disse também que “o povo vai saber quem trabalha de fato. Aqueles que trabalharam terão o reconhecimento”. Sobre o setor de Segurança Pública que, diga-se de passagem, é um dos principais alvos da oposição contra o seu governo, o petista disparou que “quem apostou no discurso fácil de um suposto caos da segurança e torceu pelo quanto pior melhor deve agora reconhecer um trabalho sério, que está dando resultado”. A prova disso, segundo ele afirmou, é o aumento dos recursos no setor em 20%, com o alcance de R$ 1,9 bilhão, e a inserção de novos policiais nas ruas e os cursos de formação para os profissionais. Wagner também falou sobre as melhoras na Educação, Saúde, Agricultura e Infraestrutura, assim como a atração da Copa do Mundo de 2014 para Salvador e declarou que a “Bahia é um canteiro de obras”. “Na área da Saúde estamos fazendo uma revolução silenciosa. Em breve vamos inaugurar hospitais de grande porte em Salvador e no interior, tais como o Hospital Geral do Subúrbio, na Estrada Velha de Periperi, que atenderá toda a demanda do subúrbio ferroviário”, assim como já inauguramos o novo hospital de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo baiano, que oferece estrutura de hospital geral e conta com 137 leitos. Ao fazer um balanço das ações da área de Educação, Wagner citou, como já se previa, o exemplo do TOPA (Todos pela Alfabetização), menina dos olhos do seu governo, que alfabetizou 460 mil pessoas, segundo o governo. O governador mencionou o caso de Dona Enedina, a mais famosa aluna do programa, alfabetizada aos 100 anos e alçada à posição de símbolo do TOPA depois de protagonizar a campanha publicitária do programa. Se emocionou e foi aplaudido. Em dezembro de 2009, ela foi recebida pelo governador no Palácio de Ondina. Wagner foi aplaudido ao chamar a atenção para a ideia de que a família é a base de uma boa educação e da formação do caráter e da personalidade. “A polícia prende, o Estado corrige, mas é o ombro amigo, do pai, é o puxão de orelha da mãe que faz com que o jovem possa trilhar pelos caminhos certos”, disse o governador. Sobre a reforma administrativa em que terá de realizar a troca de nove titulares das pastas estaduais devido ao prazo legal (dia 31 de março) para que possam concorrer às eleições deste ano, o governador Jaques Wagner afirmou que os três deputados federais, que hoje estão à frente de secretarias, Walter Pinheiro (Planejamento), João Leão (Infraestrutura) e Nelson Pellegrino (Direitos Humanos) devem se desicompatibilizar dos cargos no último dia do prazo. Já os demais ‘secretários-candidatos’, a exemplo de Rui Costa (Relações Institucionais), deverão fazê-lo por esses dias. “É uma contingência do processo eleitoral. Como estamos no último ano, a tendência é de continuidade de trabalho. Isso eu não estou dizendo que tem que ficar o chefe de gabinete ou o secretário executivo. Pode ter pasta que a gente faça uma ou outra modificação, chamando um técnico para assumir”, disse, destacando que não haverá uma data única para a mudança de todos, e que apenas os secretários que têm mandato na Câmara Federal (Walter Pinheiro, João Leão, Nelson Pellegrino) deverão sair no último dia legal. Em relação à composição de sua chapa, disse que das quatro vagas duas já estão preenchidas: a dele e a do conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Otto Alencar (PP), que teve um recente problema de saúde, mas, segundo o petista, já “está pronto para vir para a batalha”. Para o líder da bancada governista, deputado Waldenor Pereira, o discurso do companheiro deixou claro que o governo soube superar muito bem as dificuldades enfrentadas em 2009, como a crise econômica internacional. “Onde a Bahia foi o estado mais atingido, mas as medidas tomadas pelo Governo Wagner permitiram uma arrecadação em patamares compatíveis com o ano anterior”, destacou. Do ponto de vista político, Waldenor fez questão de pontuar que “o afastamento do PMDB fez bem ao governo, que recuperou a coesão e a unidade interna da bancada, assim como as mudanças de personalidades na condução de secretarias e órgãos e na estrutura organizacional melhoraram a gestão”. O petista elogiou especialmente a ênfase na mensagem governamental para as ações e programas visando a melhoria da qualidade de vida das pessoas e o investimento em obras de infra-estrutura. “Que vão formar pilares do desenvolvimento do estado, a exemplo da ferrovia de integração Oeste-Leste, o Porto Sul e o novo aeroporto de Ilhéus, a Via Expressa Portuária, em Salvador, e as duplicações das BRs 324 e 116”. Conforme a sua previsão, as votações devem ocorrer nesse primeiro semestre com regularidade e no segundo semestre, quando começa a campanha eleitoral e a maioria dos parlamentares deve se candidatar, vai agendar as apreciações das matérias para cada 15 dias. Além da privatização dos cartórios, segundo Pereira, outro projeto de origem do Judiciário que não foi votado no ano passado deve movimentar a Casa: a extinção do IPRAJ (Instituto Pedro Ribeiro de Administração Judiciária). Outros dois projetos que vão chamar atenção são os que criam o conselho dos direitos dos povos indígenas e a carreira do professor indígena. Também estão na fila para apreciação os que tratam do reajuste de 13,6% para a Polícia Militar e o reajuste dos procuradores e juízes, cujos projetos não foram viabilizados em 2009 porque o Poder Judiciário extrapolou o limite prudencial de gastos com a folha de pessoal, determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Fonte: Tribuna da ImprensaReforma do secretariado à vista
As outras duas deverão ser distribuídas entre a deputada federal Lídice da Mata (PSB), que poderá ser a vice, e o senador César Borges (PR), que concorrerá à reeleição. Sobre a resistência de alguns petistas à adesão do ex-governador da era carlista, Wagner disse que “as pessoas não vão ficar a vida toda: eu fui do PFL, eu fui do DEM e por isso tenho uma mancha, um carimbo na cabeça”.Waldenor comemora resultados