Com uma infraestrutura defasada e operando no limite da capacidade, o porto de Salvador amargou a última colocação na pesquisa realizada pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) – consultoria especializada em logística – que consultou 187 grandes empresas do País sobre o funcionamento de dez dos principais complexos portuários do País. Os empresários apontam o acesso rodoviário, a infraestrutura de armazenagem e as tarifas praticadas como os principais gargalos do porto da capital.
Único porto baiano voltado para o transporte de cargas através de contêineres, o porto de Salvador não possui capacidade para atender a demanda do Estado. Com isso, a movimentação portuária que deveria ser realizada em território baiano, gerando emprego, renda, serviços e impostos, tem migrado para outros estados.
Segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, 35% dos produtos baianos exportados em contêineres são desviados para outros portos do País para chegarem ao seu destino final. “A economia baiana precisa de um porto de grandes dimensões. Com a atual saturação, Salvador tem perdido linhas regulares de navegação, reduzindo o movimento de navios”, afirma o presidente da Associação de Usuários dos Portos da Bahia (Usuport), Paulo Villa. Ele ressalta que o porto de Salvador só importa e exporta produtos diretamente para a Europa e América do Norte, faltando uma linha direta com parceiros comerciais importantes como a China.
A limitação e deficiências no porto tem criado um custo adicional de R$ 150 milhões por ano para o empresariado baiano, além de gerar uma perda de cerca de R$ 300 milhões por ano em serviços que deixam de ser feitos na Bahia. “Sou importador há 50 anos e sei que poderíamos estar em outra situação, se não existissem tantos entraves. O porto de Salvador foi negligenciado durante as últimas três décadas”, pontua Eduardo Morais de Castro, presidente da Associação Comercial da Bahia.
Ritmo lento - Sem sofrer intervenções de grande porte na infraestrutura há seis anos, o porto soteropolitano tem ficado para trás no quesito movimentação de contêineres. Em 2002, a Bahia era o sexto Estado que do País com maior movimento das grandes caixas metálicas. Crescendo em ritmo lento, caiu para oitava colocação nos últimos seis anos.
A defasagem é gerada por deficiências como um calado (profundidade) insuficiente para a atracação de grandes embarcações e a existência de somente um berço para movimentação de contêineres. Segundo a Usuport, o porto de Salvador demandaria pelo menos quatro berços para atender a demanda da economia do Estado.
Para reverter esta situação, a Companhia das Docas da Bahia (Codeba) trabalha pela ampliação dos acessos marítimo e rodoviário e da área de terminal do porto. De concreto, até o momento, somente as obras da Via Expressa Baía de Todos os Santos, que vai ligar o porto à BR-324. Executada pelo Governo do Estado, a construção do complexo rodoviário está em fase inicial. Para abril, está prevista a ampliação do calado (profundidade) do porto de 12 para 15 metros. Com a intervenção, que deve ser finalizada no final deste ano, navios de maior porte poderão atracar em Salvador.Fonte: João Pedro Pitombo, do A TARDE