Biaggio Talento, Patrícia França e Ludmilla Duarte
Ao comentar as declarações do presidente Lula segundo as quais a ministra Dilma Rousseff, virtual candidata petista ao Palácio do Planalto, não deve fazer campanha em estados onde existe divisão da base aliada – caso da Bahia –, o ministro da Integração Geddel Vieira Lima, pré-candidato do PMDB ao governo estadual e adversário de Jaques Wagner (PT), disse, nesta sexta, que dançará “conforme a música” e que o assunto deverá ser tratado, brevemente, pela direção nacional peemedebista.Geddel lembrou que situação semelhante ocorreu na última eleição municipal de Salvador, quando PMDB e PT lançaram candidaturas próprias e o presidente Lula manteve-se neutro, não manifestou preferência a nenhum dos lados. Na campanha, tanto o deputado Walter Pinheiro (PT), candidato apoiado pelo governador Wagner, e o prefeito João Henrique Carneiro (PMDB), apadrinhado por Geddel, se apresentavam aos eleitores como os nomes avalizados por Lula. João acabou vencendo a disputa.
Embora aceite uma eventual decisão da ministra não subir nos dois palanques baianos, Geddel acredita que se ela resolver vir terá a oportunidade de falar sobre seus planos e projetos para dois públicos. “Se ela vier ótimo. Se não vier vamos entender”, argumentou o ministro, dizendo que sua linha de atuação política na campanha é “abraçar a paciência”.
Já o governador Jaques Wagner avalia que a situação da Bahia não deverá se tornar motivo de preocupação para Lula nem para a provável candidata do PT à presidência, ministra Dilma Rousseff. “Deixaremos o presidente Lula e a ministra Dilma à vontade para decidir como se comportarão no estado”, disse o governador, que participa, em Brasília, do 4º Congresso Nacional do PT.
Problema deles - Já o coordenador da campanha para reeleição de Wagner, o prefeito de Camaçari, Luiz Carlos Caetano (PT), disse que, se de fato for impossível a ministra Dilma Rousseff subir em dois palanques na Bahia, ele tem certeza de que no de Wagner ela subirá.
“O PMDB que vá resolver com o presidente. Nosso lado já está resolvido: somos parceiros históricos do projeto Lula e não colocamos ninguém para fora do governo”, assinalou o prefeito, lembrando que foi do PMDB baiano a decisão de romper a aliança que mantinha com o PT no estado.
Caetano interpreta a fala de Lula mais como uma tentativa de se buscar a unidade entre os aliados nos Estados. “Nesse sentido, a posição do presidente está correta, mas ele sabe que, se lá para frente isso não se concretizar, haverá em alguns lugares dois palanques para Dilma”.
O ex-governador Paulo Souto (DEM), também candidato ao governo, diz que duplo palanque na Bahia é “problema” do PT e PMDB e ironizou os adversários. “Nosso candidato é do PSDB, não tem disso. Veja como é bom ter identidade política”.
Fonte: A Tarde