ALEC DUARTE
editor-assistente de Brasil
da Folha de S.Paulo
Em meio à destruição e ao caos, a internet acabou sendo o único serviço que funcionou de forma quase ininterrupta no Haiti após o terremoto. A rede serviu como elo entre um país devastado e o resto do mundo.
Foi graças à web que cidadãos haitianos conseguiram divulgar as primeiras fotos da tragédia, que depois abasteceram todas as agências internacionais de notícias e, consequentemente, a grande mídia.
Ao mesmo tempo, relatos foram publicados em redes sociais (o Facebook chegou a ficar fora do ar em virtude da quantidade de acessos). Como já é habitual em tragédias de grandes proporções, o Twitter centralizou a atualização de notícias de última hora e serviu, num primeiro momento, para que se soubesse o que havia acontecido em várias cidades do país.
A manutenção praticamente intacta do serviço de internet no Haiti (houve vários momentos de lentidão, mas ele nunca chegou a ser suspenso) tem uma explicação: sem infraestrutura, o país não possui conexões por cabo, e a maioria dos acessos se dá via satélite.
O terremoto revelou a relevância da utilização de dispositivos móveis não apenas no aspecto noticioso, mas também para agilizar pedidos de socorro. Cidadãos (vários também eram jornalistas profissionais) conseguiram distribuir conteúdo (texto, fotos e vídeos) por meio de telefones celulares.
Vários deles deram depoimentos à mídia estrangeira via webcam e comunicadores instantâneos, traçando um relato sem filtros sobre a destruição.
Foi também na web que surgiram as primeiras iniciativas de ajuda humanitária às vítimas. O rapper haitiano Wyclef Jean mobilizou voluntários, e sua ONG, a Yele, chegou a ser o termo mais usado no Twitter.
A rede telefônica teve várias panes ontem e funcionou precariamente, mas ajudou as autoridades a localizar um cidadão canadense preso sob escombros de um edifício na capital do país, Porto Príncipe, porque ele conseguiu enviar um SMS (o "torpedo") para um amigo em Ottawa.
A falta de energia elétrica produziu um buraco na cobertura cidadã da tragédia, à medida em que notebooks e celulares ficaram sem bateria --não havia como carregá-los.
Folha Online