Ele e ACM-Corleone utilizaram o “direito” de não serem cassados, optando pela renúncia. Depois esse fato ficou tão banalizado, que aconteceu muitas e muitas vezes.
Agora, acusadíssimo, volta às manchetes, da mesma forma negativa. Nada impedirá sua carreira, talvez a expectativa de ser vice-presidente em 2010. Pode transferir a esperança para depois. É o tempo da punição popular, que esquece tão rapidamente quanto órgãos da Justiça. (Arruda ainda não decidiu para quem passará o cargo).
A cúpula (?) do DEM, fez três afirmações, por intermédio de vários “líderes” que já estavam em Brasília, ou foram para lá, assombrados.
1- A posição de Arruda é INSUSTENTÁVEL. 2- Temos que tomar providências para esse fato não se transforme no mensalão do DEM. 3- Impressionante o descaramento, a falta de constrangimento, o nenhum envergonhamento do governador, que tratava a questão com a simplicidade e a tranquilidade de quem está acostumado a esses fatos.
Deputados e 2 senadores do partido me disseram: “É preciso que o DEM não pratique o pecado da omissão, da mesma forma que o governador mergulhou na corrupção”. Pergunto a um deles o que o DEM vai fazer, ele lamenta mas responde: “Nada, Helio, ficará tudo assim, é o único governador do partido, já ouvi, lá dentro, dizerem que não podemos perder esse isolado governador”.
Textual, e com o sofrimento de quem jamais sofreu a menor restrição. Pergunto se posso colocar o seu nome, responde compreensivelmente: “Helio, você sabe que sou da Executiva do DEM, não quero que digam que eu me adiantei ou me antecipei”.
Nisso tudo, o que espanta e estarrece, é o comprometimento pessoal de José Roberto Arruda, não a cumplicidade em atos de corrupção, ele sempre foi um cidadão abaixo de qualquer suspeita. Mas o rebaixamento com subordinados, o dinheiro entregue em suas mãos, e ele, “você não podia levar na minha casa, tenho que sair com isso?”.
Depois pede uma cesta, coloca o dinheiro, chama o motorista e determina, “coloque no meu carro”. Insatisfeito, pede adiantamento “de 15 em 15 dias”, e depois diz que “é bom esse dinheiro para as despesas pessoais”.
José Roberto Arruda, para quem já foi apanhado em flagrante, se mostra completamente desinformado, é seguramente desonesto, mas também tem que ser chamado de BURRO. Numa época em que tudo é gravado com ou sem ordem judicial, precisava ter um pouco de recato ou de precaução.
(Durante a ditadura, José Maria Alckmin, que foi ministro da Fazenda de JK, e vice do “presidente” Castelo Branco, foi advertido por um amigo: “Você precisa ficar alerta, no apartamento acima do teu, mora o chefe do gabinete do SNI, no outro, um coronel desse órgão, gravam tudo”. E Alckmin sem hesitação: “Não tem importância, eu nunca digo nada”.
Ao contrário, Arruda diz tudo, se satisfaz com a posse do dinheiro, não se lembra que pode estar sendo gravado e, mais grave, filmado. Nessa onda de gravações, pela primeira vez não aparece apenas a voz, mas também o personagem principal, de corpo inteiro.
José Roberto Arruda não pode mais governar, não tem condições. Até o momento em que escrevo, não apareceu, não falou com ninguém, não pode mesmo aparecer ou falar. Demitiu 3 secretários, devia demitir todos, pelo menos para aplacar o dissabor de cruzar com eles, e ouvir a pergunta que na certa farão rindo: “Governador, guardou o dinheiro ou já começou a gastá-lo?”.
A Assembléia Legislativa, com 7 deputados envolvidos não vai aprovar impeachment nenhum. O DEM pronuncia essa mesma palavra, mas não precisa adivinhar para saber que isso não acontecerá. E José Roberto Arruda nem está preocupado com isso.
Já tem seu Plano A ou B. Se a questão se agravar (MAIS?) renuncia para não ser cassado, como fez antes, junto com o imortal ACM-Corleone. Então, livre do mandato e da punição, em 2010 se candidata novamente a senador, volta para a posição em que estava no passado.
Assim, de renúncia em renúncia para não ser cassado, Arruda acaba chegando a presidente da República. Mas só em 2014. Em 2010, ele senador e Roriz governador, puxa, Brasília não pode se queixar. Serão eleitos certamente, e ficarão na mira para um possível Nobel de Corrupção.
Não existe? Diante dos fatos, têm que criá-lo. Arruda e Roriz não podem ficar no ostracismo da corrupção pública mas sem consagração.
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PS- O advogado logo contratado, podia ter mais criatividade. Dizer que Arruda “ia comprar panetone para os pobres” é de uma pobreza, que tanta riqueza ilícita não justifica.
PS2- Depois de conversar com muita gente do DEM, e assustado, Arruda mudou de tom, seu “discurso” passou ao da vingança dos “meus adversários que querem me destruir”. E as gravações e os vídeos?
Fonte: Tribuna da Imprensa