Por: Helio Fernandes
Patriotas, preclaros, prestativos, defendendo sempre a coletividade
Tenho admiração incontida, indesmentida e irrefletida pelos Civitas. Todos. Quem em 1968, em plena pós-ditadura e pré-AI-5, lança uma revista independente para apoiar os generais-"presidentes" merece meu respeito, minha consideração, minha vontade de defendê-los de tudo. Até deles mesmos.
Quando digo que tenho admiração pelos Civitas, e pelos primeiros empreendedores agora ausentes (não quero usar a expressão "estão mortos", seria lúgubre, sepulcral e com ar de velório), pretendo humanizar com toda a veemência, inconseqüência e incoerência o múltiplo Roberto Civita, Presidente, Editor e Presidente do Conselho Editorial (não é tudo redundância, falta de discordância ou excesso de concordância?) da revista Veja.
(Último número da Veja: 150 páginas, 62 de publicidade, fora as 4 capas. Não contei os anúncios da própria empresa, seria o mesmo que jantar em casa e pagar consumação. Também não considerei a página do BIG MAC, em vez de publicidade, me deu a impressão de provocação indigesta).
Minha intenção de humanizar Roberto Civita tem por base o que foi publicado como definição dele num discurso improvisado (nada a ver com Lula) e sem revisão do autor. São 8 itens, que vou demonstrar que não podem ter sido ditos por um múltiplo e tão conspícuo jornalista, lógico, ele é jornalista. Vejamos, sumarizado.
1 - Temos uma política econômica consistente e responsável.
2 - Uma taxa de inflação que permanece domada há mais de uma década.
3 - Exportações que batem sucessivos recordes.
4 - Investidores estrangeiros cada vez mais dispostos a colocar seus recursos aqui.
5 - Uma bolsa de valores que, apesar dos eventuais solavancos do mercado internacional, mostra um vigor inédito.
6 - Temos um mercado de consumo potencial invejável.
7 - Recursos naturais em abundância.
8 - E uma elite empresarial que se supera em competitividade, dia após dia.
1 - Um Civita jamais poderia dizer que a economia está "consistente e responsável", é inteligente demais para esse absurdo. Teve que vender a TVA, por necessidade premente, seu mês está cada vez mais precário. E pode até responder a uma CPI, vexame, vergonha.
2 - Jamais usaria essa expressão, "inflação domada". Autoridade em Shakespeare, sabe que a inflação é invencível, megera cruel. 3 - Culto, estudioso, competente, sapiente, compenetrado e não podendo ser enganado, sabe que a exportação só bate recordes no papel. O dinheiro só entra depois de quase 1 ano, quando entra.
4 - Quiseram fraudar suas afirmações com essa de investidores que trazem dinheiro em confiança. Ele mesmo deve ter dado gargalhadas (tem incrível bom humor, que exibe nas horas mais difíceis), pois conhece e muito bem os donos do dinheiro que chega. É para jogar na Bovespa e comprar títulos do governo, ganhando o dobro ou o triplo do que lucrariam lá fora. É o chamado "capital motel". O principal vai logo embora.
5 - Aí exageraram na falsidade e na deturpação do pensamento do Civita. Se ele falou no vigor da Bovespa, foi para insinuar que ela sobe com doses enormes de viagra bancário.
6 - Nesse caso, quase igualavam a falsidade do que foi publicado com sua própria expressão. Falando no mercado de consumo (que ele conhece muito bem e sabe que é a mola do mundo), essa a palavra POTENCIAL. Restrição que o cauteloso e casto (intelectualmente) Civita adota sempre. Não é uma restrição e sim excesso de convicção.
7 - Quem fraudou o discurso de Civita, colocou esse, "recursos naturais em abundância", que é visível a 30 milhas do Delta do Nilo, como gostava de dizer Alexandre, um dos 3 maiores generais da história. 8 - Puxa, a elite empresarial, que COMPETITIVIDADE. Ganharam dinheiro na ditadura, depois da ditadura e na democracia do Lula. Este diz sempre: "Quem mais ganhou dinheiro comigo e me vaia é a elite empresarial". Que clarividência.
PS - Estou satisfeito em ter reinventado a roda e colocar um Civita no pelourinho. Com 9 milhões de desempregados, 12 milhões ganhando de 3 a 9 reais por dia (quando conseguem trabalhar), 43 milhões vivendo de salário mínimo, acreditar em elogios de um Civita, só se estiver louco.PS 2 - E não há nenhuma dúvida, eles sempre admiraram Freud mas não o doutor Pinel.
Franklin Martins
Está comandando a instalação da TV Pública. Disse a ele que o melhor modelo seria a BBC. Respondeu: "Existem outros, que podem ser usados".
Diário Oficial, sexta-feira: Sérgio Cabral coloca foto sua abraçado com o presidente Lula. Adora se promover. Informa que recebeu confirmação de Lula: "A TV Pública começa a funcionar no dia 10 de setembro". E acrescenta: "A sede dessa TV será no Rio de Janeiro". Parece que a TV Pública (que se chamará TV Brasil), uma espécie de fusão entre a TVE (Rio) e a Radiobrás (Brasília). Seus diretores devem ser anunciados e nomeados nos primeiros dias de setembro.
Tudo feito no maior silêncio, equívocos em cima de equívocos. Deixaram de fora a TVE do Paraná (a mais bem equipada do Brasil, no setor público) e a TV Cultura, que tem como slogan: "O modelo de TV pública".
Franklin Martins me disse, telefonei para ele, queria saber qual seria o modelo: "Estou otimista e adoro desafios". Isso basta para fazer uma boa televisão? As perguntas que fiz, sem resposta.
Já ressaltei aqui, desde que o ministro aposentado e expulso do Supremo (quem cai na "expulsória está expulso") Nelson Jobim protestou contra a quebra da "privacidade" de alguns ministros.
Repeti que ele não fazia outra coisa. Lembrei na época: quando o procurador geral do Paraná entrou no Supremo contra a lei 8478 ganhava por 4 a 0. Eros Grau pediu vista atendendo a Jobim, este começou a trabalhar, meses depois, ganhou.
Renan Calheiros faz pressão sobre senadores: quer ser julgado pelo plenário, imediatamente. Está convencido, e não é bravata: ganha quase por unanimidade. Não diz mas tem certeza: a intimidação sobre senadores deu certo, estão em pânico.
Dizer que Carlos Alberto Direito é "apadrinhado" de Jobim para ser ministro do Supremo é desinformação pura. Como já disse, podem falar que é ligado ao ex-governador Moreira Franco.
Quem liga o ex-desembargador e atual ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) ao ministro da Defesa quer apenas "queimá-lo".
É impressionante o desprezo pela informação, nos mais diversos casos. Um só exemplo: remuneração dos advogados que defendem acusados do mensalão. 1 milhão para José Carlos Dias, que defende Duda Mendonça e diretores do Banco Rural.
Ora, ora, pelo menos 10 dos acusados começam com 1 milhão. Alguns realmente não têm dinheiro, não é o caso de Duda Mendonça.
Este, um dos maiores e mais indefensáveis acusados, publicou ontem publicidade de página inteira de homenagem que receberá hoje. Quase todos consideram que foi PROVOCAÇÃO.
O governador e o dono (?) da universidade, Ronald Levinsohn, dupla invencível em conhecimentos. Serginho Cabralzinho filhinho disse que Getulio deu um "tiro na cabeça", veio a "crise e o caos". Ha! Ha! Ha! Errou no fato e na análise, nada surpreendente.
Getulio se matou com um tiro no coração, isso é fato e história. E o "caos e a crise" não vieram depois e sim antes. Por causa disso é que se matou, queriam "licença renúncia" para ele.
Astrônomos descobriram 1 bilhão de anos-luz, vazio e inexplicado. Muita gente desocupada, geralmente em todos os governos, lamentando o tempo perdido, esse desperdício do não fazer nada.
E se soubesse desse 1 bilhão de anos, o que teria feito Proust?
O ex-ministro Palocci está exibindo uma satisfação que chama a atenção num silêncio impressionante. Mostra duas razões. 1 - O Planalto está agradecido. 2 - Não tem culpa do Supremo.
As empresas produtoras de cigarros estão tranqüilíssimas com a informação da revolta da Receita Federal a respeito da sonegação de impostos. Sabem que há anos têm fiscalização profunda, não cumprem, não são enquadrados nesta.
Verdade seja dita: há anos tenho mostrado que a Receita tem exibido detalhes, colocado uma forma de fiscalizar e não são atingidos. Mas a Receita diz que cobrarão 1 BILHÃO de reais.
Na sexta, a Bovespa fechou quase em 53 mil. Ontem, fechou acima dos 53, mas muito pouco. Mais 0,15%, estável.
O dólar fechou em 1,95 cravado. Chegou quase a 1,97, mas à última hora subia 0,44%, nem tropeço, turbulência, ou intranqüilidade.
Manchete da Folha: "Brasil vira paraíso de megatraficantes". E completa: "Prisão de colombianos revela preferência pelo País, corrupção é apontada como fator decisivo por especialistas".
Isso não vale manchete. A não ser que colocassem entre esses "megatraficantes" os que estão sendo julgados pelo Supremo.
Traficantes do Poder, do dinheiro público, da credibilidade, da esperança, da respeitabilidade, dos recursos que deveriam ser investidos em desenvolvimento, na infra-estrutura.
O Supremo continuou ontem o julgamento, ou melhor, quem deve ou não deve ser aceito como culpado, e por quais crimes. Como são 40 e as acusações as mais diversas, é natural a divergência.
Só que não há nada de natural no fato do Supremo ter excluído José Dirceu e Genoino do crime de peculato. Erro monumental. Para isso nem era preciso juristas, bastaria um dicionarista.
Dirceu, Genoino, Delúbio, Duda, Silvinho e outros grandes ganharam mais um dia ou dois de impunidade. Ontem, deputados do PP foram acusados de formação de quadrilha, corrupção, lavagem de dinheiro. Todos os que citei só se livram do peculato. No resto, todos responsabilizados.
XXX
Hoje, na Alerj, sessão que deve ser bastante tumultuada. Sérgio Cabral deu ordens a Picciani para incluir na ordem do dia sua mensagem sobre aumento de funcionários. Picciani garantiu que atendeu porque não era a inicial, com 24% de aumento em 24 meses, 1% ao mês, vergonhoso. Teria mudado para 25% em 1 ano, "dobrou", como ele mesmo diz. Passaria portanto a representar um reajuste bem distante dos 71% perdidos para a inflação. (Dados do IBGE). Funcionários estão sendo convocados para comparecerem em massa à Alerj.
Picciani também cumpre ordens de Cabral e não inclui o aumento de 13,5% dos funcionários do Judiciário, estes podem ir também protestar. Neste caso, o presidente do Tribunal de Justiça, Murta Ribeiro, não precisa do governador para coisa alguma. O Judiciário é independente, tem no orçamento verba para o reajuste.
Ontem, à última hora, Sérgio Cabral mandou proposta que é uma provocação: dará 4%, imediatamente, ATÉ POSTERIOR DELIBERAÇÃO. Quer dizer: não mais 24% em 2 anos, e sim 4% sem saber até quando.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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