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quinta-feira, julho 07, 2022

Lindôra defende arquivamento de pedido de investigação sobre Bolsonaro e Queiroga




A vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo requereu ao Supremo Tribunal Federal o arquivamento de um pedido de investigação sobre suposta prevaricação do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Saúde Marcelo na inclusão de crianças entre cinco a onze anos no programa de imunização contra a covid-19. Segundo ela, não há ‘suporte mínimo de justa causa para deflagração da persecução penal’ contra o chefe do Executivo e seu ministro.

O parecer foi apresentado no âmbito de uma notícia-crime impetrada no Supremo pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) e o secretário de Educação do Rio de Janeiro, Renan Carneiro.

Em fevereiro, a PGR informou ao Supremo ter aberto uma notícia de fato - apuração preliminar interna - sobre os mesmos fatos narrados na notícia-crime. Agora, Lindôra disse ao Supremo que tal investigação foi arquivada e assim pede que a notícia-crime enviada à corte máxima tenha o mesmo destino.

O pedido de investigação contra Bolsonaro e Queiroga citava um encadeamento de eventos envolvendo a autorização do uso da vacina Comirnaty na campanha de imunização infantil no País como prova de inação do governo federal na mobilização para incluir as crianças no Programa Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid (PNO).

Entre os pontos elencados na notícia-crime estava o fato de o uso do imunizante na população entre cinco e onze anos ter sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária no dia 12 de dezembro, mas a vacinação só ter começado na segunda quinzena de janeiro, após resistência da pasta da Saúde.

No entanto, para a vice-PGR o período de 20 dias entre a data de aprovação da vacina pela Anvisa, até sua inclusão no PNO, no dia 5 de janeiro, está em ‘consonância com o tempo médio de aprovação mundial’. As primeiras doses pediátricas da vacina, no entanto, só foram distribuídas aos Estados no dia 17 de janeiro, como informou a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 à PGR.

Além disso, Lindôra reproduziu, no parecer enviado ao Supremo, trechos da decisão do Ministério Público Federal de arquivar a notícia de fato que tramitava no órgão para investigar a suposta prevaricação de Bolsonaro e Queiroga quanto à vacinação de crianças contra a covid-19.

Segundo a Procuradoria não há como responsabilizar o presidente e o ministro da Educação pela prática do crime de prevaricação em razão de suposto atraso na inclusão da imunização de crianças 5 e 11 anos uma vez que as ‘condutas praticadas não preenchem, nem sequer abstratamente, os elementos objetos, subjetivos e normativos’ do tipo penal.

"As condutas atribuídas aos representados, na órbita do Direito Penal, não se amoldam, portanto, ao crime de prevaricação. Para além do fato de a aferição do suposto atraso partir de uma análise puramente subjetiva", registra trecho do parecer reproduzido na petição encaminhada por Lindôra ao gabinete da ministra Rosa Weber.

Ainda de acordo com o MPF, ‘não é possível atestar que o decurso de prazo entre a manifestação pública da Anvisa e a efetiva implementação da vacinação infantil no âmbito do Plano Nacional de Operacionalização das Vacinas contra o Covid-19 tenha configurado conduta criminosa e deliberada dos noticiados, voltadas a prejudicar a Administração Pública e a satisfazer interesse ou sentimento pessoal’.

"Sem adentrar ao mérito sobre a razoabilidade ou não do prazo necessário a implementação da vacinação (como discutido alhures, análise político-administrativa), a complexidade para a tomada de decisão, bem como a necessidade de realização de inúmeros atos de caráter gerencial para a concretização da medida sanitária, afasta, em uma perspectiva criminal, a consumação do suposto delito de prevaricação, inexistindo provas de atuação indevida e para satisfação de interesses pessoais", diz o documento.

Estadão / Dinheiro Rural

Comandante diz que sistema do Exército de controle de armas funciona




O comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, assegurou, hoje (6), que o Exército tem total controle sobre o processo de autorização para que caçadores, atiradores desportivos e colecionadores (os chamados CACs) adquiram armamentos.

“O sistema de controle que o Exército efetivamente gerencia, o dos CACs, é muito bom. É um sistema que funciona”, afirmou Gomes durante audiência pública realizada pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

Após explicar que compete à Força regulamentar, autorizar e fiscalizar o registro, a posse e o porte de armas apenas dos caçadores, atiradores e colecionadores devidamente autorizados, o comandante lembrou que as demais pessoas, além das empresas de segurança, são administradas pelo sistema da Polícia Federal (PF).

“O Exército faz muito bem o controle [do seu sistema], mas no momento em que estes armamentos são desviados, roubados, o controle passa a ser policial. E posso afirmar que o nosso sistema tem ajudado muito as nossas polícias a mitigar esta questão”, acrescentou o general, afirmando que, desde 2019, a Força duplicou o número de militares trabalhando na área fiscalizatória.

“Do ponto de vista da responsabilidade do Exército, não há descontrole em relação aos CACs”, assegurou o comandante.

Na semana passada, o Instituto Sou da Paz divulgou um levantamento apontando que quase 3 mil armas em posse de caçadores, atiradores, colecionadores e também de clubes de tiro foram roubadas desde o início de 2018. Por meio da Lei de Acesso à Informação, a organização não governamental (ONG) requisitou ao Exército detalhes sobre as quase 900 mil armas de fogo atualmente registradas por CACs. O instituto afirma que, em resposta, o Exército informou não ter condições de detalhar aspectos como o tipo de armamento em posse dos CACs .

Hoje, durante a mesma audiência pública, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, defendeu o direito de não só os CACs, mas de outras pessoas adquirirem armas. “Minha opinião é de que todo cidadão tem direito à defesa pessoal, a defender sua propriedade, a sua casa. Não é qualquer um que chega na esquina e compra uma arma. Temos legislação rigorosa. Temos testes. Temos que comprovar a idoneidade, a qualificação para empunhar uma arma. Ultimamente, vemos um decréscimo muito grande dos índices de criminalidade com armas de fogo, mesmo com o aumento dos CACs. Então, não me parece muito perigoso armar gente de bem”, comentou o ministro, classificando como “políticas” as críticas ao aumento do número de armas nas mãos de civis.

Agência Brasil / Dinheiro Rural

Tribunal de Contas manda anular licitação de R$ 1 bilhão de loterias em São Paulo




O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo mandou anular nesta quarta-feira, 6, o edital de concorrência internacional da Secretaria de Orçamento e Gestão que previa a concessão da Loteria Social do Estado por até 20 anos. Em março, a conselheira Cristiana de Castro Moraes, relatora, suspendeu a licitação para um contrato de valor estimado de R$ 1.041.334.628,86.

O pleno seguiu entendimento de Cristiana, que viu 'necessidade de ampla revisão do estudo de viabilidade econômico-financeira' da concessão.

Segundo a conselheira, é preciso que seja elaborado 'documento que consolide, de forma completa e apropriada, as premissas e os dados da concessão, do qual poderá ser extraído projeto, devidamente embasado, para nortear a formulação das propostas'.

"Tendo em vista a amplitude das falhas observadas na concepção da concessão, inviável a continuidade do procedimento nos moldes desenhados pela Administração Estadual, o que impõe a determinação de desconstituição do certame, nos termos do artigo 49 da Lei Federal n.º 8.666/93", ponderou a conselheira em seu voto.

O edital para concessão da Loteria Social do Estado à iniciativa privada foi publicado no dia 25 de fevereiro, envolvendo a exploração das modalidades de apostas de quota fixa e de prognósticos específico, esportivo, numérico, instantânea e passiva (modelo em que o apostador adquire o bilhete já numerado).

A lei que viabilizou a criação de uma loteria estadual foi sancionada pelo governador João Doria em julho de 2021, após projeto da Secretaria da Casa Civil ser aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Estadão / Dinheiro Rural

A aposta de Bolsonaro para a eleição no campo




Governo acelerou entrega de títulos para fragilizar o MST

Por Fernando Exman (foto)

É recomendável acompanhar com atenção os possíveis efeitos das ações do governo Jair Bolsonaro direcionadas aos trabalhadores do campo. E sem preconceitos: o presidente tenta aos poucos, no discurso e na prática, reduzir o histórico antagonismo entre agronegócio e famílias assentadas.

Mas ainda é cedo para concluir se Bolsonaro colherá resultados políticos entre os pequenos produtores ligados aos movimentos sociais do campo. O segmento é tradicionalmente mais próximo dos partidos de esquerda. Assim como se sabe, desde a posse de Bolsonaro, que o agronegócio torce por sua reeleição.

Esta preferência é conhecida e não deve diminuir mesmo depois de o presidente escolher o general Walter Braga Netto para a vaga de vice, em detrimento da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina. Para os ruralistas, a deputada pelo PP do Mato Grosso do Sul pode ser muito mais útil no Senado ou retornando ao comando da pasta, em um eventual segundo mandato, do que ocupando um gabinete no anexo do Palácio do Planalto sem poder e vivendo sob a sombra da desconfiança do presidente.

Deve-se ter em conta a atual política de concessão de títulos de terras (provisórios e definitivos), a qual ganhou tração silenciosamente ao longo dos últimos anos. Ela abre, sim, um canal de diálogo de Bolsonaro com as famílias assentadas. Uma conexão até então considerada improvável, mas que se tornou uma das apostas do governo para a campanha à reeleição.

Excluindo uma recente reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, pouco se falou do assunto. E não é a primeira vez que se percebeu tarde demais o potencial eleitoral dos giros de Bolsonaro pelo Brasil. Isso ocorreu quando ele decidiu concorrer a presidente da República pela primeira vez.

Mas, é preciso reconhecer, vivia-se um outro contexto. O currículo do então deputado federal do baixo-clero gerava um sentimento ambíguo nas lideranças dos partidos pelos quais ele passou: com um público de direita cativo no Rio de Janeiro, Bolsonaro trazia para essas legendas votos e constrangimentos na mesma proporção.

Muitos consideram que foi em abril de 2015, durante a convenção nacional do PP, o momento em que o projeto nacional de Bolsonaro ganhou mais clareza.

Durante o evento, ele subiu à tribuna e pediu ao presidente da sigla que o deixasse sair do partido sem perder o mandato. “Foi um pedido verbal, mas oficial. A gente começa aí um processo de separação, que espero que seja amigável. Tenho um sonho para 2018 de disputar o cargo de senador ou presidente da República”, afirmou ao portal “G1” depois de discursar. “No partido onde estou, dificilmente serei candidato sequer para o Senado. O que sinto é que eles querem uma opção diferente para 2018.”

O destinatário da reivindicação era o senador Ciro Nogueira (PI), que, se tivesse batido o pé e rejeitado a demanda do então correligionário, teria criado problemas para Bolsonaro e, muito provavelmente, acabaria também alterando o seu próprio destino político. Hoje, Ciro Nogueira é o ministro da Casa Civil, poderosíssima pasta em qualquer governo. E integra a coordenação da campanha à do antigo colega de partido.

Outros sinais foram dados. Em novembro de 2016, Bolsonaro falou abertamente de seus planos ao prestar depoimento ao Conselho de Ética da Câmara - desta vez, como testemunha. O colegiado analisava o caso em que Jean Wyllys (Psol-RJ) foi acusado de quebrar o decoro por efetuar uma cusparada na face do adversário durante a sessão em que a Casa analisou o pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Bolsonaro declarou que seria candidato a presidente em 2018 de qualquer forma: “Gostem ou não gostem”. Disse, também, que buscaria o voto do eleitorado cristão e daqueles que gostariam de ter armas em casa para defesa da família. O roteiro estava dado, mas foi um erro dar mais atenção ao discurso ao que Bolsonaro fazia dentro e fora das redes sociais.

Enquanto acumulava polêmicas no Congresso, começou a circular pelo país e reproduzir imagens dessas visitas nas redes sociais. Viajou muito, apoiando-se na estrutura de seu gabinete na Câmara, até que começou a subir nas pesquisas de intenção de voto.

Hoje, coleciona outros tipos de polêmicas. E novamente, agora em relação à concessão de títulos de terra, talvez a oposição também tenha percebido tarde demais a estratégia em curso.

Em 2019, foram entregues 31.469 títulos, contra 109.112 em 2020 e mais 137.359 no ano passado. Recentemente, o chefe do Executivo disse que no acumulado foram tituladas cerca de 360 mil terras no total. Muito mais do que o realizado em governos anteriores, de acordo com dados oficiais.

Um ex-governador, aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diz acreditar que de fato a distribuição de títulos agrários possa melhorar a imagem de Bolsonaro no campo - mesmo que esta iniciativa esteja desacompanhada de outras políticas públicas direcionadas ao segmento. É inegável que ter a propriedade de terra muda a vida das famílias beneficiadas. Com a escritura dos lotes, pode-se ir atrás de financiamentos e fazer benfeitorias nas propriedades sem receio de perdê-las depois.

A estratégia do governo vai além. A ideia é, também, reduzir a influência de líderes locais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a ponto de minar a capacidade de mobilização da organização em âmbito nacional.

Bolsonaro tem dito que seu governo praticamente acabou com as ações do MST. No entanto, o Executivo trabalha com a informação de que existe o risco de aumento no número de invasões e ocupações até as eleições.

Lideranças da oposição rechaçam essa possibilidade, e ponderam que tal cenário só seria útil àqueles que querem justificar uma repressão violenta contra os movimentos sociais. Esta não é uma preocupação que parece se limitar ao meio político: no fim do mês passado, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou a proibição de despejos e desocupações até o fim das eleições.

Valor Econômico

Fachin rebate Bolsonaro e diz que ‘sociedade armada é oprimida’

 




O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, voltou a mandar recados duros ao presidente Jair Bolsonaro (PL) num evento realizado nos Estados Unidos em que defendeu a confiabilidade do processo eleitoral no País. Sem citar diretamente o atual ocupante do Palácio do Planalto, Fachin atacou a principal proposta veiculada pela campanha bolsonarista até o momento: ampliar o acesso ao porte de armas no Brasil, seguindo o modelo dos Estados Unidos. Para o ministro, porém, "sociedade armada é sociedade oprimida".

"A sociedade precisa armar-se do seu voto, consciência política, sentimento de justiça, coexistencialidade", disse. A declaração foi feita em palestra no instituto internacional Wilson Center, nos EUA. Fachin também não poupou nos recados aos comandantes das Forças Armadas. O presidente do TSE voltou a frisar que os militares devem atuar em defesa dos interesses do Estado. "Quando chamada à arena pública, (as Forças Armadas) são chamadas para defender as instituições e garantir segurança institucional, não o contrário", afirmou.

O TSE vem sendo questionado de forma recorrente pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e pelo alto comando das Forças Armadas. Em um ato inédito no processo eleitoral, Nogueira enviou ofício a Fachin para avisar que nomearia oficiais militares para fiscalizar as eleições. O ministro da Justiça, Anderson Torres, seguiu o colega de governo e prometeu indicar agentes da Polícia Federal (PF) para atuar junto ao tribunal.

Fachin ainda garantiu que deve pautar para agosto, último mês da sua gestão, um "número expressivo" de representações sobre moticiatas. Novamente sem fazer menção a Bolsonaro, o ministro disse os pedidos de julgamentos no TSE tratam da postura de "determinado candidato que realiza locomoção em veículo de duas rodas".

Diante das investidas do governo, Fachin frisou na palestra desta quarta-feira, 6, que "o Judiciário brasileiro não vai se vergar a quem quer que seja". "Cada uma das instituições brasileiras precisa cumprir o seu papel nos limites que a Constituição atribui", afirmou. "Instituições de estado respondem a interesses permanentes e duradouros de estado", completou.

Ao discursar, Fachin apresentou o receituário das ações que a Justiça Eleitoral deve adotar para garantir a lisura das eleições. O presidente do TSE frisou a importância de contar com o apoio do Congresso em caso de contestação do resultado da disputa em outubro, como vem ameaçando Bolsonaro.

Segundo o ministro, diante de um cenário de crise, os parlamentares deveriam deixar de lado as divergências ideológicas para defender o Judiciário e o sistema eletrônico de votação. "Se houver a dissolução de um dos poderes, o perigo poderá ir para o outro lado da rua", afirmou.

Fachin também disse ser importante que a população demonstre publicamente "seus anseios de viver numa sociedade democrática", caso a crise entre os Poderes se agrave. Outros atores convocados a manter a normalidade no País foram as forças de segurança estaduais e federais, que, segundo o ministro, devem proteger o Estado. O presidente do TSE também cobrou o apoio da comunidade internacional no reconhecimento do resultado das eleições.

Estadão / Dinheiro Rural

Congresso derruba vetos de Bolsonaro a fomento à cultura




Em sessão conjunta, deputados e senadores revertem vetos do presidente às leis Aldir Blanc 2 e Paulo Gustavo, que entrarão em vigor. Juntas, elas somam repasses iniciais de R$ 6,8 bilhões para o financiamento cultural.

O Congresso Nacional derrubou na noite desta terça-feira (05/07), em sessão conjunta entre deputados federais e senadores, os vetos do presidente Jair Bolsonaro às leis Aldir Blanc 2 e Paulo Gustavo, ambas criadas para o fomento à cultura no período pós-pandemia.

A votação foi possível graças a um acordo entre líderes partidários e o governo, e ocorreu após a pressão de atores e produtores culturais, que nos últimos dias participaram de audiências públicas sobre o tema no Congresso.

Com a derrubada dos vetos, os textos serão agora promulgados pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e serão transformados em leis, independentemente da vontade de Bolsonaro. Juntas, as duas propostas somam repasses iniciais de R$ 6,8 bilhões.

Na presença de artistas, empresários, produtores e secretários de Cultura, os deputados derrubaram o veto relativo à Lei Aldir Blanc 2 por 414 votos a 39, além de duas abstenções. Entre os senadores, o placar foi unânime: 69 a 0.

O veto de Bolsonaro à Lei Paulo Gustavo também foi derrubado por todos os 66 senadores que votaram. Já na Câmara, o placar foi de 356 votos a 36.

Era necessária a maioria absoluta dos votos para que a decisão do presidente fosse revertida, ou seja, 257 votos de deputados e 41 de senadores. O partido Novo foi o único a orientar contra a derrubada do veto presidencial.

As leis

A Lei Aldir Blanc 2 prevê o incentivo de R$ 3 bilhões por ano ao setor cultural. O dinheiro será repassado a estados e municípios para financiar 17 ações e atividades. Entre elas, exposições, festivais, festas populares, feiras e espetáculos, prêmios, cursos, concessão de bolsas de estudo e realização de intercâmbio cultural.

O dinheiro também poderá ser usado para aquisição de obras de arte, preservação, organização, digitalização do patrimônio cultural, construção ou reforma de museus, bibliotecas, centros culturais e teatros, aquisição de imóveis tombados para instalação de equipamentos culturais e manutenção de companhias e orquestras.

O nome é uma homenagem ao compositor Aldir Blanc Mendes, que morreu em maio de 2020, aos 73 anos, em decorrência da covid-19. A lei foi aprovada no Senado em março deste ano.

Já a Lei Paulo Gustavo tem caráter emergencial e autoriza o repasse de cerca de R$ 3,8 bilhões em recursos federais a estados e municípios para o fomento de atividades e produtos culturais, como forma de ajudar o setor cultural a se recuperar da crise causada pela pandemia.

Do total a ser liberado, R$ 2,797 bilhões devem ir para o setor de audiovisual. O restante (R$ 1,065 bilhão) será dividido entre outras atividades culturais.

O nome homenageia o ator e humorista Paulo Gustavo, que morreu em maio de 2021, aos 42 anos, também vítima da covid-19. A proposta, de autoria do senador Paulo Rocha (PT-PA), havia sido aprovada pelo Senado também em março.

"Nação nenhuma se desenvolve sem cultura"

Parlamentares presentes na votação frisaram a importância da arte e da cultura para o desenvolvimento da sociedade e para a economia brasileira, com a geração de empregos e o recolhimento de tributos, por exemplo, e acusaram o governo Bolsonaro de desprezar o setor.

"Tenho a noção exata, não apenas como cidadão e parlamentar, da importância da cultura e da arte para nosso país. A Lei Paulo Gustavo quer atender emergencialmente a demanda do setor cultural, que foi sem dúvida um dos mais atingidos na pandemia, um dos primeiros a parar e um dos últimos a retomar suas atividades", afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE).

"Cultura tem a ver com raciocínio crítico, com a forma de se manifestar de um povo. O país não aguenta mais essa discussão estéril e infrutífera, que prega que não podemos investir em cultura para beneficiar A ou B. Nação nenhuma se desenvolve sem valorizar a cultura. Destinar recursos a esse setor não é gasto, é investimento", disse, por sua vez, o senador Alexandre Silveira (PSD-MG).

Artistas como Vera Fischer, Letícia Spiller, Johnny Massaro e Babu Santana também estiveram em Brasília para pressionar pela derrubada dos vetos.

"Estamos aqui pelo reconhecimento de que, sem o compromisso político com o direito à cultura e à arte, o nosso povo está em risco", afirmou a atriz Vera Fischer na segunda-feira, em evento da Comissão de Cultura, citada pelo jornal Folha de S. Paulo.

Deutsche Welle

Comissão do Senado aprova projeto para prender por até 5 anos quem tatuar cães ou gatos




Punição valeria também para quem colocar piercing nesses animais. Projeto ainda precisa ser analisado pelo plenário do Senado.

Por Marcela Mattos

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado deu aval nesta quarta-feira (6) a um projeto de lei que proíbe a realização de tatuagens e a colocação de piercings em cães e gatos.

A proposta altera a Lei de Crimes Ambientais de modo a vedar esses procedimentos nos animais com objetivos estéticos.

O texto prevê uma reclusão de dois a cinco anos tanto para quem incorre em tais práticas quanto para quem permite a intervenção nos animais – a punição pode ser aumenta em até um terço se ocorrer a morte do animal. Além disso, ainda determina o pagamento de multa e a proibição da guarda.

O projeto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados. No Senado, passou pela Comissão de Meio Ambiente (CMA) e agora, após o aval da CCJ, vai ser analisado pelo plenário.

Autor do projeto, o deputado Fred Costa (Patriota-MG) afirmou que, além do sofrimento causado, “os animais tatuados são expostos a diversas outras complicações, como reações alérgicas à tinta e ao material utilizado no procedimento, infecções, cicatrizes, queimaduras e irritações crônicas”.

Na CCJ, o relator da proposta, senador Alexandre Silveira (PSD-MG), afirmou que a medida é oportuna para “inibir essa prática, certamente dolorosa, que se constitui em espécie de maus-tratos a animais”.

G1

A cena política vista da economia




Por Alvaro Gribel (foto)

A menos de três meses do primeiro turno das eleições, o alto escalão da campanha de Bolsonaro vive um momento de desânimo e enfrenta dificuldades para conseguir doações. Lula, por sua vez, mantém as incertezas sobre o seu programa econômico, mas os encontros ao lado de Geraldo Alckmin têm diminuído resistências da elite ao seu nome. Já há quem sonhe com o próprio Alckmin no Ministério da Economia, acumulando a função de vice. Esse é o resumo de conversas que tenho tido com investidores com acesso à cúpula das duas principais candidaturas.

Alckmin virou a nova aposta da Faria Lima para comandar a economia, embora seja difícil que o PT o aceite, pela sua formação liberal. Pessoas próximas ao presidente Lula dizem que nada está decidido. Nos encontros com empresários, Lula diz que nunca descumpriu contratos e manteve o superávit primário enquanto foi presidente. Alckmin assume a defesa mais enfática do equilíbrio fiscal e chega a dizer que os governos FHC e Lula foram de continuidade. Isso tem sido suficiente para melhorar a relação com investidores e alguns falam na volta do “Lulinha paz e amor”, por causa do clima de cordialidade dessas últimas conversas. As críticas em público aos banqueiros feitas pelo ex-presidente não têm causado desconforto, porque são vistas como parte do jogo eleitoral.

Bolsonaro continua tendo a preferência da elite, mas a PEC 01/22 esfriou a relação. As medidas foram vistas como eleitoreiras, principalmente a decretação do estado de emergência, que poderá abrir um precedente perigoso para as próximas campanhas presidenciais. A estagnação nas pesquisas em torno de 30%, os constantes escândalos envolvendo o governo — como a prisão do ex-ministro da Educação e a demissão do presidente da Caixa por assédio sexual — estão se refletindo nas doações. Se no encontro com o grupo Prerrogativas Lula teria arrecadado R$ 4,3 milhões, Bolsonaro teria recebido R$ 400 mil em jantar com o agronegócio.

O risco de faltar recursos para Bolsonaro é concreto, segundo uma fonte. O PL, seu partido, tem cerca de R$ 276 milhões de fundo eleitoral, mas a prioridade é manter as 78 cadeiras que garantam à legenda a maior bancada da Câmara. Só isso pode consumir R$ 156 milhões do fundo, sem contar os gastos para o Senado e a aposta em aumentar o número de governadores. A escolha de Braga Netto como vice não foi bem recebida, e a falta de habilidade de Michelle Bolsonaro, para se aproximar do eleitorado feminino, não tem agradado.

De várias fontes, ouvi que a vitória de Lula é o cenário “precificado”, ou seja, que não causaria surpresas. A preocupação é se o candidato irá adotar o caminho pragmático na economia, que poderia derrubar o dólar e atrair investimentos, ou se irá seguir a ala tradicional do PT, que aproximaria o Brasil da tragédia argentina.

Ajuda, mas não vira

Pelas contas da XP Investimentos, o ganho para Bolsonaro com a PEC eleitoral será bastante limitado: “A desvantagem nas pesquisas, segundo nosso agregador, é de 12 pontos. Isso vai diminuir muito? Nossas estimativas dizem que não. A ordem de magnitude fica entre 1 a 3 pontos, e não entre 5 e 10, algo que mudaria o jogo”, afirmou Vitor Scalet, estrategista macro e analista político da XP. Além do público menor, se comparado ao Auxílio Emergencial, a XP tem feito pesquisas qualitativas que mostram reclamações pelo fato de o aumento de R$ 200 ser temporário. Ainda assim, um pequeno ganho em intenções de voto poderia evitar uma vitória de Lula no primeiro turno.

Alívio temporário?

Desde o início da guerra da Ucrânia, é a quarta vez em que o barril do petróleo do tipo brent volta a se aproximar dos US$ 100, como mostra o gráfico. O motivo, agora, é o receio de uma recessão mundial, que derrubou o preço de várias commodities. Para o governo, a queda é um alívio, porque diminui o risco de novos reajustes dos combustíveis. Por outro lado, o mundo em recessão nunca é boa notícia para um país que precisa acelerar o crescimento.

O Globo

Após a inflação, recessão




O trabalho nos EUA segue robusto; uma criação menor de emprego vai gerar tensão

Por Fábio Alves (foto)

Depois que os índices de inflação ao redor do mundo dominaram o humor dos investidores no primeiro semestre deste ano, levando, por exemplo, as Bolsas de Valores nos EUA a registrar o pior desempenho para a primeira metade do ano desde 1970, os indicadores de atividade econômica devem passar a ser agora o principal motor dos preços dos ativos neste segundo semestre.

O temor é de que, diante da disparada da inflação que levou a um aperto monetário mais agressivo pelos principais bancos centrais, a economia mundial entre em recessão nos próximos 12 meses. Esse medo é cada vez maior nos EUA, onde o Federal Reserve (Fed) projeta que a taxa básica de juros, que começou o ano ao redor de zero, deve encerrar a 3,4% no fim de 2022.

O presidente do Fed, Jerome Powell, já admitiu que a recessão nos EUA é uma possibilidade, mas diz que o maior risco é de a inflação americana ficar persistentemente elevada. Ou seja, enquanto a inflação estiver distante da meta do Fed, de 2%, a prioridade será combater a escalada nos preços, mesmo que, para tanto, o BC americano cause uma contração na economia do país.

Na semana que vem, será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) dos EUA para junho. Os investidores esperam que esse índice mostre que a inflação americana já atingiu o pico. Mas essa era a expectativa para maio, quando o CPI surpreendeu a todos e registrou uma alta anual de 8,6%, a maior desde dezembro de 1981.

Já a medida de inflação preferida do Fed, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), divulgado na semana passada, registrou alta anual de 6,3% em maio, mesmo patamar de abril.

Ou seja, se a inflação der sinais de que o pico ficou para trás, mesmo que a sua desaceleração seja mais lenta do que o Fed gostaria, o mercado passará a se concentrar nos indicadores de atividade. Aliás, muitos ativos, como as Bolsas de Valores, já estão refletindo o nervosismo crescente com o risco de recessão.

O preço do cobre, que é visto como um termômetro do crescimento da economia mundial, por ser usado desde a construção civil até a fabricação de bens, como automóveis, caiu para US$ 8.048 por tonelada na sexta-feira passada, o menor nível em 17 meses e quase 25% abaixo da cotação mais alta deste ano.

Um dos focos dos investidores será nos dados do mercado de trabalho americano, que ainda segue robusto. Uma criação menor de empregos vai gerar tensão. E, se os gastos dos consumidores começarem a ceder diante da inflação e juros mais altos, o humor vai azedar de vez. 

O Estado de São Paulo

Os inimigos da razão - Editorial




Infame homenagem da Biblioteca Nacional ao deputado Daniel Silveira, notório por seu analfabetismo cívico, é a mais recente ofensiva da guerra bolsonarista à inteligência

A entrega da medalha da Ordem do Mérito do Livro, pela Biblioteca Nacional, ao deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ), no último dia 1.º de julho, ultrapassou todos os limites do deboche. O que poderia ser entendido como mais uma demonstração da corriqueira irreverência do governo do presidente Jair Bolsonaro em relação à cultura e às instituições, é na verdade bem mais que isso: a condecoração de Silveira com uma das mais altas honrarias culturais do País reveste-se de perigoso simbolismo que nada tem de banal. 

Desde a posse do presidente, em 1.º de janeiro de 2019, o grupo que chegou ao poder já deu sucessivas demonstrações de que trava uma guerra contra a razão. Não que haja surpresa nisso: governos com tendências autoritárias costumam se contrapor à racionalidade e ao pensamento livre. Cultuam uma espécie de anti-intelectualismo que vê as artes, o uso da inteligência e qualquer espécie de crítica como ameaças, avessos que são ao contraditório e ao exercício da liberdade, exceto a própria.

Sob Bolsonaro, a área da cultura virou vitrine de batalhas ideológicas em que o imperativo parece ser o de desfazer boa parte do que o País levou décadas para construir − e que contribuiu para a pujança, a criatividade e a diversidade da cultura nacional. Nos últimos três anos e meio, a sociedade brasileira, boquiaberta, já viu de tudo: até discurso inspirado em Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Adolf Hitler na Alemanha nazista, proferido pelo então secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, em 2020. Enquanto isso, artistas consagrados eram tratados com desrespeito e a Lei Rouanet, mecanismo concebido para fomentar o desenvolvimento cultural, demonizada.

É nesse contexto de ataque à cultura que a condecoração do deputado Silveira causa redobrada indignação. Como se sabe, o parlamentar bolsonarista foi condenado em abril a 8 anos e 9 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após ter defendido o fechamento da Corte e incitado agressões a ministros. Silveira só deixou de cumprir a pena graças a um inusitado indulto concedido pelo presidente Jair Bolsonaro no dia seguinte ao julgamento − indulto esse que, cabe lembrar, não o inocenta das graves acusações que levaram à sua condenação. 

Pior: o parlamentar ganhou notoriedade bem antes dos ataques ao STF. Na campanha eleitoral de 2018, ele saiu do anonimato para a ribalta bolsonarista ao quebrar uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada a tiros na cidade do Rio de Janeiro meses antes. 

A Ordem do Mérito do Livro foi entregue na sede da Biblioteca Nacional, uma prestigiada instituição cuja origem é anterior à Independência do Brasil. A distinção, é bom lembrar, reconhece a contribuição de escritores, intelectuais e personalidades à literatura brasileira e à própria Biblioteca Nacional. Tal homenagem já foi concedida a nomes como o poeta Carlos Drummond de Andrade, o sociólogo Gilberto Freyre e o arquiteto Oscar Niemeyer. Por uma infeliz coincidência, Silveira, um orgulhoso analfabeto cívico, foi condecorado no ano do Bicentenário da Independência do Brasil.

Por óbvio, houve reações. O escritor e poeta Marco Lucchesi, que também seria contemplado, recusou-se a receber a honraria. “Se eu aceitasse a medalha seria referendar Bolsonaro”, disse Lucchesi. E completou: “Agradeço, mas não posso aceitar”. Na mesma linha, os netos de Drummond, Pedro e Maurício Drummond, divulgaram carta classificando como “verdadeiro deboche” o reconhecimento conferido a Silveira. Ambos afirmaram que, na época em que o avô ganhou a medalha, as autoridades “não nos envergonhavam e não nos apequenavam como nação”.

Essas críticas, ao contrário de constranger Bolsonaro e seus fanáticos seguidores, provavelmente serão recebidas como elogios por essa horda bárbara que tomou o poder. Afinal, ao bolsonarismo interessa representar o exato oposto da civilização e da razão. Não por acaso, o presidente, em recente live nas redes sociais, disse que, se o petista Lula da Silva vencer a eleição, “clube de tiro vai virar biblioteca”. Que perigo!

O Estado de São Paulo

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