Paulo Roberto Netto e Rafael Moraes Moura
Estadão
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A ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber negou recurso da senadora Juíza Selma, a ‘Moro de Saias’, que teve o mandato cassado em dezembro pela prática de caixa 2 e abuso de campanha nas eleições em 2018.
A parlamentar pedia liminar para obrigar o Senado a editar uma resolução para disciplinar o processo de perda de mandato, alegando que um ato genérico poderia impedir a ampla defesa.
NOTIFICAÇÃO – O processo de afastamento de Juíza Selma será conduzido pela Mesa Diretora do Senado, que abriu rito após notificação da Justiça Eleitoral.
A parlamentar foi notificada para apresentar sua defesa e o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), segundo-secretário do colegiado e líder do governo no Congresso, é o relator do processo. Após a manifestação da senadora e do relator, a Mesa Diretora terá outros cinco dias úteis para se reunir novamente e tomar uma decisão final.
RESPALDO – Ao negar recurso, Rosa Weber afirmou que o procedimento de perda de mandato já encontra respaldo no regimento interno do Senado, descartando a necessidade de uma resolução específica ‘para cada situação pormenorizada’.
“Ao invés, expressamente veicula a possibilidade de aproveitamento de disciplinas semelhantes, em face de casos novos, por meio do instituto da analogia”, explicou.
DISCIPLINA – A ministra do Supremo pontuou que qualquer decisão judicial neste aspecto poderia afastar a disciplina adotada pelo Senado, substituindo interpretação regimental do Legislativo e até ‘subtrair’ autonomia da Casa.
“Na ausência de um parâmetro constitucional específico a respeito da questão da legalidade, o avanço no exame de mérito da presente impetração tornaria passíveis de exame pelo Poder Judiciário, por extensão, quaisquer decisões internas do Legislativo em matéria regimental, subtraindo deste Poder a sua autonomia”, disse.
ELEIÇÕES – Cassada em dezembro por caixa dois nas campanhas de 2018, a Juíza Selma mantém direito a imóvel funcional, cota parlamentar e um salário mensal de R$ 33,7 mil até maio deste ano, visto que a Mesa Diretora ainda não declarou a vacância do cargo.
Para a cadeira da ‘Moro de Saias’, novas eleições foram convocadas para este mês no Mato Grosso. No entanto, devido à crise do coronavírus, o pleito foi adiado até nova definição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).