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quinta-feira, novembro 04, 2010

Desabafo de um paulista


Como estudante do curso de direito, na FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas, e por coincidência estar na mesma sala da Mayara Petruso, não posso deixar de manifestar a minha indignação com as declarações de cunho preconceituoso [de alguns sudelistas e sulistas em relação a nordestinos e nortistas e vice e versa] que vem gradativamente aumentando em portais de relacionamento e em blogs e divulgadas pela mídia brasileira.


A meu ver, as frases postadas pela Mayara Petruso em seu twitter e facebook demonstram como uma parte [necessário ressaltar ser uma absurda minoria] da população da região sudeste/sul tem uma visão deturpada da realidade de nosso país e de nossa magnífica diversidade cultural.


Vejo a necessidade aqui de destacar como as populações de diversas partes do país sempre colaboraram para o desenvolvimento e construção de nosso Estado, em principal a população nordestina, além de estrangeiros, sendo estes sempre bem recebidos em nossa grandiosa São Paulo, que tem sua grandiosidade atrelada, principalmente a sua diversidade étnico/cultural encontrada somente aqui.


Hoje, ao ver a declaração da Sra. Fabiana Pereira, intitulada de articuladora do Movimento São Paulo para os Paulistas fiquei absurdamente perturbado ao saber que existe um movimento deste em meu Estado, É UM ABSURDO. Lembrei no mesmo momento das aulas de história da 7º série, onde o tema de meu trabalho para feira cultural fora Hitler, que nitidamente compartilhava idéias como a desta cidadã.


Percebe-se de longe o total desconhecimento da história de nosso país, quando esta divide a grandiosidade cultural brasileira em somente 2 culturas, como uma assistencialista/populista e outra intelectual/elitista. Confesso que sinto medo de comentários como este.


Como brasileiro e amante da diversidade cultural de nosso país vejo a necessidade de todos nós não deixarmos que comentários de cunho preconceituosos continuem a ser proliferados.


O Brasil é um país que tem história principalmente pela relevância e tolerância da população, onde até mesmo os judeus e muçulmanos convivem pacificamente em nossa sociedade, não podemos deixar que declarações inconseqüentes gerem ódio em nosso país.


A democracia é para todos, não somente para determinado Estado da Federação, cada um escolhe o que acha ser o melhor para si [Deixo de destacar a minha opinião política por achar irrelevante para o assunto].


Peço a todos que encaminhem esta mensagem ao maior número de pessoas que puder, se possível disponibilizem em seus blogs, O BRASIL PODE MAIS, TODOS JUNTOS PARA O FUTURO DE NOSSA NAÇÃO.


São Paulo, 04 de novembro de 2010.

Luís Gustavo Timossi
Fonte: Terror do Nordeste

TCM Notícias] - Prefeito de Jeremoabo tem que devolver R$ 3 mil aos cofres municipais

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3/11/2010 16:12:00 - Prefeito de Jeremoabo tem que devolver R$ 3 mil aos cofres municipais

Em sessão realizada nesta quarta-feira (03/11), o Tribunal de Contas dos Municípios aprovou com ressalvas as contas da Prefeitura de Jeremoabo, da responsabilidade de João Batista Melo de Carvalho, relativas ao exercício de 2009.

Devido às irregularidades apontadas no parecer, a relatoria determinou imputação de ressarcimento no valor de R$ 3.086 devidamente atualizado e acrescido de juros moratórios, devendo ser recolhido aos cofres públicos no prazo de trinta dias do seu trânsito em julgado. Cabe recurso da decisão.

O gestor efetuou pagamento em duplicidade de despesa no valor de R$1.500 e divergência para menos, no importe de R$1.586, entre o somatório da despesa representada pelos processos de pagamento encaminhados à 8ª IRCE e o montante contabilizado tanto no Demonstrativo da Despesa Orçamentária quanto no Demonstrativo das Contas do Razão.

Foi determinado também que o gestor apresente ao TCM, no prazo de sessenta dias, as medidas adotadas para devolução às contas correntes específicas do Fundeb e do Fundef, com recursos municipais. Os valores, correspondentes às despesas glosadas nos exercícios pretéritos, não são compatíveis com as ações desses fundos, nas quantias respectivas de R$ 95.733 e R$ 878.429, totalizando R$ 974.162, lavrando termo de ocorrência em caso de descumprimento.

Íntegra do voto do relator. (O voto ficará disponível no portal após conferência).


Fonte: www.tcm.ba.gov.br

Deputados eleitos gastaram R$ 9,72 por voto

Folha de S.Paulo

Os 513 deputados federais eleitos gastaram uma média de R$ 9,72 por voto para se eleger. No total, os parlamentares desembolsaram R$ 567 milhões na campanha. O custo do voto na Câmara foi três vezes e meia o valor do voto para o Senado (R$ 2,15).

A campeã em gastos foi a deputada eleita Teresa Jucá (PMDB-RR), ex-mulher do senador Romero Jucá (PMDB-RR): foram R$ 7,2 milhões. O montante representa uma vez e meia o valor gasto pelo segundo colocado, Sandro Mabel (PR-GO), que desembolsou R$ 4,8 milhões. Cada voto conferido à deputada custou, em média, R$ 248,83.

Campeão nacional de votos, o deputado federal eleito Tiririca (PR-SP) teve um dos menores gastos. Cada um dos 1.353.820 votos do humorista custou R$ 0,50, segundo a prestação de contas divulgada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Os senadores eleitos gastaram em média R$ 4,3 milhões na campanha deste ano, a um custo médio de R$ 2,15 por voto conquistado.

Foram ao todo R$ 223 milhões entre 52 candidatos (os dados de dois senadores ainda não foram computados). O senador eleito que mais gastou foi Lindberg Farias (PT-RJ): sua campanha consumiu R$ 14,6 milhões.

Fonte: Agora

Fotos do dia

Jimena Navarrete posa de lingerie Modelos ensaiam na pista de Interlagos para o grid de largada do GP Brasil de Fórmula 1 Gianne Albertoni rouba a cena em evento com Felipe Massa, Bruno Senna e Lucas di Grassi
Placa informa que escada rolante está em manutenção na estação Chácara Klabin Funcionários da concessionária retiram parte de passarela na Raposo Tavares após acidente Ronaldinho domina a bola em lance do empate entre Milan e Real Madrid

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Nos jornais: Dilma quer mudar cálculo de aumento do mínimo

Folha de S. Paulo

Dilma quer mudar cálculo de aumento do mínimo

A presidente eleita Dilma Rousseff quer aprovar uma nova regra de reajuste do salário mínimo. Sua equipe de transição vai negociar com as centrais sindicais, em conjunto com o governo Lula, um novo mecanismo para começar a valer já em 2011. A ideia é acertar um novo modelo para evitar o que, pela regra atual, aconteceria no ano que vem: o mínimo não teria reajuste real, sendo corrigido apenas pela inflação. Um auxiliar do presidente Lula disse à Folha, porém, que ele não deixará o governo com "zero de aumento real". Ontem, em entrevista à Band, Dilma também afirmou que apoiará um reajuste real do mínimo, não seguindo a regra atual. "Como no ano passado o crescimento [do PIB] foi zero, nós vamos discutir com as centrais um aumento maior que esse", disse Dilma, acrescentando que a intenção é manter regra semelhante à que está em vigor. O reajuste do mínimo foi uma das principais bandeiras de campanha de José Serra (PSDB), que prometeu elevar o salário mínimo dos atuais R$ 510 para R$ 600, bem acima dos R$ 538,15 definidos pelo governo na proposta de Orçamento enviada ao Congresso em agosto.

Oposição coloca reajuste de R$ 600 como prioridade

Principal bandeira da campanha de José Serra (PSDB), o aumento do salário mínimo de R$ 510 para R$ 600 vai ser uma das prioridades da oposição no Congresso até o final do ano. Cientes de que será barrado pelos governistas, DEM e PSDB querem desgastar a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) ao insistir no reajuste -para o qual não há espaço nas contas em 2011. A oposição afirma que o reajuste se tornou uma "obrigação" depois das eleições. "Cabe à oposição defender a tese por uma questão de coerência e, sobretudo, porque o partido e o candidato defenderam que esse mínimo é possível", afirma o vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).

Demagogia implode política para o mínimo

A exploração demagógica suprapartidária de taxas e valores ameaça implodir a primeira política de valorização do salário mínimo desde o Plano Real, sem que tenha sido demonstrada a necessidade de uma alternativa. Data de dezembro de 2006 o acordo com as centrais sindicais que definiu reajustes conforme o crescimento da economia de dois anos antes. Naquele momento, o presidente Lula abandonava a inviável promessa eleitoral de duplicar o poder de compra do piso salarial. Já descumprida no primeiro mandato, tal meta levaria, pela nova regra, mais uns dez anos para ser atingida -com a economia andando bem. A vinculação entre o mínimo e a variação do PIB combina dois objetivos: pelo lado trabalhista, quem recebe o piso legal mantém sua participação na renda do país; no Orçamento, os benefícios da Previdência, da assistência social e do seguro-desemprego não aumentam mais que a arrecadação de impostos.

Cardozo atua para conciliar PT e PMDB

Um dos coordenadores da equipe de transição da presidente eleita Dilma Rousseff, o deputado federal José Eduardo Cardozo, 51, assumiu o papel de buscar uma conciliação entre PT e PMDB. Ele evita dizer se a presidência da Câmara, alvo de disputa entre os dois partidos, pode ser colocada no pacote de negociação de espaço no futuro governo, para evitar disputa aberta. Deputado federal com dois mandatos, Cardozo não se candidatou à reeleição. Alçado à coordenação de campanha graças à proximidade que sempre teve com Dilma, hoje é cotado para o Ministério da Justiça. "Não tenho ideia do que acontecerá comigo", desconversa.

Quanto mais pobre a cidade, maior a proporção de nulos

Há mais que protesto por trás dos votos nulos. A análise detalhada da votação sugere que uma parte significativa do eleitorado que anulou o voto gostaria de ter escolhido um candidato, mas errou diante da urna eletrônica. A maior evidência é a correlação que existe entre voto nulo e IDH (índice de desenvolvimento humano). Uma correlação entre dois fatores não implica relação de causa e efeito entre um e outro. O que uma correlação mostra é que, quando um dos fatores tem uma variação, o outro também a tem. No primeiro turno, a tendência foi clara: quanto menor o IDH (municípios mais pobres e com escolaridade mais baixa), maior o percentual de votos nulos. No segundo turno, quase não existe correlação entre IDH e voto nulo.

Indústria de armas deu R$ 1,5 milhão a candidatos, diz TSE

Fabricantes de armas e munições declararam à Justiça Eleitoral ter doado R$ 1,55 milhão a candidatos que disputaram o primeiro turno. O dinheiro financiou congressistas da chamada bancada da bala, que liderou o lobby contra a tentativa de proibir a venda de armas por referendo, em 2005. As empresas mostraram ter boa pontaria: os três políticos que mais receberam recursos foram reeleitos. Ex-líder do DEM, o deputado Onyx Lorenzoni (RS) foi quem declarou a maior contribuição: R$ 250 mil, divididos entre a Taurus e a Aniam (Associação Nacional de Armas e Munições), que reúne Taurus e CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos). "Minha relação com o setor é antiga. Sobrevivi a uma tentativa de assalto e estou vivo porque tinha treinamento e arma na cintura", disse. "São doações às claras." Lorenzoni já apresentou quatro projetos de lei que atendem interesses da indústria bélica. Um deles, em tramitação, isenta vigilantes de taxa pelo porte de armas.

Guerra quer antecipar escolha de candidato

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso incitou discussão no PSDB ao defender a escolha de seu futuro candidato à Presidência dois anos antes da eleição. Em uma crítica velada ao candidato derrotado José Serra, FHC disse, em entrevista à Folha, que não "se pode ficar enrolando até o final". A entrevista desagradou aliados de Serra, que só assumiu oficialmente a candidatura em março. FHC reconheceu ainda que o senador eleito Aécio Neves (MG) saiu fortalecido das eleições. Mas não existe candidato natural. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, chamou de sensata a proposta de FHC. "Na minha opinião, devemos ir para a eleição municipal já com candidato à Presidência", diz. O líder do PSDB na Câmara, João Almeida (BA), concorda.

Dilma estuda nome técnico para ocupar chefia da Casa Civil

A presidente eleita Dilma Rousseff revelou, em privado, que prefere acomodar na Casa Civil um nome técnico em vez de um político. A opção preferida de Dilma é uma mulher: Maria das Graças Silva Foster, conhecida apenas como Graça Foster. Por indicação de Dilma, a quem é ligada desde que ambas atuavam no setor elétrico no Rio Grande do Sul, Graça Foster ocupa a diretoria de Gás e Energia da Petrobras. Foster tem perfil assemelhado ao da própria Dilma. Construiu fama de gerente eficaz e durona. Fixa metas e cobra resultados. Por conta do rigor no trato com os subordinados, ganhou na Petrobras o apelido de "Caveirão" -uma referência ao veículo blindado do Bope, tropa de elite da PM do Rio.

O Globo

PMDB desafia PT e diz que não cederá 'um milímetro'

Principal parceiro da eleição de Dilma Rousseff, o PMDB começou a negociar oficialmente ontem à noite cargos que pretende ter a partir de janeiro, exigindo manter os atuais ministérios, mas aceitando levar menos, desde que no modelo chamado porteira fechada. O vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), presidente do PMDB, e o presidente do PT, José Eduardo Dutra, discutiram o assunto em jantar ontem. O modelo já é debatido entre Dilma e a equipe de transição. Há a visão de que, assim, será possível contentar os partidos com menos ministérios. Em entrevistas para TVs, Dilma disse ontem não crer em disputa entre aliados por cargos. No governo Lula, o PMDB teve sete cargos no primeiro escalão: seis ministérios e a presidência do Banco Central, mas com pouco poder na estrutura das pastas. Agora quer mais. É entusiasta da verticalização que, na prática, permite ao partido indicar não só o ministro, mas todos os cargos da pasta, inclusive as estatais.

- O PMDB não terá a ousadia de avançar um milímetro em seus direitos. Mas também não vai recuar um milímetro em seus deveres. Queremos ter o tamanho que hoje temos. Não vamos disputar cargos de outros partidos. Será uma conversa pragmática disse o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN) sobre o jantar entre Temer e Dutra.

Dilma: discutir reeleição agora é "botar carroça na frente dos bois"

A presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), não descartou ontem a possibilidade de ser candidata à reeleição em 2014, mas disse que não quer discutir o assunto agora, mesmo com as notícias de que o presidente Lula planeja ser candidato em 2014. Em entrevista à TV Bandeirantes, ontem à noite, Dilma disse que, embora a praxe no país seja o presidente tentar um segundo mandato, ela não vai iniciar essa discussão antes mesmo de tomar posse. A praxe é essa. Agora, sou mineira e prudente. Acho que essa é a praxe, hoje o presidente eleito tem direito à reeleição. Agora, sem tomar posse, começar a discutir 2014, como vai ser, não dá, né? Acho que é botar não só a carroça na frente dos bois. É botar a carroça, os carros e os caminhões. Não é cabível isso disse Dilma.

Batalha também na Câmara

Além de exigir uma cota representativa do partido no Ministério, o PMDB alertou os colaboradores da presidente eleita Dilma Rousseff que um dos problemas a ser resolvido na relação entre as duas legendas é o comando da Câmara. Outro incômodo para o PMDB dentro da aliança é a luta do PSB por mais poder algo que já aconteceu na campanha com o deputado Ciro Gomes (PSBCE), nomeado coordenador político apesar de suas críticas pesadas ao partido do vice Michel Temer (PMDB-SP). O temor é que o PSB se articule com PDT e PCdoB para formar um bloco político na Câmara novamente, mas, desta vez, com capacidade de medir forças com o PMDB, dificultando a negociação direta entre petistas e peemedebistas pelo comando da Casa.

Presidente eleita defende reajuste real para o salário mínimo em 2011

As discussões sobre o Orçamento da União para 2011 e, em especial, sobre o novo valor do salário mínimo, serão retomadas hoje pelo Congresso e já preocupam a área econômica do governo e a equipe de transição da presidente eleita, Dilma Rousseff. Em entrevista ontem à noite, na TV Bandeirantes, Dilma evitou falar em valores, mas admitiu que será negociado entre governo e centrais sindicais um aumento real para o mínimo que vai vigorar a partir de janeiro. Ou seja, um valor acima da inflação, que eleva o atual mínimo de R$ 510 para R$ 538,15. As centrais defendem R$ 575. Este ano (para 2011), a inflação seria o único aumento, mas o governo Lula vai discutir com as centrais um aumento maior que esse disse Dilma, defendendo a atual política de reajuste do mínimo, que aplica a inflação mais a variação do PIB de dois anos anteriores.

Dilma avalia criação de metas para gastos

O governo de Dilma Rousseff poderá implementar metas para os gastos correntes e os investimentos a serem realizados pela União anualmente, a partir de 2011. Seriam fixados tetos compatíveis com a continuidade da queda da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), que é o objetivo da política de superávits primários e o principal indicador de solvência financeira do país. A medida visa elevar a transparência nas contas federais e permitir um controle das despesas, tendo como parâmetro a qualidade dos desembolsos. O efeito esperado é passar a ideia de responsabilidade fiscal e dar tranquilidade aos agentes econômicos. Há várias formas de estas metas serem implementadas. Uma seria definir quanto será gasto relativamente ao PIB. Por exemplo, quanto do Orçamento poderia ser gasto, no máximo, com o programa Minha Casa, Minha Vida e transformar este valor em um percentual do PIB. Outra forma seria definir o crescimento máximo de determinada despesa ou projeto no período.

Objetivo é comprovar se despesa pública tem qualidade e retorno

A equipe próxima a Dilma Rousseff considera importante o governo comprovar que seus gastos são de boa qualidade e têm retorno. Por exemplo, a ampliação de gastos em treinamento de mão de obra, um dos principais gargalos ao crescimento, seria paga no futuro com o aumento da competitividade das empresas. O mesmo valeria para gastos com servidores, que podem melhorar a gestão da máquina pública. Tem que existir uma meta fiscal global, mas também metas para gastos e investimentos. Se for preciso, até se abate da meta tudo o que se tem que abater e explica-se (à sociedade). Mas o importante é deixar muito claro os objetivos do governo disse um integrante da equipe de transição. Esta meta fiscal global poderia ser a que já está fixada, de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Professor se demite em protesto contra sigilo

O Centro de Referências das Lutas Políticas no Brasil (ou projeto Memórias Reveladas), criado pelo governo federal para reunir e divulgar os documentos secretos do regime militar, está desfalcado desde ontem. Em carta entregue ao coordenadorgeral da entidade, Jaime Antunes da Silva, o historiador Carlos Fico, da UFRJ, anunciou a sua renúncia. A decisão, segundo ele, foi tomada depois que o Arquivo Nacional passou a negar aos pesquisadores acesso aos acervos da ditadura sob a alegação de que jornalistas estariam fazendo uso indevido da documentação, buscando dados de candidatos envolvidos na campanha eleitoral.

Empreiteiras de novo no topo de doadores

Mais uma vez, as empreiteiras se destacaram no universo de doadores privados nas eleições deste ano. Só a construtora Camargo Corrêa, que apoia candidaturas em praticamente todo o país, doou R$ 9,2 milhões para sete governadores eleitos no primeiro turno. No total, até agora, a construtora aparece no TSE como doadora de R$ 31,6 milhões para candidatos de todo o país, vencedores ou derrotados. Até ontem à noite, 13,4 mil prestações finais de contas foram divulgadas pela Justiça Eleitoral, 55,4% do volume total. A soma da arrecadação das campanhas de 13 entre os 18 governadores eleitos em primeiro turno alcançou R$ 264,4 milhões. As duas candidaturas tucanas vencedoras nos maiores colégios eleitorais do país São Paulo e Minas Gerais foram as campeãs em arrecadação. Em São Paulo, Geraldo Alckmin levantou R$ 40,7 milhões, enquanto Antonio Anastasia obteve R$ 38,02 milhões para vencer em Minas.

OAB reage a ataque ao Nordeste no Twitter

A seção Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE) entra hoje, na Justiça de São Paulo, com representação criminal contra a onda de ataques aos nordestinos divulgada por meio do Twitter após a eleição de Dilma Rousseff. No domingo à noite, usuários da rede de microblogs começaram a postar mensagens ofensivas ao Nordeste, relacionando o resultado à boa votação de Dilma na região. A representação da OAB-PE é contra a estudante de Direito Mayara Petruso, de São Paulo, uma das que teriam iniciado os ataques. Segundo o presidente da OABPE, Henrique Mariano, Mayara deverá responder por crime de racismo (pena de dois a cinco anos de prisão, mais multa) e incitação pública de prática de crime (cuja pena é detenção de três a seis meses, ou multa), no caso, homicídio. Entre as mensagens postadas pela universitária, há frases como: Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!.

O Estado de S. Paulo

Mal-estar com PMDB faz Dilma pôr Temer na equipe de transição

A presidente eleita Dilma Rousseff designou ontem o vice-presidente eleito Michel Temer (PMDB) para integrar a "equipe de transição de governo. A decisão foi tomada depois do mal-estar causado pela exclusão do PMDB da primeira reunião da equipe, a qual compareceram somente petistas. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, tentou explicar como funcionará o comitê: Eu vou conversar com os diversos partidos. O (Antonio) Palocci trabalhará a questão mais técnica. E o Temer, vamos conversar com ele. Após insistência dos repórteres, Dutra disse que Temer vai coordenar o processo".

Dilma age para acalmar PMDB e Temer vira coordenador político da transição

O grupo de elite da presidente eleita Dilma Rousseff tirou o dia de ontem para conter insatisfações pelo fato de a primeira reunião de trabalho após a vitória nas urnas ter sido realizada só com petistas, sem a presença dos partidos aliados. O vice-presidente eleito Michel Temer foi formalmente designado como coordenador político dos trabalhos de transição entre as equipes do atual e do futuro governo, que começam na segunda-feira. A tarefa de cuidar da transição, porém, será compartilhada com mais três petistas. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, e os deputados Antonio Palocci (SP) e José Eduardo Martins Cardoso (SP). "Já estou designado pela presidente para conversar com os diversos partidos. O Palocci vai trabalhar a questão mais técnica. E o Michel Temer, nós vamos conversar com ele", disse o presidente do PT. Questionado com insistência sobre qual exatamente seria a função do vice, ele explicou: "Como ele é vice-presidente, vai na prática coordenar esse processo."

Dutra chamará todos os aliados para discutir cargos

A batalha por cargos no governo de Dilma Rousseff vai começar formalmente na semana que vem. O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, pretende conversar com os partidos aliados - PMDB, PDT, PSB, PR, PC do B, PRP, PTN, PSC e PTC -, além do PP, que não é da coligação que venceu a eleição mas apoiou Dilma no segundo turno. Dutra quer montar um diagnóstico para entregar à presidente eleita quando ela retornar de sua viagem à Coreia. Dilma vai participar, junto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da reunião do G-20, nos dias 11 e 12 próximos. "A ideia é conversar sobre o futuro, podem ser indicados nomes", declarou Dutra. Ele informou já ter mantido contato inicial por telefone com todos os partidos aliados.

PSB usará voz das urnas para pleitear mais espaço

Fortalecido com a eleição de seis governadores, a maioria no Nordeste, o PSB quer discutir a formação do governo de Dilma Rousseff (PT) com base na nova estatura do partido. Parlamentares e dirigentes da sigla não escondem que vão brigar, sobretudo com o PMDB, por dois ministérios estratégicos: Cidades e Integração Nacional. Os dois ministérios são também cobiçados por peemedebistas. Há ainda sondagens feitas dentro do próprio PT. O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, derrotado na eleição para o Senado em Minas Gerais, já apareceu como cotado para a pasta por petistas. A avaliação no PT é que não há espaço para Pimentel na equipe econômica num futuro governo.

Exemplo de Dirceu afasta Palocci da Casa Civil

Aliados próximos à presidente eleita Dilma Rousseff são categóricos ao afirmar que não há possibilidade de Antonio Palocci ocupar uma pasta política no futuro governo. A futura presidente já teria confidenciado que Palocci vai mesmo ocupar o Ministério da Saúde, apesar de não ser o cargo dos sonhos do petista, que é médico. A avaliação de Dilma reflete a visão do presidente Lula. Caso Palocci viesse a ocupar a Casa Civil ou algum outro ministério criado a partir da reformulação do gabinete da Presidência, o ex-ministro da Fazenda seria alvo fácil da oposição e poderia repetir o script de José Dirceu, que era apontado como o homem forte do governo Lula. A visão de Lula já discutida com Dilma é que Palocci deve permanecer "recuado e interferindo nos bastidores", segundo um relato de um aliado da petista. O recuo seria necessário pelo passado do ex-ministro, que se envolveu no episódio de violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. O caso o derrubou do ministério e ainda causa constrangimentos.

Dilma planeja reajustar valor do Bolsa-Família

A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) afirmou, em entrevista à TV Brasil, que uma de suas primeiras preocupações, assim que assumir o governo, em janeiro, será aumentar o valor do Bolsa-Família. Na entrevista, Dilma disse, porém, que não dispõe ainda das contas para saber se o reajuste do benefício tornará necessário revisar o Orçamento da União para 2011, já enviado pelo Palácio do Planalto ao Congresso. "Eu pretendo ver isso com mais detalhe", disse a futura presidente, segundo a Agência Brasil, enfatizando que quer reajustar os benefícios. "O Orçamento é uma peça que está sempre num quadro no qual você opera. É possível conseguir que haja mais recursos para aquilo, dependendo de suas prioridades. Eu tenho o objetivo de reajustar e garantir os recursos (do Bolsa-Família) para que eles não tenham perdas inflacionárias e tenham ganho real."

Prioridades de Dilma são enormes abacaxis

As duas prioridades da presidente eleita Dilma Rousseff - saúde e segurança pública - são gigantescos desafios que nenhum presidente conseguiu solucionar até hoje, ou sequer minimizá-los. Em entrevistas um dia após a eleição, Dilma destacou que pretende buscar melhorias nestas duas áreas. Um de seus primeiros atos como presidente, disse, será "conclamar governadores para uma grande discussão sobre saúde pública e segurança". A segurança pública é um enorme abacaxi para Dilma. Todos os dados do setor são grandes, desde homicídios e crimes, passando pela quantidade de presos, vagas em presídios, efetivo policial, gastos com segurança.

DEM recusa ideia de fusão com o PSDB

A ideia de fazer a fusão entre PSDB e DEM para criar um grande e fortalecido partido de oposição foi rechaçada ontem pelo presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). Para o dirigente, a proposta diminuiria o espaço político da oposição no Congresso e ainda abriria a possibilidade para uma onda de desfiliações. Maia lembra que uma das brechas jurídicas permitidas hoje para que parlamentares troquem de partido sem perderem o mandato por conta da regra de fidelidade partidária é justamente a fusão com outra legenda. "Num período pós-eleitoral, onde o governo federal conseguiu a reeleição, sempre pode ocorrer um oportunismo eleitoral com migrações para o lado que venceu. Uma fusão criaria um precedente legal para permitir uma debandada, por exemplo", afirma Maia. Para o dirigente, entretanto, a questão não se resume a isso. Ele acredita que as eleições deixaram clara a existência de um eleitorado de centro-direita, que pode ser representado pelo DEM, mas que não encontra tanto conforto nas posições políticas assumidas pelo PSDB.

Plínio bancou mais da metade do valor gasto pelo PSOL

O candidato à presidência da República pelo PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, bancou 52,7% da própria campanha, de acordo com a prestação de contas entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De uma receita total de R$ 99.245, Plínio doou R$ 52.265 - o que inclui o valor estimado de R$ 22 mil pelo uso de seu automóvel particular na campanha, computados como uma espécie de empréstimo. Completam o montante valores relativos à prestação de serviço de militantes e pessoas jurídicas. É o caso de uma empresa de informática, que cuidou da parte de tecnologia da campanha e doou serviços estimados em R$ 20 mil. Há, ainda, doações de pessoas físicas, pela internet ou não. Entre os nomes está o do jurista Fábio Konder Comparato, que deu R$ 200. Os demais colaboraram com quantias que variaram de R$ 10 a R$ 1 mil.

Ibope comemora índice de acertos

Além de apontar com precisão o resultado da eleição presidencial, o Ibope acertou os resultados das votações para governador nas nove unidades da Federação onde houve segundo turno. Na pesquisa realizada na véspera da votação, o instituto previu a vitória de Dilma Rousseff pelo placar de 56% a 44%. Nas urnas, Dilma teve 56,05% e José Serra (PSDB), 43,95%. Na pesquisa de boca-de-urna, feita apenas com eleitores que já haviam votado, o resultado foi de 58% a 42%, no limite da margem de erro de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. No primeiro turno, o Ibope havia previsto que Dilma teria 51% dos votos, mas ela alcançou cerca de 47% - um resultado fora da margem de erro.

Conselho de Comunicação vai ser revigorado

Esvaziado nos últimos quatro anos, o Conselho de Comunicação Social (CCS) está em fase de remontagem com a decisão do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de pedir a entidades da mídia e sindicais que indiquem seus representantes. Previsto na Constituição como auxiliar do Congresso nas questões relacionadas à mídia, o conselho teve suas atividades deturpadas pelos seus primeiros integrantes, sobretudo os representantes sindicais. Eles sugeriram medidas controladoras, como a de brecar a importação de filmes americanos e a de interferir na atuação de empresas nacionais. Seu primeiro presidente, o ex-ministro da Justiça José Paulo Cavalcanti, evita comentar os impasses provocados pela divulgação das propostas radicais. Mas reconhece que, para ter o funcionamento adequado, o conselho precisa ter "integrantes qualificados".

Desafeto de Lula, Perillo sai fortalecido da eleição

Apontado como um dos desafetos políticos que o presidente Lula queria derrotar nas urnas, o senador Marconi Perillo (PSDB) foi eleito para um terceiro mandato como governador de Goiás, depois de enfrentar a força política dos principais prefeitos da região e do governador Alcides Rodrigues (PP), seu ex-vice com quem é rompido desde 2006. Com o recall da eleição para senador, quando recebeu 75,82% dos votos válidos, Perillo largou como favorito na disputa contra o ex-governador Iris Rezende (PMDB). "Mas foi quando o Lula entrou na campanha que ficamos realmente preocupados", admite a senadora reeleita Lúcia Vânia (PSDB).

Correio Braziliense

PMDB joga duro e Dilma escala Temer

Pressionada pelo principal partido aliado nestas eleições, a presidente eleita Dilma Rousseff divulgou ontem nota oficial anunciando que o deputado federal Michel Temer fará parte do comando de transição do governo. A partir de agora, ele será um dos articuladores com o Congresso e com as outras legendas que apoiaram a candidata vitoriosa. O anúncio tenta acabar com o mal-estar que se instalou no PMDB um dia após a eleição de domingo. Das primeiras reuniões para a equipe de transição, participaram apenas os petistas José Eduardo Dutra, José Eduardo Cardozo e Antônio Palocci. O peemedebista ficou fora das primeiras discussões e das listas de colaboradores. O PMDB é um partido parceiro e o vice estará conosco permanentemente, declarou Cardozo. À noite, Dutra e Temer começaram a discutir como será feita a distribuição de cargos.

Carvalho, Bernardo e as metas de 100 dias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escalou o chefe de gabinete Gilberto Carvalho para dividir com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a coordenação da transição de governo. Os dois serão a ponte do Palácio do Planalto com a equipe da presidente eleita Dilma Rousseff que começa a trabalhar na próxima segunda-feira no Centro Cultural Banco do Brasil. Carvalho e Bernardo terão a tarefa de passar as informações sobre o tamanho da máquina administrativa para o grupo chefiado pelo deputado Antonio Palocci (PT-SP), responsável pelos técnicos da transição. Eles terão a tarefa adicional, em conjunto com o estafe de Dilma, de ver as áreas em que é possível colocar metas para a futura administração atingir nos primeiros 100 dias.

Natura teve "forcinha" durante a era Marina

A Natura Cosméticos, empresa dos maiores doadores à campanha presidencial de Marina Silva (PV), foi diretamente beneficiada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) quando a senadora exerceu o cargo de ministra, entre 2003 e 2008. A Natura Inovação e Tecnologia de Produtos Ltda., do grupo Natura, obteve dez autorizações do MMA para explorar recursos genéticos com potencial de aproveitamento das propriedades na fabricação de perfumes, produtos cosméticos e de higiene pessoal. Das dez autorizações, seis foram concedidas em 2005 e em 2007, anos em que Marina Silva era ministra do Meio Ambiente. No ano passado, foram mais quatro autorizações à Natura. Outros quatro pedidos da empresa estão em análise.

Vitória com dinheiro alheio

As prestações de contas dos candidatos divulgadas pela Justiça Eleitoral mostram uma relação estreita de doadores com obras e contratos em andamento com governos locais em diversas regiões do país. As empreiteiras respondem por um quarto das doações já declaradas em sete estados, num valor global de R$ 139 milhões. Elas injetaram R$ 35 milhões nas campanhas. Uma demonstração das recorrentes coincidências entre as contribuições financeiras feitas a governadores que tentaram reeleição com a existência de contratos com os governos aconteceu no Mato Grosso do Sul. A campanha vitoriosa do governador reeleito André Puccinelli (PMDB) recebeu o aporte de R$ 1,7 milhão doado por João Roberto Baird, dono da Itel Informática. A empresa contribuiu com meio milhão. A boa vontade do empresário com o peemedebista tem razão de ser. A Itel, como explica o portfólio da empresa, é responsável pelas diretrizes de informática de todo estado. Cabe a ela a manutenção do parque tecnológico de diferentes órgãos do governo. Em 2007, primeiro ano do governo Puccinelli, a Itel iniciou a prestação de serviços de informática à Secretaria de Fazenda. O contrato tinha valor de R$ 9 milhões. A empresa e seu dono foram alvos de denúncias do Ministério Público do estado, justamente por suspeitas de irregularidades em contratos firmados com o governo.

Jatinhos durante a campanha

Nos três meses em que se ausentaram da Câmara, para fazer campanha em seus estados, os deputados apresentaram R$ 16,3 milhões em notas fiscais pedindo ressarcimento por gastos supostamente relacionados à atividade legislativa. Apesar de não terem realizado nenhuma sessão deliberativa nos meses de agosto, setembro e outubro, e trocarem o trabalho parlamentar pelo papel de candidato ou cabo eleitoral de aliados, os deputados não deixaram de mandar a conta de suas despesas para a Câmara. Mesmo com o Legislativo parado, os deputados usaram a Cota para Exercício da Atividade Parlamentar para pagar aluguel de jatinhos, carros, bancar gastos com gasolina e, até mesmo, contratar institutos de pesquisa.

Fonte: Congressoemfoco

Dilma Lá: breve história de uma candidatura

publicado em 03/11/2010

Dilma é uma nova personagem que entra em cena na história brasileira. Consagrada por quase 56 milhões de votos, 12 milhões a mais que seu adversário, é uma figura distinta, em todos os sentidos; uma novidade e, ao mesmo tempo, uma velha conhecida.

Boa parte do que se tem veiculado sobre a presidente eleita na mídia tradicional desconhece quem é a Dilma, sua capacidade e seu estilo de trabalho. O que até não seria tão grave, se não viesse acompanhado por um profundo desconhecimento sobre o que são o presidencialismo e a Presidência no Brasil. Há um misto de desinformação, má informação e deformação contra alguém que, em plena democracia, continua sendo acusada, como ocorria na ditadura, pelo que fez e pelo que não fez, pelo que é e pelo que não é.

Dilma vem de uma imensa legião de brasileiros muito bem retratados no livro clássico de Éder Sader, “Quando novos personagens entraram em cena” (de 1988). Ela representa um novo momento em que um sujeito coletivo ganha o rosto de uma personagem. Foi assim com Lula, rosto do sujeito coletivo das greves do ABC e das mobilizações contra a ditadura; rosto que adquiriu outras feições quando deputado constituinte em 1986; depois quando candidato em 1989, sua primeira campanha presidencial; e quando finalmente foi eleito e reeleito (2002 e 2006).

Dilma é de uma das três matrizes identificadas por Sader como representativas do pensamento de esquerda no país. Nem da matriz sindicalista, nem das comunidades eclesiais de base da igreja Católica, mas egressa da matriz da esquerda clandestina, que enfrentou as armas e a tortura dos porões da ditadura.

A mais nova personagem desse sujeito coletivo representa uma longa trajetória de lutas sociais e a ainda breve trajetória de grandes mudanças proporcionadas pelo atual governo. Independentemente de sua matriz original, Dilma foi transformada por duas experiências cruciais: a do governo Lula e a da campanha eleitoral. Ambas certamente alteraram profundamente as feições da futura presidenta, o suficiente para que pudesse enfrentar, sobreviver e sair-se vitoriosa de ataques do tipo que já abateu figuras supostamente muito mais experientes do que ela - e que poderiam ter sido as escolhas preferenciais do PT para 2010.

Dilma é uma novidade em termos de seu perfil. O PT sempre acalentou o sonho de consumo de realizar a fórmula propugnada há muito por Carlos Matus. Especialista em planejamento estratégico e com grande ênfase em gestão presidencial, Matus foi assessor de Salvador Allende (Chile, 1965-1970). Visitou o Brasil várias vezes, teve livros publicados pelo IPEA (graças ao empenho de pesquisadores como Ronaldo Garcia) e circulava muito entre o movimento sindical. Matus enfatizava a importância de se combinar desenvoltura política com habilidade técnico-gerencial. Sua criatura abstrata era o dirigente tecnopolítico. Lula, que conheceu Matus pessoalmente, soube usar desse modelo em seu governo, ao combinar sua maestria política - reconhecida até por seus oponentes - com escolhas de alto padrão técnico, como foi o caso de Dilma.

A opção do presidente Lula por Dilma criou a chance de se ter uma presidenta que fosse um quadro tecnopolítico por excelência. A tarefa que se colocava então era a de turbinar tal escolha com um treinamento intensivo, para cumprir um requisito bastante diverso: o da excelência decisória.

Advindo da própria intuição do presidente, os argumentos em torno da excelência decisória foram reforçados, desde 2003, com a visita, ao Brasil e ao Palácio do Planalto, de um especialista em presidências, Richard Neustadt. O autor de “Poder presidencial e os presidentes modernos” estava visivelmente empolgado com o governo Lula, que mal tinha começado e enfrentava sérias dificuldades em seu primeiro ano. Neustadt, do alto de seus 84 anos e com a experiência de quem acompanhou de perto os governos Roosevelt, Truman e Kennedy, acreditava profeticamente que Lula poderia ter para o Brasil a importância que Franklin Roosevelt teve para os Estados Unidos. Contudo, sua audiência palaciana, grata com tal simpatia, mas cética de suas reais possibilidades (que ainda não podiam ser de fato vislumbras), apreciou particularmente uma das teses clássicas de Neustadt: a de que um presidente não precisa ser especialista em nenhuma área, especificamente. Mais do que qualquer outra coisa, ele precisa ser um especialista em presidência da República. Um exímio operador do poder presidencial.

Neste aspecto, Dilma passou por um treinamento intensivo, ou laboratório, se preferirem, que não poderia ocorrer em lugar melhor a não ser na Casa Civil da Presidência da República, ou seja, na estrutura responsável por demandar, digerir e encaminhar os atos presidenciais para deliberação. Por trás das assinaturas de um presidente se escondem processos de decisão política com meandros que Dilma conhece em detalhes.

A experiência na Casa Civil dá a exata dimensão entre o que um presidente quer e o que ele pode; a medida sobre até onde vai o seu poder, que não é imperial, e o que depende de se contar com maioria disciplinada no Congresso - uma das regras do presidencialismo de coalizão. Enquanto isso, uma das comentaristas que transformaram o comentário político no Brasil numa espécie de colunismo social dos Três Poderes avalia que um dos problemas da presidenta eleita é o de que ela tem uma base congressual maior que a do presidente Lula (!)

Aprende-se na Casa Civil que a capacidade e a velocidade de implementação de políticas públicas dependem da natureza de nosso federalismo e do padrão de nossa burocracia. Dilma conhece cada milímetro da Esplanada e esquadrinhou, com o PAC, cada milímetro do País. Na Casa Civil, se é treinado o tempo todo para saber que nenhuma decisão é correta se for tomada da forma errada e em hora certa incerta.

Um presidente deve saber exatamente em que ponto da estrada deve pisar no freio e quando pode afundar o pé no acelerador. No final de 2003, foram apresentados a Lula resultados de uma pesquisa de opinião que atestava: as pessoas entendiam o momento de arrumar a casa e estavam pacientes com relação às mudanças prometidas. A conclusão oferecida pelos analistas da pesquisa era: o povo não está com pressa. O presidente, que pisou no freio por todo o ano de 2003, retrucou, simples e direto : “o povo não tá com pressa, mas eu tô”. Dilma qualificou-se dentro da Casa Civil para ser uma especialista em presidência ao tornar-se também uma especialista em “timing”.

Dilma, "pela primeira vez na história do País", permitirá que o Brasil tenha uma sequência democrática de governos que cumprem o ciclo de construtores de regimes e gerenciadores de regime, uma noção comum na literatura sobre presidências.

Há presidentes que são construtores de regimes e outros que são seus gestores. Uns constróem uma maneira particular de fazer política e uma orientação diversa da ação do Estado, representando uma coalizão majoritária que desaloja uma antiga coalizão, em decadência. Por sua vez, os gestores de regimes têm como tarefa manter sua coalizão unida, avançar na realização das políticas públicas que cimentam a coesão de suas bases e oferecer respostas a seus eleitores, na forma de ações governamentais. São os gestores de regime que desvelam o legado do presidente anterior e desdobram suas realizações.

No Brasil, se pode dizer que esse ciclo foi cumprido apenas em três épocas: no início da República, entre Campos Sales (verdadeiro construtor do regime da República Velha) e Rodrigues Alves; na Era Vargas, quando Getúlio foi, primeiro (1930-1945) construtor de um novo regime e, depois, ele próprio, continuador de sua construção pregressa, começando em 1950, tragicamente interrompida em 1954. Finalmente, no período dos governos da ditadura militar (1964-1984). Na República Velha, o Brasil tinha um regime pouco representativo (oligárquico e não democrático). A construção do regime varguista ocorreu sobretudo a partir de uma ditadura, a do Estado Novo. O mesmo vale para os 20 anos da ditadura de 64.

Dilma é a primeira experiência democrática brasileira de gestão de um novo regime político e de suas políticas públicas. Todas as demais fracassaram sem deixar sucessores: Juscelino, Jango, Sarney, FHC.

Gerenciar um regime, em parte, é continuar o que tem sido feito, mas apenas em parte. Em grande medida, um presidente de continuidade é um desbravador e um desdobrador. Não é alguém que fará a pintura de uma casa já construída. É quem pega o leme no meio da viagem e precisa conduzir a embarcação adiante, até completar-se o ciclo.

O regime estruturado pelo presidente Lula suplantou a montagem minimalista do tucanato. FHC apostou todos os esforços na estabilidade macroeconômica e supôs que, daí, os resultados para o crescimento econômico e para a melhoria das condições sociais viriam naturalmente. Não vieram, e isso explica seu declínio.

A coalizão encabeçada por Lula e seu novo regime basearam-se na combinação de estabilidade econômica com esforços decididos e simultâneos de aceleração do crescimento e redução drástica das desigualdades. Duas coisas que, na mentalidade do regime anterior, estavam fora da governabilidade do Executivo federal e deveriam ser subproduto da estabilidade.

A campanha possibilitou a todos, em especial à presidenta eleita, a percepção clara da importância da mobilização e do contato popular. Principalmente a campanha de segundo turno. Ficou claro que, deixada à sua própria sorte, Dilma e Lula seriam derrotados pelas forças do atraso.

Os relatos de quem a acompanhou na campanha são repletos de histórias sobre como o semblante e a disposição da candidata eram energizados pelo contato popular. Algo que vai na mesma linha do que o presidente Lula não se cansa de repetir: as viagens pelo país garantem o contato com o povo, e isso revigora um presidente.

A estrutura de qualquer presidência da República é tradicionalmente montada para afastar a “autoridade” daqueles que o elegeram. A presidência diariamente se esforça para assoberbar o presidente com papéis, para manter suas portas fechadas, para isolá-lo do barulho das ruas.

Diante disso, se o presidente se acomoda, se ele não se insurgir contra uma rotina ritualizada, se ele não fugir do Palácio, ele se tornará um presidente cada vez menos popular. É preciso romper os limites do palácio de cristal (outra imagem muito conhecida criada por Matus), a redoma que tem a boa intenção de proteger o presidente de tudo, mas que acaba por afastá-lo, inclusive, daquilo que há de melhor.

As viagens pelas quais o presidente foi tantas vezes criticado, mesmo quando percorria seu próprio país e visitava as localidades mais pobres, permitiram que ele visse claramente as mudanças em curso e os problemas que engavetavam suas decisões. Mas, principalmente, as viagens recarregavam suas baterias com uma energia que não é gerada em despachos, em reuniões ministeriais e em negociações com o Congresso - ao contrário, essas a exaurem.

Pelo pouco que se viu das primeira horas após o resultado das eleições, pode-se antever também outra novidade: ao contrário de presidentes anteriores, Dilma não contará com aquela fase de “lua de mel”, os primeiros 100 dias em que oposição e imprensa dão um desconto para o presidente que entra, antes de abrir fogo com todas as suas baterias. Mesmo informado do discurso de paz e da mão estendida, a oposição fez declaração de guerra. O candidato derrotado - aquele que sacralizou a baixaria - deu ao conservadorismo mais abominável o qualificativo de “delimitação de campo”. E avisou: “isso não é o fim. Isso é apenas o começo”. A frase queimada no calor da derrota exala uma fumaça com forte cheiro de terceiro turno.

Neste sentido, mesmo com toda a agressividade, a oposição se coloca em desvantagem. Ao contrário de Dilma, que aprendeu muito em pouco tempo, a oposição demonstra que nada aprendeu em 8 anos de sucessivas derrotas. Consegue considerar-se campeã moral de uma guerra na qual se desmoralizou. Seu diagnóstico é o de que quem errou foi o povo. “Não foi dessa vez”, que se traduz em “o povo um dia aprende”. Suas lideranças se fecharam em copas e se arvoram bastiões dos velhos tempos; tempos que não voltam mais, principalmente porque cada vez menos gente sente saudades deles.

Ao longo da campanha, uma das formas mais utilizadas de se manifestar apoio a Dilma foi estampar sua foto de militante clandestina presa pela ditadura. As pessoas mostravam sua adesão a um rosto que simbolizava uma identidade coletiva. Enquanto essa coletividade estiver unida em torno de Dilma, a oposição estará condenada a repetir: “não foi dessa vez”.No que depender de seu preparo, a presidenta eleita teve, ao longo da vida, as melhores dentre todas as escolas.

*Antonio Lassance é cientista político, pesquisador do IPEA, foi assessor da Presidência da República de 2003 a 2010.

Fonte: Fundaçao Perseu Abramo

O voto do Nordeste: para além do preconceito

publicado em 03/11/2010
Por Tânia Bacelar de Araujo
Fonte

Agência carta Maior - 2/11/2010

O Nordeste liderou o crescimento do emprego formal no país com 5,9% de crescimento ao ano entre 2003 e 2009, taxa superior a de 5,4% registrada para o Brasil como um todo, e aos 5,2% do Sudeste, segundo dados da RAIS. Daí a ampla aprovação do Governo Lula em todos os Estados e nas diversas camadas da sociedade nordestina se refletir na acolhida a Dilma. Não é o voto da submissão - como antes - da desinformação, ou da ignorância. É o voto da auto- confiança recuperada, do reconhecimento do correto direcionamento de políticas estratégicas. É o voto na aposta de que o Nordeste não é só miséria (e, portanto, "Bolsa Família"), mas uma região plena de potencialidades. O artigo é de Tânia Bacelar de Araújo.

A ampla vantagem da candidata Dilma Rousseff no primeiro turno no Nordeste reacende o preconceito de parte de nossas elites e da grande mídia face às camadas mais pobres da sociedade brasileira e em especial face ao voto dos nordestinos. Como se a população mais pobre não fosse capaz de compreender a vida política e nela atuar em favor de seus interesses e em defesa de seus direitos. Não "soubesse" votar.

Desta vez, a correlação com os programas de proteção social, em especial o "Bolsa Família" serviu de lastro para essas análises parciais e eivadas de preconceito. E como a maior parte da população pobre do país está no Nordeste, no Norte e nas periferias das grandes cidades (vale lembrar que o Sudeste abriga 25% das famílias atendidas pelo "Bolsa Família"), os "grotões"- como nos tratam tais analistas ? teriam avermelhado. Mas os beneficiários destes Programas no Nordeste não são suficientemente numerosos para responder pelos percentuais elevados obtidos por Dilma no primeiro turno : mais de 2/3 dos votos no MA, PI e CE, mais de 50% nos demais estados, e cerca de 60% no total ( contra 20% dados a Serra).

A visão simplista e preconceituosa não consegue dar conta do que se passou nesta região nos anos recentes e que explica a tendência do voto para Governadores, parlamentares e candidatos a Presidente no Nordeste.

A marca importante do Governo Lula foi a retomada gradual de políticas nacionais, valendo destacar que elas foram um dos principais focos do desmonte do Estado nos anos 90. Muitas tiveram como norte o combate às desigualdades sociais e regionais do Brasil. E isso é bom para o Nordeste.

Por outro lado, ao invés da opção estratégica pela "inserção competitiva" do Brasil na globalização - que concentra investimentos nas regiões já mais estruturadas e dinâmicas e que marcou os dois governos do PSDB -, os Governos de Lula optaram pela integração nacional ao fundar a estratégia de crescimento na produção e consumo de massa, o que favoreceu enormemente o Nordeste. Na inserção competitiva, o Nordeste era visto apenas por alguns "clusters" (turismo, fruticultura irrigada, agronegócio graneleiro...) enquanto nos anos recentes a maioria dos seus segmentos produtivos se dinamizaram, fazendo a região ser revisitada pelos empreendedores nacionais e internacionais.

Por seu turno, a estratégia de atacar pelo lado da demanda, com políticas sociais, política de reajuste real elevado do salário mínimo e a de ampliação significativa do crédito, teve impacto muito positivo no Nordeste. A região liderou - junto com o Norte - as vendas no comercio varejista do país entre 2003 e 2009. E o dinamismo do consumo atraiu investimentos para a região. Redes de supermercados, grandes magazines, indústrias alimentares e de bebidas, entre outros, expandiram sua presença no Nordeste ao mesmo tempo em que as pequenas e medias empresas locais ampliavam sua produção.

Além disso, mudanças nas políticas da Petrobras influíram muito na dinâmica econômica regional como a decisão de investir em novas refinarias (uma em construção e mais duas previstas) e em patrocinar - via suas compras - a retomada da indústria naval brasileira, o que levou o Nordeste a captar vários estaleiros.

Igualmente importante foi a política de ampliação dos investimentos em infra-estrutura - foco principal do PAC - que beneficiou o Nordeste com recursos que somados tem peso no total dos investimentos previstos superior a participação do Nordeste na economia nacional. No seu rastro,a construção civil "bombou" na região.

A política de ampliação das Universidades Federais e de expansão da rede de ensino profissional também atingiu favoravelmente o Nordeste, em especial cidades médias de seu interior. Merece destaque ainda a ampliação dos investimentos em C&T que trouxe para Universidades do Nordeste a liderança de Institutos Nacionais ? antes fortemente concentrados no Sudeste - dentre os quais se destaca o Instituto de Fármacos (na UFPE) e o Instituto de Neurociências instalado na região metropolitana de Natal sob a liderança do cientista brasileiro Miguel Nicolelis que organizará uma verdadeira ?cidade da ciência? num dos municípios mais pobres do RN (Macaíba).

Igualmente importante foi quebrar o mito de que a agricultura familiar era inviável. O PRONAF mais que sextuplicou seus investimentos entre 2002 e 2010 e outros programas e instrumentos de política foram criados ( seguro ? safra , Programa de Compra de Alimentos, estimulo a compras locais pela Merenda Escolar, entre outros) e o recente Censo Agropecuário mostrou que a agropecuária de base familiar gera 3 em cada 4 empregos rurais do país e responde por quase 40% do valor da produção agrícola nacional. E o Nordeste se beneficiou muito desta política, pois abriga 43% da população economicamente ativa do setor agrícola brasileiro.

Resultado: o Nordeste liderou o crescimento do emprego formal no país com 5,9% de crescimento ao ano entre 2003 e 2009, taxa superior a de 5,4% registrada para o Brasil como um todo, e aos 5,2% do Sudeste, segundo dados da RAIS.

Daí a ampla aprovação do Governo Lula em todos os Estados e nas diversas camadas da sociedade nordestina se refletir na acolhida a Dilma. Não é o voto da submissão - como antes - da desinformação, ou da ignorância. É o voto da auto- confiança recuperada, do reconhecimento do correto direcionamento de políticas estratégicas e da esperança na consolidação de avanços alcançados - alguns ainda incipientes e outros insuficientes. É o voto na aposta de que o Nordeste não é só miséria (e, portanto, "Bolsa Família"), mas uma região plena de potencialidades.

Tânia Bacelar de Araujo é especialista em desenvolvimento regional, economista, socióloga e professora do Departamento de Economia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).

Fonte: Fundação Perseu Abramo

Candidatura de Belinati é indeferida pelo TSE

Belinati foi barrado por já ter sido condenado por improbidade administrativa. Ele disputou uma vaga na Assembleia Legislativa do Paraná, mas não foi eleito

03/11/2010 | 20:34 | Gazeta do Povo

O deputado estadual Antônio Belinati (PP) teve a candidatura indeferida, nesta quarta-feira (3), pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro Marcelo Ribeiro negou o recurso de Belinati e manteve a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) que barrou o registro dele com base na Lei da Ficha Limpa.

Belinati já foi condenado por improbidade administrativa. Apesar do processo contra ele, Belinati continuou na campanha por uma vaga na Assembleia Legislativa. Recebeu cerca de 4 mil votos e não foi eleito.

Belinati foi condenado a perder toda a remuneração que teria recebido indevidamente como membro do Conselho Fiscal da Companhia Municipal de Urbanização de Londrina – COMURB, entre dezembro de 1994 e maio de 1996, enquanto era deputado estadual. Na sentença, mantida pelo Tribunal de Justiça do Paraná, Belinati teve os direitos políticos suspensos por oito anos e foi condenado a ressarcir integralmente o dano e a devolver aos cofres públicos da COMURB ou de Londrina os valores recebidos de forma irregular.

De acordo com o TSE, o ministro afastou, no entanto, a inelegibilidade de Belinati em relação à prestação de contas que apresentou enquanto prefeito de Londrina. O ministro informou que, pelos autos do processo, o Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR) reformou seu acórdão, que antes considerava irregulares as contas de convênio no valor de R$ 150 mil firmado entre o DER e o município de Londrina em 1999, para julgar regulares as contas com ressalvas.

Fonte: Gazeta do Povo

Autoridades baianas pedem punição

Fernanda Chagas

As declarações da estudante de direito Mayara Petruso, que no último domingo (31) divulgou frases preconceituosas contra nordestinos pelo twitter, tem dado o que falar e pode gerar consequências maiores. Com repercussão em todo país o fato chamou atenção também das autoridades baianas que cobram punições mais severas, no sentido de abolir qualquer tipo de preconceito.

Ontem, por exemplo, a seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA) anunciou que deve entrar com uma representação contra a estudante, a exemplo do que fez a OAB de Pernambuco, que solicitou a instauração de uma ação penal para Mayara.

“Todos nós estamos indignados. As palavras da menina são preconceituosas e atingem todos os nordestinos. Ela foi bastante infeliz em suas declarações”, afirmou a assessoria de imprensa da OAB-BA. Apesar da repulsa pelas declarações da estudante, a decisão definitiva da seccional baiana só deve ser anunciada na próxima semana, já que o presidente da OAB-BA, Saul Quadros, está fora do país e retorna apenas no dia 10.

“Estamos estudando o caso. Há a possibilidade de ingressar com uma representação conjunta com a OAB-PE no Ministério Público Federal, em São Paulo. Também estamos aguardando uma posição da OAB nacional. Tudo será definido com a volta do presidente”.

Quem também desprezou os ataques gratuitos da estudante contra os nordestinos foi o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano. O petista, através de nota, condenou “o clima de intolerância insuflado por grupos radicais que usam questões étnicas para disseminar o ódio com objetivos claramente políticos”.

Caetano condena ato

Para o prefeito de Camaçari, tais procedimentos atentam contra os direitos humanos e “precisam ser combatidos firmemente pela sociedade brasileira, conhecida mundialmente pela diversidade”. Caetano lembrou as calúnias e difamações contra Dilma na campanha eleitoral e disse ser necessário uma resposta exemplar, imediata, para evitar que a onda de discriminação descambe para a violência. “Isso é puro nazifascismo”.

A polêmica teve início após o anúncio da vitória de Dilma Rousseff (PT). Revoltada com a expressiva margem de votação do Nordeste para a petista, a estudante postou no twitter: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado”, e “Afunda Brasil. Deem direito de voto pros nordestinos e afundem o país de quem trabalha pra sustentar os vagabundos que fazem filhos pra ganhar o bolsa 171”.

Mayara pode ser processada pelos crimes de racismo e incitação pública de ato delituoso, no caso, homicídio. A estudante pode pegar até cinco anos e seis meses de detenção, já que o crime de racismo, além de inafiançável, tem pena que varia entre dois e cinco anos de cadeia, enquanto que o de incitação pública a delito tem pena mínima de três e máxima de seis meses de prisão. (FC)

Fonte: Tribuna da Bahia

PSB baiano de olho em cargos do PMDB

Romulo Faro

O Partido Socialista Brasileiro (PSB), da deputada federal baiana e senadora eleita Lídice da Mata, surge como nova força, em nível nacional, no âmbito dos partidos aliados à nova presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que almejam pelo menos dois ministérios da atual cota do PMDB (Integração Nacional e Cidades).

Com a nova musculatura – elegeu seis governadores, a maioria na região Nordeste –, rumores dão conta de que socialistas baianos desejam o Ministério da Integração Nacional, posto, diga-se de passagem, hoje dirigido por um peemedebista baiano - João Santanal.

A briga, sem dúvida, tende a ser boa, afinal o partido de Geddel Vieira Lima já deixou claro que não pretende perder os cargos conquistados, mas sim ampliar os espaços no governo.

Conversas de bastidores, no entanto, ventilam que Lídice é o nome mais forte para ocupar a tão desejada pasta da Integração Nacional, tida como "menina dos olhos" de Geddel. A parlamentar, ao menos por enquanto, nega o desejo de ser ministra, sob alegação de que pretende dedicar-se ao seu primeiro mandato no Senado.

No entanto, já teria um nome a indicar. Ninguém menos que o ex-presidente da Infraero, o engenheiro civil Sérgio Gaudenzi. Lídice, através de sua assessoria, disse que “tudo agora não passa de especulações” e que, “por enquanto, é cedo” para pensar em tais coisas. “Ainda não houve conversa nesse sentido.

A única coisa que Lídice tem em mente no momento é assumir seu mandato de senadora”. Gaudenzi não aumentou as especulações, mas deixou claro que o convite seria bem-vindo.

“Isso (a recomendação do PSB-BA para os ministérios) depende da nossa senadora Lídice da Mata. É claro que eu ficaria feliz com a indicação, mas não há cogitação sobre o meu nome”, afirmou.

A Executiva Nacional do PSB realiza reunião hoje, em Brasília, para avaliar o resultado das eleições de 2010 e as perspectivas da legenda para os próximos anos. Além dos membros, estarão presentes os seis governadores, deputados e senadores eleitos e reeleitos. “Será um importante momento para avaliarmos todo o êxito alcançado nas eleições deste ano”, afirmou o primeiro secretário Nacional do PSB, Carlos Siqueira.

Lúcio minimiza polêmica

O presidente do PMDB na Bahia, o deputado federal eleito Lúcio Vieira Lima, além de refutar as especulações com vigor, aproveitou para estocar os adversários. “Deixa a mulher (Dilma Rousseff) trabalhar, minha gente”, disse o dirigente. Lúcio afirmou ainda que, no momento, o PMDB está preocupado em “ajudar” Dilma a compor sua equipe de governo e alfinetou, sem citar nomes, outros partidos.

“Tenho visto muita briga nos outros partidos, mas o PMDB não está preocupado com isso. Nossa preocupação é ajudar Dilma a fazer um grande governo”, disparou Lúcio Vieira Lima.

Não custa lembrar que a legenda vai continuar com voz ativa no governo, afinal, o vice-presidente eleito, Michel Temer, é o presidente nacional do PMDB e foi escolhido para montar o “time de Dilma”. (RF)

Fonte: Tribuna da Bahia

Dilma diz que salário mínimo deve superar os R$ 600

A presidente eleita Dilma Rousseff disse ontem, durante entrevista no Palácio do Planalto, que o salário minimo deve ter um aumento no ano que vem. “O salário mínimo deve estar acima de R$ 600 no fim de 2011”, afirmou.

Ela concedeu entrevista depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a recebeu no Planalto e se manifestou pela primeira vez após o anúncio do resultado da eleição, no último domingo.

Dilma defendeu o critério atual de reajuste do salário mínimo, baseado na inflação e no crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB), mas afirmou que pode estudar meios de compensar o pequeno reajuste do mínimo em 2011 em decorrência do baixo crescimento da economia em 2009.

“No salário mínimo, temos um critério que considero muito bom, baseado na inflação e no PIB. Temos o problema que o PIB de 2009 se aproxima do zero, até um pouco menos de zero. O Brasil teve uma recuperação muito forte. Então, estamos avaliando se é possível fazer essa compensação”, afirmou.

No entanto, segundo ela, a expectativa de alto crescimento do PIB em 2010 garante que no final de 2011 e inicio de 2012 o mínimo ultrapasse R$ 600.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também defendeu o critério atual de reajuste e criticou a proposta do ex-candidato do PSDB à Presidência José Serra de elevar o salário mínimo para R$ 600 já no início do ano que vem.

“O povo não é mais massa de manobra. O povo sabe o que é política séria e o que é promessa. A Dilma se elegeu sem precisar fazer promessa fácil”, disse.

Sem especificar valores, Dilma também afirmou que vai reajustar o bolsa-família, programa do governo federal que prevê ajuda de custo mensal a famílias de baixa renda.

“No meu período de governo, eu vou buscar 100% de cobertura e um nível maior de benefício, proporcional ao que é possível que o país dê para este conjunto de famílias. Eu não sei hoje dizer para vocês qual é esse reajuste, mas que terá reajuste eu asseguro a vocês que terá.”

Eu tenho muita preocupação com a criação de impostos. Preferia outros mecanismos, mas tenho visto uma pressão dos governadores, não posso fingir que não existe. [...] Não pretendo reenviar ao Congresso a recomposição da CPMF, mas isso será objeto de negociação com os governadores”.
A presidente eleita disse ainda que terá as áreas de saúde e educação como prioridade no seu governo.

Fonte: Tribuna da Bahia

A realidade política e a oposição no Brasil

Pedro do Coutto

Em artigo publicado na edição de ontem da Folha de São Paulo, o professor e historiador Marco Antonio Villa, também cientista político e historiador, dentro de seu estilo sempre primoroso, analisou o que deveria ser a política brasileira e o desempenho da oposição ao governo Dilma Rousseff, a partir da organização das forças que se opuseram ao presidente Lula, e que, como todos sabem, foram derrotadas nas urnas por larga margem.

Marco Antonio, segundo ele próprio afirma, desacredita no êxito da administração que chega ao final e lamenta que PSDB-DEM-PPS não tenham conseguido organizar-se em torno de um projeto definido de ação e contestação. Perfeita a colocação, porém individual, idealista, fora do quadro real. Como historiador, deveria considerar que a oposição, pelo menos desde a redemocratização de 45, atuou sempre em função das eleições e não de programas.

Por exemplo. Em 1945, a UDN do brigadeiro Eduardo Gomes foi derrotada pelo PSD de Eurico Dutra, que recebeu o apoio essencial de Vargas, portanto do PTB. Entretanto, firmou acordo com o governo e aceitou os ministérios dos Transportes (então Viação e Obras Públicas) e da Educação. Foram titulares destas pastas, aliás excelentes figuras, Maurício Joppert e Clemente Mariani.

Cinco anos depois, Getúlio Vargas vencia a sucessão. Derrotou novamente o brigadeiro Eduardo Gomes e o candidato do PSD, Cristiano Machado. Nomeou para o Ministério dos Transportes o udenista José Américo de Almeida que, para assumir, afastou-se do governo da Paraíba. Nomeou Cristiano Machado para embaixador junto ao Vaticano.

Em 1955, Juscelino em aliança com o PTB, derrotou Juarez Távora (PDC-UDN), Ademar de Barros (PSP) e Plínio Salgado (PRP, herança do integralismo). Trabalho e Previdência (à época um só) e Agricultura couberam ao PTB. Ademar de Barros indicou Maurício Medeiros, médico ilustre para a Saúde, Plínio Salgado indicou o presidente do Instituto Nacional de Imigração e Colonização, Guido Mondim, depois eleito senador pelo Rio Grande do Sul.

JK, numa entrevista a mim, para o Correio da Manhã, destacou que seria eternamente essencial qualquer governo assegurar a maioria parlamentar. Citou então o exemplo da Françaantes do retorno de De Gaulle em 58, quando crises se sucediam sem parar acarretando a queda de gabinetes parlamentaristas. Toda vez que, no mundo, um governo perde a maioria no Parlamento, disse, desequilibra-se. Vargas havia perdido a maioria.

Jânio Quadros não obteve a maioria. João Goulart a manteve em sua primeira fase. Tancredo Neves, do PSD, primeiro-ministro. A UDN, apesar de Carlos Lacerda, participou de seu governo: Gabriel Passos nas Minas e Energia, Virgílio Távora nos Transportes, Afonso Arinos de Melo Franco embaixador do Brasil na ONU. Excelente escolha, era um homem de altíssimo nível. Início de 61. No final de 62, chegaram as eleições, a UDN teve que romper. Virgílio Távora e Gabriel Passos saíram. Afonso Arinos permaneceu nas Nações Unidas. Eu trabalhava nos Transportes e era repórter. Ao lado de Virgílio Távora, ouvi em sua sala a resposta ao apelo que Jango fazia ao amigo pessoal para permanecer.

“Não posso”, respondeu Virgílio. “Eu sou partidário, represento a legenda na governabilidade. Se o partido decidiu romper, eu não posso ficar”.

Sarney garantiu a maioria, mas, apesar disso, acabou impopular. Collor perdeu a maioria, deu motivos de sobra para sofrer o impeachment. Fernando Henrique assegurou ampla maioria. Tanto assim que instituiu a reeleição no Brasil. Lula garantiu a maioria. Cinco ministros são do PMDB. São, todas essas, situações reais. Não ideais. Quem fala em política fala em viabilidade, nas arte e técnica do possível. Não se baseia em contextos de sonho. Mesmo porque, como certa feita definiu Alceu Amoroso Lima – o ideal não existe. É um sonho. Marco Antonio Villa voou em vão no tempo e no espaço.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Intolerância diante da impunidade

Carlos Chagas

Da cascata de entrevistas nas telinhas,Dilma Rousseff avançou significativa definição a respeito de eventuais desvios e atos de corrupção porventura praticados pela sua equipe de governo: não haverá tolerância de espécie alguma. Ao primeiro sinal de irregularidades evidentes, o cidadão será afastado do cargo, não apenas para defender-se. Para ser punido, se comprovada sua culpa. Ela espera que a justiça cumpra o seu papel.

O aspecto central do raciocínio da presidente eleita deve estar elevando Pedro Simon ao reino dos céus: com todas as letras, ela disse que “impunidade, não!” Precisamente o que o senador gaúcho vem pregando há décadas.

Tomara que à teoria siga-se a prática inflexível. Porque mal-feitos são inerentes à natureza humana. Tentações, também. Fatalmente, no próximo mandato, acontecerão atos de corrupção maiores ou menores. A cena inicial marcará o ritmo da peça. A reação da nova presidente diante da primeira denúncia será o espelho de toda a sua gestão. E se quiser buscar um exemplo no passado recente, Dilma deveria chamar Itamar Franco para um cafezinho. Mesmo senador da oposição, o ex-presidente tem experiências a relatar.

TRANSIÇÃO DESNECESSÁRIA

Na República Velha os presidentes eram eleitos no primeiro dia de março e só tomavam posse a 15 de novembro. Um interregno desnecessário onde o país convivia com dois chefes de governo, o que saía e o que entrava.

O tempo passou, os períodos dessa constrangedora convivência foram encurtados, mas, mesmo assim, nossas instituições seriam aprimoradas se apenas uma semana separasse a eleição da posse.

No caso atual, acresce estar sendo encenada uma fantasia. Para que equipe de transição entre os governos Lula e Dilma, se com as correções necessárias, a equipe é a mesma? Antônio Palocci de um lado, Paulo Bernardo de outro, quando ambos tem todas as chances de integrar o novo ministério?

Cinquenta funcionários do Lula prontos para informar a turma da Dilma, que é a mesma, ou quase isso?

Mas tem mais: quem estará melhor preparado para saber das realizações, carências e objetivos do governo atual senão a própria Dilma, que por tantos anos comandou a coordenação administrativa? A impressão é de que essa tal equipe de transição funcionará apenas para preencher o vácuo de dois meses entre os dois governos.

PISOU NO TOMATE

Quem pisou no tomate foi o deputado Henrique Eduardo Alves, ao declarar que o PMDB não abre mão de um milímetro de suas prerrogativas de integrar o novo governo. Tratou-se de uma provocação desnecessária e a pergunta que se faz é se o vice-presidente da República e presidente do partido sabia da declaração de seu principal auxiliar. Foi combinada a intervenção? De qualquer forma, coincidiu com a nota oficial da presidente eleita corrigindo a composição da equipe de transição política e designando Michel Temer para integrá-la, ele que havia sido esquecido na véspera, como de resto foi durante quase toda a campanha.

Ou Temer contém a sua tropa de choque ou logo novos desencontros estarão marcando o início de uma convivência arriscada e amarga.

O MESMO DE SEMPRE

Quem não se emenda é o sociólogo. Levou dois dias, apenas, para destilar sua mágoa por haver sido esquecido na maior parte da campanha de José Serra. Em nova entrevista, criticou a política de comunicação do então candidato, ou seja, o próprio, deixando claro que em 2012 um novo tucano precisará estar indicado para disputar as eleições de 2014. Não poupou o PSDB dito “serrista”, até ameaçando ficar de fora do partido se não forem seguidos seus conselhos e encontrada nova estratégia de ação.

Fernando Henrique Cardoso terá 82 anos quando, conforme sua sugestão, o PSDB terá escolhido o candidato à sucessão de Dilma Rousseff. E 84 no ano da nova eleição. Consta que em seu gabinete de trabalho ocupa lugar de honra uma fotografia de Konrad Adenauer…

Fonte: Tribuna da Imprensa

Brasília pede socorro

Carlos Chagas

As eleições de domingo revelaram que o povo de Brasília rejeitou o terrorista, no caso, com todo o respeito, Joaquim Roriz, mas que nem por isso o chefe do esquadrão antibomba, Agnelo Queirós, conseguirá desarmar o petardo prestes a explodir na capital federal.

Explica-se a imagem: Brasília foi construída para trazer o desenvolvimento ao Centro-Oeste, o que foi conseguido, mas não para constituir-se no formigueiro em que se transformou. Idealizada para centro administrativo e político do país, era para chegar aos 500 mil habitantes na virada do século XXI. A vida distorceu o sonho de JK quando se atenta para o fato de que só o Distrito Federal já hospeda 2,5 milhões de habitantes, sendo que, reunido o entorno, chegamos a 4,5 milhões de cidadãos. Joaquim Roriz, no caso, foi o responsável por essa expansão, depois de quatro governos distribuindo lotes e convocando o Brasil subdesenvolvido a auferir das benesses de uma fantasia. Coisa que, se porventura eleito, ou sua mulher, seria elevada à última potência.

Basta lembrar que São Paulo levou 400 anos para chegar aos 2 milhões de habitantes, ficando claro que a velocidade do crescimento de Brasília desfez qualquer projeto de criação de um centro ordenado de progresso e de comando nacional. A cidade e a região transformaram-se num buraco negro capaz de sugar luz, matéria e energia do universo brasileiro. Porque aqui, apesar de lastimáveis, as condições de vida são superiores às do Norte, Nordeste e adjacências. Se os hospitais tornaram-se um inferno, as escolas, sucursais do purgatório, a segurança, um perigo constante, e até o trânsito, um caos, a verdade é que a capital federal ainda é a solução para legiões de miseráveis e impossibilitados de sobreviver ao seu redor. Basta lembrar que prefeitos de Goiás, Tocantins, Bahia, Piauí, Maranhão, Minas e outros estados, em vez de investirem em meros postos de saúde em seus municípios, preferem adquirir ambulâncias para transferir seus doentes para Brasília. E estimulando seus habitantes menos favorecidos a tomarem o rumo da capital federal, onde até lotes são entregues aos recém-chegados.

O resultado é que até agora as sucessivas administrações locais não deram conta de implantar serviços públicos bastantes para a legião dos desesperançados que aqui chegam com a esperança de vida melhor. Mesmo sem emprego, ainda conseguem evitar a morte dos filhos enfrentando filas monstruosas nos hospitais, ou inscrevê-los em lamentáveis escolas públicas.

Quem mais contribuiu para esse horror foi Joaquim Roriz, cuja mulher, felizmente derrotada nas eleições, prometia dobrar o bolsa-família, perdoar dívidas no banco oficial e nas multas de trânsito e sustentar os desempregados por tempo indefinido. Fazer o quê diante da realidade? Expulsar e mandar embora irmãos nossos seria inominável. Fechar as barreiras do Distrito Federal, pior ainda. Mas continuar construindo pontes, viadutos, escolas e hospitais insuficientes para a demanda, adiantaria muito pouco.

Esse o drama de Agnelo Queirós: realizar o milagre impossível da multiplicação de uma cidade numa megalópole que nem o Padre Eterno conseguiria administrar.

Sendo assim, só lhe resta uma saída: aproveitar a íntima ligação com Dilma Rousseff e apelar para que o governo federal adote políticas de fixação dos cidadãos em suas origens, seja através da reforma agrária, da criação de condições de educação, saúde e segurança em suas próprias regiões, de ampliação do desenvolvimento no interior e de métodos de governo planejados a longo prazo. Porque pouco adiantará ao governo federal despejar verbas em Brasília para fazer daqui a Ilha da Fantasia se em volta os vulcões continuarem a vomitar tragédias inomináveis.

Fonte: Tribuna da Imprensa

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