Carlos Newton
Já comentamos aqui que essa estória de dizer que a grande imprensa está morrendo é uma asneira sem tamanho. Esse “tema” só ganhou força e passou a ser difundido como realidade, porque as redes sociais tiveram forte influência na eleição de Jair Bolsonaro. Seus três filhos – Flávio, Carlos e Eduardo – logo mergulharam nessa onda e passaram a achar que a mídia já perdeu a importância e nem deve ser mais levada em consideração. Mas será mesmo?
Este foi um dos maiores equívocos dessa estranha família, que parece especialista em cometer erros, é um atrás do outro, fica até difícil acompanhar a interminável série.
PROJETO COMUNICAÇÃO – O desprezo à grande imprensa era tamanho que antes mesmo de assumir a Presidência, a estratégia da área de comunicação já estava definida. O projeto da família Bolsonaro era escantear jornais, revistas, rádios e TVs, reduzindo-lhes as verbas, e manter a pressão nas redes sociais, com apoio de blogueiros a serem beneficiados financeiramente, conforme o PT já fazia.
Na TV, a ideia foi isolar a Globo e somente dar entrevistas às demais emissoras, preferencialmente Record, SBT e Band, que concordam em apoiar qualquer governo, mas não têm saúde para entrar em guerra direta contra a Globo.
No jornalismo, como a Record News e a Band News não têm audiência e a GloboNews é a potência do setor, foi então armada a trama com o bispo Edir Macedo para criar um canal de TV que Bolsonaro pudesse chamar de “seu”. Surgia, assim, a CNN Brasil, cuja criação foi anunciada no Planalto, em encontro de Bolsonaro com o empresário Ruben Menin e o jornalista Douglas Tavolaro, dia 18 de janeiro de 2019, com a participação do deputado Eduardo Bolsonaro.
UMA JOGADA DE MESTRE? – Com trânsito livre no Planalto, a CNN Brasil não teve o menor problema para conseguir a concessão e se inserir nas operadoras de canais de assinantes, porém demorou mais de um ano até entrar no ar.
A emissora pertence à Novus Mídia, fundada pelo empresário mineiro Rubens Menin, controlador da MRV, a maior empresa de construção civil do país. Líder do “Minha Casa Minha Vida” desde os tempos do PT, Menin tem um histórico de trabalho escravo em suas obras e uma participação ativo no lobby para boicotar o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro.
O empresário tem dois terços do capital social e se associou ao jornalista Douglas Tavolaro, um sobrinho de Edir Macedo que ficou com o terço restante das cotas e hoje é o CEO (dirigente) da CNN Brasil.
AS APARÊNCIAS ENGANAM – Parecia uma jogada de mestre e serviria para divulgar estrategicamente o governo Bolsonaro. Mas aparências enganam, especialmente na política.
A CNN Brasil entrou no ar dia 15 de março e sua repercussão até agora é mínima junto ao público e à grande imprensa. De lá para cá, só teve um momento de glória, quando se tornou notícia no Brasil inteiro, nesta quinta-feira, dia 9, ao gravar um telefonema entre o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, e seu antecessor Osmar Terra, no qual os dois tramavam a demissão do ministro da Saúde, Henrique Mandetta, que atualmente é o maior destaque do governo.
Portanto, o projeto fracassou. Ao invés de divulgar e fortalecer o Planalto, a CNN se apresenta como uma emissora independente, que não perde a oportunidade de colocar o governo em péssima situação.
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P.S. – Esses detratores da imprensa, que hoje pululam na internet, não entendem nada do assunto, jamais pisaram numa grande redação. Não sabem que o jornalismo de verdade é irrepresável, incontrolável e irrefreável. Ninguém consegue calar a imprensa em regime de plena democracia. O exercício do jornalismo tem um compromisso com a verdade e o interesse público. Isso é inerente à profissão, embora existam jornalistas que se vendem por 30 dinheiros, mas são minoria na classe, graças a Deus. (C.N.)
P.S. – Esses detratores da imprensa, que hoje pululam na internet, não entendem nada do assunto, jamais pisaram numa grande redação. Não sabem que o jornalismo de verdade é irrepresável, incontrolável e irrefreável. Ninguém consegue calar a imprensa em regime de plena democracia. O exercício do jornalismo tem um compromisso com a verdade e o interesse público. Isso é inerente à profissão, embora existam jornalistas que se vendem por 30 dinheiros, mas são minoria na classe, graças a Deus. (C.N.)