Pedro do Coutto
O presidente Jair Bolsonaro, contrariando as normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, passeou na manhã de ontem, deixando-se fotografar ao lado de populares apertando a mão de muitos deles permitindo assim aglomerações em torno de si próprio. As cenas foram filmadas por várias emissoras que colocaram a matéria no ar. Absurdo total. Com isso, desmoralizou a política do ministro Mandetta no sentido de isolamento necessário, determinando que não haja aglomerações.
Foi exatamente o contrário disso que o Presidente da República praticou. Assim agindo, chocou-se também frontalmente com os governadores João Dória e Wilson Witzel, os que mais fixaram regras rígidas para o cumprimento das decisões de Mandeta, chegando até a retirar pessoas das praias do Rio de Janeiro e de São Paulo.
HÁ REGRAS A CUMPRIR – Além deles todos os demais governadores estão recomendando o isolamento entre as pessoas e a necessidade de se manter distância de um metro e meio nos contatos sociais. Incrível que o presidente da República possa adotar um comportamento que conduz e revela uma total insensibilidade para os riscos de uma doença que no mundo todo tem causado mortes, internações hospitalares e quarentenas.
No Brasil até a tarde desta sexta-feira havia sido registradas mais de 1000 mortes. Essa pandemia tem o espectro muito forte e em todo o planeta aponta um número enorme de vítimas.
MUITAS CONTRADIÇÕES – Reportagem de Filipe Bächtold, Folha de São Paulo de sexta-feira, destaca as contradições entre o presidente da República, os governadores e os prefeitos. No meio da tempestade, o governo federal estabeleceu o mês de junho como aquele que vai liberar 1.045 reais dos que possuem conta vinculada ao FGTS.
O que está fazendo o Executivo? Está apenas liberando aparentemente uma quantia que já pertence legalmente aos que trabalham. Não se trata de parcela adicional. Trata-se apenas de uma transferência que vai descapitalizar a política de habitação.
PASSAGENS AÉREAS – Reportagem de Pedro Capetti, edição de O Globo, destacou a explicação que o IBGE apresentou para ter chegado a divulgar uma inflação de 0,07% para o mês de março. Tal resultado causou espanto porque seria impossível, com aumento de preços seguidos nos supermercados, que a taxa inflacionária de março fosse só de 7 centésimos.
A explicação apresentada foi simplesmente com base num recuo do preço das passagens da ordem de 16,75%. Nos transportes em geral os preços ficaram em 1,8% a mais em decorrência da alta nos combustíveis.
Na minha opinião, a inflação de março superou por boa margem o cálculo de 0,07% feito pelo IBGE. O preço das passagens aéreas, tudo bem, caíram 16.7%. Mas qual é o peso dessas passagens no cálculo da inflação? Tenho dúvida que o IBGE responda a indagação.
NÚMERO DE ITENS – Vale frisar que quanto maior for o número de itens colocados em uma pesquisa menor será o cálculo final, partindo-se do princípio de que os itens adicionais tenham ficado estagnados ou diminuídos. Afinal de contas, quantas pessoas viajam pelos aviões que decolam e pousam a cada mês?
As estatísticas sobre a inflação não podem estar sujeitas à manipulação. Todo item da pesquisa deve ter um peso específico. No caso das passagens de avião, o peso deve ser de uma pluma.