Folha de S.Paulo
Açúcar queimado, vodca barata ou pinga e uma pitada do original. Para não perder a clientela, vale até analgésico contra a dor de cabeça.
Com maior ou menor sofisticação, essa é a receita básica do uísque que o mercado clandestino criou para abastecer casas noturnas, bares e restaurantes das metrópoles.
Num laboratório equipado para analisar bebidas e remédios apreendidos, peritos da Polícia Federal descobriram as principais formas utilizadas na adulteração dos produtos. Também encontraram substâncias adicionadas à cocaína.
Com o uísque é assim: um pouco da bebida legítima fica para deixar o gosto. Vodca, pinga ou até álcool de cozinha, usados em maior quantidade, dão o grau etílico.
O mesma mistura é utilizada em outros tipos de bebida, como o conhaque e o rum. "Mas o maior alvo é o uísque", diz Adriano Maldaner, perito criminal responsável pelo laboratório da PF.
Não existem estatísticas oficiais sobre apreensões de bebidas falsificadas no Brasil, mas peritos avaliam que sua presença seja disseminada.
Remédios
Com medicamentos é diferente. A falsificação necessita ser feita em laboratório minimamente equipado e ocorre principalmente com Viagra e anabolizantes.
Na análise de amostras de cocaína, a PF descobriu que a droga não passa de 60% da trouxinha vendida. O resto é mistura, como açúcar ou gesso. Os testes mostram que até o crack é mais puro que a cocaína em pó no Brasil.
Em instrução publicada nesta semana, o Ministério da Agricultura regulamentou "padrões de identidade e qualidade para bebidas alcoólicas por mistura".
O governo proibiu adição de mel às caipirinhas prontas. A bebida, "típica do Brasil", tem "graduação alcoólica de 15% a 36% em volume, a 20º C, elaborada com cachaça, limão e açúcar". As regras são importantes para a identificação de produtos falsos.
Fonte: Agora