Osvaldo Lyra
É indiscutível que o governador Jaques Wagner terá um lugar de destaque no próximo governo federal. Além de ter se empenhado exaustivamente no primeiro e no segundo turno (ele se elegeu na primeira fase do pleito e só parou para descansar da maratona eleitoral após o encerramento da segunda), Wagner possui uma relação de proximidade com a presidente eleita Dilma Rousseff. Relação que, diga-se de passagem, foi construída por eles, desde o tempo em que comandavam ministérios do presidente Lula (ele de Relações Institucionais e ela da Casa Civil).
Mas eu não vou especular aqui sobre o poder que o governador terá para indicar nomes na próxima gestão federal. A definição de quantos e quais ministérios ficará na cota dos baianos será tratada, no momento oportuno, entre Dilma e o próprio Wagner.
Mas o mais importante nesse momento é afirmar que desse processo de construção de laços fica a certeza de que Dilma confiará no governador baiano, como já confia. Tanto que duas semanas antes do segundo turno terminar um grupo – integrado pelos deputados José Eduardo Cardozo e Antonio Palocci e pelos governadores Eduardo Campos (Pernambuco) e Jaques Wagner – já preparavam as linhas mestras do que será a era pós-Lula.
Ao que tudo indica, a presidente eleita manterá Wagner como conselheiro – alçando-o à condição de integrante permanente do seu núcleo duro. A expectativa é que o governador baiano opine e ajude diretamente no processo de construção da nova gestão federal. Além das metas da economia, Dilma deve ouvi-lo sobre os alicerces da saúde e educação, ou ainda sobre a articulação política e os rumos a serem seguidos pelo país.
Wagner, inclusive, chegou a falar durante a campanha, numa carreata em Simões Filho, que os novos governadores deverão ter que assumir um papel de maior relevância do debate político nacional, para que eles assumam a figura de líderes junto a suas bancadas nos estados.
A intenção é construir uma unidade que possibilite que os projetos de interesse da nação cheguem ao Congresso num nível maior de amadurecimento e debate entre os aliados.
A ideia é que temas espinhosos, como a volta do imposto sobre o cheque, sejam mais debatidos e detalhados. O governador baiano defende, com isso, um maior comprometimento dos governadores com o projeto nacional.
E, antes que comecem a falar sobre as pretensões futuras do petista, ele garante que não quer ser líder entre os gestores estaduais. Ele quer, na verdade, que todos assumam, coletivamente, as questões nacionais com a postura de quem olha para o país inteiro e não apenas para uma unidade da federação. A Reforma Tributária é um exemplo disso.
Por fim, é esperado que a relação entre Dilma e Wagner, que foi construída e tem sido consolidada, renda um lugar de destaque no governo federal, não só pelo espaço que o governador ocupará com seus aliados na Esplanada dos Ministérios, mas, sobretudo, pela confiança depositada pela nova presidente da República. Até porque, há uma identidade enorme entre eles.
Fonte: Tribuna da Bahia