Carlos Chagas
Vale um exercício de cartografia. Tome-se o mapa do Brasil, dividido em estados, mais um lápis amarelo. Vamos pintar dessa cor Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas, com direito a fazer o mesmo com Mato Grosso do Sul e Goiás. São esses os estados onde os governadores eleitos no primeiro turno pertencem ao PSDB, ao DEM ou a grupos afins.
É um pedação de terra, mais um monte de gente e uma infinidade de recursos. Na hipótese da vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais, dia 31, Brasília ficaria isolada, envolta em território politicamente hostil.
Fazer o quê? Guerra de conquista em cima desses estados importantes não dá. Mobilização das forças populares visando depor as autoridades constituídas? Quem garantiria ?
Só restará para a nova presidente da República, no caso dela ser eleita, a opção do diálogo. A aproximação com os eleitoralmente contrários, no Congresso e na administração.
PROGRAMAS, ENFIM?
Anuncia-se para esta semana a divulgação, senão de planos de governo, ao menos da lista de principais objetivos de cada candidato presidencial. Singularmente, Serra e Dilma programaram iniciativas idênticas, evidência de que estavam mesmo devendo explicações à opinião pública. Espera-se algo mais do que simples referências a “educação”, “saúde”, “segurança” e outras propostas.
AUSÊNCIA DE MENSAGEM
O tema é complicado, de parte a parte, mas já tarda a aproximação. Fala-se dos dois candidatos presidenciais e das forças armadas. Já era tempo de um diálogo informal, incapaz de ser levado exclusivamente por quem vier a ocupar o ministério da Defesa no futuro governo, de Serra ou de Dilma. Não houve acordo entre os então oito candidatos do primeiro turno e os clubes Militar, da Marinha e da Aeronáutica, para um debate entre todos. Nem está havendo agora, apesar de a limitação em apenas dois favorecer todo mundo.
Não será por conta de sua resistência à ditadura que Dilma ou Serra deveriam sentir-se desobrigados de ouvir e ser ouvidos pelos militares. Afinal, nos idos de 1964, uma tinha 18 anos e outro, 21. Sem esquecer que os generais de hoje eram cadetes naquela época, sem nenhuma participação no que aconteceu.
Fonte: Tribuna da Imprensa