Carlos Chagas
Desmoralização, mesmo, aconteceu com os institutos de pesquisa. Erraram no atacado e no varejo. Ate na boca de urna concluíram pela vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno. Ignoraram a potencialidade de Marina Silva. E surripiaram centenas de milhares de votos de José Serra.
No plano estadual, jogaram todas as fichas na vitória de Agnelo Queirós no primeiro turno, em Brasília, apostaram na eleição apoteótica de Geraldo Alckmin, em São Paulo, e de Marconi Perilo, em Goiás, bem como na passagem de Fernando Collor para o segundo turno, nas Alagoas. Minimizaram as chances de Beto Richa, no Paraná, e não perceberam a vantagem olímpica de Renato Casagrande no Espírito Santo.
Pior performance tiveram, os institutos de pesquisa, nas eleições para o Congresso. Deram Paulo Paim como derrotado para o Senado, no Rio Grande do Sul. Jamais admitiram a queda de Tasso Jereissati, no Ceará. Muito menos a vitória de Aloísio Nunes Ferreira, em São Paulo, onde previram Marta Suplicy em primeiro lugar.
Na Câmara, ignoraram o crescimento das bancadas do PT e desprezaram a votação de Anthony Garotinho, pelo Rio de Janeiro. Supuseram a eleição do Tiririca, por São Paulo, mas jamais pelos avassaladores um milhão e trezentos mil votos.
Apesar de falhas tão flagrantes, ainda mais maquiadas pelas abomináveis margens de erro de até três pontos para mais ou para mais menos, os institutos saíram-se com a clássica desculpa de que estavam certos o tempo inteiro, “o povo é que mudou nas horas finais”. Vão continuar abusando da credibilidade popular. Hoje mesmo, ou amanhã, começarão a divulgar novos números.
Diante da realização do segundo turno nas eleições presidenciais, só falta mesmo anunciarem como resultado a possibilidade de ganhar Dilma ou de ganhar Serra, com margens de erro de no mínimo cinco pontos…
EXAGEROS
Nada mais justo do que exaltar a performance de Marina Silva nas eleições para o primeiro turno. Sua mensagem, sua postura e sua determinação despertarão consequências, tanto no segundo turno quanto em futuras eleições. Como o PT e o PSDB estão de chapéu na mão na porta da senadora, explicam-se até alguns exageros de apreciação. Porque, afinal, Marina foi derrotada. Tirou o terceiro lugar. Obteve 20% da votação. Mas é a heroína da eleição.
QUATRO SEMANAS
De hoje ao domingo, 31, serão quatro semanas das quais Dilma e Serra não pretendem economizar um minuto sequer. Apesar da falsa verdade absoluta de que o segundo turno configura uma nova eleição, não parece bem assim. Trata-se, o segundo turno, de um prolongamento do primeiro. A candidata do PT chegou na frente, com 47% da votação nacional. O tucano teve 33%. Ambos precisam conquistar mais votos, 17% para Serra, 3% para Dilma. Os percentuais dão a medida das necessidades.
Pelas informações de ontem, continuarão as viagens pelos estados. Os governadores eleitos ou reeleitos vão grudar nos candidatos, sabendo que sua contribuição para a vitória de um ou de outro renderá vultosos dividendos no palácio do Planalto.
VAI SOPRAR O MINUANO
Ganhando Dilma ou ganhando Serra, quebrou o eixo do caminhão dos companheiros. Tarso Genro, eleito governador do Rio Grande do Sul, é a liderança capaz de conduzir o partido, tanto no governo quanto na oposição. O próprio Antônio Palocci deve entrar em cone de sombra, onde já se encontram José Genoíno, José Dirceu e outros. José Eduardo Dutra mantém o equilíbrio na presidência do PT, mas enquanto o já ex-presidente Lula se mantiver preservado, soprará o minuano.
Fonte: Tribuna da Imprensa