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domingo, agosto 07, 2022

Licença para gastar em 2023



Programa especial daria tempo para o próximo governo administrar gastos já contratados

Por Adriana Fernandes (foto)

A criação de um programa especial para um gasto temporário fora do teto, até a entrada em vigor de um novo arcabouço fiscal para o Brasil, está se consolidando como uma das alternativas mais viáveis para as contas públicas em 2023.

A proposta dá tempo ao próximo governo para administrar o aumento de gastos já contratado com a elevação de R$ 400 para R$ 600 do Auxílio Brasil e espaço para fazer alguns investimentos prioritários, sem estrangular o custeio da máquina administrativa dos ministérios.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) prometeram manter esse valor no ano que vem, caso eleitos. Por enquanto, o adicional de R$ 200 só vale até 31 de dezembro.

Na campanha de Lula, essa proposta vem sendo discutida. É tratada como uma espécie de “waiver” (dispensa) para o aumento de gastos ao longo de 2023. Não só para o auxílio, mas também para um grupo de investimentos prioritários. Nesse período do “waiver”, o time econômico de Lula discutiria a introdução de um novo regime fiscal para o teto de gastos.

Já na campanha do presidente Bolsonaro, o aumento dos gastos é dado como certo com a aprovação de uma nova PEC.

Foi o presidente que se antecipou ao falar, durante entrevista ao SBT, que iria enviar uma PEC ao Congresso para viabilizar o Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023. Ele tocou num detalhe técnico, mas importante: disse que a proposta de Lei Orçamentária vai para o Congresso com esse valor. O projeto tem de ser enviado até 31 de agosto.

Conforme já mostrou a coluna, o envio do projeto do Orçamento de 2023 com o valor de R$ 400, como tecnicamente terá de fazer a equipe do Ministério da Economia, é politicamente complicado num momento importante da campanha ao Palácio do Planalto.

No mercado financeiro, a proposta de uma nova licença para gastar não enfrenta tanta resistência. Mas a Faria Lima quer saber: quanto? Por quanto tempo? E qual o compromisso com uma regra futura que controle as despesas?

O documento “Contribuições para um governo democrático e progressista”, elaborado pelo chamado “Grupo dos Seis” (Bernard Appy, Pérsio Arida, Francisco Gaetani, Marcelo Medeiros, Carlos Ari Sundfeld e Sérgio Fausto), dá força para esse caminho, ao propor um programa especial de 1% do PIB de aumento de gastos até entrar em vigor um novo regime fiscal.

O grupo avalia que essa licença para o gasto garantiria condições de governabilidade para o próximo presidente eleito. Tudo indica que está havendo uma conversa com os russos.

O Estado de São Paulo

Michelle discursa ao lado de Bolsonaro na Marcha para Jesus em Recife




A primeira-dama Michelle discursou neste sábado, 6, na Marcha para Jesus, em Recife (PE), ao lado do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). A participação de Michelle em atos com o chefe do Executivo é vista pela campanha à reeleição como um trunfo para conquistar votos de mulheres religiosas. Os evangélicos, em sua maioria, apoiam Bolsonaro, mas o presidente tem índices baixos de popularidade no público feminino.

"O grande rei, o presidente maior é o nosso senhor Jesus Cristo. Um beijo no coração de cada um de vocês e vamos continuar louvando o nosso Deus", disse Michelle, na Marcha.

Bolsonaro, por sua vez, voltou a afirmar que ser presidente é uma "missão" divina. "É muito bom estar entre aqueles que têm Deus no coração. Agradeço a Deus pela minha vida e pela missão dele de ser o presidente da República de vocês", declarou o chefe do Executivo, numa referência à facada que levou na campanha eleitoral de 2018.

Em discurso mais cedo, Bolsonaro voltou a convocar seus apoiadores a saírem às ruas no dia 7 de setembro, quando se celebram os 200 anos da Independência do Brasil. O chefe do Executivo repetiu ataques a governadores, disse que o País tem hoje "uma das gasolinas mais baratas do mundo" e acenou para o eleitorado conservador.

Na sexta-feira, Michelle discursou a favor da candidatura da ex-ministra Damares Alves ao Senado, após convenção do Republicanos no Distrito Federal (DF), apesar de Bolsonaro ter costurado a candidatura de outra ex-integrante da Esplanada, Flávia Arruda (PL), ao mesmo posto.

"Damares, quero dizer que estou com você sempre, estou com você por um Distrito Federal melhor, dizer que você é uma mulher preciosa. Só não gosta de você quem não é do bem", afirmou a primeira-dama na sexta-feira, 5. A volta da ex-titular da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos à corrida pelo Senado foi antecipada pelo Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Ao microfone, Michelle declarou que Damares "sempre teve olhar especial para os mais vulneráveis". "Conte com meu apoio, meu respeito, minha admiração", acrescentou a esposa do presidente da República, que havia rifado a pastora na formação do palanque bolsonarista no DF.

Em rompimento ao acordo negociado pelo Palácio do Planalto, que fechou chapa entre Flávia e o governador do DF e candidato à reeleição, Ibaneis Rocha (MDB), Damares será candidata em chapa avulsa e enfrentará a antiga colega de Esplanada.

Ainda assim, a ex-ministra decidiu apoiar a candidatura à reeleição de Ibaneis Rocha (MDB) e terá o apoio do União Brasil, com o presidente do partido no DF, Manoel Arruda, como suplente.

Estadão / Dinheiro Rural

PF prende 3 suspeitos de ajudarem na ocultação dos corpos de Bruno e Dom




A Polícia Federal prendeu neste sábado três suspeitos de ajudarem na ocultação dos corpos do indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, assassinados em junho deste ano no Vale do Javari. De acordo com a PF, os três são familiares de Amarildo Costa de Oliveira, conhecido como "Pelado", que confessou ter cometido o crime.

Além do envolvimento no homicídio de Bruno e Dom, os detidos também são investigados pela associação com o indivíduo conhecido como "Colômbia" na pesca ilegal na região. Inicialmente tido como peruano, a PF o identificou neste sábado como Ruben Dario da Silva Villar, um cidadão de fato colombiano que usava documentos de identidade falsos do Brasil e do Peru.

Foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva e dez mandados de busca e apreensão na região dos municípios amazonenses de Atalaia do Norte e Benjamin Constant.

"Com o avanço das investigações, a PF identificou fortes indícios de que 'Colômbia' seria líder e financiador de uma associação criminosa armada dedicada à prática da pesca ilegal na região do Vale do Javari, responsável por comercializar grande quantidade de pescado que era exportado para países vizinhos", destacou a Polícia Federal, em nota. "As investigações prosseguem para o total esclarecimento do caso", completou.

Estadão / Dinheiro Rural

Em Recife, Bolsonaro repete ataques e convoca apoiadores para o dia 7 de setembro




O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), voltou a convocar seus apoiadores a saírem às ruas no dia 7 de setembro, quando se celebram os 200 anos da Independência do Brasil. Em discurso neste sábado, 6, em Recife, o chefe do Executivo repetiu ataques a governadores, disse que o País tem hoje "uma das gasolinas mais baratas do mundo" e acenou para o eleitorado conservador.

"Temos algo tão ou mais importante que a própria vida: a nossa liberdade. E a grande demonstração disso, eu peço a vocês, que seja explicitada no próximo dia 7 de setembro. Estarei às 10 horas da manhã em Brasília, num grande desfile militar, e às 16 horas, em Copacabana, no Rio de Janeiro", declarou Bolsonaro, a uma plateia de apoiadores.

O presidente estava acompanhado do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, candidato a senador em Pernambuco.

Nas últimas semanas, o chefe do Executivo tem tentado mobilizar sua base para a realização de atos no 7 de setembro, a menos de um mês do primeiro turno das eleições.

Bolsonaro tem dito que Marinha, Exército, Aeronáutica, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros vão participar do desfile em Copacabana, no Rio. Na sexta-feira, 5, contudo, o prefeito da cidade, Eduardo Paes (PSD), confirmou que a parada militar será na Avenida Presidente Vargas, como ocorre tradicionalmente.

"Esse movimento não é político. Esse movimento não é de A, nem de B, nem de C. É um movimento do povo brasileiro, que não abre mão da sua liberdade, que defende liberdade, a sua democracia e também de todos aqui no Brasil", disse neste sábado Bolsonaro.

Enquanto o chefe do Executivo convoca para manifestações nas ruas, outras autoridades têm tentado acalmar os ânimos. Em evento da XP nesta quinta-feira, 4, em São Paulo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse esperar que os atos de 7 de setembro sejam "ordeiros, pacíficos e respeitosos às instituições".

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro, afirmou, no mesmo evento, que a celebração tem de ser uma festa "linda, cívica e tranquila", sem ameaças.

Também nesta semana, Pacheco defendeu a confiabilidade das urnas eletrônicas e apelou por "pacificação" e "contenção de ânimos" no País, em meio ao aumento dos ataques de Bolsonaro à Justiça Eleitoral.

Em 7 de setembro do ano passado, Bolsonaro foi a manifestações antidemocráticas e chegou a afirmar que não obedeceria mais decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração gerou uma crise institucional do País, apaziguada com uma carta pública de recuo divulgada por Bolsonaro e escrita pelo ex-presidente da República Michel Temer.

Neste sábado, Bolsonaro disse que o Brasil é "um dos melhores" países do mundo quando se fala de economia. "Basta ver os preços dos combustíveis, que estão altos ainda no mundo todo, e nós baixamos para ter uma das gasolinas mais baratas do mundo", declarou, a apoiadores.

O presidente também aproveitou para criticar, como faz com frequência, os governadores. "Vamos, cada vez mais, impondo a nossa política no Brasil. Chega de governadores faturarem com o ICMS de vocês."

Bolsonaro também voltou a reafirmar os valores conservadores que mantêm sua militância unida. Bolsonaro reiterou que é "a favor da família", contra o aborto, a legalização das drogas e o que chama de "ideologia de gênero". Nas ruas de Recife, Bolsonaro também fez uma motociata.

Estadão / Dinheiro Rural

Simone Tebet




Seu programa social, porém, embora bem elaborado, não tem destaque, nem grande dimensão

Por Pablo Ortellado (foto)

A coluna de hoje faz parte de uma série que analisa os principais candidatos a presidente.

Simone Tebet é a única mulher entre esses candidatos. Ela é senadora pelo MDB e começou sua carreira em Mato Grosso do Sul, tendo sido vice-governadora do estado e duas vezes prefeita de Três Lagoas. Ganhou destaque no Senado produzindo pareceres e relatorias de grande qualidade técnica e, mais recentemente, se projetou como figura nacional com uma participação de relevo na CPI da Covid.

Lançada por uma coalizão entre MDB, PSDB, Cidadania e Podemos, ela é herdeira do programa Ponte para o Futuro, que fundamentou as políticas do governo Michel Temer e, de maneira indireta, é também herdeira das políticas do governo Fernando Henrique Cardoso. Não é à toa que trabalham em seu programa de governo quadros altamente qualificados desses dois governos, como Edmar Bacha, José Roberto Mendonça de Barros e Elena Landau.

Tebet tem dito que pretende fazer uma reforma tributária rápida, em seis meses, apoiada na proposta que existe no Congresso sobre a criação de um imposto sobre o valor agregado, unificando e simplificando tributos sobre o consumo. A medida é necessária e praticamente consensual. Só não foi implementada ainda pela inabilidade e falta de empenho do governo Bolsonaro. Tebet também propõe taxar lucros e dividendos, outra medida praticamente consensual para introduzir um pouco de justiça tributária cobrando impostos sobre a remuneração do capital.

Unificação e simplificação dos tributos, tributação de lucros e dividendos são medidas positivas, mas insuficientes para enfrentar o grande problema tributário do Brasil: o desequilíbrio entre a tributação do consumo, que afeta mais os pobres, e a tributação sobre renda e propriedade, que afeta mais os ricos. Hoje esse desequilíbrio faz com que os pobres paguem proporcionalmente mais imposto que os ricos. A reforma localizada de Tebet ajuda, mas não altera significativamente essa estrutura injusta.

Tebet parece ser a única candidata entre os principais concorrentes a defender a manutenção do teto de gastos no formato vigente. O teto de gastos é uma regra fiscal que limita gastos públicos e foi proposta pelo governo Temer. Uma das críticas ao teto tal como funciona hoje é que, numa situação de crescimento do PIB, diminui a despesa pública como proporção da receita, reduzindo a fatia destinada ao gasto social.

Tebet construiu sua carreira política no Centro-Oeste e nunca escondeu sua ligação com o agronegócio. No Senado, seu apoio a medidas consideradas antiambientais e anti-indígenas a levou a ser listada pelo Conselho Indígena Missionário como um dos parlamentares que mais atuaram contra os indígenas. Desde que se lançou à Presidência, porém, Tebet tem tentado imprimir uma marca mais ambiental à candidatura, assumindo compromissos claros com a redução do desmatamento na Amazônia e com o combate à grilagem. Ela promete também um “revogaço” das normas e decretos antiambientais de Bolsonaro.

Tebet deu declarações sugerindo a manutenção de um programa permanente de transferência de renda, como o atual Auxílio Brasil ou o antigo Bolsa Família. Defende a criação de faixas diferenciadas para o recebimento do benefício e a adoção de condicionantes, como exigência de vacinação e matrícula na escola. Ainda não disse se está comprometida com a manutenção do valor de R$ 600 atualmente pago pelo Auxílio Brasil nem se pretende manter ou ampliar o número de beneficiários. Essa falta de clareza ilustra bem o papel pouco central das questões sociais em seu programa.

Um fator preocupante na candidatura de Tebet é a sua posição ambígua em relação ao governo Bolsonaro. No começo da legislatura, esteve próxima do governo. Seu afastamento claro se deu apenas na CPI da Covid. Ela também tem evitado dizer que se oporá a Bolsonaro num eventual segundo turno, ainda que isso seja esperado.

Tebet tem a agenda mais consistentemente liberal entre os principais candidatos que concorrem à Presidência. É a candidata da segurança jurídica, da responsabilidade fiscal e da eficiência do gasto público. Está tentando incorporar também uma agenda ambiental consistente. Seu programa social, porém, embora bem elaborado, não tem destaque, nem grande dimensão.

O Globo

A democracia que usa reconhecimento facial para registrar os rostos de seus cidadãos




A Austrália se destaca como a única democracia a usar a tecnologia de reconhecimento facial para ajudar nas medidas de contenção da covid-19, enquanto outros países rejeitam este tipo de vigilância

Por Jessica Mudditt

Se uma pessoa no Estado da Austrália Ocidental contrair covid-19, ela deve permanecer em quarentena domiciliar pelos próximos sete dias — assim como seus contatos próximos.

A polícia checa seu paradeiro mandando mensagens de texto periódicas e exige que uma selfie seja enviada em 15 minutos.

A tecnologia de reconhecimento facial e o rastreamento por GPS são usados para determinar se a pessoa que tirou a selfie está de fato em casa.

Se não estiver, eles rapidamente batem à sua porta com uma multa potencialmente pesada.

O aplicativo G2G, da startup de tecnologia local Genvis, foi usado por mais de 150 mil pessoas no Estado desde que foi lançado em setembro de 2020.

A mesma tecnologia, fornecida por empresas diferentes, foi testada nos Estados de Nova Gales do Sul, Vitória, Austrália do Sul e Tasmânia.

A Austrália se destaca como a única democracia a usar a tecnologia de reconhecimento facial para ajudar nas medidas de contenção da covid-19, enquanto outros países rejeitam este tipo de vigilância.

San Francisco foi a primeira cidade dos EUA a introduzir uma moratória contra o uso do reconhecimento facial pela polícia em maio de 2019. Foi seguida rapidamente por Oakland, também na Califórnia, e Somerville, em Massachusetts.

A Amazon, a Microsoft, a IBM e o Google declararam que não vão vender seus algoritmos de reconhecimento facial para órgãos de segurança pública até que haja uma lei federal em vigor.

Em novembro de 2021, a Meta anunciou que o Facebook excluiria 1 bilhão de "identidades faciais" de usuários e deixaria de usar a tecnologia para marcar pessoas em fotos.

A Comissão Australiana de Direitos Humanos pediu uma moratória para o uso da tecnologia até que o país tenha uma lei específica para regular seu uso.

Ativistas de direitos humanos dizem que há potencial para que os dados pessoais obtidos sejam usados ​​para fins secundários e que esse é um caminho para se tornar um estado de vigilância.

Grupos como a Anistia Internacional alertam ainda que o uso do reconhecimento facial leva à discriminação racial.

"A pandemia criou todas estas novas justificativas para o uso da tecnologia de reconhecimento facial", diz Mark Andrejevic, professor de estudos de mídia da Universidade Monash, em Melbourne, e autor do livro Facial Recognition, em vias de ser lançado.

"Tudo ficou online, e as organizações estavam tentando fazer as coisas funcionarem muito rápido. Mas não se pensou nas implicações. Queremos viver em um mundo onde tudo é digitalizado e não há espaços privados? Isso cria um nível totalmente novo de estresse que não leva a uma sociedade saudável."

"O reconhecimento facial está à beira de uma implantação relativamente ampla", diz especialista

O consentimento é necessário para que o aplicativo G2G seja usado, e também foi necessário após os incêndios florestais do verão de 2020 na Austrália, quando aqueles que perderam seus documentos de identificação usaram o reconhecimento facial para receber ajuda financeira do governo.

Mas houve ocasiões em que a tecnologia de reconhecimento facial foi usada de forma velada.

Em outubro, foi descoberto que o grupo de lojas de conveniência 7-Eleven violou a privacidade de seus consumidores ao coletar a identificação facial de 1,6 milhão de clientes australianos quando os mesmos completaram pesquisas de satisfação.

As identificações faciais foram obtidas supostamente para obter perfis demográficos do público e impedir que os funcionários manipulassem as pesquisas para aumentar suas avaliações. A empresa não foi multada.

O Departamento de Assuntos Internos da Austrália começou a construir um banco de dados nacional de reconhecimento facial em 2016 — e parece pronto para implementá-lo.

Em janeiro, lançou uma licitação para uma empresa "construir e implantar" os dados.

"O reconhecimento facial está à beira de uma implantação relativamente ampla", diz Andrejevic.

"A Austrália está se preparando para usar o reconhecimento facial para permitir o acesso a serviços governamentais. E entre os órgãos de segurança pública, há definitivamente um desejo de ter acesso a essas ferramentas".

A maioria dos governos estaduais forneceu as carteiras de motorista de seus moradores ao banco de dados central, que também armazena fotos de vistos e passaportes.

Em 2019, foi proposta uma lei para regulamentar a tecnologia de reconhecimento facial - arquivada depois que uma revisão do comitê parlamentar descobriu que não havia proteções de privacidade adequadas.

Entre seus críticos mais ferrenhos, estava o então comissário de direitos humanos australiano, Edward Santow.

"Assim como a energia nuclear e as armas biológicas, o reconhecimento facial representa uma ameaça à sociedade humana e às nossas liberdades básicas que supera em muito qualquer benefício em potencial", adverte ativista

"Estamos agora na pior de todas as situações, como não há uma lei específica, estamos lidando com algumas proteções fragmentadas que não são completamente eficazes e certamente não são abrangentes", afirma Santow.

"Mas a tecnologia continua a ser implantada."

Santow está trabalhando com sua equipe da Universidade de Tecnologia de Sydney em maneiras de tornar as disposições de privacidade mais sólidas.

Uma resposta global variada

Parte do projeto consiste em analisar as tentativas de outros países de regular as tecnologias de reconhecimento facial.

Há abordagens totalmente diferentes em todo o mundo. O mais comum é contar com um punhado de proteções de privacidade limitadas que, segundo Santow, não resolvem adequadamente o problema, como é o caso da Austrália.

"Nenhum país do mundo acertou", diz ele.

"Se [as proteções de privacidade fossem adequadas], este projeto seria realmente simples."

Leila Nashashibi é ativista do grupo de defesa Fight for the Future, com sede nos EUA, que está se esforçando para obter uma proibição federal do reconhecimento facial e outras formas de identificadores biométricos.

"Assim como a energia nuclear e as armas biológicas, o reconhecimento facial representa uma ameaça à sociedade humana e às nossas liberdades básicas que supera em muito qualquer benefício em potencial", adverte.

"O reconhecimento facial é diferente de qualquer outra forma de vigilância porque permite o monitoramento automatizado e onipresente de populações inteiras, e pode ser quase impossível de evitar. À medida que se espalhar, as pessoas vão ter muito medo de participar de movimentos sociais e manifestações políticas. A liberdade de expressão vai ser arrefecida."

Em busca de impressões faciais nas redes sociais

A provedora de tecnologia de reconhecimento facial mais conhecida, a empresa americana Clearview AI, parece não ser dissuadida pelos processos e multas pesadas que está acumulando em uma variedade de jurisdições

A tecnologia da companhia atraiu a atenção da imprensa pela primeira vez quando um bilionário recorreu a ela para identificar a pessoa com quem a filha ia jantar, e atualmente está sendo usada pelo governo ucraniano para identificar soldados russos mortos.

As famílias das vítimas são notificadas pelas redes sociais, com as fotos às vezes enviadas como anexo.

A empresa também está tentando que sua tecnologia seja usada em escolas nos Estados Unidos como um "sistema de gerenciamento de visitantes", que eles acreditam que poderia ajudar a prevenir ataques a tiros ao reconhecer os rostos de alunos expulsos, por exemplo.

A tecnologia de reconhecimento facial já foi testada em várias escolas por diferentes fornecedores, assim como a de reconhecimento de objetos, que seria capaz de identificar uma arma escondida.

"A Clearview AI está explorando o terror e o trauma das pessoas ao dizer que vigilância e policiamento são a resposta", avalia Nashashibi.

O CEO e fundador australiano da Clearview AI, Hoan Ton-That, discorda.

Ele diz que a tecnologia de reconhecimento facial tem um grande potencial para a prevenção do crime, uma vez que pode garantir que apenas pessoas autorizadas tenham acesso a um prédio como uma escola.

"Vimos nossa tecnologia ser usada com grande sucesso pelas forças de segurança pública para impedir o tráfico de armas, e esperamos que nossa tecnologia possa ser usada para ajudar a prevenir crimes trágicos com armas no futuro", afirma.

Na Austrália, a tecnologia de reconhecimento facial está sendo usada em vários estádios para impedir a entrada de suspeitos de terrorismo ou hooligans do futebol que tenham sido vetados.

Andrejevic acredita que o uso do reconhecimento facial como medida de segurança é um avanço significativo na vigilância e requer uma consideração cuidadosa.

"A CCTV (rede de câmeras de monitoramento) é frequentemente criticada por oferecer apenas evidências após o fato, enquanto o reconhecimento facial gera informações úteis ​​em tempo real para prevenir o crime", diz ele.

"É uma concepção muito diferente de segurança."

O reconhecimento facial em tempo real já é usado por algumas forças policiais em todo o mundo.

A Polícia Metropolitana de Londres, por exemplo, usa para monitorar áreas específicas em busca de criminosos procurados ou pessoas que possam representar um risco para o público.

'O melhor algoritmo de identificação facial tem uma taxa de erro de apenas 0,08%, de acordo com testes do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA'

A Clearview criou um banco de dados de busca de 20 bilhões de imagens faciais, em grande parte pegando fotos das redes sociais sem consentimento.

Ton-That afirma que a companhia não vai trabalhar com governos autoritários como os da China, Coreia do Norte e Irã. Mas encontrou problemas em algumas democracias.

Foi proibida no Canadá e na Austrália e, em 24 de maio, o Gabinete do Comissário de Informação do Reino Unido (ICO, na sigla em inglês) a multou em mais de £ 7,5 milhões (R$ 47,4 milhões), após uma investigação conjunta com o respectivo órgão australiano.

A empresa foi ordenada a excluir os dados dos residentes britânicos de seus sistemas.

Em dezembro de 2021, o órgão de vigilância da privacidade da França descobriu que a Clearview violou o Regulamento Geral de Proteção de Dados da Europa (GDPR, na sigla em inglês).

Santow afirma que o objetivo na Austrália é desenvolver uma abordagem diferenciada que encoraje o uso de aplicações positivas e imponha proteções para evitar danos.

O pior cenário seria replicar o sistema de "crédito social" da China, onde indivíduos e organizações são rastreados pelo governo para determinar sua "confiabilidade".

"Ao determinar se um uso é benéfico ou prejudicial, nos referimos à estrutura internacional básica de direitos humanos que existe em quase todas as jurisdições do mundo", explica Santow.

Por exemplo, a lei exigiria o consentimento livre e informado para utilizar o reconhecimento facial.

No entanto, se a tecnologia estivesse causando discriminação por sua imprecisão em relação a determinados grupos, o consentimento se tornaria irrelevante. Como diz Santow:

"Você não pode consentir ser discriminado".

Cada vez mais sofisticado e poderoso

"Nos próximos dois anos, vamos ver uma grande mudança em relação ao uso de senhas, que são totalmente inseguras. A biometria vai se tornar o padrão", diz O'Hara.

O reconhecimento facial funciona dividindo o rosto em uma série de formas geométricas e mapeando as distâncias entre seus "pontos de referência", como o nariz, os olhos e a boca.

Estas distâncias são comparadas com outros rostos e transformadas em um código único chamado marcador biométrico.

"Quando você usa um aplicativo de reconhecimento facial para abrir seu telefone, não é uma foto do seu rosto que seu telefone armazena", explica Garrett O'Hara, chefe de segurança da empresa de segurança Mimecast.

"Ele armazena uma derivação algorítmica do que seu rosto é matematicamente. Parece um longo código de letras e números."

O reconhecimento facial percorreu um longo caminho desde que foi desenvolvido pela primeira vez na década de 1960, embora a taxa de erro varie significativamente entre os diferentes sistemas usados ​​hoje.

No início, não era capaz de distinguir irmãos ou mudanças no rosto de uma pessoa à medida que envelhecia.

Agora é tão sofisticado que pode identificar alguém usando máscara ou óculos escuro, e pode fazer isso a mais de um quilômetro de distância.

O melhor algoritmo de identificação facial tem uma taxa de erro de apenas 0,08%, de acordo com testes do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA.

No entanto, este nível de precisão só é possível em condições ideais, em que os traços faciais são claros e não estão obscurecidos, a iluminação é boa, e o indivíduo está de frente para a câmera.

A taxa de erro para indivíduos capturados ao acaso pode chegar a 9,3%.

"É uma tecnologia incrivelmente útil. Mas se alguém nos perguntasse há 20 anos, quando a internet mundial estava começando, se queríamos viver em um mundo onde nossas interações e atividades fossem coletadas e rastreadas, a maioria de nós provavelmente teria dito que soava assustador", observa O'Hara.

"Agora estamos replicando o rastreamento do espaço online para incluir também o espaço físico. E não estamos fazendo as perguntas que deveríamos fazer."

Um dos aspectos mais problemáticos é o potencial de discriminação e preconceito racial.

A maioria dos aplicativos de reconhecimento facial foi inicialmente treinada usando conjuntos de dados que não representavam toda a amplitude da comunidade.

"No início, os conjuntos de dados usados ​​eram todos de homens brancos ou pessoas brancas em geral", explica O'Hara.

"E isso, claramente, leva a problemas quando você tem pessoas não-brancas ou de diferentes etnias ou origens que não coincidem com os modelos de treinamento. No fim das contas, é apenas matemática. Este é o problema."

'Existem toneladas de aplicativos que permitem replicar o rosto de qualquer pessoa". , diz Francesco Cavalli, cofundador da Sensity AI em Amsterdã

Como resultado, os sistemas de reconhecimento facial são propensos a cometer erros ao tentar reconhecer aqueles que pertencem a um grupo étnico minoritário, mulheres, pessoas com deficiência e idosos.

Seu uso resultou em prisões por engano e outras consequências que mexem com a vida das pessoas, lembra Nashashibi.

Deepfakes levam a fraude a novos patamares

Quer se trate de uma impressão digital, de um escaneamento da íris, de uma análise da forma de caminhar ou uma leitura capilar, nenhuma forma de biometria é infalível.

À medida que a tecnologia se torna mais sofisticada, o mesmo acontece com as tentativas dos hackers de manipulá-la para seu próprio benefício.

Os deepfakes surgiram como uma evolução das técnicas de fraude, particularmente em relação ao reconhecimento facial digital (ou seja, as fotos).

"Costumava levar várias horas para criar um deepfake usando ferramentas de animação — agora leva alguns minutos", diz Francesco Cavalli, cofundador da Sensity AI em Amsterdã.

"Tudo o que você precisa é de uma foto para criar um deepfake em 3D. Isso significa que os fraudadores podem expandir suas operações, e os ataques estão disparando. Você nem precisa ser desenvolvedor ou engenheiro. Você pode fazer isso sozinho. Existem toneladas de aplicativos que permitem replicar o rosto de qualquer pessoa."

A Sensity AI ajuda governos, instituições financeiras e até sites de relacionamento a identificar aplicativos fraudulentos, seja para obter pagamentos de auxílios relativos à covid-19, armazenar dinheiro lavado em uma conta bancária ou chantagear alguém no Tinder.

Um teste com infravermelho verifica temperatura corporal e piscadas quando alguém tira uma foto online, o que significa que a foto de uma pessoa "sintética" será detectada.

"Em algum momento, os fraudadores descobrem como enganar nossos diferentes modelos, por isso precisamos desenvolver novas técnicas continuamente", diz ele.

Apesar dos desafios a caminho da regulamentação, Santow está otimista de que a Austrália possa se tornar líder mundial na regulamentação do reconhecimento facial.

"Não posso falar em nome dos governos federal e estadual. Mas sei que eles entendem que há fortes preocupações da comunidade e que é necessário gerar confiança na tecnologia".

"A Austrália pode fornecer um bom modelo por várias razões", acrescenta.

"Temos um forte respeito institucional e corporativo pelos direitos humanos. Pode não ser perfeito, mas é fundamental para o que somos como país. Também somos um desenvolvedor e usuário de tecnologia sofisticado."

"Percebo que o maior desafio não é elaborar uma lei infalível, mas garantir que a própria lei não seja ignorada."

BBC Brasil

Aliados de Bolsonaro procuram Faria Lima após manifestos pró-democracia


FIESP


Interlocutores políticos e econômicos do presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram a acionar importantes nomes do PIB brasileiro depois da ampla repercussão entre empresários do manifesto pela democracia, parte de um movimento organizado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Um dos contatos realizados pela campanha de Bolsonaro foi com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que resultou no agendamento de um almoço entre o presidente e banqueiros, na próxima segunda-feira, 8.

A data foi sugerida pela campanha de Bolsonaro e acelerou o início de encontros entre a entidade e presidenciáveis.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também será recebido pela entidade nos próximos dias. Os ex-ministros Aloizio Mercadante e Alexandre Padilha são os interlocutores de Lula nas conversas com o presidente da Febraban, Isaac Sidney. Segundo fontes, os dois lados já concordaram em realizar o encontro e as tratativas entre a federação e a campanha do petista para agendar a data da reunião estão avançadas.

A rodada de conversas entre presidentes dos principais bancos do País e candidatos começaria a ser articulada ontem, quando terminou o prazo para as convenções partidárias. O movimento da campanha de Bolsonaro na última semana, no entanto, antecipou o plano.

Aliados do presidente buscaram dirigentes da Febraban e disseram ter aconselhado Bolsonaro a não ampliar a tensão com empresários na proximidade das eleições. Houve pedido da campanha para que o presidente fosse recebido para uma conversa na sede da instituição, em São Paulo.

Reativo

No ano passado, quando a entidade decidiu apoiar um manifesto na véspera dos atos de 7 de Setembro, a postura do governo Bolsonaro foi reativa. Na época, o então presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, incendiou a relação ao propor a saída da instituição e do Banco do Brasil da tradicional entidade, o que acabou não acontecendo. Os dois bancos públicos estão na lista dos cinco maiores associados da Febraban.

O cenário político é outro. A menos de dois meses da eleição, Bolsonaro está atrás de Lula nas pesquisas de intenção de voto e viu-se diante de uma reação mais robusta do empresariado a seus ataques contra as urnas, com nova posição da Fiesp. No ano passado, o então presidente da Fiesp, Paulo Skaf, segurou a publicação do texto. Neste ano, em contrapartida, a entidade liderou a busca de apoio para um manifesto que pede compromisso com "a soberania do povo expressa pelo voto".

O texto, assinado por mais de cem entidades, será lido em um dos atos organizados para ocorrer no dia 11 de agosto na Faculdade de Direito da USP. Na mesma ocasião também será lida a carta em defesa da democracia redigida por juristas - que acumula mais de 765 mil signatários. Milhares de pessoas são aguardadas pelos organizadores do evento, que tem entre as mensagens o respeito à Justiça Eleitoral e ao resultado das eleições deste ano.

Rival

Bolsonaro ensaiou uma ida à Fiesp no dia 11, mas cancelou a participação após notícias de que seria convidado a assinar o manifesto durante sua visita à entidade. Alguns conselheiros da campanha também indicaram que seria um erro rivalizar com o movimento na mesma data.

Há poucos dias, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, atacou banqueiros e disse que a adesão de nomes do setor ao manifesto pró-democracia foi uma reação por suposta perda de receita com o Pix, uma ação iniciada durante o governo Michel Temer (MDB). Bolsonaro repetiu a acusação e chegou a chamar de "cara de pau" e "sem caráter" aqueles que assinaram o que chama de "cartinha". O texto foi assinado por banqueiros como Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles.

O presidente tem sido aconselhado por aliados a levantar bandeira branca na reunião com a Febraban, como estratégia eleitoral. No entanto, Bolsonaro não costuma seguir pedidos de moderação.

Estadão / Dinheiro Rural

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