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terça-feira, dezembro 24, 2024

Quais são as propostas em tramitação na Câmara e no Senado que realmente interessam aos brasileiros?

 Foto: Leonardo Sá/Agência Senado/Arquivo

Congresso Nacional24 de dezembro de 2024 | 11:20

Quais são as propostas em tramitação na Câmara e no Senado que realmente interessam aos brasileiros?

brasil

Enquanto parlamentares demonstram preocupação com distribuição de emendas, valor do fundo partidário e articulações políticas, os brasileiros que participam ativamente dos levantamentos populares nos sites oficiais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal se mobilizam para assuntos muito distintos.

Entre os levantamentos mais acessados dos últimos meses estão a diminuição da carga horária de trabalho, a criação de piso salarial diferenciado para os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate às endemias, o projeto de lei que equipara o aborto realizado após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio simples, inclusive no casos de gravidez resultante de estupro, e a regulamentação do uso da inteligência artificial.

No Senado, o interessado em participar das enquetes precisa fornecer um e-mail para receber permissão para votar no levantamento do Legislativo. Atualmente, há questionamento popular sobre alertas de desaparecimento de crianças. O resultado será divulgado em breve.

Entre as pesquisas recentes, “81% dos participantes acreditam que o uso da inteligência artificial deve ser regulamentado para garantir a proteção dos dados das pessoas e 70% para garantir o emprego e a renda das pessoas”.

Já a Câmara dos Deputados informa que “o objetivo dessa ferramenta é oferecer à sociedade mais um canal direto de manifestação. As enquetes não têm rigor científico, pois não representam uma amostra da sociedade. Seus resultados ficam disponíveis para os relatores das propostas, que podem considerar as manifestações na preparação do texto a ser votado”.

Uma das propostas mais polêmicas dos últimos tempos, o projeto de lei 1.904/2024, encabeçado por Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), prevê pena de homicídio simples para mulher que abortar ou para qualquer pessoa que provoque o aborto. A proposta equipara a situação ao caput do artigo 121 do Código Penal (CP), que determina pena de seis a 20 anos no regime inicial fechado. Assinaram a proposta outros 31 parlamentares.

Mais de 1,1 milhão de votos foram depositados em enquete sobre o tema na Câmara dos Deputados. A maioria esmagadora (88%) é “totalmente contra a proposta”, o que representava 979 mil votos (no começo de dezembro). Cada pessoa pode votar apenas uma vez. Já 12% escolheram a opção “totalmente favorável”. São 125 mil apoiadores.

A Câmara também destaca os comentários que mais conseguiram engajamento. “Esse PL misógino tenta criminalizar mulheres que recorrem à interrupção da gravidez como último recurso. O aborto é uma questão de saúde pública e não religiosa. As mais penalizadas são as mulheres pobres, que não dispõem de recursos para pagar clínicas seguras. Muitas mulheres que recorrem ao aborto são menores de idade, vítimas de violência e estupro. O PL é uma violência contra as mulheres. É inacreditável que os deputados gastem recursos públicos para atacar os direitos das mulheres”, disse Sonia Maluf ao comentar sobre a proposta em tramitação no Legislativo. A mensagem recebeu apoio de quase 197 mil pessoas.

Já o comentário com maior apoio entre os favoráveis à proposta, de Daniel Pinto, disse que o projeto “impede assassinato de bebês/fetos por causa de um crime não cometido por eles”. Foram pouco mais de 14 mil votos registrados no momento da consulta feita pela reportagem.

Em trecho da justificativa da proposta, os parlamentares citam que “em 1940, quando foi promulgado o Código Penal, um aborto de último trimestre era uma realidade impensável e, se fosse possível, ninguém o chamaria de aborto, mas de homicídio ou infanticídio”. Apresentada em 17 de maio último, a proposta está na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família.

Internautas não apoiam fim do papel-moeda

Apesar do aumento de pagamentos por meio eletrônico no País, há ainda os que preferem quitar boletos com dinheiro em espécie. Em votação no site da Câmara, 90% se declararam contra ao projeto que acaba com dinheiro em papel no Brasil. O número representa a manifestação de 1.453 pessoas.

Os apoiadores da proposta de Reginaldo Lopes (PT-MG) somam 7% (102 pessoas). “O projeto atenta contra a liberdade econômica e o direito de escolha dos cidadãos quanto aos meios de pagamento”, registrou em agosto de 2020 Mauricio Medeiros. Por outro lado, Silvio Sergio demonstrou simpatia ao projeto porque reduz “custos com a Casa da Moeda”.

A proposta do petista Lopes, apresentada sob o número 4.068/2020, está na Comissão de Desenvolvimento Econômico. De acordo com o projeto, as notas de R$ 50, R$ 100 e R$ 200 sairiam de circulação em até um ano depois da aprovação da proposta. As notas menores (R$ 20, R$ 10, R$ 5 e R$ 2) sairiam de circulação no Brasil em até cinco anos.

“A tecnologia proporciona todas as condições para que pagamentos, inclusive de pequenos valores, possam ser feitos sem a necessidade de se portar dinheiro em espécie”, disse o deputado em trecho da justificativa da proposta.

Debate sobre redução de jornada de trabalho ocorre desde 2019

Nos últimos meses, ganhou força nas redes sociais a proposta da parlamentar Érika Hilton (PSOL-SP) para acabar com a jornada de trabalho na escala 6×1. Apesar de a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ainda engatinhar, outro projeto sobre jornada de trabalho tramita desde 2019 no Congresso Nacional.

De autoria do petista Reginaldo Lopes, a PEC 221/19 reduz de 44 para 36 horas a jornada semanal do trabalhador brasileiro. A redução, se aprovada, terá prazo de dez anos para se concretizar.

O projeto está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Pela opinião popular, 85% (721) são totalmente favoráveis ao projeto, enquanto 7% concordam com a maior parte do texto proposto e 7% discordam totalmente. “Precisa reduzir urgentemente a carga horária do trabalhador para proporcionar qualidade de vida e gerar mais empregos”, comentou Sebastião Melo Virtuoso.

“Sem um estudo eficiente que demonstre com números um bom resultado para essa alteração na jornada, não tem o que se discutir. Comparar a jornada de trabalho e salário do nosso país com outros muito mais desenvolvidos é fácil, o difícil é aplicar a mesma forma de cobrança de impostos, mesma forma eficiente do destino dos impostos. O Brasil é sustentado em sua maioria pelos micros e pequenos empresários. Quem vai pagar as contas quando eles falirem?”, questionou Isabelle Arruda Tomasi, em comentário feito no último dia 13.

Historiador classifica Congresso como ‘desconectado da população’

A forma como as pesquisas são feitas é vista pelo historiador Eduardo Lima como protocolar. Isso porque, quando o projeto é de interesse do governo em exercício ou de parlamentares, as articulações ocorrem entre os políticos. “É um canal que permite que a população participe ativamente da política com suas opiniões, sugestões. Mas é um espaço parecido com ‘painel de leitor’. Você dá sua opinião, ela é publicada e pronto”, disse.

Lima lembra também que poucas iniciativas populares que culminaram em projetos de lei ocorreram nas últimas décadas. “Na história republicana brasileira, o Congresso esteve mais desconectado do que conectado com a população. Após a Constituição de 1988, ocorreram poucos projetos de iniciativa popular e, ao mesmo tempo, uma participação nos pleitos cada vez menor. É só olharmos os números de abstenção nas eleições. Isso vai, então, desconectando cada vez mais o Congresso dos anseios populares”, afirmou.

Heitor Mazzoco/Estadãopoliticalivre

Tribunal de MT contraria ordem do CNJ e deposita ‘vale-ceia’ de R$ 10 mil para desembargadores

 Foto: Divulgação/TJ-MT

Tribunal de Justiça de Mato Grosso24 de dezembro de 2024 | 15:40

Tribunal de MT contraria ordem do CNJ e deposita ‘vale-ceia’ de R$ 10 mil para desembargadores

brasil

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso contrariou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que administra o Poder Judiciário, e depositou o auxílio-alimentação de R$ 10 mil para juízes, desembargadores e servidores em dezembro.

O ministro Mauro Campbell Marques, corregedor do CNJ, mandou suspender o pagamento por considerar o valor exorbitante.

A reportagem apurou que, quando o Tribunal de Mato Grosso foi intimado da decisão, os valores estavam no banco para pagamento, o que teria impossibilitado o cumprimento da ordem do CNJ.

O Conselho Nacional de Justiça ainda deve deliberar, no plenário, sobre a devolução do dinheiro, que pode ser descontado nos próximos contracheques.

O Tribunal de Mato Grosso tem 320 magistrados. O pagamento ao auxílio-alimentação, apenas para eles, custou R$ 3,2 milhão.

O aumento no benefício foi autorizado pela desembargadora Clarice Claudino da Silva, presidente do Conselho da Magistratura, em provimento publicado no Diário de Justiça. O ato administrativo informa que o valor é “excepcional” e válido exclusivamente para o mês de dezembro. A partir de janeiro de 2025, o benefício será de R$ 2 mil.

No ano passado, também em dezembro, foi concedido um bônus de R$ 6,9 mil aos servidores e magistrados do Estado.

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso está entre os tribunais que mais gastam com juízes e desembargadores. Dados do Conselho Nacional de Justiça mostram que, em 2023, cada magistrado de Mato Grosso custou em média R$ 116,6 mil por mês. O valor excede o limite constitucional do teto salarial dos servidores, que hoje é de R$ 44 mil, balizado pela remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Rayssa Motta/Fausto Macedo/EstadãoPoliticaLivre

PSOL critica Lira e quer que próximo presidente da Câmara paute cassação de Brazão

 Foto: Lula Marques/Agência Brasil/Arquivo

Chiquinho Brazão (de vermelho) participa por videoconferência de reunião do Conselho de Ética da Câmara24 de dezembro de 2024 | 17:20

PSOL critica Lira e quer que próximo presidente da Câmara paute cassação de Brazão

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Parlamentares do PSOL criticaram o fato de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não ter levado ao plenário da Casa o pedido de cassação do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

Em agosto, o Conselho de Ética da Casa aprovou o relatório que recomenda a cassação do deputado. O próximo passo era levar o tema para votação em plenário, que tem a palavra final e pode ou não seguir a recomendação do colegiado. Em abril, os deputados aprovaram a manutenção da prisão de Brazão.

Agora, deputados do PSOL dizem ser necessário cobrar que o sucessor de Lira dê encaminhamento ao processo.

O favorito para assumir a cadeira da presidência é o líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), apoiado por Lira. Apesar disso, o PSOL anunciou que terá um candidato: o deputado Pastor Henrique Vieira (RJ).

À reportagem, o psolista diz que levará o tema ao plenário da Câmara caso seja eleito. “Lira ficou jogando o tempo inteiro para promover maioria em torno do nome indicado por ele. Ele faz acenos constantes à extrema-direita e dentro desse contexto pode estar a explicação de não ter levado ao plenário da Casa a cassação do Chiquinho Brazão”, diz.

Em conversas reservadas, Lira minimiza a questão dizendo que temas sensíveis como esse não podem tramitar de forma acelerada. Na avaliação do parlamentar, esse assunto deverá ser resolvido no próximo ano.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) classifica como “inação de Lira” não ter pautado o processo de cassação e afirma que isso é “péssimo para a ética na política e para a própria imagem da Casa”. Ele diz o partido cobrará do próximo presidente que o caso Brazão seja debatido.

“É muito absurdo constatar que Arthur Lira terminou o ano legislativo sem colocar em votação a cassação do Brazão. Foram seis anos de espera por justiça e o parlamento não foi capaz de ter celeridade para responsabilização do mandante”, diz Talíria Petrone (PSOL-RJ).

A deputada Sâmia Bonfim diz que Brazão segue recebendo salário da Câmara, tem estrutura de gabinete e equipe “em pleno funcionamento”, mesmo depois de ter sido preso.

“Isso mostra que Lira prioriza aliados ao respeito pela memória Marielle e sua por justiça. Esperamos que o próximo presidente rompa com esse ciclo de desrespeito e paute a cassação de Brazão”, afirma Sâmia.

A presidente nacional da legenda, Paula Coradi diz que o parlamento precisa dar uma resposta “a esse crime político e hediondo”. “O parlamento não pode tolerar em suas fileiras o mandante de um crime tão bárbaro”.

Victoria Azevedo/Danielle Brant/FolhapressPoliticaLivre

Exército associa braço direito de Braga Netto a influencer bolsonarista

 Foto: Reprodução/TV Assembleia Maranhão

O coronel da reserva do Exército Flávio Botelho Peregrino, ex-assessor do general Braga Netto24 de dezembro de 2024 | 13:06

Exército associa braço direito de Braga Netto a influencer bolsonarista

brasil

Braço direito do general Walter Braga Netto e alvo de mandados de busca e apreensão na operação que prendeu o ex-ministro, o coronel da reserva Flávio Botelho Peregrino é apontado por integrantes da atual cúpula do Exército como responsável por espalhar desinformação entre a militância bolsonarista para difamar generais que rejeitaram aderir a intentos golpistas para impedir a posse do presidente Lula.

Reservadamente, oficiais do Quartel-General do Exército afirmam que Peregrino era um dos informantes do comentarista e influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo Filho nas investidas contra membros do Alto Comando da força terrestre.

Neto do último ditador do regime militar, João Batista Figueiredo (1918-1999), Paulo Figueiredo Filho foi comentarista da rádio Jovem Pan. Durante o intervalo entre a vitória e a posse de Lula, ajudou a espalhar entre bolsonaristas a versão de que “generais melancia” –verdes por fora, pela cor da farda do Exército, e vermelhos por dentro, ou seja, progressistas– ignoraram os apelos por uma intervenção militar para manter Bolsonaro no poder apesar da derrota eleitoral.

Figueiredo Filho foi um dos indiciados pela Polícia Federal na investigação sobre a trama golpista para barrar a posse de Lula. Ele leu na Jovem Pan um manifesto golpista de oficiais da ativa e usou a rádio para atacar os “generais melancia”.

Os alvos mais constantes do comentarista eram os generais Tomás Paiva (atual comandante do Exército), Richard Nunes (chefe do Estado-Maior do Exército), Valério Stumpf, Fernando Soares e Marco Antonio Freire Gomes. Os três últimos já passaram à reserva, mas na época integravam o Alto Comando do Exército –Freire Gomes era o comandante da corporação.

Embora a tese de que resistiram a um golpe lhes seja positiva, todos rejeitam a versão difundida por Figueiredo de que havia uma cisão no Alto Comando bem como a ideia de que tenham simpatias esquerdistas: alegam que todo o colegiado estava unido em respeito à Constituição.

Segundo a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, pelo menos um integrante do Alto Comando teria se mostrado disposto a aderir a uma ruptura institucional, o general Estevam Teophilo –que nega a acusação.

Um aspecto não vocalizado pelos generais de quatro estrelas, mas apontado como obstáculo natural a uma aventura golpista, é a falta de apoio externo (sobretudo dos EUA). O descontentamento de integrantes do Alto Comando do Exército com a condução do processo eleitoral (muitos no colegiado consideravam a Justiça Eleitoral enviesada contra Bolsonaro) e com o resultado das urnas não era suficiente para uma virada de mesa.

Procurado, o coronel Flávio Peregrino não quis se manifestar. A interlocutores ele negou a acusação, comentando que jamais teve contato com Paulo Figueiredo Filho. Em mais um lance do “jogo de empurra” entre os militares investigados pela trama golpista, a versão que Peregrino tem difundido sobre isso é de que o elo de Figueiredo no governo passado era o tenente-coronel Mauro Cid.

Apesar de ter sido alvo de busca e apreensão, Peregrino não foi indiciado nem citado oficialmente entre os investigados no inquérito das tramas golpistas.

Fabio Victor/FolhapressPoliticalivre

Decreto de Lula cria novas regras para uso de força pelas polícias; veja principais pontos

 Foto: Wilson Dias/Agência Brasil/Arquivo

O presidente Lula (PT)24 de dezembro de 2024 | 14:21

Decreto de Lula cria novas regras para uso de força pelas polícias; veja principais pontos

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O governo Lula (PT) publicou um decreto nesta terça-feira (24) que define novas regras para o uso de força por policiais e proíbe uso de armas de fogo em circunstâncias que não representem riscos aos profissionais de segurança pública.

O decreto foi elaborado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, de Ricardo Lewandowski, e teve o aval do presidente Lula.

Um dos principais pontos da nova norma prevê que não é legítimo o uso de arma de fogo em duas circunstâncias: contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não represente risco imediato de morte ou lesão para policiais ou terceiros; e contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto quando houver risco de morte ou lesão.

“Sempre que o uso da força resultar em ferimento ou morte, deverá ser elaborado relatório circunstanciado, segundo os parâmetros estabelecidos em ato do Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública”, diz trecho do decreto.

O texto diz que os profissionais de segurança pública devem priorizar a “comunicação, a negociação e o emprego de técnicas que impeçam uma escalada da violência”. O foco, segundo o decreto, é minimizar o uso de meios que possam causar ofensas, ferimentos ou mortes.

Os policiais terão de fazer anualmente uma capacitação sobre uso da força, no horário de serviço, com conteúdos sobre os procedimentos corretos sobre o emprego adequado de diferentes armas de fogo e instrumentos de menor potencial ofensivo.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública será responsável por financiar ações para a implementação do decreto, além de formular e monitorar ações relacionadas ao uso da força policial.

A pasta de Lewandowski deve desenvolver, nos próximos meses, materiais de referência sobre uso de algemas, busca pessoal e domiciliar e atuação em ambientes prisionais. O conteúdo será compartilhado com as secretarias de Segurança Pública dos estados.

As diretrizes apresentadas pelo governo federal não são imposições aos estados, que são os responsáveis pelo comando das polícias militares. Elas servem como uma tentativa de padronizar uma política pública para a segurança pública em nível nacional.

O governo Lula, porém, define no decreto que os repasses para os fundos de segurança pública observarão se os estados têm cumprido as diretrizes.

“O repasse de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública e do Fundo Penitenciário Nacional para ações que envolvam o uso da força pelos órgãos de segurança pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios está condicionado à observância do disposto na Lei nº 13.060, de 22 de dezembro de 2014, e neste Decreto.”

O decreto define como princípios gerais de uso da força em segurança pública a legalidade, a precaução, a necessidade, a proporcionalidade, a razoabilidade, a responsabilização e a não discriminação.

O texto ainda destaca a necessidade de planejamento das operações policiais para “mitigar a gravidade de qualquer dano direto ou indireto que possa ser causado a quaisquer pessoas”.

O Ministério da Justiça deve criar um Comitê Nacional de Monitoramento do Uso da Força para acompanhar os resultados das novas diretrizes. O colegiado terá a participação da sociedade civil e órgãos de governo.

O decreto foi publicado em meio às discussões no governo sobre a violência policial. Casos recentes envolvendo agentes da Polícia Militar de São Paulo, com morte e denúncias de abusos, amplificaram os debates sobre o tema.

Um dos casos mais recentes mostrou um PM de SP arremessando um homem de uma ponte no bairro Cidade Ademar, na zona sul da capital paulista. O caso teria ocorrido após perseguição por agentes do 24º Batalhão da Polícia Militar, em Diadema.

As novas regras também são publicadas na esteira da discussão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o emprego de força policial em favelas do Rio de Janeiro. O governo vê na redução da letalidade policial do Rio um trunfo para ampliar regras sobre planejamento de operações para outros estados.

Confira as principais diretrizes emitidas pelo governo Lula:

  1. Operações policiais devem ser planejadas e executadas com critérios objetivos para reduzir danos diretos ou indiretos a qualquer pessoa.
  2. O nível da força utilizado deve ser compatível com a gravidade da ameaça apresentada.
  3. Uso de arma de fogo não será legítimo contra pessoas em fuga desarmadas ou que não apresentem risco de morte ou lesão para outros.
  4. É ilegítimo o uso de armas de fogo contra veículos que desrespeitem bloqueio policial em via pública, exceto quando houver risco de morte ou lesão aos profissionais de segurança pública ou a terceiros.
  5. Deve-se elaborar relatório circunstanciado sempre que o uso da força resultar em ferimento ou morte.
  6. Órgãos de segurança pública devem submeter seus profissionais a capacitação anual sobre uso da força.
  7. Ministério da Justiça deve produzir material de referência sobre uso de algemas, busca pessoal e domiciliar e atuação em ambientes prisionais.
  8. Secretarias de Segurança Pública devem atualizar atos normativos sobre uso da força para atender às diretrizes do decreto.
  9. Comitê Nacional de Monitoramento do Uso da Força será criado para monitorar cumprimento das novas regras.
  10. Repasse de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública e do Fundo Penitenciário Nacional será condicionado ao cumprimento do decreto.

Cézar Feitoza/FolhapressPoliticaLivre

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