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domingo, outubro 06, 2024

Nenhum sistema de votação é perfeito, mas alguns são melhores do que outros

Publicado em 6 de outubro de 2024 por Tribuna da Internet

Tabata está em quarto, mas venceria o segundo turno

Hélio Schwartsman
Folha

Uma das coisas mais difíceis na democracia é contar os votos. Não me refiro obviamente ao delírio bolsonarista segundo o qual as urnas eletrônicas seriam manipuladas. O sistema eleitoral brasileiro só melhorou depois que elas foram adotadas. Tenho em mente aqui um problema que é a um só tempo mais sutil e mais profundo.

Ao menos desde de Condorcet, no século 18, e de Arrow, no 20, sabemos das dificuldades para transformar somas de preferências individuais em decisão coletiva sem gerar paradoxos.

DEMOCRACIA -Daí não decorre que devamos desistir da democracia. Até sistemas notoriamente ruins, como o colégio eleitoral que existe para eleições presidenciais nos EUA, são preferíveis a métodos não democráticos de exercício do poder, que invariavelmente geram violência.

Meu ponto é que existe um amplo cardápio de sistemas de votação e alguns são melhores do que outros. Tomemos o caso do pleito municipal paulistano. Pelos números do Datafolha, é possível que tenhamos um segundo turno entre Boulos e Marçal que são, pelo mesmo Datafolha, os candidatos mais rejeitados pela população. Tabata, que derrotaria todos os outros postulantes num segundo turno, amarga um distante quarto lugar nas intenções de voto para o primeiro.

Acho que seria interessante pensarmos em adotar um sistema de votação que dê um pouco mais de peso às rejeições, como o do voto valorativo, em que cada eleitor atribui pontos a todos os concorrentes.

ERA DE OURO – A democracia no Ocidente viveu uma era de ouro entre o fim da 2ª Guerra e o início deste século porque, por uma série de razões, prevaleciam cenários em que os votos mais radicais à esquerda e à direita meio que se anulavam, abrindo espaço para que os eleitores moderados definissem os pleitos.

Sei das dificuldades para implementar uma mudança dessa magnitude. Sistemas valorativos são mais opacos do que o atual e vendê-los à população não seria tão simples.

De toda maneira, acho que essa é uma meta de longo prazo da qual não deveríamos desistir. A democracia é uma obra em constante aperfeiçoamento.


“Se for eleito, Marçal será cassado”, confirmam dois ex-ministros do TSE

Publicado em 6 de outubro de 2024 por Tribuna da Internet

O ex-ministro do TSE Admar Gonzaga.Eduardo Gayer
Estadão

O jurista Admar Gonzaga, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entende que o candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, caminha para ficar inelegível ou ser cassado, se eleito, por ter publicado um laudo médico falso para acusar o rival Guilherme Boulos (PSOL) de ter usuário de cocaína e feito reabilitação.

“Há gravidade na utilização do documento conhecidamente falso, porque não é possível que ele não tenha apurado a veracidade, antes de exibi-lo. Então, [o candidato] pode ficar inelegível e perder o mandato, se for eleito. É bem provável que isso aconteça”, afirmou Gonzaga à Coluna do Estadão, acrescentando: “A Justiça Eleitoral está perfeitamente aparelhada para dar a devida resposta jurisdicional”.

DECISÃO DO TSE – Em última instância, é o TSE quem define uma inelegibilidade, como fez com Bolsonaro, ou uma cassação, como ocorreu no caso do então deputado Deltan Dallagnol.

Admar Gonzaga foi ministro efetivo do TSE entre 2017 e 2019. Fora da Corte, atuou como advogado de Jair Renan, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que em São Paulo apoia a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Na avaliação de outro ex-ministro da Corte Superior, que preferiu analisar o caso em anonimato, há uma hipótese clara de cassação à mesa, e a medida teria de ser aplicada como uma “linha vermelha” para evitar que as próximas vésperas de eleições sejam marcadas por atos semelhantes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – É claro que Pablo Marçal não inventou o documento, porque sabe que esse tipo de fraude é cassação na certa. O mais provável é que algum espertalhão tenha vendido a ele, que sempre foi malandro para tomar dinheiro dos outros nas redes sociais, mas desta vez procedeu como um grande otário, porque castigo anda a cavalo e chega rapidamente para atropelar o malandroSe passar ao segundo turno e depois for eleito, Marçal será cassado e haverá uma nova eleição. (C.N.)


Resultados mostram que a direita teve avanço expressivo, como já era esperado

Publicado em 6 de outubro de 2024 por Tribuna da Internet

Boulos e Nunes gastam R$ 2 mi com anúncios no Instagram em 7 dias

Nunes e Boulos vão para um segundo turno espetacular

Merval Pereira
O Globo

O voto útil, esse nosso velho conhecido nas eleições, responsável por tantas surpresas nas últimas campanhas eleitorais, volta a dar as caras nas duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro. A mais recente tinha sido a vitória de Wilson Witzel para o governo do Rio. Para evitar que Romário pudesse ir para o segundo turno contra Eduardo Paes, muita gente pregou o voto útil em Witzel na ilusão de que seria derrotado no segundo turno com facilidade. Não contavam com a tempestade perfeita que vinha a reboque do fenômeno Bolsonaro naquele 2018, que transformou aquele juiz desconhecido em um fenômeno, passageiro felizmente.

Ao mesmo tempo que, no Rio de Janeiro, o reconhecimento de Ramagem como candidato apoiado por Bolsonaro o levou a melhorar de posição, em São Paulo os candidatos da direita dividiram o eleitorado bolsonarista e caminharam de maneira quase independente nos últimos dias de campanha, sem que o ex-presidente tentasse intervir.

LULA SE AFASTA – À esquerda, também o presidente Lula se afastou da candidatura de Boulos, certo de que dificilmente terá chance de ver seu candidato vencer a disputa no segundo turno. O problema da esquerda paulistana era nem ter representante no segundo turno, o que seria uma derrota de grandes proporções.

A disputa acirrada pelo segundo turno levou a que um grupo de artistas e intelectuais divulgasse texto defendendo o voto útil a favor de Boulos, para impedir que a direita levasse seus dois candidatos ao segundo turno.

Esse voto útil paulistano atacou diretamente a candidata Tabata, que estava com 11%, segundo a pesquisa Quaest divulgada sexta-feira. Por sua vez, a candidata do PSB, que tem na esquerda uma rejeição forte, fez campanha pelo voto útil afirmando que somente ela poderia derrotar Boulos no segundo turno.

TABATA SE REVELA – A performance de Tabata na campanha em si, e em especial nos debates, mostra como a esquerda está defasada em suas escolhas. Teve pouca chance de ter sucesso desta vez, mas fincou definitivamente sua bandeira como uma das boas revelações para a renovação da política brasileira.

No Rio de Janeiro, embora a situação do prefeito Eduardo Paes possibilitasse vencer no primeiro turno, o crescimento da candidatura Ramagem trouxe o fantasma da mudança de ventos na última semana da campanha. A ponto de uma campanha a favor do voto útil em Paes ser desencadeada nas redes sociais, contra a candidatura da esquerda Tarcísio Motta, que tinha aparecido estagnado nas pesquisas de opinião mais recentes.

Embora o PT apoiasse a reeleição de Eduardo Paes, o candidato do PSOL tentou a campanha inteira atrair os votos da esquerda para si, sem renegar Lula. Mas os que votaram em Lula no segundo turno da eleição presidencial foram majoritariamente para Eduardo Paes, para garantir a vitória no primeiro turno.

CHEIRO DA DERROTA – O ex-presidente Bolsonaro, mesmo sem ter, como em São Paulo, divisão na direita, não se dedicou à campanha de Ramagem, cheirando a derrota que estaria por vir.

Lula e Bolsonaro, em momentos diversos, anunciaram que as eleições de domingo seriam um embate entre direita e esquerda representadas por ambos. Mas  pressentiram derrotas em seus domínios eleitorais e procuraram desvencilhar-se delas, como se fosse possível. 


Eleição mostra que o Brasil está se livrando da polarização Lula/Bolsonaro

Publicado em 6 de outubro de 2024 por Tribuna da Internet

Os esforços de Lula e Bolsonaro nas eleições municipais de 2024 - Nexo Jornal

Lula e Bolsonaro deram apoio restrito a seus candidatos

Carlos Newton

Não mais que de repente, como genialmente dizia Vinicius de Moraes, o editor da Tribuna teve uma epifania, que os gregos chamavam de “aparição” ou “manifestação”, e os americanos agora estão transformando em “insigth”, para simplesmente significar que a gente teve uma ideia, ou seja, captou o que está acontecendo diante de nossos olhos, mas nem todos conseguem perceber.

O fato concreto – e altamente auspicioso – é que a tão famosa polarização, que entrou na moda e atinge a política dos mais diferentes países, está começando a ceder no Brasil. Parece brincadeira, mas é verdade. Basta conferir o que aconteceu nas eleições municipais deste domingo.

LULA E BOLSONARO – A polarização nos indicava que esta seria mais uma eleição entre Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Mas sempre há surpresas,  e a polarização enfraqueceu a olhos vistos.

Não é que tenha acabado a dicotomia entre direita e esquerda, não é isso, claro. Mas o fato concreto é que os dois principais políticos do país – Lula da Silva e Jair Bolsonaro – julgavam ter o absoluto controle das ideologias. Mas isso é coisa que já ficou no passado recente, eles não dominam mais como em 2018.

Sem que houvesse qualquer fenômeno que pudesse provocar essa virada, as eleições municipais deste domingo vieram nos mostrar que as influências de Lula e de Bolsonaro são cada vez menos expressivas.

GRANDES CIDADES – Vejamos o que ocorreu nas principais cidades do país. Não é preciso consultar o Oráculo de Delfos para saber que nem Lula nem Bolsonaro tiveram maior influência nas eleições de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador ou em qualquer outra grande cidade.

Assim, chama atenção justamente esse fato de que a maioria esmagadora do eleitorado está pouco se incomodando com a opinião de Lula ou Bolsonaro.

A constatação é auspiciosa, porque é preciso que se dissipe essa tendência à polarização, para que o eleitorado passe a se acostumar a votar no melhor, ao invés de preferir aquele que representa esta ou aquela tendência político-ideológica.

FIM DA IDEOLOGIAS – É certo que as ideologias estão cada vez mais ultrapassadas, porque houve uma salutar convergência entre o capitalismo e o comunismo pela busca do bem-estar social, que possibilitou o desenvolvimento da social-democracia adotada pelos países mais desenvolvidos.

Precisamos ter paciência e escolher o caminho do meio, votando sempre naquele que for mais confiável e apresentar um melhor programa de governo.

É a isso que se chama de democracia, que se constrói pelo voto livre, sem ser manipulada por  laboratórios político-ideológicos ou redes sociais.


Eleições em 2024 terão nova regra do TSE para frear candidaturas femininas laranjas


Até chegar às regras atuais, foi percorrido um caminho de décadas; partidos consideram regra rígida

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Candidata a vereadora com votação zerada ou pífia incorre automaticamente em fraude, estipula nova regra do TSE - TSE

Para as eleições municipais deste ano, pela primeira vez o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) inseriu diretamente nas regras que regem o pleito diversos critérios objetivos para caracterizar fraudes na cota de gênero.  

A medida foi tomada em fevereiro quando os ministros aprovaram uma inédita resolução sobre ilícitos eleitorais, visando afastar dúvidas sobre quais condutas o tribunal considera delituosas, segundo o estado da arte da jurisprudência. 

Pela nova norma, por exemplo, incorre automaticamente em fraude a candidata a vereadora com votação zerada ou pífia, sem importar o motivo alegado para a baixa votação. 

Também será considerada laranja a candidatura feminina com prestação de contas idêntica a uma outra, ou que não promova atos de campanha em benefício próprio. Tais situações configuram fraude mesmo se ocorrerem sem a intenção de fraudar a lei, segundo as regras aprovadas.

Outro ponto consolidado foi o de que todos os votos recebidos pela legenda ou coligação envolvida com a fraude devem ser anulados, o que resulta, na prática, na cassação de toda a bancada eventualmente eleita. 

Considerada rígida pelos partidos, a regra é resultado de anos de julgamentos e condenações, sobretudo, no último ciclo das eleições municipais, destacam especialistas ouvidas pela Agência Brasil. Desde 2020, o TSE condenou diversas legendas por fraude na cota de gênero, em ao menos 72 processos oriundos de municípios de todas as regiões do país. 

“Ao colocar os critérios numa resolução, a Justiça está passando um sinal ainda mais forte”, disse a advogada Luciana Lóssio, que foi ministra do TSE entre 2011 e 2017 e participou dos primeiros passos desse avanço jurisprudencial. 

O caso mais recente foi julgado nessa quinta-feira (7), quando o plenário do TSE declarou a fraude praticada pelo PSB no município de Cacimbas, na Paraíba, e pelo PDT em Pombos, em Pernambuco. Em ambos os casos, toda a bancada eleita de vereadores pelos partidos foi cassada. 

Lento avanço

Até chegar às regras atuais, foi percorrido um caminho de décadas. A primeira política afirmativa para candidaturas femininas data de 1995, quando foi aprovada a reserva de 20% das candidaturas para mulheres, mas sem a obrigação dessas vagas serem de fato preenchidas, o que nunca ocorria. 

Desde então as cotas para candidaturas femininas subiram para 30% e se tornaram obrigatórias. Num dos avanços mais recentes, em 2022 foi inserida na Constituição a obrigação expressa dos partidos aplicarem os recursos públicos de campanha em candidaturas femininas, na mesma proporção do número de candidatas e no mínimo em 30%.  

Na mesma emenda constitucional, contudo, o Congresso Nacional aprovou uma espécie de perdão aos partidos. Aqueles que tiveram contas reprovadas por não aplicarem dinheiro na promoção de candidaturas femininas ficaram livres de qualquer punição.  

“O que tinha que ser feito em termos de aprimoramento legislativo e jurídico foi feito. Agora é contar com o amadurecimento civilizatório dos dirigentes dos partidos políticos”, afirma Luciana Lóssio. “Os atores do processo eleitoral precisam se conscientizar de que a Justiça não vai mais tolerar o jeitinho que se dava”, acrescenta.

A advogada lembra como, no início, praticamente não havia instrumentos jurídicos para se caracterizar uma candidatura como laranja, por exemplo. “Se exigia requisitos tão precisos, tão difíceis de serem alcançados, que realmente não se vislumbrava a concretização dessa fraude”, recorda. 

“Hoje, a jurisprudência está altamente solidificada no sentido de combater a fraude na cota de gênero com indícios muito mais concretos e de fácil percepção”, acrescenta. 

Consciência forçada

Para a advogada Renata Aguzzolli Proença, integrante da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), o fato de critérios objetivos terem sido incluídos numa resolução eleitoral deve incentivar que as fraudes sejam caracterizadas mais cedo. 

“A resolução traz uma certa vinculação, sendo uma forma de orientação aos juízes eleitorais, que, por vezes, estão atuando numa eleição esporadicamente. Vai acrescentar muito para que já no primeiro grau surjam essas punições”, avalia a defensora, que atua no Rio Grande do Sul. 

Nas eleições municipais deste ano, ela acredita que deve haver um maior cuidado dos dirigentes locais das legendas com o tema. Para evitar incorrer em fraude, ela sugere o envolvimento cada vez mais cedo das mulheres na vida partidária, bem antes das candidaturas.  

“A gente sabe como é difícil em muitos municípios ter essa participação das mulheres, mas isso porque no dia a dia elas não estão envolvidas na política. Trazer as mulheres realmente interessadas é a melhor forma de evitar todo esse problema”, conclui.

Apesar de regras mais rígidas, as advogadas ouvidas pela Agência Brasil ressalvam que ainda há um longo caminho até que as mulheres ocupem o Legislativo na mesma proporção que representam do eleitorado, ou seja, 53% do total. As mulheres ocupam hoje apenas 17,7% das vagas no Congresso Nacional, por exemplo. Para se alcançar essa paridade, “a Justiça tem que ser intransigente”, finaliza Luciana.

https://www.brasildefato.com.br/2024/03/08/eleicoes-em-2024-terao-nova-regra-do-tse-para-frear-candidaturas-femininas-laranjas

Nota da redação deste Blog -   A questão das candidatas "laranjas" vem ganhando destaque em muitas eleições municipais, inclusive em Jeremoabo, como  mencionado. A lei que trata da cota de gênero foi criada para promover a participação feminina na política, mas o uso de candidatas laranjas, ou seja, aquelas que concorrem sem a real intenção de participar do processo eleitoral, tem sido uma prática fraudulenta.

De acordo com a legislação eleitoral, fraudes ocorrem quando há candidatas com votação extremamente baixa ou zerada, como na relação de vereadoras do partido do Prefeito Deri. Isso inclui também situações onde há prestação de contas idênticas entre candidatas ou a falta de campanhas eleitorais efetivas. A justiça eleitoral pode, sim, invalidar candidaturas e até anular chapas inteiras por conta dessas fraudes, o que pode ter um impacto direto na composição da câmara de vereadores.

Se confirmada a fraude no caso de Jeremoabo, candidatos suplentes, que talvez tenham uma postura mais alinhada à ética eleitoral, poderão assumir vagas de vereadores que perderam os mandatos. A "lei do retorno" parece estar se aplicando não apenas no caso do Tistinha, mas também no comportamento de alguns vereadores aliados de Deri do Paloma. Esse tipo de ação é crucial para garantir um processo eleitoral justo e transparente.

Se esse "laranjal" for exposto, os resultados podem trazer mudanças significativas no cenário político local. Parece que a justiça está se aproximando daqueles que tentam burlar o sistema.

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