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segunda-feira, setembro 23, 2024

Morre aos 92 anos o jornalista, cronista político e ex-deputado Sebastião Nery.

Publicado em 23 de setembro de 2024 por Tribuna da Internet

A volta de Sebastião Nery | João Alberto Blog

Nery, um dos maiores mestres do jornalismo brasileiro

João Pedro Pitombo
Folha

Morreu na madrugada desta segunda-feira (dia 23) aos 92 anos o jornalista e escritor Sebastião Nery, deputado estadual cassado pela ditadura militar em 1964 e que se destacaria como um dos mais importantes cronistas políticos do Brasil. Político com mandatos na Bahia e no Rio de Janeiro, foi repórter e colunista de alguns dos principais jornais brasileiros, escreveu mais de uma dezena de livros e assinou a coluna Contraponto, na Folha, de 1975 a 1983.

Ele estava com a saúde debilitada havia cerca de quatro meses e morreu de causas naturais. A cerimônia de cremação será realizada das 8h às 10h desta terça-feira (24) no Cerimonial do Carmo, no bairro do Caju, no Rio de Janeiro.

NO SEMINÁRIO – Baiano nascido em Jaguaquara (340 km de Salvador), Nery iniciou seus estudos no Seminário de Amargosa e Seminário Central da Bahia. Na juventude, formou-se em filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais e em direito pela Universidade Federal da Bahia.

Começou a atuar como jornalista em Belo Horizonte e em 1954 disputou as eleições para a Câmara Municipal pelo PSB. Foi eleito, mas sua candidatura foi impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, que alegou que ele representava o então clandestino PCB (Partido Comunista Brasileiro).

Foi enviado em 1957 pelo Partido Comunista para Moscou, na União Soviética, para participar do Festival Internacional da Juventude. Ao voltar ao Brasil, retornou para Salvador, onde trabalhou nos jornais A Tarde e Jornal da Bahia e foi um dos fundadores do Jornal da Semana.

ELEITO DEPUTADO – Voltou à política em 1962, quando foi eleito deputado estadual na Bahia pelo MTR (Movimento Trabalhista Renovador). Exerceu o mandato por pouco mais de um ano até ser preso em 31 de março de 1964, dia em que eclodiu o golpe militar. Foi cassado pela Assembleia Legislativa em 28 de abril.

Deixou a cadeia em agosto de 1964 e conseguiu reassumir o mandato após decisão do Tribunal de Justiça da Bahia. Mas voltaria a ser cassado em dezembro e teria os direitos políticos suspensos em 1965. Foi absolvido pelo Superior Tribunal Militar, mas não conseguiu retomar o mandato.

Deixou a Bahia para trabalhar no Rio de Janeiro, onde atuou no Diário Carioca, TV Globo, Tribuna da Imprensa e Correio da Manhã. Foi processado com base na Lei de Segurança Nacional em 1972 após associar o então o primeiro-ministro de Portugal, Marcelo Caetano, a Adolf Hitler e Benito Mussolini, mas acabou sendo absolvido.

CONTRAPONTO – A partir de 1975, passou a assinar coluna Contraponto, na Folha, na qual se destacou por contar bastidores e casos folclóricos da política brasileira. Permaneceu no jornal até 1983. Na mesma época, também atuou em um programa de comentários políticos na TV Bandeirantes e publicou os quatro livros da série Folclore Político, com crônicas e histórias da política nacional.

Voltou a ter uma atuação política em 1979, quando sob a liderança de Leonel Brizola tentou refundar o PTB. A legenda acabou ficando nas mãos de Ivete Vargas e Nery se uniu a Brizola na fundação do PDT. Foi secretário da executiva nacional do partido.

Em 1982, foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro com 111.460 votos na mesma eleição em que Brizola foi eleito governador. Na Câmara dos Deputados, foi relator da CPI que investigou o endividamento externo brasileiro e foi um dos parlamentares favoráveis à derrota da emenda Dante de Oliveira, que previa o retorno das eleições diretas para presidente.

BRIGA COM BRIZOLA – Foi expulso do PDT em 1985 após divergências com Brizola. Filiou-se ao MDB e foi candidato a vice-prefeito do Rio em 1985 na chapa encabeçada por Rubem Medina, do PFL. Ambos foram derrotados. Concorreu a um novo mandato na Câmara no ano seguinte, mas não foi reeleito.

Nas eleições presidenciais de 1989, foi um dos assessores de Fernando Collor de Melo. Após a vitória do alagoano nas urnas, foi nomeado adido cultural em Roma e em Paris. Afastado dos mandatos eletivos, voltou a atuar no jornalismo como colunista da Tribuna da Imprensa.

Em sua trajetória como jornalista, escreveu livros como “Sepulcro caiado: o verdadeiro Juraci”, “Socialismo com liberdade”, “16 derrotas que abalaram o Brasil”, “A história da vitória: porque Collor ganhou” e “A eleição da reeleição”. Em 2010, recontou a sua trajetória no livro “A Nuvem”, lançado pela Geração Editorial. Quatro anos depois, lançou o livro “Ninguém me contou, eu vi”, com histórias de seis décadas da política brasileira, entre os governos Getúlio Vargas e Dilma Rousseff.

Sebastião Nery era viúvo e deixa três filhos: Jacques, Sebastião e Ana Rita.

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Releia o último artigo de Nery aqui na Tribuna, sobre Antônio Carlos Magalhães

HISTÓRIAS DO CACIQUE ACM QUE DEIXARAM DE SER CONTADAS

ACM, o político que conseguiu mandar mais na Bahia do que Juracy Magalhães - Tribuna da Imprensa Livre

ACM mandou na Bahia durante 40 anos

Sebastião Nery

Em 1952, Antônio Carlos Magalhães, médico sem medicina, funcionário sem função da Assembleia Legislativa da Bahia (“redator de debates”) e repórter político do jornal “O Estado da Bahia” na Assembleia, ficou furioso com um discurso do líder do PSD criticando o ex-interventor e líder da UDN no Estado, Juracy Magalhães, e gritou:

– Cala a boca, idiota!

Perdeu o emprego e ganhou a proteção de Juracy, amigo de seu pai, o médico e ex-deputado Francisco Magalhães, e de seu padrinho, o reitor da Universidade Federal Edgard Santos. Em 1954, Juracy o pôs na chapa para deputado estadual. Não se elegeu, ficou como primeiro suplente.

ELEIÇÃO SUPLEMENTAR – Mas naquele tempo havia “eleição suplementar” sempre que, por algum motivo, não se realizava em algum município. Antonio Balbino, o governador eleito pelo PTB, com a UDN e uma dissidência do PSD, forçou a barra e garantiu a eleição de Antonio Carlos na “eleição suplementar”.

Antonio Carlos chegou à Assembleia e virou “líder da oposição” de mentirinha ao governo de Balbino. O líder do governo era Waldir Pires, do PTB-PSD. Em 1958, Antonio Carlos e Waldir se elegeram deputados federais. Antonio Carlos pela UDN, Waldir pelo PSD. Waldir eleito por Balbino. Antonio Carlos por Juracy e por Balbino, a quem sempre chamou de “patrão”.

LACERDA COBROU – Na Câmara, embora da bancada da UDN, liderada por Carlos Lacerda, que agressivamente combatia Juscelino, logo Antonio Carlos se tornou amigo de infância de JK, com direito a poderes federais na Bahia. Lacerda cobrou:

– Soube que você esteve ontem em segredo com o Juscelino.

– Estive com ele, sim, às 11 horas. E o Magalhães Pinto esteve às 7:30.

Em 1961, na Câmara, o deputado Tenório Cavalcanti, seu colega da UDN do Rio, atacava o ex-ministro da Educação de Dutra e ministro da Fazenda de Jânio, o baiano Clemente Mariani, dono do Banco da Bahia. ACM o aparteou: “V. Excia pode dizer o que quiser, mas na verdade o que V. Excia é mesmo é um protetor do jogo e do lenocínio, porque é um ladrão.

“VAI MORRER AGORA” – Tenório sacou um revólver:

– Vai morrer agora mesmo!

– Atira!

Nem Tenório atirou nem Antonio Carlos morreu.

Dez anos depois, em 1972, Antonio Carlos, governador nomeado da Bahia, soube que o banqueiro Clemente Mariani, pressionado por Delfim Neto, ia vender o Banco da Bahia ao Bradesco. Chamou Mariani ao palácio:

– Doutor Mariani, isso é ruim para a Bahia. Se o senhor quer vender o banco, o Estado compra pelo preço que o senhor vai vender.

– Não, Antonio Carlos. Não vou vender. Você acha que eu teria condições de vender o Banco da Bahia e me enterrar na Bahia?

VINGANÇA DE ACM – No dia 2 de julho de 1973, Antonio Carlos voltava da parada da Independência da Bahia, o advogado Prisco Paraíso lhe telefonou do Rio comunicando que o Banco da Bahia tinha sido vendido ao Bradesco. O governador chegou ao palácio, fez um decreto desapropriando a casa de Clemente Mariani e transformando-a numa escola para excepcionais.

Não era uma casa qualquer. Era um belo latifúndio urbano, no alto do morro da Barra, por cima da praia da Barra. O mundo quase veio abaixo. Mariani era o dono da Bahia. Recorreu à justiça, que manteve a desapropriação, “por interesse e utilidade pública”.

NÃO COMETA O ERRO – Em 1967, presidente estadual da Arena, Antonio Carlos foi nomeado prefeito de Salvador. Eu cassado, encontrei-o no hotel Califórnia, no Rio:

– Antonio Carlos, você é jovem (40 anos), não cometa o erro de Juracy, que quis fazer da Bahia uma Capitania Hereditária e não fez nem o sucessor.

– Pois vou fazer mais do que ele fez. Juracy mandou 30 anos na Bahia, de 1932 a 1962. Vou mandar 40 anos. (Mandou de 1967 a 2007). 

 

Nota de Repúdio à Violação do Direito ao Silêncio e ao Respeito Religioso em Jeremoabo

                                       

 Nota de Repúdio

Como filho de Jeremoabo e católico, venho expressar meu profundo repúdio às atitudes do prefeito Deri do Paloma e de seu sobrinho, candidato a prefeito Matheus, que desrespeitam a lei do silêncio e a legislação eleitoral. O barulho ensurdecedor de motos e paredões de som tem sido uma constante, interrompendo momentos sagrados como as missas da Igreja Católica e os cultos das Igrejas Evangélicas.

Essas ações não apenas desrespeitam o direito à tranquilidade e ao culto, mas também mostram uma total falta de consideração pela comunidade. O uso de barulho excessivo em períodos eleitorais é uma prática que remete a regimes autoritários, onde a voz do povo e o respeito às tradições são silenciados.

É inaceitável que, em um Estado democrático de direito, aqueles que deveriam zelar pelo bem-estar da população promovam atos que geram desconforto e desrespeito às crenças e valores dos cidadãos. Exigimos respeito às leis e ao direito de cada um de vivenciar sua fé em paz.

Faço um apelo à consciência de todos os envolvidos e à população de Jeremoabo: é hora de nos unirmos em prol de um ambiente respeitoso e digno para todos.

Atenciosamente,

Blogdedemontalvao

Se o prefeito e seu sobrinho candidato a prefeito de Jeremoabo, não Respeitam a Casa de Deus, Quem Ele Respeitará?


É realmente preocupante quando autoridades desrespeitam a legislação eleitoral e, mais importante, os direitos da comunidade. O uso de som alto, especialmente em áreas sensíveis como igrejas e hospitais, não apenas fere as normas estabelecidas pela Lei n° 9.504/97, mas também demonstra uma falta de respeito pelo bem-estar dos cidadãos.

A situação em que a missa teve que ser suspensa por conta do barulho é um claro exemplo de como a irresponsabilidade de alguns pode impactar a vida de muitos. Se o prefeito e seu sobrinho, candidato a prefeito, não respeitam a lei e instituições que são fundamentais para a comunidade, como esperar que respeitem os cidadãos?

É essencial que o Ministério Público Eleitoral atue para investigar e, se necessário, punir esses abusos, garantindo que todos os candidatos sigam as regras do jogo democrático. Jeremoabo merece um governo que respeite seus habitantes e as leis que regem a convivência social. A população deve exigir responsabilidade de seus líderes e lutar por um ambiente eleitoral mais justo e respeitoso.

Nota da redação deste Blog É realmente contraditório que um prefeito, que frequentemente menciona Deus em seus discursos, não respeite as instituições religiosas e o direito das pessoas de exercerem sua fé. O que aconteceu neste domingo em Jeremoabo, onde os cultos católicos e evangélicos foram interrompidos por conta do barulho excessivo da campanha de Deri do Paloma e seu sobrinho, é um claro sinal de falta de respeito não apenas à religião, mas também às leis e à ética que deveriam guiar a política.

Essa politicagem que ignora os direitos fundamentais dos cidadãos é alarmante e lembra situações em que a liberdade religiosa é cerceada por regimes autoritários. A população católica e evangélica de Jeremoabo deve refletir sobre o tipo de liderança que deseja para sua cidade. Não é aceitável que aqueles que deveriam zelar pelo bem-estar da comunidade ajam de forma tão desrespeitosa.

Se o prefeito realmente acredita em Deus, é crucial que suas ações reflitam essa crença. Invocar o nome de Deus em vão, enquanto desconsidera os valores que Ele representa, é uma hipocrisia que não deve ser tolerada. Jeremoabo merece líderes que respeitem a fé e a dignidade de todos os seus cidadãos.





Início das Atividades da UNEB em Jeremoabo: Uma Nova Esperança para a Educação Quilombola e Indígena

 

/09/2024

 Início das Atividades da UNEB em Jeremoabo: Uma Nova Esperança para a 

Educação Quilombola e Indígena

Fonte: JV PORTAL ; JEREMOABO TV

 e indígenas da região.
 Glória, além de outras etnias.

Nota da redação deste Blog -  A Desvalorização da Educação e Cultura em Jeremoabo

No último sábado, 21 de setembro, a Praça do Forró foi palco de um evento significativo para a promoção da educação inclusiva e acessível, especialmente voltada para as comunidades quilombolas e indígenas da região. Com o início das atividades da UNEB em Jeremoabo, surgiu uma nova esperança para essas populações, que historicamente enfrentam desafios em relação ao acesso à educação de qualidade.

A UNEB, reconhecida por seu compromisso com a diversidade, planeja oferecer cursos que dialoguem diretamente com as realidades e necessidades dessas comunidades. No entanto, a ausência de autoridades locais, incluindo o prefeito Deri do Paloma, durante a cerimônia de abertura, deixou um clima de desânimo entre os presentes. A falta de apoio e reconhecimento oficial não apenas ofuscou a importância do evento, mas também levantou questionamentos sobre o comprometimento da administração municipal com a educação e a cultura.

Infelizmente, essa não é uma ocorrência isolada. O prefeito parece priorizar interesses pessoais e políticos em detrimento do desenvolvimento educacional do município. A dedicação ao fortalecimento de laços políticos, como a campanha de um sobrinho a prefeito, se sobrepõe à responsabilidade de promover a educação e o bem-estar da população. Essa visão míope pode ter consequências devastadoras para o futuro de Jeremoabo.

É preocupante pensar que, ao investir na educação, a população poderia se tornar mais consciente de suas escolhas e, consequentemente, menos suscetível a promessas vazias em períodos eleitorais. Se o povo aprender a ler e se educar, é possível que comece a exigir mais de seus governantes, o que representa uma ameaça à manutenção do status quo. A ignorância, infelizmente, muitas vezes é utilizada como uma ferramenta de controle político.

Diante desse cenário, é fundamental que a população de Jeremoabo se una em prol de uma educação que valorize suas raízes culturais e promova o desenvolvimento sustentável. O evento da UNEB é um passo importante, mas é preciso mais: é necessário um compromisso genuíno da administração municipal com a educação, a cultura e o desenvolvimento social.

Para que Jeremoabo possa trilhar um caminho mais justo e próspero, é hora de exigir que o prefeito e sua equipe priorizem políticas públicas que realmente façam a diferença na vida das pessoas. Ao invés de se esquivar de suas responsabilidades, o poder público deve se engajar ativamente na promoção de uma educação que transforme e empodere a população.

Na próxima eleição, que o povo de Jeremoabo vote com a razão, em prol de um futuro onde a educação e a cultura sejam verdadeiramente valorizadas, e não apenas uma ferramenta de manipulação política. O futuro de nossas crianças e a dignidade de nossas comunidades dependem disso.

Eleições no interior da Bahia têm festa nas ruas, famílias divididas e ultrapolarização

 Foto: José Cruz/Arquivo/Agência Brasil

Urna eletrônica23 de setembro de 2024 | 06:48

Eleições no interior da Bahia têm festa nas ruas, famílias divididas e ultrapolarização

brasil

Motocicletas envenenadas aceleram e fazem o motor roncar, emulando o som de fogos de artifício com o escapamento. Montados nas motos, jovens descolam as rodas dianteiras do chão e se equilibram. Os da frente conduzem o veículo e os da garupa empunham as bandeiras dos candidatos.

Mais adiante, mãe e filha operam uma mesa de som improvisada na carroceria de uma camionete e fazem tocar um paredão de caixas de som. O equipamento instalado em um reboque toca jingles em sequência e em volume máximo.

São 20h de uma quarta-feira em Campo Formoso, cidade do norte da Bahia, e as ruas do centro estão apinhadas. Famílias inteiras chegam carregando bandeiras nas mãos e usam roupas em tons monocromáticos. Rente aos paredões, pulam, dançam e balançam as bandeiras.

De um lado, centenas de pessoas vestem azul, cor da campanha do prefeito Elmo Nascimento (União Brasil). Algumas ruas adiante, o laranja toma conta das ruas em uma caminhada de Denise Menezes (PSD), candidata da oposição.

Com dois candidatos na disputa pela prefeitura, Campo Formoso vive uma eleição marcada pela ultrapolarização, representada por uma rivalidade histórica entre grupos políticos locais.

Este cenário se replica em outras pequenas cidades do interior da Bahia. Dos 417 municípios do estado, 214 têm só dois candidatos a prefeito nesta eleição, conforme levantamento da Confederação Nacional dos Municípios.

As cidades se dividem em rivalidades dignas de futebol e vivem a eleição como uma espécie de campeonato, com torcidas nas ruas, provocações, famílias divididas e apostas entre aliados dos candidatos.

Em geral, são campanhas enraizadas em laços familiares e refletem uma cultura política que ainda traz resquícios do coronelismo, segundo o cientista político Cláudio André de Souza, professor da Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira).

“A dinâmica da política municipal é diferente porque envolve uma lógica econômica, de acesso às oportunidades. Ganhar a prefeitura se estabelece com uma centralidade gigantesca do que a pessoa vai ser nos próximos quatro anos.”

Em Campo Formoso, a política se divide há mais de 50 anos entre os Boca Branca e os Boca Preta, grupos que hoje são respectivamente liderados pelo deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil) e pelo deputado estadual Adolfo Menezes (PSD), presidente da Assembleia Legislativa.

Os nomes dos grupos surgiram nos anos 1970, em uma eleição que opôs os candidatos Luís Alberto Prisco Viana e Rômulo Galvão de Carvalho. O primeiro tinha um bigode preto e ganhou a alcunha de Boca Preta. Seu adversário, mais velho, ostentava um bigode grisalho e virou o Boca Branca.

Os grupos eram ancorados em famílias tradicionais como os Gonçalves, os Galvão e os Marques. Com o ocaso dos principais clãs políticos, os Menezes ascenderam ao comando dos Boca Preta nos anos 1980, sendo desafiados a partir da década seguinte pelos Nascimento, que passaram a liderar os Boca Branca.

As duas famílias têm laços de parentesco —a avó de Elmar Nascimento e o pai de Adolfo Menezes eram primos. Seus descendentes, contudo, seguiram rumos políticos opostos e se consolidaram como os principais polos eleitorais na cidade.

O início da campanha eleitoral deu largada à maratona de atos de campanha que inclui caminhadas, carreatas e comícios, praticamente diários e que mobilizam eleitores em clima de festa.

Em 4 de setembro, em um comício no centro, uma multidão vestida de laranja se reuniu para ouvir a candidata da oposição, Denise Menezes, depois de uma caminhada pelas ruas.

O evento foi anunciado como a “Pisadinha 55”, referência ao ritmo derivado do forró que embala a campanha e ao número do partido, o PSD. Apoiadores usavam adesivos com uma boca preta colados ao rosto.

Em frente ao palco, um deles carregava uma “marreta biônica”, com 4m de altura, que remete a um jingle popular na Bahia que compara a força do grupo político a uma marreta, que esmaga os adversários e os deixa “de cabeça tonta”.

A poucos quilômetros dali, apoiadores de Elmo percorreram ruas da periferia num evento chamado “Pula-pula do 44”, número de urna do União Brasil. Empunhando bandeiras azuis, traziam adesivos com bocas brancas colados no rosto.

Com uma bandeira nas mãos, a operadora de caixa Ana Cássia Mendes, 25, retornava da caminhada acompanhada de um amigo e da filha de 4 anos e diz ver a política como paixão. “É como futebol. Tem gente que até briga mesmo, fecha a cara. Tem família que fica sem se falar, tem gente que aposta casa, aposta carro para ver se ganha. O povo é fanático.”

Ela se define como uma “Boca Branca doente” e diz que sequer olha as propostas dos candidatos da oposição. Nas eleições de 2022, abriu uma exceção: votou em Elmar Nascimento para deputado federal, mas também no adversário Adolfo Menezes para estadual, por serem “os dois filhos da terra.”

Com uma dinâmica de ultrapolarização, Campo Formoso costuma protagonizar disputas apertadas. Em 2020, Elmo venceu a então prefeita Rose Menezes (PSD) por 833 votos, diferença inferior a dois pontos percentuais. Na eleição anterior, Rose venceu Elmo com 1.820 votos de frente.

“O que está em jogo não é racional, de quem é o melhor. A pessoa não quer saber quem é o melhor para administrar, ela quer saber o time que ela torce. A paixão está acima da razão para uma parte da população”, disse o prefeito Elmo Nascimento.

Ele afirma que pesquisas apontam para uma boa avaliação da sua gestão, mas os números não se traduzem em um patamar semelhante de intenções de voto. Ou seja, mesmo eleitores que aprovam seu governo votam na oposição, por serem fiéis ao grupo político predileto.

Este cenário de rivalidades históricas se replica em outras cidades baianas. Os grupos Beija-flor e Jacu se enfrentam em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo baiano. Jacus e Macacos concorrem em Ipirá, no sertão. Corinas e Rabudos se opõem em Oliveira dos Brejinhos.

Em Conceição do Coité, a disputa eleitoral opõe tradicionalmente os Vermelhos e os Azuis, grupos cuja cor referência em nada tem a ver com batalhas ideológicas. Nas últimas eleições, como em um paradoxo, os Azuis foram representados pelo candidato do PT, que aboliu o vermelho da campanha.

A polarização se repete também em outros estados, mas os grupos tradicionais têm perdido força entre os eleitores mais jovens, que cresceram ancorados nas redes sociais e têm referências políticas que vão além da realidade local.

“É como se houvesse uma extrapolação da esfera pública. O eleitor está em uma esfera mais ampliada, para além do que acontece no município. Isso mexe no jogo”, avalia Cláudio André de Souza.

João Pedro Pitombo e Bruno Santos/Folhapress

Sobrinho de Isaac Carvalho é proibido de usar imagem de Lula e de Jerônimo na campanha em Juazeiro

 

Sobrinho de Isaac Carvalho é proibido de usar imagem de Lula e de Jerônimo na campanha em Juazeiro

interior

O juiz Aroldo Carlos Borges do Nascimento, da4 8ª Zona Eleitoral de Juazeiro, determinou que o candidato do PSD à Prefeitura do município, Celso Carvalho, utilize na propaganda eleitoral as imagens do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e do presidente Lula (PT). Celso é sobrinho do ex-prefeito Isaac Carvalho, até pouco tempo atrás a principal liderança petista na cidade do norte baiano.

O magistrado atendeu a um pedido da coligação do candidato do MDB, Andrei Gonçalves, que tem oficialmente os apoios de Jerônimo e de Lula – o governador já esteve presente em dois atos da campanha do emedebista, enquanto o presidente gravou um vídeo de apoio para o horário eleitoral.

O juiz determinou que Celso Carvalho se abstenha de “utilizar em sua propaganda eleitoral, em qualquer mídia (TV, rádio, impressos, redes sociais etc), qualquer referência, imagem ou voz do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do governador Jerônimo Rodrigues, que indique apoio a sua candidatura, sob pena de multa no valor de R$ 50.000,00”.

Aroldo Carlos Borges do Nascimento intimou o Facebook do Brasil apagar do Instagram uma propaganda da campanha de Celso que associa o candidato ao presidente e ao governador, peça que deu origem à ação movida por Andrei na Justiça Eleitoral.

PoliticaLivre

MANUAL DE CONDUTAS PROIBIDAS PELA LEGISLAÇÃO ELEITORAL 2024

https://www.portal.pge.sp.gov.br/wp-content/uploads/2024/02/manual-de-condutas-proibidas-pela-legislacao-eleitoral-1.pdf 

Por que Yandra e Emília não defendem André e Amorim?

 em 23 set, 2024 8:43

Adiberto de Souza

Muitos eleitores de Aracaju têm perguntado por que as prefeituráveis Yandra de André (União) e Emília Corrêa (PL) não defendem seus protetores, respectivamente, André Moura e Edvan Amorim. Os adversários delas dizem o diabo de ambos, sem que as duas contestem as críticas. O programa eleitoral do candidato Luiz Roberto (PDT) tem divulgado que André foi condenado a oito anos de cadeia pela prática de uma série de crimes. Segundo o senador Alessandro Vieira (MDB), o pai de Yandra “roubou o dinheiro de Pirambu”. Já o Jornal do Dia alerta os eleitores que Emília é aliada dos “irmãos Amorim, o que há de mais retrógado na política sergipana”. O matutino lembra, ainda, que a “família utiliza métodos nada republicanos em busca de seus objetivos políticos e econômicos”. Os adversários de Corrêa também criticam o fato de o mandachuva do PL, Edvan Amorim, não aparecer no programa eleitoral dela. Por que será? Seria bom que os marqueteiros de Yandra e Emília explicassem os motivos desse silêncio ensurdecedor. Do contrário, os eleitores vão concluir simplesmente que ambas concordam com as graves acusações feitas aos protetores delas. Afinal, quem cala, consente. Home vôte!

Delegada invocada

Para evitar confusão da grossa, evite convidar para o mesmo palanque a candidata a prefeita de Aracaju, Danielle Garcia (MDB), e o ex-prefeito de Capela, Manoel Sukita (PT). A distinta está por aqui com as agressões verbais proferidas contra ela pela pelo petista. Garcia ressalta que não tolera nem aceita intimidação e prometeu continuar defendendo o que é justo e correto para o povo: “Sukita foi condenado e está inelegível. Nos veremos, mais uma vez, na justiça. Desta vez, espero que ele não chore nem peça para fazer acordo comigo”, avisa a delegada Danielle. Misericórdia!

Cara, crachá

Os eleitores devem ficar atentos para os documentos a serem levados à sessão eleitoral. Por mais estranho que possa parecer, como o título eleitoral não tem foto não pode ser o único documento apresentado. É preciso ter, por exemplo, cédula de identidade, passaporte, carteira de motorista ou certificado de reservista. Para quem já tem a biometria cadastrada, o aplicativo e-Título também pode ser usado. Já a carteira de trabalho digital não serve como documento de identificação para o dia da votação. Aff Maria!

Assédio eleitoral

A campanha eleitoral em Sergipe já contabilizou 13 denúncias de assédio eleitoral. No Brasil já foram registradas 319 dessas denúncias. De acordo com o Ministério Público do Trabalho, a Bahia, com 45 denúncias, lidera o ranking nacional. O assédio eleitoral envolve práticas de coação, intimidação, ameaças ou constrangimento durante a votação, com o objetivo de influenciar ou manipular o voto e a manifestação política dos trabalhadores. Só Jesus na causa!

Campanha no pedal

Arquiteto por formação e defensor do meio ambiente, o vereador aracajuano e candidato à reeleição Breno Garibalde (Rede) tem feito uma campanha diferente. Ontem, o ilustre promoveu uma concorrida bicicletada, saindo dos mercados centrais de Aracaju e percorrendo ruas e avenidas da cidade. Pedalando ao lado da “ovelha verde”, Breno defendeu que a política precisa mudar e propôs que se vote pelo clima. Então, tá!

O Partido da Causa Operária ainda não viu a cor da grana do fundo eleitoral. O dinheiro foi bloqueado pela Assessoria de Exames de Contas Eleitorais e Partidária do TSE porque o PCO não prestou contas em 2019. A legenda, alega, porém, que uma resolução no TSE garante a liberação do fundo, mesmo não tendo havido a prestação de contas. Por causa desse bloqueio, o candidato a prefeito de Aracaju, Felipe Vilanova (PCO), está fazendo a campanha com a cara e a coragem, diferente de alguns prefeituráveis que tiveram direito a cerca de R$ 5 milhões do fundo eleitoral. Creindeuspai!

Na reta final da campanha eleitoral, a classe política deu com os costados, ontem, em Itabi para prestigiar a 42ª Corrida do Jegue, tradicional evento daquele município sergipano. Por conta dessa competição, Itabi ficou conhecida como “a terra da velocidade”. O governador Fábio Mitidieri (PSD) fez questão de levar seu apoio à candidata a prefeita Gabi de Lica (PP). Essa competição foi criada pelo saudoso ex-prefeito de Itabi, Valdione Sá. Na primeira edição da festa o jegue vencedor foi “Seu Marido”. Ah, bom!

Defesa da cara-metade

Nos discursos feitos em defesa da candidata a prefeita de Aracaju, Candisse Carvalho (PT), o senador Rogério Carvalho (PT) tem alertado a população para abrir os olhos. “Não podemos cair nas armadilhas daqueles que representam o bolsonarismo, a corrupção e a continuidade de uma gestão que favorece apenas amigos, ignorando o povo”, avisa o petista que, naturalmente, defende o nome de sua cara-metrade. Segundo o distinto, “a única candidatura que verdadeiramente representa o povo, o PT e o presidente que mais fez por nosso Brasil é Candisse”. Marminino!

Magrela supimpa

A maioria dos ciclistas usa a bicicleta como transporte, para ir ao trabalho (88,1%), e pedala cinco dias ou mais por semana (71,6%). Os números constam da pesquisa Perfil do Ciclista Brasileiro. O estudo revelou que 61,8% dos entrevistados usam a bicicleta como meio de transporte há menos de 5 anos. A maior parte (56,2%) leva entre 10 e 30 minutos em suas viagens, tem entre 25 e 34 anos de idade (34,3%) e renda entre um e dois salários mínimos (30%). Viva o “camelo”!

Leves e soltos

Em Sergipe existem 5.582 pessoas que não podem ser presas, a não ser em caso de flagrante delito. São os candidatos a prefeito, vice e vereador, protegidos por uma norma do Código Eleitoral criada justamente para garantir o equilíbrio da disputa e prevenir que prisões sejam usadas como instrumento político. Nas cidades em que o pleito não for decidido no próximo dia 6, a restrição para a prisão de candidatos vale de 12 a 29 de outubro, pois o segundo turno acontecerá no dia 27 de outubro. No caso dos eleitores, a restrição para prisão é de cinco dias antes do pleito, salvo em flagrante delito. Arre égua!

INFONET

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