Marcela Mattos
Veja
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, sofreu importunações e comentários enviesados, além de ao menos um episódio de importunação sexual, por parte do seu colega de Esplanada, o agora ex-ministro Silvio Almeida, sem formalizar nenhuma denúncia aos órgãos de controle do governo.
O caso ficou mantido sob sigilo por mais de um ano, e veio à tona após publicação do portal Metrópoles, no início do mês. Almeida foi demitido do Ministério dos Direitos Humanos e um inquérito foi instaurado pela Polícia Federal.
BASTIDORES – O assunto, porém, já circulava nas rodas de poder antes da publicação. Em agosto, um ministro, a pedido de Lula, se reuniu com Almeida em busca de esclarecer os “rumores” sobre o assédio e indicando a saída dele do cargo caso fosse verdade. O então chefe dos Direitos Humanos, porém, negou com veemência qualquer investida.
Na sequência, esse mesmo ministro procurou Anielle, que acabou confirmando ter sido alvo de importunações por parte de Almeida. Na ocasião, ela alegou manter os detalhes do ocorrido em sigilo temendo que virasse um escândalo e dizendo que preferia esquecer do ocorrido.
A ministra também disse ter receio de, apesar de ser a vítima, acabar prejudicada e demitida em meio ao desgaste que, conforme já esperava, seria provocado com o episódio.
OUTRA RECUSA – Diante da confirmação do assédio, o auxiliar de Lula voltou novamente a Silvio Almeida, que, em tom ainda mais contundente, se recusou a pedir demissão, manteve a versão de que não fizera nada de errado e ainda alegou ter provas de que não fizera nada de errado e ainda alegou ter provas de que mantinha uma boa relação com Anielle.
Silvio Almeida foi demitido na última sexta-feira, 6, um dia após a publicação da reportagem. Anielle entrou de férias na última semana e não deu nenhuma posição pública sobre o episódio.
A previsão é que ela retome os trabalhos nesta semana.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O que era uma novela romântica está se tornando uma chanchada, com as versões sempre favoráveis a Anielle Franco. Uma das Piadas do Ano contidas no roteiro é dizer que a ministra Anielle foi assediada numa reunião em que Silvio Almeida estava sentado diante de Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, que poderia tê-lo prendido na hora, mas confessa que não viu nada. Certamente a defesa de Almeida vai arrolar o delegado como testemunha. É um caso estranho, porque Anielle é recém-casada, uniu-se em matrimônio no dia 27 de julho com o engenheiro Carlos Frederico da Silva, com quem vive há seis anos e tem duas filhas. Como dizia Ibrahin Sued, em sociedade tudo sabe. Comprem bastante pipocas. (C.N.)