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sexta-feira, julho 01, 2022

Gettr: ex-assessor de Trump diz que sua rede social não vai tolerar conteúdo que incite 'invasão do Congresso' no Brasil




Jason Miller foi detido pela PF no Brasil em setembro do ano passado, após se encontrar com Bolsonaro

Por Mariana Sanches, em Washington

Da penúltima vez que esteve no Brasil, o ex-assessor de Donald Trump e atual CEO da rede social Gettr, Jason Miller, havia passado quase quatro horas detido pela Polícia Federal (PF) para prestar esclarecimentos no inquérito das fake news, no aeroporto de Brasília.

Há três semanas, no entanto, ele voltou ao país, para participar, ao lado dos deputados federais Eduardo Bolsonaro (que defendeu no evento que a "Hungria era exemplo a ser seguido") e Carla Zambelli, ambos do PL-SP, da versão brasileira do Conservative Political Action Conference, o CPAC Brasil, em Campinas, em São Paulo. E dessa vez, sua passagem não teve tensões com autoridades no país. Segundo sua assessoria, ele foi "ovacionado de pé" no evento destinado a conservadores.

A nova visita ao Brasil era vista por Miller como central para tentar alavancar a rede social — amplamente associada à direita tanto no Brasil quanto nos EUA e em outros países — e para a qual ele tenta alcançar a marca de um milhão de usuários brasileiros. Ainda não conseguiu. Mas a Gettr afirma que a passagem de poucos dias de Miller ao Brasil alavancou o número de perfis baseados no país de 750 mil para 800 mil.

A rede cresce justamente com a ajuda de eleitores trumpistas e bolsonaristas. Globalmente, Miller se conecta com atores da direita radical não só por ideologia, mas também porque isso é bom para seus negócios.

Ele mostra apoio explícito, por exemplo, ao partido AfD, na Alemanha, e a Marine Le Pen, na França, país em que esteve em ao menos quatro ocasiões antes do pleito em que a candidata da direita radical foi derrotada por Emmanuel Macron, que se reelegeu presidente recentemente.

"O presidente Bolsonaro é um dos nossos dez maiores perfis globais. Acredito que ele esteja entre sexto ou sétimo em número de seguidores", diz Jason Miller à BBC News Brasil, em Washington D.C., um pouco antes de embarcar para o Brasil, em junho.

Bolsonaro tem 674 mil seguidores na Gettr, contra 8,3 milhões no Twitter, o que dá uma medida tanto do potencial de expansão da plataforma quanto de quão pequena ela ainda é, um possível sinal de que a rede social, que completará um ano nesta semana, pode não decolar.

O próprio Trump, que motivou o ex-assessor a criar uma espécie de Twitter alternativo após ter sido banido das redes no episódio da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, não chegou a um acordo financeiro com a Gettr para criar seu perfil.

Mas figuras centrais em sua gestão, como o ideólogo Steve Bannon e o ex-secretário de Estado Mike Pompeo estão entre os cerca de 5 milhões de usuários da rede social.

Presença frequente no Brasil

Como já fez em outros países, no entanto, com a proximidade das eleições no Brasil, Jason Miller deve reforçar sua presença no país para atrair usuários ao mesmo tempo em que os Bolsonaro tentam arregimentar eleitores.

"Espero estar no Brasil com bem mais frequência agora e dar um grande impulso nos números", diz Miller, que nega qualquer envolvimento com a campanha pela reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

"Temos visto o Brasil como nossa segunda maior comunidade. É cerca de 14% ou 15% da nossa plataforma, atrás apenas dos EUA. Uma das melhores coisas sobre a Gettr é que ela é 51% americano e 49% internacional. Logo após o Brasil, temos o Reino Unido, com cerca de 10% dos usuários, a Alemanha, entre 8% e 9% e a França, entre 5% e 6%. É uma comunidade internacional em crescimento", diz Miller.

A Gettr também tem se beneficiado de usuários que costumavam usar o hoje ostracizado Parler. O Parler se firmou como uma rede de usuários de direita, atraindo inclusive expoentes brasileiros, como Eduardo Bolsonaro, ao longo de 2019 e de 2020.

Em janeiro de 2021, segundo a plataforma, ela contava com 15 milhões de usuários. O ataque ao capitólio em 6 de janeiro, no entanto, representou praticamente o seu fim.

A própria plataforma reportou ao serviço investigativo americano FBI ter sido extensamente usada por usuários trumpistas para preparar e coordenar o ataque ao Congresso americano, que resultou em cinco mortos e na interrupção da certificação da vitória eleitoral do democrata Joe Biden por algumas horas.

As investigações mostraram que o Parler foi totalmente tomado por mensagens que afirmavam ter havido fraude no pleito americano de 2020, ressoando alegações do próprio Trump, e clamavam por "guerra civil", ameaças de morte a policiais e conclamação à insurreição. O aplicativo foi incapaz de conter o fluxo e moderar as mensagens para que elas não se traduzissem em violência no mundo real. Depois disso, o Parler foi excluído das lojas de aplicativos do Google e da Apple, e houve um intenso movimento de anunciantes para retirar seus anúncios da plataforma.

Confrontado com a possibilidade de que sua plataforma, a Gettr, pudesse ser usada no Brasil para coordenar algum tipo de insurreição após as eleições nos moldes dos ataques ao Capitólio americano, possibilidade que vem sendo aventada por políticos e analistas nos EUA, Miller é incisivo em sua resposta.

"Não importa em que país do mundo, este não é o tipo de coisa que permitiríamos em nossa plataforma", diz ele à BBC News Brasil.

Segundo o CEO, o serviço de streaming de vídeo pelos próprios usuários só está disponível para perfis verificados e ainda assim está sujeito a uma série de regras para coibir abusos e violência. Recentemente, atiradores americanos usaram esse tipo de serviço de plataformas para transmitir ao vivo massacres com armas de fogo.

"Nossos termos de serviço deixam muito claro que, se você estiver fazendo ameaças físicas ou planejando cometer violência ou dano contra alguém, isso seria uma violação de nossos termos de serviço ou diretrizes da comunidade", diz Miller, garantindo que o conteúdo seria retirado do ar por meio do sistema de moderação humano e automático.

O presidente Jair Bolsonaro tem feito alegações de que o sistema eleitoral brasileiro é fraudulento e de que pode não aceitar o resultado, o que poderia motivar situação semelhante à vivida nos EUA, segundo analistas políticos.

Miller, no entanto, não reconhece essa possibilidade: "tudo o que eu vi (de manifestações) do presidente Bolsonaro parece ter sido sempre no sentido de apoiar muito a lei e a ordem. Não houve nenhum tipo de atividade ou comunicação (de Bolsonaro) na Gettr nesse sentido".

No início de junho, em viagem a Orlando (Flórida, EUA), Bolsonaro foi questionado pela BBC News Brasil se, após a divulgação do resultados das eleições no Brasil, o país poderia viver uma situação de violência análoga à invasão do Capitólio nos EUA, em janeiro de 2021.

O presidente brasileiro respondeu: "Eu não sei o que vai acontecer, de minha parte teremos eleições limpas, com toda certeza nós vamos tomar providências antes das eleições", disse, sugerindo que as Forças Armadas atuarão no processo eleitoral.

Bolsonaro então citou uma declaração recente de Ciro Gomes, candidato presidencial do PDT: "O Ciro Gomes, terceiro lugar nas pesquisas, acabou de dizer que 'se Lula ganhar, o Brasil amanhece em guerra'. A população brasileira, a maioria esmagadora, está comigo".

Miller testemunhou na Comissão da Câmara dos EUA que investiga invasão ao Capitólio

Dentro de casa, nos EUA, Miller é parte de um processo de investigação da Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil) sobre as ações do ex-presidente Donald Trump que, de acordo com o inquérito, foram determinantes para o desfecho da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, quando o republicano ainda era presidente.

No primeiro dia de audiência pública, a vice-presidente do comitê investigativo, Liz Cheney, colocou no ar um depoimento em vídeo de Miller no qual ele diz ter presenciado, no Salão Oval, um diálogo entre Trump e seu principal analista de dados da campanha, Matt Oczkowski. Na ocasião, Oczkowski disse a Trump que ele perderia o pleito, pouco tempo depois da eleição.

"Lembro que ele afirmou ao presidente — em termos bastante contundentes —, que ele iria perder", disse Miller, confirmando que as informações do analista eram baseadas em resultados de condado por condado e Estado por Estado.

A fala de Miller foi usada para basear a interpretação dos deputados americanos do comitê de que Trump sabia estar mentindo quando repetiu aos seus eleitores que ele havia sido vítima de uma fraude eleitoral.

Depois da divulgação do trecho do vídeo, Miller afirmou que o material cortava parte de sua argumentação. Segundo Miller, ele contou aos deputados que Trump discordava do analista Matt Oczkowski porque acreditava que seu funcionário não estava levando em conta as chances de vitória em batalhas judiciais.

"Ele acreditava que Matt não estava olhando para a perspectiva de desafios legais em nosso caminho e que Matt estava olhando puramente para o que esses números estavam mostrando, em oposição a coisas mais amplas para incluir questões de legalidade e integridade eleitoral que, como um cara de dados, ele pode não estar monitorando", teria dito Miller ao comitê.

Miller continua próximo a Trump e deve ser peça importante na campanha se o republicano realmente se candidatar em 2024.

Esta semana, no entanto, revelações feitas por uma ex-assessora da Casa Branca indicaram que Trump sabia que havia manifestantes armados em seu comício, permitiu sua presença e desejava participar junto com eles dos atos que se seguiram no capitólio, no qual seu vice-presidente, Mike Pence, teve que ser protegido para não ser assassinado. É incerto que tipo de impacto as revelações, que Trump classifica como falsas, podem ter sobre sua elegibilidade futura.

Entre os eleitores de Trump, foi justamente o seu banimento das redes após o episódio do Capitólio o que motivou um aumento ainda maior do sentimento contra "as big techs do Vale do Silício", como são conhecidas as redes como Facebook, Twitter, Youtube.

Segundo Miller, o mesmo sentimento existe no Brasil. Sem mencionar diretamente os casos, o ex-assessor de Trump faz referência à situação de bolsonaristas seguidamente derrubados de plataformas por espalhar fake news ou incitar violência, como o blogueiro Allan dos Santos, a ativista Sara Winter, e o deputado federal Daniel Silveira, em inquéritos dos quais o próprio Miller também foi alvo.

"No que diz respeito especificamente ao Brasil, muitas pessoas estão frustradas com a escolha restrita de meios e redes de comunicação no Brasil, o fato de você não ter a descentralização do livre fluxo de informações", diz.

Ele acusa as redes e a imprensa de censurarem as opiniões de direita em nome de manter a segurança ou confiabilidade das plataformas. Segundo Miller, seria possível manter as opiniões da direita radical na íntegra sem ferir esses princípios, um tipo de moderação que sua rede faria.

Ele, no entanto, se nega a discutir com a BBC News Brasil tanto casos hipotéticos quanto exemplos reais de conteúdos de bolsonaristas retirados do ar no Brasil.

E embora já tenha feito ironias públicas com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que conduz o inquérito das Fake News, Miller se esforça pra mostrar colaboração com as autoridades brasileiras e critica o Telegram por ter ignorado orientações ou interpelações do Supremo.

"Parece-me que eles (Telegram) provavelmente deveriam ter feito um trabalho melhor e certificar-se de que seriam melhores parceiros no processo. Quer dizer, a coisa toda sobre emails (do Supremo) se perderem na pasta de spam e coisas assim…. Eles provavelmente provavelmente encontrarão alguns bons advogados no Brasil", opina Miller, que no Brasil compete com o Telegram por um público de mesmo perfil.

Segundo Miller, nem sua plataforma nem ele próprio estão sob investigação no Brasil atualmente, embora afirme possuir advogados continuamente monitorando a situação no país.

"Nossa expectativa no Brasil é que a Gettr seja um parceiro muito bom. Obviamente, respeitamos muito todas as regras e regulamentos locais. Nós concordamos com qualquer coisa que nos tenha sido solicitado. E acreditamos que, em última análise, seremos uma voz forte pela liberdade de expressão no Brasil, onde queremos estar por muito tempo", diz Miller.

Ele acrescenta: "Com nossa política de moderação inteligente, proativa e robusta, garantimos que não haja ameaças online ou qualquer coisa que possa ser interpretada como ilegal, também garantimos que não haja xingamentos raciais ou religiosos, que não haja doxing (vazamento) de informações. Acreditamos que criamos um ambiente positivo onde as pessoas podem se expressar, mas sem discriminação política e sem preconceitos políticos".

Ele admite, porém, que não esperava gastar tanto dinheiro com advogados.

"Essa é uma das coisas eu não sabia quando lançamos a Gettr, há quase um ano: que passaria tanto tempo com advogados quanto no ano passado, ou que as contas de advogados seriam tão altas no Brasil".

BBC Brasil

Putin mantém meta de controlar maioria da Ucrânia, dizem EUA




Haines: "O quadro continua bastante sombrio"

É improvável que esse objetivo seja conquistado no curto prazo, afirma diretora de Inteligência Nacional da Casa Branca. Ela vê "desconexão" entre ambição e capacidade militar russa, mas projeta um longo conflito.

O presidente russo, Vladimir Putin, mantém seu objetivo de tomar o controle da maior parte do território da Ucrânia, mas suas forças estão tão desgastadas pela guerra que provavelmente só poderão obter ganhos graduais no curto prazo, afirmou a principal autoridade de inteligência dos Estados Unidos na quarta-feira (29/06).

Avril Haines, diretora de Inteligência Nacional da Casa Branca, disse que o consenso entre as agências de inteligência dos Estados Unidos é que a guerra, iniciada há mais de quatro meses, irá se prolongar "por um longo período de tempo".

"O quadro continua bastante sombrio, e a Rússia está endurecendo cada vez mais sua atitude em relação ao Ocidente", afirmou durante uma conferência do Departamento de Comércio.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou nesta semana ao presidente americano, Joe Biden, e a outros líderes do G7 querer que a guerra termine até o final do ano. Mas os comentários de Haines indicam que o apoio de bilhões de dólares em armas modernas fornecidas pelos Estados Unidos e outros países às forças de Zelenski podem não lhes dar a capacidade de virar a maré contra a Rússia em breve.

Descompasso entre objetivo e força militar

Apesar de as forças ucranianas terem tido sucesso em impedir a Rússia de capturar Kiev em fevereiro, o que forçou Moscou a focar em conquistar toda a região do Donbass, Haines afirmou que Putin segue com a intenção de invadir a maior parte da Ucrânia.

"Acreditamos que ele efetivamente tem os mesmos objetivos políticos que avaliávamos anteriormente, ou seja, ele quer conquistar a maior parte da Ucrânia", disse.

Contudo, as forças russas foram tão desgastadas nesses mais de quatro meses de combate que é improvável que possam alcançar a meta de Putin em breve, disse Haines.

"Percebemos uma desconexão entre os objetivos militares de Putin no curto prazo neste tema e a sua capacidade militar, uma espécie de desajuste entre as suas ambições e o que os militares são capazes de realizar", afirmou. 

As forças ucranianas também enfrentam um grande desgaste, e admitiram perda de metade do seu equipamento militar na guerra.

Haines disse que as agências de inteligência dos Estados Unidos projetam três cenários possíveis, sendo o mais provável um conflito de atrito no qual as forças russas "obtêm ganhos graduais, sem rupturas". O segundo cenário é um grande avanço russo, e o terceiro é a Ucrânia conseguir estabilizar as linhas de combate ao mesmo tempo em que obtém pequenos ganhos, talvez perto da cidade russa de Kherson e de outras áreas do sul da Ucrânia.

Guerra assimétrica

A diretora da Inteligência Nacional da Casa Branca afirmou que levará anos para que a Rússia reconstrua as suas forças. Durante esse período, ela projeta que Moscou estará mais dependente de ferramentas de guerra assimétrica, "como ataques cibernéticos, esforços para controlar o fornecimento de energia ou mesmo armas nucleares, para tentar gerenciar e projetar poder e influência global", disse Haines.

"Entretanto, é improvável que as tropas russas sejam capazes de conduzir múltiplas operações simultâneas", afirmou. A prioridade de Putin agora, segundo ela, é obter ganhos na região do Donbass e fazer com que as forças ucranianas colapsem, o que a Rússia avalia que "reduzirá a resistência de dentro para fora".

Os comentários de Haines foram feitos depois que a cúpula dos líderes da Otan na quarta-feira classificou a Rússia como a "ameaça mais significativa e direta" à segurança da aliança militar e prometeu modernizar as forças de Zelenski e o apoiar na "defesa heroica de seu país".

Deutsche Welle

Hitler e Putin




É espantoso como as analogias funcionam. Do lado de Putin, como do lado de Hitler, a mentira permanente. Do lado das democracias, uma confiança sôfrega na possibilidade da paz. 

Por Paulo Tunhas 

Li no outro dia que Putin, em conversa telefónica com Macron, quatro dias antes da invasão da Ucrânia, teria dito ao presidente francês que estava no ginásio e que, em vez de perder tempo com a conversa, preferia ir jogar hóquei sobre o gelo. A coisa lembrou-me algo que tinha lido no dia anterior. Pouco antes da invasão da Polónia, Hitler declarara ao embaixador inglês, Sir Neville Henderson, que era, pela sua própria natureza, um artista e que, depois da questão da Polónia ficar resolvida, tencionava sair da cena política e dedicar-se à pintura.

Percebemos o mundo através da detecção de semelhanças e diferenças. Como Montaigne, entre outros, notou, há gente mais apta a notar as semelhanças e gente mais disposta a assinalar as diferenças. Mas, como é óbvio, trata-se de uma questão de grau. A detecção de umas implica forçosamente a detecção das outras. Entre dois rostos, por exemplo. Ou entre duas ideias. E por aí adiante. A compreensão e o sentimento de inteligibilidade são o resultado da conjunção das duas detecções. Mas é claro que as podemos isolar abstractamente.

Por estes dias, ando às voltas com um problema que tem a ver com a detecção das semelhanças. Ou, se se preferir, com a descoberta de analogias, no sentido corrente da palavra – relação de semelhança entre duas entidades distintas –, sem ser preciso ir aos vários sentidos mais técnicos do conceito. O nosso pensamento, como se sabe, serve-se abundantemente delas. Tanto o pensamento quotidiano como o pensamento científico, o pensamento estético ou o pensamento ético-político. A eficácia das analogias depende da natureza, da estrutura, dos objectos do pensamento, mas, em todo o caso, elas são fundamentais para o próprio acto de pensar.

As virtudes do pensamento analógico não nos devem fazer esquecer os seus riscos. Se podem contribuir para a nossa compreensão das coisas, podem-nos igualmente induzir em erro. E isso não apenas nos casos em que elas são tiradas pelos cabelos, mas mesmo quando possuem alguma verosimilhança. Uma má analogia (mesmo que verosímil) pode ser a melhor maneira de não perceber a natureza do objecto que nos prende a atenção. Conduz-nos a falsas equivalências e desvia-nos do caminho certo para o entender. Isto é particularmente notório no caso da política e da história, onde, de forma mais selvagem ou mais prevenida, a tendência para o estabelecimento de analogias é fortíssima.

Centremo-nos na história. Aristóteles (e, depois, Schopenhauer repetiu-o) dizia que a história é menos filosófica do que a poesia, já que, ao contrário desta, não lida com o universal, mas com o particular. Os indivíduos históricos e os acontecimentos históricos são singulares. Isso produz um efeito limitador sobre o alcance das analogias: elas devem ser temperadas pela consciência da irredutibilidade do singular. As semelhanças estruturais são, por conseguinte, precárias. Mas será que isso quer dizer que elas são ilegítimas e incapazes de nos ajudar a compreender a natureza dos objectos que nos interessam? Não parece que seja assim. Mais: seria contra-intuitivo pensá-lo quando o apelo das semelhanças é poderoso. Muitas vezes, o presente é iluminado pelo passado – e, do mesmo modo, o passado é iluminado pelo presente. O presente torna-se mais inteligível quando comparado com o passado e o passado adquire uma vida suplementar através da experiência do presente.

Tomemos um exemplo. As comparações de Putin com Hitler são hoje em dia frequentes, como a comparação das reacções das democracias ao primeiro e ao segundo. Confesso que, mesmo com a prudência toda, a memória de leituras passadas e os dias que passei em companhia de Appeasing Hitler. Chamberlain, Churchill and the Road to War, de Tim Bouverie, publicado em 2019, fizeram-me dar comigo a concordar com a opinião comum e a surpreender-me com o número de analogias dotadas de verosimilhança. As coisas não são, evidentemente as mesmas. Mas as semelhanças fazem-nos pensar que as situações presentes e passadas se iluminam reciprocamente e suscitam uma compreensão mais nítida dos acontecimentos.

É espantoso como analogias entre os nossos tempos e aqueles que antecederam o início da Segunda Guerra Mundial funcionam. Refiro-me a analogias de carácter e de procedimentos dos participantes. Do lado de Putin, como do lado de Hitler, a mentira permanente. Do lado das democracias, nesta nossa última década como naquele tempo, uma confiança sôfrega na possibilidade da paz. Chamberlain não era a excepção: era a regra. Uma confiança que parecia renovada, e mesmo fortalecida, a cada nova violência nazi. Hitler, fizesse o que fizesse, era, no mínimo, “sincero”, “um homem em quem se podia confiar”. Os “homens culpados” – Guilty Men foi o título de um livro publicado em 1940, sob o pseudónimo de “Catão”, por três jornalistas, um liberal, outro conservador e outro, Michael Foot, futuro líder dos trabalhistas – tentaram apaziguar Hitler até às últimas possibilidades, e muito para lá delas. Quaisquer que sejam as revisões que a história tenha vindo e continue a fazer (o próprio Churchill, aquando da sua morte, fez um seu belo elogio), é difícil não ver Chamberlain à luz daquilo que, na altura, escreveu Dorothy Parker: “o primeiro primeiro-ministro da história a rastejar a quatrocentos quilómetros por hora”.

Tal como hoje Putin faz com a NATO, Hitler acusava a Inglaterra, em pleno período de “apaziguamento”, e com Chamberlain a continuar a recusar um rearmamento substancial, de visar a “aniquilação” da Alemanha. E, como hoje para Putin, para Hitler era a Alemanha a ameaçada e agredida – pelos polacos, por exemplo, antepassados dos “neo-nazis ucranianos”. Não fazia senão tentar libertar os falantes de alemão, onde quer que se encontrassem – nos Sudetas, entre outros lugares –, ameaçados de exterminação pelos outros povos. Lembra-vos alguma coisa? E, tal como hoje em relação a Putin, os jornais eram muitas vezes acusados de serem injustos para com Hitler.

Ler sobre aqueles tempos é como ter uma espécie de déjà vu ao contrário, em que o passado ecoa o presente, sem ilusão ou alucinação nenhumas. Falta-nos, é claro, Churchill e o We shall never surrender a seguir à retirada de Dunquerque, mas o destino de um caso tão excepcionalmente excepcional de retórica política é o de todos os modelos exemplares: ser inimitável. Kant diz isso a propósito da originalidade exemplar do génio e a coisa vale indiscutivelmente para Churchill: não há imitação possível, aí onde a imitação seria o mais desejável. Temos, no entanto, depois de anos de silêncio cego, algumas palavras acertadas. E acções também, que é o mais importante. E Zelensky não precisa de lembrar Tucídides. Tem o seu génio próprio.

A legitimidade das analogias históricas é, sem dúvida, condicionada. Mas há talvez um critério que as legitima: o haver iluminação recíproca do presente e do passado. A analogia entre o jogador de hóquei sobre o gelo – e os seus espectadores entusiastas – e o pintor – e os seus admiradores incondicionais – é uma boa analogia. A mentira de uma identidade alternativa parece ser comum a certa espécie de criminosos. Apesar de tudo, Estaline também gostava de se apresentar como linguista.

PS. Marcelo Rebelo de Sousa declarou a Ângela Silva, do Expresso, que assume, em relação ao Governo, o papel de “grilo falante”. Quer dizer: adopta a posição da consciência que é a da personagem do desenho animado de Walt Disney. Eu lembro-me bem – até tinha um disco de 45 rotações – dos longos discursos (em português do Brasil) do grilo. Mas talvez fosse conveniente que Marcelo lesse o escrito original de Carlo Collodi, que serviu de inspiração ao filme. É que, se bem me lembro, o grilo, mal tenta reprovar o comportamento de Pinóquio, é logo esborrachado por ele contra uma parede – para apenas aparecer, uma segunda vez, miraculosamente, tentando falar de novo e conhecendo outra vez um fim parecido. Imagino que tal funesto destino – não ser esborrachado, mas calado – seja particularmente incómodo para Marcelo, mas o Pinóquio era assim. E, já agora, uma pergunta quase metafísica: quem é, neste desenho animado em que vive e nos quer fazer viver, o Gepeto?

Observador (PT)

China reage com indignação a alerta da Otan




Aliança advertiu contra proximidade entre Pequim e Moscou e criticou ambições chinesas. Ministério do Exterior chinês condena "mentalidade da Guerra Fria e inclinação ideológica", e acusa Ocidente de sabotar paz mundial.

A China reagiu com indignação nesta quinta-feira (30/01) a um alerta dado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) sobre as ambições do governo liderado pelo presidente Xi Jinping.

O novo conceito estratégico da Otan, divulgado na reunião de cúpula da entidade em Madrid, afirma, pela primeira vez, que as ambições e as políticas coercitivas da China representam desafios a seus interesses, valores e segurança.

A aliança advertiu ainda que a aproximação da China com a Rússia contraria os interesses ocidentais.

Na reunião, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, acusou a China de "reforçar substancialmente suas forças militares, incluindo seu arsenal nuclear, provocando seus vizinhos e ameaçando Taiwan".

"A China não é nossa adversária. Mas, temos de enxergar com clareza os graves desafios que ela representa", destacou. Esta foi a primeira atualização do concento estratégico da aliança desde 2010.

Os Estados Unidos vinham insistindo junto aos demais países da aliança para que prestassem atenção maior à China, apesar da resistência de alguns em desviar o foco das questões envolvendo a Europa.

Pequim se recusou a condenar a invasão russa da Ucrânia. Soma-se a isso o fato de que chineses e russos vêm aprofundando suas relações nas esferas comerciais e militares. Neste mês, Xi Jinping disse ao presidente russo, Vladimir Putin, que Moscou pode contar com seu apoio no que diz respeito à sua soberania e segurança.

Líderes ocidentais acusam o governo chinês de "acobertamento diplomático", ao criticar as sanções ocidentais contra Moscou e o envio de armas à Kiev. A Otan também denunciou a China por lançar operações cibernéticas contra as nações aliadas e por sua "retórica de confrontação".

Um claro sinal do aumento das preocupações com a China foi a presença, pela primeira vez, do Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia na cúpula da Otan.

Indignação chinesa

Pequim rebateu enfaticamente as declarações da aliança, a qual acusou de manter possuir "mentalidade de Guerra Fria e inclinação ideológica".

"O chamado novo conceito estratégico ignora fatos, confunde [...] e difama a política externa chinesa", afirmou o porta-voz do Ministério chinês do Exterior Zhao Lijian. "A China se opõe categoricamente."

"Gostaríamos de alertar a Otan que exagerar uma suposta ameaça chinesa é algo completamente inútil", disse Zhao. O porta-voz disse que a China não representa o "desafio sistêmico" imaginado pela Otan, e que as afirmações referentes ao seu "desenvolvimento militar normal" e sua política de defesa nacional são irresponsáveis.

Ele, ao contrário, acusou a Otan de ser um "desafio sistêmico à paz e estabilidade mundial", e que "suas mãos estão manchadas com o sangue de pessoas em todo o mundo".   

Deutsche Welle

***

Casa Branca acusa Republicanos de ajudar a China a competir com os EUA

A Casa Branca acusa os Republicanos no Senado de "literalmente" escolher ajudar a China a competir com os Estados Unidos para proteger as grandes farmacêuticas. "Isso leva a lealdade a interesses especiais sobre os trabalhadores americanos a uma nova e chocante altura", afirmou a secretária de imprensa Karine Jean-Pierre, em comunicado, nesta quinta-feira. "Não vamos recuar diante dessa ameaça ultrajante."

Jean-Pierre diz que o senador líder do partido rival, Mitch McConnell, "mantém refém" um pacote bipartidário que fortaleceria a competitividade americana em relação à economia chinesa. Caso aprovado, ele "renderia centenas de milhares de empregos industriais em lugares como o sul de Ohio, Idaho e outros estados do país" e "reduziria o custo de inúmeros produtos e acabaria com nossa dependência das importações", argumenta a porta-voz.

Estadão / Dinheiro Rural

SAJ: Assaltante morre de infarto após fugir da polícia; homem roubava em rodoviária

 exta, 01 de Julho de 2022 - 11:00

SAJ: Assaltante morre de infarto após fugir da polícia; homem roubava em rodoviária
Foto: Reprodução / Blog do Valente

Um homem morreu após assaltar diversas pessoas no terminal rodoviário de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo. O fato ocorreu na tarde desta quinta-feira (30). Segundo o Blog do Valente, parceiro do Bahia Notícias, o homem estava na companhia de outro assaltante, ambos vindos do Sul baiano, quando aproveitou a parada de um ônibus para assaltar pessoas que estavam no local, que fica próximo a um batalhão da Polícia Militar.

 

Uma das vítimas foi um policial à paisana. Ao perceber o ocorrido, outros policiais se aproximaram e a dupla fugiu, atirando. Ainda segundo o site, um dos assaltantes conseguiu escapar, mas o outro correu por dentro da rodoviária. O homem tentava entrar em um ônibus quando passageiros pediram para o motorista fechar a porta.

 

Ele então fugiu pelos fundos da rodoviária, momento em que passou mal e caiu. O assaltante ainda teria sido levado para uma unidade de saúde, mas não resistiu. A causa teria sido infarto do miocárdio.

 

Policiais informaram que o homem tinha passagens pela delegacia por roubos.

Bahia Notícias

Homem é preso suspeito de furto de cabos de fios de internet

 em 1 jul, 2022 9:58

Homem foi preso na Rodovia dos Náufragos. (Foto: PMSE)

Um homem foi preso na última quinta-feira, 30, suspeito de furto de cabos de fiação de internet, na Avenida Gasoduto, Conjunto Orlando Dantas, em Aracaju.

De acordo com informações da Polícia Militar, a guarnição foi solicitada para realizar uma averiguação em um veículo conduzido pelo suspeito. Dentro do automóvel foi encontrado uma grande quantidade de cabos de internet.


Ainda segundo a Polícia Militar, também foi constatado que o automóvel estava com licenciamento atrasado. Tanto o veículo, quanto o suspeito foram encaminhados para a Delegacia.

Por Milton Filho e João Paulo Schneider

INFONET

Será impossível conter a reação do povo se Bolsonaro perder, diz Flávio, o filho “01”

Publicado em 30 de junho de 2022 por Tribuna da Internet

Julgamento em caso de Flávio Bolsonaro é adiado - Diário do Comércio

Felipe Frazão
Estadão

Coordenador da campanha à reeleição de Jair Bolsonaro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirma que o presidente não terá como controlar uma eventual reação violenta de apoiadores que contestem o resultado das urnas. Flávio não quis confirmar se Bolsonaro reconheceria uma derrota, mas nega que planeje estimular um levante. “Algo incentivado pelo presidente Bolsonaro, a chance é zero”, disse ele em entrevista ao Estadão.

Filho primogênito de Bolsonaro, Flávio sugere que militares se pronunciem oficialmente se o Tribunal Superior Eleitoral ignorar as recomendações para a transparência das eleições feitas pela Defesa. “Se as Forças Armadas apontam vulnerabilidades e o TSE não supre, é natural que essas pessoas tenham que se posicionar dizendo: ‘A gente não pode garantir que as eleições vão ser seguras’.”

O presidente vai aceitar o resultado da eleição?
O presidente pede uma eleição segura e transparente, era o que o TSE deveria fazer por obrigação. Por que não atende às sugestões feitas pelo Exército se eles apontaram que existem vulnerabilidades e deram soluções? A bola está com o TSE.

Se o TSE não ceder, não fizer a reunião técnica que foi pedida pelos militares, as Forças Armadas devem fazer o quê?
Se as Forças Armadas apontam vulnerabilidades e o TSE não supre, não resolve esses problemas, é natural que essas pessoas, talvez via comandante do Exército, via ministro da Defesa, tenham que em algum momento se posicionar: ‘Olha, sugerimos, houve alterações, apontamos vulnerabilidades, o TSE não quer fazer, por consequência a gente não pode garantir que as eleições vão ser seguras’. Para que chegar a este ponto? Essa resistência do TSE em fazer o processo mais seguro e transparente obviamente vai trazer uma instabilidade. E a gente não tem controle sobre isso. Uma parte considerável da opinião pública não acredita no sistema de urnas eletrônicas.

Se houver um levante contra o resultado das eleições, como vimos nos EUA, qual será a posição do presidente, do sr., dos principais nomes do governo? Se isso surgir de apoiadores, o presidente endossa?
Como a gente tem controle sobre isso? No meu ponto de vista, o Trump não tinha ingerência, não mandou ninguém para lá (invadir o Capitólio). As pessoas acompanharam os problemas no sistema eleitoral americano, se indignaram e fizeram o que fizeram. Não teve um comando do presidente e isso jamais vai acontecer por parte do presidente Bolsonaro. Ele se desgasta. Por isso, desde agora, ele insiste para que as eleições ocorram sem o manto da desconfiança.

Ele poderia ter de tomar uma decisão dura, até decretar estado de sítio, alguma medida de exceção?
Isso não está na mesa. O que está na mesa hoje é que o TSE dê segurança para que o eleitor mais humilde tenha a certeza de que o candidato que escolher vai (receber) o voto de verdade.

Se for com o sistema que está aí, e o presidente tiver resultado negativo, ele reconhece a eleição?
Alguns avanços o TSE já fez, que, se forem implementados, dificultam a possibilidade de fraude. Se tem mais coisas que podem ser feitas para diminuir, por que não fazer? Quem quer dar golpe na democracia? Bolsonaro ou quem está resistindo a atender a sugestões técnicas?

Por que o presidente deixa no ar que vai tomar alguma decisão, em tom de ameaça, e diz que pode descumprir decisão do Supremo?
Ele é uma pessoa genuína e fica indignado com as interferências de alguns ministros do Supremo no Executivo e no Legislativo, decisões que inviabilizam o governo, que invadem a esfera do presidente da República. O presidente se sentiu aviltado e externou isso. A pessoa não pode mais falar o que pensa?

Que acordo o presidente e o ministro Alexandre de Moraes fizeram?
Foi uma conversa dele com o Temer e o Alexandre de Moraes. O presidente fala que o Alexandre não cumpriu. Eu vi dentro do Congresso, havia uma conversa para, em o Congresso não derrubando a prisão do deputado Daniel Silveira, ato contínuo o Alexandre de Moraes soltaria. Mas ele ficou mais alguns meses preso. E (Moraes)não cumpriu, se foi de verdade, esse acordo. Alguns deputados votaram achando que estava valendo, para manter a prisão. A todo momento a gente olha esse tipo de ato. E você não vê nenhum tiro do Palácio do Planalto lá para o STF. Só ao contrário.

Quando Bolsonaro cobra uma contagem paralela de votos feita pelas Forças Armadas, o que não é missão delas, não é um ‘tiro’, uma afronta clara a atribuições do Judiciário?
Se os técnicos estão mostrando que precisa ser feito para garantir a segurança e a imparcialidade, por que não fazer?

Mas isso não consta na sugestão das Forças Armadas.
Essa apuração paralela não precisa ser só das Forças Armadas, pode ser da OAB, por exemplo. É uma tripla checagem de segurança. Por que ser contra? Não tem lógica. Por vaidade? Qual o preconceito com os militares? Será que esse preconceito não se estende a ter um presidente militar?

O governo está atuando para aprovar PEC com aumento de auxílios sociais. Vai dar tempo para reverter o quadro eleitoral?
Esse impacto é possível. Mas meu pai sempre me ensinou a fazer as coisas sem pensar no que vai trazer votos de volta. O momento pede. O mundo com inflação alta, o poder de compra do planeta diminuiu.

Mas não pode ser tarde eleitoralmente?
Aí quem vai dizer é o eleitor. Sinceramente, ele não está preocupado se vai dar voto ou não. Ele está fazendo porque os mais pobres precisam.

E vai ser fácil aprovar?
Não acho que será difícil aprovar. Há consenso de que é necessário um pacote como este. Não foi fácil lidar com tudo que aconteceu e, no meu ponto de vista, o saldo é positivo para o governo. O eleitor vai saber pesar isso tudo. Agora, se vai querer que volte aquela quadrilha do PT para assaltar o País e estuprar as estatais… No governo Bolsonaro isso não acontece e as pessoas sentem melhoria na qualidade de vida.

Mas a inflação ainda está chegando a 12%, 33 milhões de pessoas estão passando fome. Não é isso tudo que está sendo explorado pelas campanhas adversárias?
Isso é uma narrativa mentirosa. Como alguém pode achar que estar trabalhando e ganhando menos do que a média é pior do que estar desempregado?

Tem algum mea-culpa do governo?
Nenhum governo é perfeito. Ninguém nasce sabendo ser presidente. Mas o saldo é imensamente positivo. Até quando o presidente Bolsonaro erra, erra tentando acertar. Para mim, o maior equívoco foi não dar mais atenção para a publicidade das coisas que beneficiam as pessoas.

O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse que o presidente telefonou para ele falando de busca e apreensão. Houve isso?
Não sei se ele telefonou, mas, quando se analisa o contexto, pode ser algo para confortar a família. Qualquer pessoa que estivesse acompanhando, em função da gasolina, que grande parte da mídia botou no caso… A busca e apreensão eram uma coisa possível de acontecer. Se tivesse interferência na PF, coisa que Bolsonaro não faz, por que o cara seria preso?

O juiz federal Renato Borelli prendeu por risco de obstrução de Justiça, ocultação de provas.
Ele (Milton Ribeiro) já estava fora do ministério. Esse juiz tem que ir para o CNJ, porque ele fez ativismo político para desgastar o governo, causar transtorno eleitoral. Se ele já sabia que se falava no presidente Bolsonaro antes da prisão do ex-ministro, ele tinha que ter mandado para o STF, não ter determinado a prisão. Pelo que tem até agora, não podemos falar que o ministro Milton tem envolvimento com corrupção.

A Polícia Federal diz que o ex-ministro é suspeito de corrupção passiva, tráfico de influência…
Suspeito de corrupção… É uma prisão arbitrária, perseguição política. Não dá para comparar com os R$ 6 bilhões recuperados da Petrobras, dos delatores que devolveram dinheiro que roubaram. Não dá para botar na mesma prateleira, a população enxerga. É forçação de barra.

Não são suficientes indícios como dinheiro na conta de familiares, atuação dos pastores dentro do MEC com respaldo do ministro?
Pedindo para levar recurso público para as escolas? Isso 100% do Congresso que vai no ministério pede.

Tem pedido de propina, senador…
Se os pastores pediam pedágio para os caras no meio do caminho têm de responder por isso.

Como esses pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura, tiveram tanto acesso ao presidente, participaram de eventos no Palácio do Planalto?
São lideranças religiosas. Tem que receber qualquer liderança, ainda mais religiosa, que é uma pauta do governo. E pelo que sei os pastores não tinham antecedentes. As pessoas fazem besteiras, e as responsabilidades têm que ser individualizadas.

O caso MEC não justifica a CPI da oposição?
A CPI quer fazer palanque político na véspera da eleição. Sou contra um factoide como esse para atrapalhar a eleição, como foi a CPI da Covid. Espero que o Senado não caia nessa armadilha que só bota o Senado cada vez mais em descrédito.

A liberação de emendas consegue segurar a CPI?
Não tem nada a ver, isso já estava acontecendo independente de CPI. Não é o momento de instalar CPI nenhuma, todos os 81 parlamentares tem de ter oportunidade de participar e estamos em véspera de recesso e eleição. Que comece depois quando todo mundo tiver voltado da campanha. Existem quatro pedidos de CPI feitos antes dessa, uma para apurar as obras de escolas paradas do MEC e mau uso do Fies. Se for instalar CPI, que obedeça a ordem cronológica. É o caso de pedir que seja apensada essa CPI do MEC à nossa anterior, porque tem vinculação.

O presidente tem reiterado que pode descumprir decisão do Supremo, ele deixa no ar que vai tomar uma decisão, é tom de ameaça.
Hoje ele está numa linha mais tênue. Ele é uma pessoa genuína e fica indignado com as interferências de alguns ministros do Supremo no Executivo e no Legislativo, decisões que inviabilizam o governo, que invadem a esfera do presidente da República. O presidente se sentiu aviltado e externou isso. A pessoa não pode mais falar o que pensa?

O Ministério Público do Rio quer retomar as investigações da rachadinha, que o senhor conseguiu anular.
E já perdeu de novo. Não tem por que reabrir. Estou tranquilo com relação ao processo e a minha consciência. Viraram minha vida do avesso e não acharam nada. Felizmente o VAR jurídico funcionou nesse caso e não deixou dúvidas para ninguém. Não aceito tomar gol de mão. Não tem pessoas falando que me deram dinheiro, não tem depósito na minha conta, meu patrimônio é compatível com minha renda. Tentam colocar Bolsonaro na mesma prateleira de corrupção do Lula. Não dá.

A campanha vai ter comparação desses casos de corrupção entre Lula e Bolsonaro?
Eles vão tentar fazer. Eu comprei uma casa em 35 anos, pegando financiamento imobiliário no banco. Querem dar ar de ilegalidade. Mais uma que vai ser arquivada. Você acha que o banco me emprestou dinheiro porque tenho olho verde? Emprestou porque eu tinha condições de pagar a dívida que estava tomando e tenho até hoje. Tenho fontes de renda como parlamentar, advogado e empresário.

A 95 dias da eleição, é a primeira vez que um presidente no cargo não lidera as intenções de voto. Como mudar esse cenário?
É a primeira vez que um presidente pega uma pandemia seguida de uma guerra. Vamos ter tempo para mostrar todas as conquistas e realizações do governo. Conclusões de obras como a transposição do rio São Francisco, o povo nordestino sofreu com a seca até ontem e o presidente realizou o sonho de milhões de nordestinos, um direito deles. A crise que enfrentamos no petróleo, se o PT não tivesse roubado e sido incompetente nas refinarias, que deveriam estar funcionando, como Comperj e Abreu e Lima, o Brasil seria muito menos impactado pela oscilação do preço lá fora.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Uma entrevista muito boa. O excelente repórter Felipe Frazão imprensou o senador Flávio Bolsonaro, mas ele se saiu bem, está mostrando que aprendeu a ser político, pois encontra resposta para tudo. (C.N.)

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