Marcelo Rocha e Camila MattosoFolha
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a Polícia Federal a acessar informações de uma investigação do Facebook sobre perfis nas redes sociais ligados ao PSL e a gabinetes da família Bolsonaro. Essa apuração resultou na remoção de uma série de contas.
A decisão de Moraes é da semana passada e, a partir dela, os dados reunidos pela empresa poderão ser utilizados em dois inquéritos, o das fake news e o dos atos antidemocráticos.
PRAZO DE CINCO DIAS – Ambas relatadas pelo ministro, as investigações correm sob sigilo no Supremo. O ministro deu cinco dias para a rede social passar os dados.
A PF pediu o acesso às informações do Facebook após a exclusão das contas inautênticas, conforme antecipou a coluna Painel, da Folha.
Os investigadores querem ter acesso a todos os dados da apuração privada realizada pela empresa. A pesquisa da rede social ligou um assessor do Planalto, Tércio Arnaud Tomaz, a ataques contra opositores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
NO GABINETE DE CARLUXO – Tércio trabalhou no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e hoje ocupa o cargo de assessor especial da Presidência da República. É apontado como líder do chamado “gabinete do ódio”, estrutura do Palácio do Planalto que seria usada para mensagens de difamação.
A existência do gabinete foi revelada pela Folha no dia 19 de setembro do ano passado. O jornal mostrou que o bunker ideológico está instalado numa sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos passos do gabinete presidencial.
A polícia argumenta no pedido ao STF, assinado pela delegada Denisse Dias Ribeiro, que a determinação à rede social para entregar os dados deveria ocorrer de maneira urgente, para que as pessoas envolvidas com as contas removidas não tenham tempo de se desfazer dos dados.
LIGAÇÃO DIRETA – Levantamento do Laboratório Forense Digital do Atlantic Council em parceria com o Facebook apontou a ligação direta de Tércio Tomaz com um esquema de contas falsas nas redes sociais.
Ele é apontado como responsável por parte dos ataques a opositores do presidente da República, como ao ex-ministro Sergio Moro na sua saída do governo e a integrantes de outros Poderes, e por difundir desinformação em temas como a Covid-19.
Mais recentemente, as contas atacaram o STF e o Congresso Nacional. “Os dados mostram uma rede conectada a Bolsonaro e aliados dele, usando funcionários do governo e de deputados, dedicada a manipular informação e criar narrativas, com ataques a opositores”, diz Luiza Bandeira, pesquisadora do Digital Forensic Research Lab do Atlantic Council e uma das autoras do levantamento.
NO NOME DO ASSESSOR – A conta no Instagram @bolsonaronewsss, que é anônima, foi registrada por Tércio, segundo os pesquisadores, que tiveram acesso aos dados do Facebook na parceria com a plataforma.
Ela tinha 492 mil seguidores e mais de 11 mil posts antes de ser derrubada. Uma página no Facebook chamada Bolsonaro News compartilhava o mesmo conteúdo.
Além de Tércio Tomaz, cinco ex e atuais assessores de legisladores bolsonaristas, entre eles um funcionário do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), foram identificados como conectados à operação de desinformação no Facebook e no Instagram.
73 CONTAS REMOVIDAS – O Facebook removeu uma rede com 73 contas ligadas a integrantes do gabinete do presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e aliados. Parte delas promovia propagação de ódio e ataques políticos.
Foram removidas 35 contas do Facebook e 38 do Instagram que, segundo a empresa, atuaram para manipular o uso da plataforma antes e durante o mandato de Bolsonaro —incluindo a criação de pessoas fictícias que se passavam por repórteres.
A empresa também excluiu 14 páginas e um grupo no Facebook.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O cerco à família Bolsonaro vai se fechando. A derrocada é apenas uma questão de tempo. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O cerco à família Bolsonaro vai se fechando. A derrocada é apenas uma questão de tempo. (C.N.)