Carlos Marchi
Não tinha conceito pessoal sobre Carlos Ghosn, a não ser uma leve simpatia por ele ter nascido em Guajará-Mirim. Quando Rondônia ainda era o Território do Guaporé. A imagem dele não ajuda: sobrancelhas bem arqueadas, um olhar esgazeado à Cerveró, um ar de certa arrogância.
Num dado momento, oscilei pró-Ghosn outra vez, por reconhecer sua invejável trajetória de executivo. De fato, ele projetou a Nissan às alturas em pouco tempo – de montadora mediana à condição de gigante mundial.
ACORDO COM A RENAULT – Em movimento ingrato, parecia que o Japão lhe cobrava pelo “crime” de ser competente e formatar o acordo com a francesa Renault. Isso piorou com as investigações oficiais. Pareceu que os japoneses tinham ódio dele e queriam trucidá-lo.
Aí ele respondeu com uma chave de galão à James Bond, ao fugir denunciando com lógica o sistema judiciário japonês. Agora vai escrever um livro crucificando o sistema judiciário que o perseguiu. O livro vai virar filme.
Os japoneses, que não fazem papel de bandido desde o fim da Segunda Grande Guerra, serão os grandes vilões. E não terão defesa que responda ao ataque.
A versão de Ghosn será avidamente saboreada; a eventual resposta não terá nenhum interesse ou charme. Enfim, tudo indica que os japoneses perderam feio.
(Texto enviado por José Carlos Werneck, retirado do Facebook)