Por Edson Sardinha
Ao longo das mais de sete horas de audiência com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, vários parlamentares chamaram a atenção pelas declarações dadas. Em defesa ou contra o ministro, suspeito de orientar os investigadores da Operação Lava Jato, não faltaram ironias ou provocações. No começo da reunião, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Felipe Francischini (PSL-PR), chegou a comparar o ambiente confuso no auditório com o humorístico Escolinha do Professor Raimundo. No dia em que o Brasil eliminou a Argentina na Copa América, houve entrega a Moro de réplica da taça da Liga dos Campeões da Europa e até gritos de "juiz ladrão".
Veja algumas das principais frases:
"O senhor vai estar sim nos livros de História como um juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão. A população brasileira não vai aceitar como fato consumido um juiz ladrão e corrompido que ganhou uma recompensa por fazer com que a democracia brasileira fosse atingida. É o que o senhor é: um juiz que se corrompeu"
Glauber Braga (Psol-RJ), ao fazer a declaração que resultou no encerramento da reunião
Glauber Braga (Psol-RJ), ao fazer a declaração que resultou no encerramento da reunião
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"Nunca me coloquei numa posição central nessa operação. Isso é uma coisa que eu particularmente rejeito. Foi um trabalho institucional"
Moro, ao dizer que não protagonizou a Lava Jato
Moro, ao dizer que não protagonizou a Lava Jato
"Sergio Moro, neste momento entrego o troféu da Champions League ao senhor, que equivale aqui na gravura fiz questão de colocar: Sergio Moro, a maior estrela de combate à corrupção brasileira. Beijo no coração, Sergio Moro, a paz de deus"
Boca Aberta (Pros-PR), ao entregar troféu a Sergio Moro
Boca Aberta (Pros-PR), ao entregar troféu a Sergio Moro
"Gente, eu vou encerrar a reunião, porque eu vou passar a palavra ao Ministro. Todo mundo está olhando para trás. Parece a Escolinha do Professor Raimundo isso aqui. Por favor, gente"
Fernando Francischini (PSL-PR), presidente da CCJ, ao cobrar ordem no auditório
Fernando Francischini (PSL-PR), presidente da CCJ, ao cobrar ordem no auditório
“Eu gostaria de pedir que o ministro me olhasse. Eu sei que ele está acostumado a ver e ouvir a quem concorda com ele, inclusive gente que pede fechamento do Supremo e Congresso, mas eu sou deputada eleita e peço que ele tenha atenção nas perguntas que farei”
Fernanda Melchionna (Psol-RS), antes de questionar o ministro
Fernanda Melchionna (Psol-RS), antes de questionar o ministro
"Quanto às mensagens, é que eu disse desde o começo: apresentem todas. Se as minhas mensagens não foram adulteradas, não tem nada ali, nada. É um balão vazio cheio de nada."
Moro, ao refutar gravidade de diálogos
Moro, ao refutar gravidade de diálogos
"Quem sabe o senhor, para acabar com essa celeuma, para sabermos se as mensagens são verdadeiras ou não, faz uma manifestação formal ao Telegram — eu nem quero vê-la —, possibilitando que as autoridades tenham acesso à quebra do seu sigilo bancário, do seu sigilo do Telegram, do seu sigilo de todo esse período. [...] Eu tenho aqui em mãos inclusive uma declaração. Se o senhor quiser, poderá assiná-la hoje, abrindo mão de todos os seus sigilos."
Paulo Pimenta (PT-RS), ao propor que Moro pedisse ao Telegram divulgação de suas conversas pelo aplicativo
Paulo Pimenta (PT-RS), ao propor que Moro pedisse ao Telegram divulgação de suas conversas pelo aplicativo
"Quebra o seu sigilo, Montanha [em referência Pimenta]! Quebra o seu sigilo..."
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em resposta a Paulo Pimenta
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em resposta a Paulo Pimenta
"A meu ver, o que existe aqui é uma tentativa criminosa de invalidar condenações, e o que é pior, a minha principal suspeita é a de que o objetivo principal seja o de evitar o prosseguimento das investigações contra criminosos que receiam que as investigações possam chegar até eles e que estão querendo se servir desses expedientes para impedir que as investigações prossigam"
Moro, ao desqualificar divulgação de diálogos
Moro, ao desqualificar divulgação de diálogos
"O senhor não acha que, diante das denúncias feitas, na qualidade de ministro da Justiça, ficar no comando da Polícia Federal coloca em xeque a seriedade das instituições? Denúncias dessa gravidade não exigiriam que a Polícia Federal já estivesse investigando a veracidade e o conteúdo, também, das acusações? O senhor não acha que seria o caso de se afastar do cargo de ministro, ao menos, até que as investigações sejam concluídas?"
Rogério Correia (PT-MG), ao sugerir que Moro deixasse o ministério
Rogério Correia (PT-MG), ao sugerir que Moro deixasse o ministério
"O ministro precisa responder às perguntas que estão sendo feitas. Foi questionado aqui, diversas vezes, se a PF, se o Coaf estão investigando o jornalista e o ministro não responde"
Zeca Dirceu (PT-PR), ao questionar o ministro se a PF mandou o Coaf fazer devassa nas contas do jornalista Glenn Greenwald
Zeca Dirceu (PT-PR), ao questionar o ministro se a PF mandou o Coaf fazer devassa nas contas do jornalista Glenn Greenwald
"Quero parafrasear aqui um deputado cujo pai é o criminoso José Dirceu: o PT é tchutchuca com corruptos e criminosos e tigrão com a Lava Jato"
Filipe Barros (PSL-PR), em referência ao deputado petista Zeca Dirceu, também do Paraná
Filipe Barros (PSL-PR), em referência ao deputado petista Zeca Dirceu, também do Paraná
"Se alguém foi culpado pelo impacto econômico em cima dessas empresas foram aqueles que praticaram corrupção, seja aqueles que pagaram sistematicamente, sejam aqueles que receberam. Então foram essas pessoas que fizeram escolhas ruins que geraram consequências. O policial não é responsável pelo assassinato quando encontra o cadáver da vítima. O assassino é outro."
Moro, ao defender a Lava Jato
Moro, ao defender a Lava Jato
"Nós temos aqui parlamentares, citados na Lava Jato, tentando abafar a Lava Jato. Eu sou novo aqui, não tenho vínculo com nenhuma situação anterior, mas há gente aqui com ficha limpa. Eu quero mostrar a minha ficha e quero que todos mostrem a sua ficha antes de ficar acusando o ministro."
Coronel Armando (PSL-SC), ao criticar colegas que atacavam o ministro
Coronel Armando (PSL-SC), ao criticar colegas que atacavam o ministro
"Esse mesmo site, no dia 13 de junho, divulgou outras mensagens sem qualquer espécie de consulta prévia, o que é um expediente em jornalismo um tanto quanto reprovável. Fiquei com a impressão de que o site queria que fosse ordenada uma busca e apreensão, talvez para aparentar uma espécie de vítima, um mártir da imprensa ou coisa parecida"
Moro, em crítica ao Intercept
Moro, em crítica ao Intercept