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segunda-feira, julho 01, 2019

Para o Centrão, possível saída de Onyx pode piorar a articulação do governo


O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni 18/06/2019 Foto: Jorge William / Agência O Globo
Sem ligação com os filhos de Bolsonaro, Onyx entrou na “fritura”
Bruno GóesO Globo
Líderes do Centrão ouvidos pelo Globo avaliam que o ministro da Casa Civil, Onyx passa por um processo de “fritura”. Após o presidente Jair Bolsonaro afastá-lo da articulação política, sua saída do cargo passou a ser objeto de especulação. Para alguns líderes, a fragilidade de Onyx é recebida como um sinal preocupante e um indicativo da deterioração na relação entre Executivo e Legislativo.
Esta é uma semana importante para a articulação política do governo, com a tentativa de se votar, até quinta-feira, a reforma da Previdência na comissão especial da Câmara.
DIFICULDADES – Desde o início do mandato de Bolsonaro, Onyx passou por dificuldades para atender às demandas de deputados. Nas últimas semanas, no entanto, segundo os parlamentares, houve uma melhora. O ministro se comprometeu a liberar verbaS para emendas e passou a articular o apadrinhamento de programas regionais para agraciar deputados.
Segundo um interlocutor do ministro, ele estava abatido ao longo da semana passada. Mas anteontem garantiu que estava seguro no cargo e que os questionamentos sobre sua saída não passam de especulação.
UM CONSELHO – Neste domingo, o colunista Lauro Jardim informou que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), aconselhou o ministro a deixar o cargo. Na visão do senador, Onyx pode ser submetido a processo semelhante ao dos ex-ministros Gustavo Bebianno (Secretaria Geral) e Santos Cruz (Secretaria de Governo). Ambos foram publicamente atacados nas redes sociais por pessoas ligadas aos filhos de Bolsonaro, o vereador Carlos e o deputado Eduardo, antes de serem demitidos.
Um aliado próximo de Onyx lembra que o ministro nunca teve proximidade com os filhos do presidente. O receio, na Câmara, é que a liberação de verbas e cargos possa queimar o ministro diante da militância bolsonarista.
QUEIXAS DO PSL – No PSL, partido do governo, o ambiente também não é favorável ao ministro. O líder da legenda na Câmara, Delegado Waldir (GO), criticou Onyx publicamente por ele ter demitido o ex-deputado Carlos Manato (PSL-ES) da equipe que participava das negociações no Congresso. Tratou a demissão como uma atitude “humilhante” e chegou a pedir a cabeça do ministro.
Além disso, integrantes do PSL acham que o DEM, que ocupa três ministérios (Casa Civil, Saúde e Agricultura), tem espaço desproporcional no governo.
APOIO A ONYX – Publicamente, Bolsonaro ainda dá sinais de que Onyx é importante para o seu governo. Após o acordo entre o Mercosul e a União Europeia ser anunciado, o presidente usou as redes sociais para agradecê-lo, entre outros integrantes do governo, por sua participação nas negociações.
Segundo um dos líderes do centrão, o ministro estava começando a “afinar” a relação com o Congresso quando perdeu a prerrogativa de comandar a articulação política. Também estava “recuperando a credibilidade perante ao Parlamento”.
VOTAÇÃO ADIADA – Na semana passada, com a pressão de líderes do Centrão, a votação do relatório da Previdência foi adiada. Eles cobraram a liberação de R$ 10 milhões antes da análise da proposta em comissão especial para cada parlamentar, valor acordado por Onyx em liberação de emendas e restos a pagar.
Segundo o novo vice-líder do governo na Câmara, Herculano Passos (MDB-SP), o governo já coletou as indicações de municípios a que a verba deve ser direcionada, mas ainda não abriu o sistema para que prefeituras se cadastrem nos programas disponíveis.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – É difícil imaginar o que pretende Bolsonaro, ao impor ao governo essa situação de crise permanente. Como é possível que um presidente da República prefira ouvir seus filhos – notoriamente inexperientes e despreparados – do que os próprios ministros? É inexplicável. (C.N.)

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