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Roberto GodoyEstadão
Pegou mal, não foi bem assimilado e pode ser o início do fim de uma boa amizade. A crítica do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro ao general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), postada nas redes sociais há dois dias, supera os limites do episódio pontual.
Carlos é o filho predileto do presidente Jair Bolsonaro. Heleno é uma espécie de regente na orquestra de câmara formada pelos militares – ao menos os sete mais destacados entre eles –, que toca o repertório escolhido pelo comandante em chefe. A importância dos dois protagonistas do incidente é real.
CASO DA COCAÍNA – O filho sustenta por linhas tortas que o GSI, agência responsável direta pela segurança do presidente, falhou em não detectar a cocaína embarcada por um sargento, comissário de bordo da Força Aérea, no avião de reserva da comitiva do Planalto enviada ao encontro dos líderes mundiais do G-20, no Japão.
Para ficar no mínimo: não é essa a tarefa dos agentes. Caberia talvez à FAB, considerado o protocolo das autoridades, vistoriar bagagens e aeronave eventualmente com uso de cães farejadores. É provável que a ocorrência seja apenas policial, de dimensões que serão apuradas ao longo das investigações.
O dano político, entretanto, está feito. Heleno, 71 anos, é um militar intelectualizado e um bom analista. Tem o respeito da tropa pela experiência em combate real com o efetivo da ONU no Haiti, em 2005. Levado pelo presidente para o Palácio no primeiro dia da administração, o general encara a participação no governo como missão. Na área, é um conceito que não admite concessões.