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segunda-feira, julho 01, 2019

Carlos Bolsonaro agora ataca o general Heleno, abrindo crise com a ala militar


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Carlos Bolsonaro (Zero Dois) está ultrapassando todos os limites
Deu em O Tempo(FolhaPress)
A disputa interna de poder no governo Jair Bolsonaro (PSL) ganhou novo capítulo nesta segunda-feira (1º), com um ataque indireto do filho presidencial Carlos contra o general Augusto Heleno, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Como nos outros episódios em que pontificou ofensiva da ala autoproclamada ideológica do governo contra os militares que cercam o pai, o vereador carioca iniciou a carga com uma mensagem algo cifrada na rede social Twitter.
Carlos fez o comentário em uma página bolsonarista, a @snapnaro. Ela havia postado um vídeo de uma pessoa que se identifica como jornalista acusando o Gabinete de Segurança Institucional e a FAB como cúmplices do sargento Manoel Silva Rodrigues.
39 KG DE COCAÍNA – O militar foi preso na semana passada na Espanha com 39 kg de cocaína no avião a serviço da Presidência que levava uma equipe precursora da comitiva que acompanhou Bolsonaro à reunião do G20, no Japão. O episódio virou vexame mundial, e Heleno o classificou de “azar”.
Carlos então comenta: “Por que acha que não ando com seguranças? Principalmente aqueles oferecidos pelo GSI? Sua grande maioria podem (sic) ser até homens bem intencionados e acredito que seja, mas estão subordinados a algo que não acredito. Tenho gritado em vão há meses internamente e infelizmente sou ignorado”.
O site bolsonarista ataca diretamente Heleno, dizendo que “a culpa é dele”, replicando o que assessores palacianos haviam dito quando o caso estourou. O general chegou a responder, dizendo que a responsabilidade pelas revistas de aeronaves era da FAB.
Resultado de imagem para carlos bolsonaro ataca heleneoTEORIA CONSPIRATÓRIA – Carlos não chega a tanto, e nem é preciso. O vídeo replicado traz uma teoria conspiratória usual entre os apoiadores mais radicais do presidente: de que os militares em torno dele são influenciados pelo Foro de São Paulo, a entidade que reúne partidos de esquerda na América Latina.
O Foro é um dos alvos preferenciais de Olavo de Carvalho, escritor radicado nos EUA que influencia toda a ala ideológica do governo e acredita em uma conspiração marxista mundial. O seguem no governo os filhos de Bolsonaro, em especial Carlos e o deputado federal Eduardo, e os ministros Ernesto Araújo (Itamaraty) e Abraham Weintraub (Educação).
Quando a postagem começou a circular, militares de alta patente da ativa se manifestaram em grupos de WhatsApp, criticando duramente Carlos. Alguns defendiam um maior afastamento do governo Bolsonaro, o que já vem ocorrendo devido ao que consideram tratamento injusto das Forças Armadas pelo presidente. Entre os generais da reserva no governo, houve silêncio.
GURU VIRGINIANO – Os olavistas estão em alta. O presidente rearranjou as forças internas no Planalto nas últimas semanas, retirando dois generais ligados a Heleno de cargos importantes: Carlos Alberto dos Santos Cruz foi demitido da Secretaria de Governo, e Floriano Peixoto, rebaixado da Secretaria-Geral para os Correios.
Santos Cruz foi alvo de campanha aberta de Olavo. O Exército reagiu, escalando seu ex-comandante Eduardo Villas Bôas para rebatê-lo com dureza – só que Bolsonaro pôs panos quentes, defendeu o escritor e por fim demitiu o general. Villas Bôas é assessor de Heleno.
Desde então, crescem os rumores de que o general do GSI seria o próximo alvo da ala olavista. Até como forma de confrontar os boatos, Bolsonaro o levou para a viagem ao Japão. Sua posição como principal conselheiro do presidente, contudo, já está abalada há algum tempo.
A FAVOR DE MORO – No domingo (30), contudo, Heleno foi o único ministro do governo a subir em palanque no ato de desagravo ao ministro Sergio Moro (Justiça) e em favor da agenda de Bolsonaro. E o fez ao lado de Eduardo Bolsonaro, o que levantou a dúvida entre alguns militares sobre a natureza do ataque de Carlos.
O vereador é considerável mercurial. Teve uma relação difícil com o pai, que o obrigou a disputar ainda adolescente uma eleição para barrar a mãe na Câmara do Rio. Reaproximaram-se e Carlos assumiu a estratégia digital do presidente bem antes da campanha de 2018, e é o filho de Bolsonaro com maior influência sobre o pai.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Ao completar seis meses de governo, Bolsonaro chegou à encruzilhada. Ou afasta os filhos da Presidência e se alia aos militares que ainda restam no Planalto ou seu governo vai se autodestruir. Esse ataque ao general Augusto Heleno mostra que Carlos Bolsonaro não tem a cabeça no lugar, conforme já comentamos aqui. Precisa procurar tratamento especializado e sair do circuito, antes que consiga destruir o governo que seu pai tão duramente conquistou, pondo em risco a própria vida. (C.N.)

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