José Carlos Werneck
Numa transmissão ao vivo pelo Facebook na noite desta quinta-feira, pouco depois de revelar que está pensando em indicar seu filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL-SP, como embaixador do Brasil nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro perguntou ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre o assunto. “Excelente nome, presidente”, disse o chanceler, entre risos dos participantes da live. “Embaixador inteligente”, completou o presidente, rindo.
O presidente trouxe o assunto à baila dizendo que “tá um papo aí que o Eduardo Bolsonaro pode ser indicado para ser embaixador nos Estados Unidos” e perguntando a Araújo se “é isso mesmo”. Depois, falou das razões pelas quais cogita nomear o filho para o cargo mais importante do Itamaraty, no exterior.
CREDENCIAIS – “O meu filho Eduardo fala inglês, fala espanhol, há muito tempo roda o mundo todo, goza da amizade dos filhos do presidente Donald Trump, o qual eu torço pra ele ser reeleito ano que vem, assim como torço para o Macri ser reeleito na Argentina no corrente ano. Torcida, né?” — declarou. “E existe a possibilidade e depende do garoto. Só que ele tem que, se eu não me engano, renunciar ao mandato dele, caso aceite um convite. E passe pelo Senado, obviamente, também, tá certo?”, acrescentou, lembrando que a eventual indicação teria que ser submetida ao crivo dos senadores.
Ao final da tarde, numa entrevista coletiva depois da posse do novo diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, Bolsonaro declarou que a possibilidade estava “no seu radar” e disse que a escolha já foi cogitada no passado, e que levou em conta o custo-benefício da decisão, acrescentado que, da parte dele, decidiria imediatamente.
“Da minha parte decidiria agora, mas não é fácil uma decisão como essa. Não é fácil renunciar a um mandato sendo o deputado mais votado do Brasil”, afirmou o presidente.
QUALIDADES – Bolsonaro também falou sobre o que considera ser qualidades do filho para assumir o posto. “Ele é amigo dos filhos do Trump, fala inglês e espanhol, tem uma vivência muito grande no mundo. Poderia ser uma pessoa adequada e daria conta do recado perfeitamente”.
Lembrando que Eduardo se casou recentemente, ele disse que, como um casamento, a entrega do cargo de embaixador a ele depende de um “sim” e declarou que, apesar de ser pai, não pode interferir na decisão do filho. E disse que o anúncio oficial depende da legislação.
Eduardo completou 35 anos na quarta-feira e preside a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
ANIVERSÁRIO – A legislação brasileira estabelece que os chefes de missão diplomática permanente devem ser escolhidos entre os ministros de primeira ou segunda classe (em casos específicos) do Ministério das Relações Exteriores, mas prevê que podem ocupar o cargo brasileiros natos que não pertençam aos quadros do Itamaraty e sejam maiores de 35 anos de idade, “de reconhecido mérito e com relevantes serviços prestados ao país”.
A possibilidade de nomear o filho 03 para a Embaixada em Washington veio a público, exatamente um dia após o deputado preencher um dos requisitos, necessários para assumir o posto.
O deputado tem atuado como chanceler informal e articulador das relações Internacionais do governo antes mesmo antes da posse de Jair Bolsonaro na presidência da República.
ACOMPANHANTE – O filho acompanhou o presidente em quase todas as viagens internacionais, desde o mês de janeiro, inclusive aos Estados Unidos, Argentina e Israel.
O MRE até agora não recebeu instruções para submeter o nome do deputado Eduardo Bolsonaro ao governo dos Estados Unidos, como acontece normalmente. Como de praxe, o nome do embaixador só é divulgado após a aprovação do Senado e o governo do país para o qual o embaixador é indicado ter concedido o “agrément”.
EDUARDO ACEITA – Eduardo Bolsonaro disse que, até agora, não recebeu um convite formal para assumir a embaixada do Brasil em Washington, ressaltando que cumprirá a missão, no caso de ser indicado.
“Não existe confirmação sobre essa questão, mas pode ter certeza que a função que o presidente me der eu vou cumprir, assim como estou cumprindo no Congresso ou busco cumprir na Creden (Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara). Pode ter certeza que, se vier essa função, vou tentar desempenhá-la da melhor forma possível. Mas não existe confirmação” declarou.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Mais um excelente artigo de José Carlos Werneck. Quando a gente pensa que o presidente Bolsonaro já esgotou o festival de “pegadinhas”, surge mais essa. É desanimador, porque revela o despreparo dele para exercer a Presidência da República. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Mais um excelente artigo de José Carlos Werneck. Quando a gente pensa que o presidente Bolsonaro já esgotou o festival de “pegadinhas”, surge mais essa. É desanimador, porque revela o despreparo dele para exercer a Presidência da República. (C.N.)