Carlos Chagas
É preciso denunciar uma das maiores bandalheiras dos últimos tempos, iniciadas durante o governo José Sarney, continuadas no governo Fernando Collor, não interrompidas no governo Itamar Franco, ampliadas no governo Fernando Henrique, super-dimensionadas no governo Lula e continuadas no governo Dilma Rousseff. Trata-se das famigeradas ONGs, rotuladas como Organizações Não Governamentais, mas que, com raras exceções, vivem grudadas nas tetas do poder público, sugando recursos do Estado como quadrilhas dignas dos tempos de Al Capone.
De início, é bom esclarecer: existem ONGs maravilhosas, daquelas que só contribuem para o aprimoramento social, político, ambiental, cultural, esportivo e quantas outras atividades existam.
O problema é que essas e outras legiões muito maiores de quadrilhas formadas à sombra da sociedade organizada, intitulam-se “não governamentais”. Por que, então, para subsistir enriquecer seus dirigentes, dependem de recursos públicos? Que vão buscar sua sobrevivência fora do governo, nas entidades privadas. O diabo é que, de acordo com os grupos que dominam os governos, assaltam os cofres públicos e comportam-se como Ali Babá abrindo a caverna.
Apareceram agora as tais OSCIPs, organizações de interesse público. Podres, na maioria dos casos, daquelas que nem sede dispõem, ficticiamente funcionando em restaurantes, garagens e estrebarias, se essas anda existissem. Dizem que carecem de fins lucrativos, que existem para servir à sociedade. Mentira. Como estamos no ciclo dos companheiros, seria bom o ministério da Justiça verificar quantas delas vivem de recursos sugados do tesouro nacional. Quantas pertencem a companheiros do PT, já que nenhuma delas tem obrigação de prestar contas de suas atividades? São contratadas pelo governo para prestar serviços públicos…
Existem 5.840 OSCIPs em todo o país. Caso o secretário-executivo do ministério da Justiça, Luís Paulo Barreto, decidisse investigar todas, verificaria que o governo gasta com elas duas vezes mais do que gasta com o bolsa-família. Trata-se de um escândalo monumental, mas acobertado pelo poder público, tanto faz quem o detenha no momento.
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NEGOCIATA À VISTA
Vem aí a escolha do consorcio que abocanhará a implantação do trem-bala. Haverá um leilão. Alguém imagina que as principais empreiteiras já não tenham entrado em conluio para transformar os 33 bilhões de reais previstos para implantar a obra não se tenham transformado em 66 bilhões ou mais?
Esses recursos, se utilizados na recuperação da malha ferroviária nacional bastariam para unir Norte-Sul, Leste-Oeste do território nacional através de estradas de ferro. Como seria prejudicial ao rodoviarismo e à indústria do petróleo, melhor convencer os donos do poder que o trem-bala nos elevará ao patamar de nação rica e desenvolvida.
Engana-se quem supuser que Rio e São Paulo serão unidos em duas horas. Para acelerar, o trem-bala levará vinte minutos. Para desacelerar, mais vinte. Contando com as paradas previstas, não se chegará de uma cidade a outra em menos do que cinco horas. O diabo é que de avião a lambança é maior. Quantas horas no aeroporto, para embarcar? E quantas para desembaraçar a bagagem?
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ME ENGANA, QUE EU GOSTO
Vai ficando claro que o presidente Obama veio ao Brasil para nada. Prometeu que pelo menos aliviaria as barreiras alfandegárias para a entrada do etanol brasileiros em seu território. Seria bom para eles, aliviando a carga de poluição do petróleo, e bom para nós, pelo aumento da produção e da exportação. Pois vem agora o Senado dos Estados Unidos e nega a redução de dificuldades para entramos em seu mercado. Me engana, que eu gosto…
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COM AS UNHAS DE FORA
Foi lamentável o primeiro encontro da ministra Ideli Salvatti com os líderes dos partidos da base aliada, esta semana. Porque PMDB, PT e penduricalhos exigiram da ministra da Coordenação Política um mínimo da liberação de 50% dos recursos orçamentários para as emendas parlamentares individuais.
Que dizer, se não obtiverem a metade do que pleiteiam, estarão descompromissados para votar com o governo em projetos fundamentais. Ideli ficou de pensar e dar a resposta na próxima semana. Durou pouco a temporada da pacificação.
Fonte: Tribuna da Imprensa