Folha de S.Paulo com Agências
O ministro italiano da Simplificação Normativa, Roberto Calderoli, disse ontem à agência Ansa que a Itália poderia boicotar a Copa do Mundo de 2014, que ocorrerá no Brasil, como uma manifestação contra a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em libertar o ex-ativista Cesare Battisti.
O italiano foi libertado após o STF (Supremo Tribunal Federal) validar decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não extraditá-lo. O Supremo julgou um pedido da Itália para que a decisão de Lula não fosse reconhecida.
A maioria dos ministros entendeu que não caberia ao STF analisar o ato de Lula e que sua decisão é "soberana".
Battisti foi condenado em seu país à prisão perpétua por participar em quatro assassinatos nos anos 1970. Ele nega os crimes e alega ser vítima de perseguição política.
"Boicotemos o mundial de futebol de 2014. É um sinal que enviamos ao Brasil para a questão de Battisti, mas também um modo para tentar restituir a moralidade a todo o movimento futebolístico italiano", disse o ministro. Ele se referiu à investigação da Justiça italiana sobre fraudes em resultados de jogos no país.
A Fifa não descartou a hipótese de aplicar sanções à Itália, caso o país boicote a Copa de 2014. "Se isso ocorrer será o Comitê Executivo que deverá tomar uma decisão em última instância", disse Pekka Odriozola, porta-voz do órgão.
Odriozola recordou que, no passado, alguns países não participaram de competições por motivos financeiros, nunca por questões políticas.
Corte em Haia
O governo da Itália afirmou que recorrerá à Corte Internacional de Justiça de Haia, na Holanda, para tentar reverter a decisão do Brasil de não extraditar Cesare Battisti.
Especialistas como o advogado Francisco Rezek, ex-juiz da corte de Haia, afirmam que o tribunal tem um peso moral grande e que suas decisões acabam sendo cumpridas pelos países envolvidos.
Em nota, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi disse que vai "ativar as instâncias judiciais oportunas para garantir o respeito dos acordos internacionais".
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